quinta-feira, janeiro 28, 2021

TáVisto... estava a fazer(-me) falta

  - Edição Nº2461  -  28-1-2021


CONVERSA NOS ALGARVES

Foi em 3 de Janeiro de 60, isto é, há já sessenta e um anos, que o fascismo português sofreu uma derrota espectacular que terá levado Salazar a um mal controlado estado de irritação, verdadeiro «estado novo» perturbador da sua habitual tranquilidade: do forte de Peniche, prisão considerada de total segurança, evadiram-se dez presos, entre os quais Álvaro Cunhal, Canais da televisão portuguesa, porventura não todos, assinalaram só um poucochinho a efeméride, mas não deixa de ser curioso que exactamente por estes dias a RTP1 se tenha aplicado a entrevistar longamente Carlos Brito, ex-militante do PCP que não teve nada a ver com a fuga de Peniche e em tempos saiu do Partido por uma porta encimada por um imaginável letreiro a dizer-nos «Renovador». A entrevista não teve nada de obviamente provocatório ou semelhante, excepto porventura nessa etiqueta. Aliás, como bem sabe quem o queira saber, formular votos para que o PCP se «renove» é uma espécie de destino dos inimigos do PCP: que ele, o Partido, se renove incessantemente até à sua autodestruição final.

Por vezes, Roma paga

A entrevista a Carlos Brito, que aliás não arrancou de um pretexto visível e não teve relevo especial, poderia passar por apenas uma tentativa algo ingénua de incomodar o Partido que Brito afirmou querer «renovar». Aliás, mesmo durante a entrevista, que não foi breve, não foi possível vislumbrar sinais concretos e claros de convite a uma qualquer renovação. Mas admite-se que para o anticomunismo militante que está permanentemente alojado nos grandes «media» a questão não ofereça dúvidas: o PCP deve renovar-se até que deixe de ser «C», e a recusa dessa trajectória, porventura enovelada com ambições pessoais de promoção dentro do Partido, poderá explicar o embarque de Carlos Brito na mítica barca chamada «renovação» e a sua partida para os algarves. É claro e indubitável que Brito foi um resistente antifascista e que sofreu por isso, como o programa acentuou e bem, mas mesmo os bons combates travados não justificam uma atitude qualquer. Carlos Brito parece ter decidido «renovar» a partir da sua província natal e ao decidir assim pagou uma espécie de pesado preço: abandonou os muitos milhares de camaradas seus que optam pela permanência num combate comum que exige unidade sem rupturas e desaconselha protagonismos individuais, por muito apetecíveis (e porventura estimulados do exterior) que eles surjam. Há circunstâncias em que é preciso resistir às tentações, talvez Carlos Brito não tenha resistido a todas as que surgiram no seu trajecto, e em consequência saiu do mapa político português. Mas ganhou agora esta entrevista na RTP. Uma língua pérfida diria que Roma já paga, embora pouco, a quem há uns oito séculos atrás não pagava.

Correia da Fonseca

terça-feira, janeiro 26, 2021

Fantasias... mas não só



Parem com a fantasia



A segunda
manobra da noite

A segunda manobra da noite eleitoral foi protagonizada por numerosos jornalistas. comentadores e políticos (aqui com destaque para Rui Rio que quase subia às nuvens de satisfação) procurando inculcar a ideia de que no Alentejo teria havido uma grande transferência de votos do PCP para André Ventura só porque este ficou em 2º lugar em Portalegre, Évora e Beja.

A manobra não tem o mais pequeno fundamento pela simples razão de que presidenciais só comparam com presidenciais. E esta comparação o que revela é que João Ferreira teve nesses distritos sensivelmente os mesmos votos e percentagem que o candidato do PCP em 2016 quando não houve André Ventura na corrida,não se detectando por isso qualquer relevante transferência de votos para André Ventura.

