sábado, novembro 04, 2017

7 de Novembro e a História

Em alguns sítios e "sites" se procura assinalar condignamente a data de 7 de Novembro de 1917, a vários títulos (começo do "século soviético", "revolução de Outubro", "revolução russa", "Revolução das Revoluções") e a diferentes níveis. Menos, como é evidente (até pelas excepções) pela ausência, na comunicação social "oficial" e "oficializada", ou por escassez e forma redutora de tornar o acontecimento numa "coisa acontecida e mal sucedida", por impossibilidade de limitar a comemoração ao avante! e ao comício "dos comunistas" no Coliseu dos Recreios, de Lisboa. Assim não será. Na Associação Yuri Gagarine, na  Faculdade de Letras em Lisboa, na Universidade Popular do Porto, em muitos outros lugares (também na Universidade Sénior de Ourém) se falará, se conversará, se debaterá a data e o que representou (e representa) na História da Humanidade. Como, acabado de ler no Expresso curto de ontem, da autoria de Valdemar Cruz, no seu contar-nos o que "anda a ler":


«As narrativas históricas são por sistema moldadas pelos parâmetros ideológicos dos vencedores. Por vezes surgem, porém, outras visões, outras leituras capazes de proporcionarem uma visão diferente sobre acontecimentos que nos marcam de diferentes maneiras. 
É o que sucede com o ambicioso projeto concretizado pelo catedrático catalão Josep Fontana, intitulado El Siglo de la Revolución. Una historia del mundo desde 1914. (Aqui as 30 páginas iniciais do Capítulo I). Em 800 páginas ancoradas num sólido trabalho, de leitura muito fluida, Fontana procede a uma desmontagem do edifício ideológico patente na historiografia dominante. Constrói, desse ponto de vista, uma versão alternativa da história do mundo desde o início da I Guerra Mundial (1914), até o final de 2016. Abrange todo um período de lutas de libertação, de confrontos de classe e permanentes ameaças da ordem estabelecida. A primeira e intensa metade do século XX ocupa os seis capítulos iniciais. As décadas seguintes (a partir de 1945) vão ocupar os restantes 11 capítulos. É, em grande parte, o tempo da “Guerra Fria”. São os anos durante os quais Fontana defende ter começado “uma nova ordem mundial”, marcada pela hegemonia dos EUA, primeiro em constante competição com a URSS, depois numa situação de terreno livre de qualquer rival. (Último capítulo aqui).
Fontana sustenta que após a derrota do fascismo, os progressos do estado social cumpriram a função de servir como antídoto contra a penetração dos ideais comunistas no chamado mundo ocidental. Assim é alcançada a excecional situação dos anos que vão de 1945 a 1975, quando nos países desenvolvidos se registaram os maiores níveis de igualdade até então conhecidos, e se reforça a esperança num mundo de progresso contínuo em que os grandes objetivos sociais dos revolucionários poderiam alcançar-se pacificamente pela via da negociação. 
Sabe-se o que aconteceu, com a desmobilização e consequente derrota de importantes setores do movimento operário
O desmembramento do bloco soviético, escreve Fontana, induziu a ideia de que o comunismo deixara de ser uma ameaça para o mundo capitalista, e daí decorreram mudanças radicais no estado social, nas leis do trabalho, nas relações sociais, com a abertura de caminho “à reconquista do poder pelas classes dominantes”, com a promessa de que viria a caminho uma nova era de progresso e igualdade.»

Anexa-se convite (que se repetirá...)



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