Melhor seria Rui Rio reparar no seguinte: em Bragança André Ventura teve 17,59% ( mais do que nos 3 distritos alentejanos)e não foi certamente à custa de transferências de votos do PCP mas sim do PSD e CDS 

Leituras oportunas

 Badana de um livro que estou a começar a ler (em boa alturaJ…):

«Deve-se em todo o caso, constatar até que ponto é que o voto só traduz as mais das vezes – e isso aplica-se a toda a gente – uma adesão parcial ou oblíqua ao discurso ou ao programa do partido ou do candidato a quem se dá o sufrágio. Quando eu fiz notar à minha mãe que, ao votar Le Pen, ela tinha apoiado um partido que militava contra o direito ao aborto, quando eu sabia que já tinha abortado, ela respondeu-me: “Oh! mas isso não tem nada a ver, não foi por isso que votei por ele.” Neste caso, como é que se escolhem os elementos que se tomam em consideração e que determinam a escolha e aqueles se deixam deliberadamente de parte? Sem dúvida, o essencial terá que ver com o sentimento de se saber ou de se crer representado individual ou colectivamente, ainda que de forma incompleta, imperfeita, isto é, apoiado por aqueles a quem se apoia e de ter a impressão, mediante esse gesto eleitoral, isto é, dessa acção que se decidiu realizar, de existir e de contar para alguma coisa na vida política.»  

domingo, janeiro 24, 2021

LUTA e voto

 A alegria de quem lutou e luta










e tem em quem votar



sábado, janeiro 23, 2021

Venenzuela

 esTADO PARALELO NA VENEZUELA 

FRACASSOU

Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro


O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou nesta sexta-feira (22) que governos estrangeiros falharam ao tentar instalar um estado paralelo no país e a nação venezuelana está mais forte do que nunca.

Maduro participou de uma cerimónia de abertura do ano Judiciário em 2021.

"Pretendia-se em 2017 construir o triângulo perverso em Bogotá, Miami e Madrid, um estado fantasioso, paralelo e virtual; quanto dano fizeram para a Venezuela, mas hoje podemos dizer que o estado nacional triunfou, a Venezuela é mais forte e estamos diante de um Poder Judiciário mais fortalecido", afirmou.

Maduro lembrou que os líderes da oposição tentaram duplicar da Colômbia as funções do Tribunal Superior de Justiça (TSJ), do Ministério Público, da Controladoria e da Procuradoria-Geral da República, instalando instituições paralelas e ilegais na Venezuela.

Nesse sentido, afirmou que o Estado conseguiu superar os ataques e que há na Venezuela uma justiça favorável.

"O Estado venezuelano soube seguir em frente e hoje podemos dizer que estamos em melhor posição para dar os passos necessários na luta por uma justiça célere, efetiva e justa, justiça para os humildes, pobres e trabalhadores, a favor dos interesses da nação", afirmou.

O presidente destacou que seu país possui um poder Judiciário poderoso, prestigiado e bem administrado.

Maduro dirigiu-se aos juízes venezuelanos, sobre os quais "a verdade repousa e são o epicentro da justiça e da paz" da Venezuela.

sexta-feira, janeiro 22, 2021


 Horizonte de esperança

projecto constitucional por realizar

Reflexões lentas - a reflexão antecipada

INTRODUÇÃO À MANHÃ – V


Parece terem antecipado a reflexão de uns dias. Ela, a reflexão, estava agendada para logo à meia-noite (como o recolher obrigatório, não é?), mas já a começaram. Aflitos.

 Baseadas ou não em sondagens, encomendadas ou não, as pré-campanha e campanha eleitorais começaram em “lume brando”, de que não se esperava que levantasse muita fervura. Em ambiente de surto epidérmico, de que também não se esperava a dimensão e a gravidade que está a ter.

Para melhor localizar, até se pode dizer que houve uma pré pré-campanha eleitoral numa “histórica” (para a pequena história) declaração do Primeiro Ministro em surpreendente apoio-empurrão ao Presidente da República em exercício, numa visita à Auto-Europa. Mas deixe-se esse episódio para outras reflexões igualmente a procurarem desatar nós em novelo emaranhado.

Bem… era para ser apenas o cumprimento de um ritual, que a Constituição imporia com os seus prazos de mandatos, irrevogáveis sem revisão que teriam prazos para que não se fique fora de lei.

Um mero ritual, baseado ou não em sondagens, encomendadas ou não.

Marcelo seria afectuosamente reeleito. Calmamente (apesar de, ou até porque, teria de dar apoio ao executivo a ter de encarar um teimoso vírus, de que os dois eram a frente visível de combate) percorreria a passadeira cor-de-rosa avermelhada com tons de laranja, até à entronização. Calcorrearia o tempo destinado a campanha, ladeado por damas (e damos) de honor a lançarem pétalas (algumas com inofensivos espinhos) para abrilhantarem a suave e leve caminhada de predestinado para ser, e voltar a ser, presidente.

 Assim se foi ajustando o episódio necessário mas que quase se diria dispensável e, com o agravamento pandemónico, com incomodidade crescente mas sem alterar as previsões e sondagens (claro!).

É verdade que apareceu, com inusitada e excessiva exuberância, um animador nem de todo inesperado, a afirmar-se gritadamente e em atitude provocadora de estraga-festas, fazendo parte do elenco mais conservador. Parte do sistema, a berrar contra o sistema, para ter apoio dos condenados pelo sistema.

 

Também é verdade, mas esta é verdade para ser varrida para debaixo do tapete que, no cortejo, havia quem, insistentemente pusesse em causa o sistema, baseando-se na Constituição que fundamenta o cargo a que se candidatava o “em exercício” e os acompanhantes da campanha (acampanhante…). Era de esperar, não seria novidade essa presença.

No entanto, a campanha como que se desdobrou. Teimosa, persistente, conhecedoramente, esse candidato fez – efectivamente – a diferença. Que já era, mas fê-lo repetindo até à exaustão, sem ser exaustivo, ao que se candidatava: defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição.

Sendo esse o mote, porque era esse o mote!, soube glosá-lo, dominando-o com inteligência e (até) elegância. Nada deixou sem resposta, nunca deu uma resposta esteriotipada, sempre utilizou a expressão-mote em defesa do que ela(expressão)-ele(mote) contém de virtualidades em favor dos desfavorecidos, do trabalho, dos trabalhadores, dos mais pobres, do povo.

Fecho o parênteses, com confessada dificuldade por, ao encerrá-lo, pouco ter escrito sobre o enorme respeito e a merecida homenagem a João Ferreira.


Mas afinal, por aquilo e por isto, pela incerteza do tempo que vivemos, pela imprevisibilidade que é sempre a manhã de amanhã, as certezas de ontem, o inabalável (e quantificado, que há lá algo de mais certo que o número certo às unidades em milhões, que as centésimas em percentagens…) parece abalado ou a abanar.

O temor da abstenção fez nascer a mobilização geral, o apelo aos mais informados e conscientes a votarem útil (ainda que contra a sua consciência!) para evitar que o mais perigoso do sistema que todos defendem, o que se conclama em berraria atacá-lo fique em 2º, a requisição dos meios que se hesita requisitar para travar a pandemia: o VOTO! Dos lares, dos asilos, dos frades e confrades, das irmãs e primas, das donas e serviçais.

 Aux votes! (ont-ils dit), cidadãos… por um dia.

Não importa saber porquê,

para quê,

em quem é

                                e o que defende. 

No dia 24 do mês 1, há apenas 1 (a eleger PdaR); há só 1 (que justificou ao que vem )

João Ferreira

(o 7º de quem desce, o 2º de quem sobe)  

quinta-feira, janeiro 21, 2021

Para 24 do 1 é apenas 1, e há só 1: João Ferreira

 Elevação

A três dias das eleições, o tema afigura-se incontornável. Ademais pela força do que o Actual em si reclama. Ainda que por si a importância do acto eleitoral de domingo sempre o justificasse. Chegamos aqui com uma reconhecida contribuição de João Ferreira na elevação do debate político, na valorização do esclarecimento, na insistência em colocar no centro da sua intervenção o papel do Presidente da República, o que deve ser o exercício dos respectivos poderes, o seu papel na defesa e cumprimento da Constituição da República e da relação desta com o acervo de direitos e valores que no concreto devem, ou deviam se cumpridos, traduzir-se na vida dos trabalhadores e do povo.

A campanha de João Ferreira tratou do que, no essencial, interessa à vida colectiva. Não alimentando agendas marginais, contrapondo valores e posicionamentos à exploração de casos e insultos, resistindo à tentação a que outros sucumbiram de responder em tom idêntico, ignorando a grosseria e a boçalidade que o candidato do lado mais obscuro do grande capital usou para enlamear as eleições.

João Ferreira viu nesses insultos intoleráveis mais um ataque à democracia do que uma ofensa a este ou aquele candidato, rejeitando vitimizações pessoais e alertando para o que tais atitudes encerram de intolerância para com o regime democrático e a Constituição. Mesmo quando esses insultos ganharam, por razões de classe, o carácter mais odioso, como se viu nos que foram dirigidos contra o Secretário-geral do PCP, porque nestas circunstâncias, como em todas as outras, os projectos mais reaccionários e a agenda revanchista do capital sabe bem onde está o obstáculo mais determinado e coerente à concretização dos seus objectivos.

Dia 24 é dia de dar força à candidatura que afirma como nenhuma outra o valor do trabalho e dos trabalhadores. Para lá de inventadas bipolarizações ou fabricadas disputas de segunda escolha, é tempo de afirmar que não há vencedores antecipados e sobretudo levar tão longe quanto o povo quiser a candidatura de João Ferreira. Com a certeza que a força e expressão que ela tiver a 24 se projectará sempre na força dos trabalhadores e do povo na defesa dos seus direitos e em expressão de afirmação dos valores de Abril, da democracia e da liberdade.


Jorge Cordeiro

segunda-feira, janeiro 18, 2021

REFLEXÃO LENTA - e muito curtinha... quanto baste.

Poderia parecer estranho que por aqui não se tenham feito muitas referências a um partido e seu dito líder. Não se trata de acaso ou desvalorização da sua importância política neste momento. Mas entende-se que, quanto mais se fala dele, mais perigoso ele se torna, politicamente, porque tudo o que faz é para que dele se fale. 

De provocação em provocação até ao insulto e à agressão. Pois estamos nesse estádio. E é altura de dizer que o caso, se começou por ser político, passou a ser de polícia e de tribunais (como desde o princípio foi... do Tribunal Constitucional).

-

Política

Jornalistas insultados e ameaçados em jantar-comício de Ventura (sem distanciamento)

(Notícias ZAP)



 

sexta-feira, janeiro 15, 2021

Inocentes? Não!... indecentes!


 




O Público resolveu, na sua cobertura das presidenciais 2021, fazer uma secção Sete temas, Sete candidatos. Nenhuma objecção, antes pelo contrário. No entanto, bem mais que objecção!, há abjecção face ao critério de "arrumação" dos candidatos. 
Na paginação, poderia ter sido escolhida a ordem alfabética, separar o recandidato (em funções) dos outros, qualquer outro critério... Mas a escolha, o critério, foi, escandalosamente, o de adoptar pressupostos que  agridem a deontologia! 
Sub-liminarmente, no bem aprendido em técnicas de marketing, fez-se i) uma separação que pressupõe a hipótese de uma 2ª volta, e colocaram-se num outro plano (e página) Marcelo e Ana Gomes; ii) colocaram-se os "outros" por uma ordem que obedece aos resultados de umas sondagens. 
Técnicas de manipulação da informação que em nada são inocentes, mas que são indecentes!
  


quinta-feira, janeiro 14, 2021

O candidato a Presidente da República


O que cada eventual votante deveria ouvir 
antes de se decidir!
(isto digo eu... todo orgulhoso (:-)!)

 

Extracto de um quase-diário

12-13.01.2021

 

Voltei aos dias a pares?, ou ampar(elh)ados em quase-diário?

 

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Parece que sim… o facto é que, ontem ao serão, no final do debate a 7 (ou 6 + o Marcelo-de-máscara-e-tudo), não me apeteceu nada comentar (não disse reflectir, sublinhe-se… que isso não está à mercê de humores) nem fazer o diário do dia.

 

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Mas hoje está a apetecer-me escrever qualquer coisa – pequena que seja – sobre o dito debate a 7, que foi um ver se te avias… como é que havia de ser?

 

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A pequenina (!?) questão é sobre o que é e o que não é ideológico.

 

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Partindo de que se pretende, às escancaras ou à sorrelfa, consensualizar que é ideológico dizer que a Constituição define o direito à saúde (universal e tendencialmente gratuito).  

 

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Que é ideológico citar a Constituição da República Portuguesa (depois de todas as 7 revisões) e repetir que “todos têm direito à protecção da saúde e o dever de a defender e promover” e que “O direito à protecção da saúde é realizado através de um serviço nacional de saúde universal e geral e, tendo em conta as condições económicas e sociais dos cidadãos, tendencialmente gratuito”.

 

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 Em contrapartida já não será ideológico (por enquanto…) dizer que “a vida humana é inviolável”, como não será ideológico dizer que os privados gerem melhor que o Estado (veja-se a banca, por exemplo), e que a concorrência garante o fim das desigualdades…

 

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Ora toda a História prova o contrário (desde que, naturalmente, não seja “a crónica dos poderosos”, isto é, ideologicamente escrita).

 

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Suponhamos um aquário (ou um oceano) com peixes graúdos, peixes médios e peixes miúdos e deixemo-los em livre concorrência e veremos que desigualdades vão acabar… na maioria dos casos com a extinção dos peixinhos mais pequeninos, coitadinhos… valha-lhes a caridadezinha.

 

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Anatematize-se a ideologia dos colectivismos, do interesse geral a prevalecer sobre os interesses pessoais, de grupo, de classe… salvaguarde-se a ideologia dos que se afirmam sem ideologia.

 

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Deixando-me de metáforas, apenas lembro (para uso interno) que, no que respeita a saúde, o capital só investe na área desde que possa, ou preveja que possa – legalmente ou não pode não vir ao caso – reproduzir-se alargadamente mais e mais rapidamente no negócio da doença (muito valorizado com a extensão do tempo de vida ao nascer das populações) do que em outra área vizinha ou próxima, ou pura e simplesmente especular financeiramente, na Bolsa ou na Vida.  

 

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Por aqui me fico, porque não estou para grandes conversas… nem comigo.

(...)

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terça-feira, janeiro 12, 2021

Apoio muito significativo

 11 de Janeiro 2021

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Um grupo de cidadãos, que integra vários socialistas, assumiram, hoje, “com e em liberdade”, o apoio ao candidato João Ferreira (PCP) ao cargo de Presidente da República.

Entre os signatários do manifesto contam-se Mário Ruivo, Luís Santarino e Linhares de Castro, socialistas de Coimbra, entre outras personalidades da Figueira da Foz, Mira, Montemor-o-Velho, Góis e Pombal.

“São muitas as razões que nos levam a tal propósito, destacando as que abaixo enunciamos:

É um jovem qualificado, que assume a sua acção política com grande tranquilidade. Domina bem o pensamento político global, sem dogmas, o que lhe permitirá assumir o diálogo entre todas as forças políticas”, referem no manifesto de apoio.

Os subscritores consideram, também, que “apesar da visão diferente que têm da presença do nosso país na União Europeia”, reconhecem que João Ferreira “é um conhecedor da Europa e percebe as suas próprias contradições”. “Por tal, potencia a sua capacidade de entender a forma como a Europa deverá assumir a liderança do mundo, numa relação diferente entre nações e povos”, justificam.

Segundo os autores do manifesto, o candidato comunista “tem uma visão global do mundo, assumindo as suas raízes políticas, sempre no respeito pelas liberdades individuais; domina na perfeição a Constituição da República Portuguesa, agindo sempre em sua defesa, e é um exemplo de coerência”.

“É um fiel depositário de memórias de um conjunto de cidadãos que fizeram da luta pela liberdade um desígnio de vida, e que muito respeitamos – Manuel Louzã Henriques, Gildásio Cabrita, Manuel Melo, Carlos Viana, entre outros”, acrescentam.

Os subscritores consideram, ainda, que como eles próprios, João Ferreira “é um defensor do Serviço Nacional de Saúde, da Escola Pública, da Justiça que não segregue, do valor do trabalho como dinâmica determinante na valorização da pessoa e da dignidade individual, e por fim, mas não menos importante, é um candidato que ajuda e contribui para a unir a esquerda”.

Assinam o manifesto:

Mário Ruivo – Coimbra

Luís Santarino- Coimbra

Aires dos Santos -Figueira Foz

Albertina Rodrigues – Coimbra

Alexandre Nunes – Coimbra

Aníbal Gomes – Coimbra

Antônio josé Roque -Pombal

Carlos José Duarte Ribeiro, – Coimbra

Carlos Mendes – Mira

David Coutinho – Montemor o Velho

Dulcinio Carvalho – Figueira Foz

Emília Gil – Coimbra

Esperança Ferreira – Coimbra

João Chicória – Coimbra

Joaquim Almeida – Montemor o Velho

Joaquim Mateus – Góis

José Mesquita – Coimbra

José Pinto Ângelo – Coimbra

Linhares Castro – Coimbra

Marlene Matias – Pombal

Ricardo Figueiredo – Oliveira Hospital

Roberto Silva – Viseu

Rui Manuel Castro – Portalegre

Tania Gabriel – Coimbra

Teresa Borges – Arganil

Vitor Goncalves -Coimbra

segunda-feira, janeiro 11, 2021

REFLEXÕES LENTAS - ainda os debates

 Acompanhámos, nos limites do possível e da capacidade de resistência do sistema neuro-vegetativo, muitos dos debates. Não tanto para avaliar os candidatos e as suas prestações mas para confrontar o serviço público de informação ao cidadão eleitor.

Acabados os 21 debates, tínhamos resolvido encerrar esta etapa da nossa postura cidadã, com as reflexões lentas em que fomos publicando os nossos reflectidos desabafos.

Ao começar esta semana de campanha, a nossa disponibilidade nesta área (temos mais que nos ocupe) era outra, mas não resistimos a olhar para os balanços que foram feitos, em particular nos meios Observador e Expresso, que levaram o seu “serviço” até à constituição de júris de avaliação dos 7 candidatos.

É de arrepiar. Não há um pingo de seriedade. Não tem limites o despudor da manipulação.

Anotam-se apenas exemplos chocantes, e não se diz mais sobre “moderadores”…

O Expresso, na página Jornal Expresso de hoje, da responsabilidade de um director-adjunto:

«(…) Porque é essencial estar de boa saúde, mas também é essencial dar vida à nossa democracia.

Pelo mesmo motivo decidimos desta vez seguir todos os debates das presidenciais (os 27), e dar notas aos principais - recorrendo a 17 comentadores do Expresso e da SIC, que têm dado notas a cada um. Na quinta-feira, o balanço era este: Marcelo lidera, Ana Gomes segue-se, Mayan surpreende, Marisa desilude. (No link encontrará cada um dos textos para os debates, incluindo o quente e muito seguido Marcelo-Ventura).(…)»

 Logo há que anotar o erro crasso de se referirem 27 debates quando continhas primárias ensinam que 7 a debater 2 a 2 dá 21 e não 27 debates! Depois, decidiram “dar notas aos principais”… mas quem se arrogou dividir os debates em principais e não principais, com que critério?, e onde incluíram os 6 inventados por ausência de conhecimentos elementares?

E, nesta 2ª feira, com os 21 debates concluídos na 6ª, o que continua a contar o sr. director-adjunto? Que

«… cumpridos os primeiros 9 debates de 15 debates entre os principais candidatos, Marcelo Rebelo de Sousa é o que recolhe melhores avaliações do painel de comentadores formado pelo Expresso e SIC…»

 e ele a dar-lhe com “os principais”, os candidatos e os debates!... um balanço de 9 em 21?, haja seriedade!... E não se viu mais porque seria reservado a assinantes e, francamente, achámos que chegava!

O outro veículo de informação, o Observador, também constituiu o seu júri privativo e fez o seu balanço. Sem cometer os erros e os erros expressos, sem ter eleito os principais entre os candidatos e os debates, publica as notas e quem venceu cada um dos debates, a que tivemos acesso depois de ter de ultrapassar invasiva publicidade (mercado oblige…)

As notas são merecedoras de quem as deu, De quem achou que o debate entre João Ferreira e Ventura foi ganho por Ventura, como se este pudesse ser vencedor numa “cena” daquelas; de um júri que num outro debate, que se coloca nos antípodas do primeiro referido, por ter sido… civilizado, João Ferreira teria empatado com Tiago Mayan, quando (para nós, claro) houve esmagadora vitória ideológica (e não só).

No caso do Observador, o que diríamos pecado original está na constituição de um júri de 6 elementos e na sua selecção (e aceitação).

Haja seriedade! Um pingo que seja.

domingo, janeiro 10, 2021

REFLEXÕES LENTAS - as presidenciais e a contrafacção da democracia - 5

 Acabáramos (os que) de assistir a um debate diferente, em que os dois interlocutores afirmavam o que pode ter passado de moda mas, com clareza e sem ambiguidade, se chama soberania e patriotismo.

Cada um o fez à sua maneira. Um, evocando datas, como 1383 e Abril de 1974, que foram de afirmação dessa soberania, pela sua especificidade histórica, cultural, de tradições nossas; outro, muito simplesmente e com tocante sinceridade, respondia à pergunta porque não emigrara, dizendo que nascera português, queria viver português, queria morrer português.

 

Saboreava esse e outros pormenores (?) do debate, quando o roteiro do programa passou aos comentadores… Ainda ouvi o princípio da fala do primeiro.

Apresentado como politólogo (!?), ainda ouvi o escolhido “politólogo” (por quem?, por que valha-me deus?) afirmar, com ar soturno, que aquele debate revelava a importância de um outro candidato – e foi o único nome que referiu (!) – que viera, nesta campanha, “marcar a agenda política” (é de politólogo…), não acrescentando nem que tal acontecia por haver um perigo latente mas presente, assinalado mas não esclarecido com verdade e sentido de responsabilidade, antes servindo-o, ao dar-lhe uma publicidade e estatuto quando, constitucionalmente, há sérias dúvidas se deveria existir em País e povo que viveu 48 anos sob “modelo” que adopta, e que se procurou fazer sobreviver usando armas e acções que só têm um nome: terrorismo.

Por uma questão (egoísta?) de sanidade mental, pus de lado a reflexão que tal comentário me suscitou, saboreei o que ouvira antes, e vivi momentos de bem-aventurança, reservando para mais tarde as reflexões que aqui ficam, e com que tenho a intenção de encerrar esta série.


Esta sequência de debates, no quadro das eleições presidenciais 2021, no ambiente condicionador de uma epidemia que não desarma e que não estará a ter todo (e como) o combate à sua medida, foi (ou poderia ter sido… se ajudado por moderadores e comentadores, o que só se refere por quiçá incurável ingenuidade…), estes debates mereceriam mais reflexões… que não só estas. E que teve bem outras pseudo-reflexões, eivadas de pré-juizos, pré-conceitos, pré-concebidas conclusões, especulações com bases em sondagens não in-suspeitas, objectivos in-confessáveis, corpos redondos de gatos com rabos compridos e denunciadores.

 

Vivemos em economia de mercado, pronto, está bem… chame-se-lhe isso, mas  podem estar certos que, por grande que seja o animal, por rotunda e in-satisfeita a sua barrigona, há quem não tenha medo das suas garras e que, em herança de lutas anteriores (boa!, João Ferreira que nasceste depois de 1974), as continuam. E que aqui estão, centenárias… e jovens. 

REFLEXÕES LENTAS - as presidenciais e a contrafacção da democracia - 4

Estas últimas reflexões lentas foram-me provocadas, em muito, por reacção à campanha eleitoral em curso, em que a modalidade dos debates a dois me prendeu a atenção.

É evidente que o ambiente em que se está viver, esta situação sanitária, é muito determinante do que nos faz pensar, sobre a vida e a morte, a saúde e a economia, nós e os outros, e que este ambiente nos condiciona e se reflecte também no modo como correram os sucessivos debates. Logo, e indirectamente (ou não…) influenciaram as reflexões que têm saltado para as teclas e, destas, para a comunicação a outros (os que há, sempre muito menos do que o que desejaria porque não “estou a falar sozinho”).

A “ouver” três protagonistas (dois candidatos e um moderador) de cada vez, mais dois comentadores, passei por vários escalas de humores entre a satisfação plena (“era isto mesmo que tinha de ser dito, agora e nestas condições”) e a irritação desabrida e vernaculizada (“mas como é possível haver gajos destes!; … é preciso não ter vergonha nenhuma!”; “#$%&»!=?” e etc.).

 

Hoje, no final da série, houve o debate entre João Ferreira e Vitorino da Silva, moderado por Carlos Daniel, e fez-me saltar para o teclado com a imediata necessidade de fixar as reflexões que provocou.

Antes de mais, porque quase esqueci que estava perante um debate eleitoral, apesar da intromissão da questão sobre adiar ou não, como fazer as eleições neste estado (de coisas…) sanitário, de que apenas se pode esperar, a curto e médio prazo, de agravamento,.

Eram dois homens diferentes em tanta coisa, mas sinceros, coerentes, respeitando-se, a trocarem impressões sobre os problemas nacionais e a inserção do País no mundo, com um moderador felizmente bem diferente de outros que nos calharam na rifa, a todos nós que os tivemos de aturar (não obstante algumas observações e críticas quanto a algumas questões postas… há questões que parece que são obrigatórias e que não há nada a fazer). Confesso mesmo que tive momentos (raros, e lamentando algum atabalhoamento motivado pelo contra-relógio) em que esqueci que estava em campanha eleitoral. E gostei!

 

Diria muito mais (ou de outra maneira) mas senti que o que escrevi, no auge de uma das irritações, tinha agora inteiro cabimento para ilustrar este debate. E que seria de ficar pela transcrição do que então soltei para o facebook, a 3 de Janeiro.   

À pergunta calista, provocadora, facebookiana, sobre o que estava a pensar quando vinha de um daqueles debates de fazer “perder a cabeça”, respondi:

 

"Com justificada indignação, estou a pensar nos caminhos que está a tomar a mais nobre actividade dos humanos, a política enquanto disponibilidade para estar ao serviço da contínua transformação da sociedade em proveito de todos, por todos e contra os poucos que dela querem usufruir à custa do sacrifício de muitos."

 

Foi o que saltou para a reflexão após aquele debate. Que foi de política como a concebo, e que foi pena que não tivesse servido mesmo para campanha eleitoral, que está perfeitamente inquinada pelas contrafacções do mercado que substitui a democracia.

Dos “comenta dores” não digo nada… Não deixo que me estraguem, hoje!, o fecho destas reflexões lentas. E curtas.


quinta-feira, janeiro 07, 2021

REFLEXÕES LENTAS - as presidenciais e a contrafacção da democracia - 3

Na manhã, ao fazer-se o balanço da véspera, com intenção de reflectir sobre o que se está a viver, há larga escolha de temas. O dia de ontem foi perturbado – e perturbador – no que respeita à informação a que há acesso generalizado e, de certo modo, imposto pelos que dominam os canais que a veiculam.

O que aconteceu em Washington foi informativamente avassalador, no processo em que a democracia tem tratos de polé. Não há dúvida que a análise serena (se possível quanto desejável…) do que se passa nos Estados Unidos revela situações gravíssimas para quem obedeça a critérios de avaliação políticos e sociais. A cabeça de um sistema, de uma forma de organização da sociedade que se apresenta a si própria como exemplo, e actua como se, enquanto exemplo e guia, tivesse o direito de impor a outros lugares, essa cabeçorra revela-se verdadeiramente atrasada, recuada civilizacionalmente. Que se diria, a partir do controle comunicacional que o poder domina, se este calvário da democracia nos Estados Unidos, que enche as manchetes da informação, tivesse semelhanças em alguns desses países, Estados, em que se quer impor, à força, o modelo e o exemplo dos Estados Unidos?

Se os Estados Unidos tanto ocuparam (como sempre) o espaço informativo, muito deste teve de se dedicar ao surto epidérmico, que não cede, antes se agrava, apesar da sucessão de estados de excepção, que importa não banalizar e apressa a tomada de outras medidas.

A aplicação de vacinas – mantendo debaixo do tapete a escandalosa concorrência e negociatazonas nesta parte do mundo –, se rodeada de auréolas mitificadoras – e mistificadoras –, não pode cumprir a tarefa que lhes pretendem emprestar, isto sem negar a enorme gravidade da situação, mas função preventiva e não salvática ou redentora.

Finalmente, mas não por último, estas reflexões decorrem da campanha eleitoral para as presidenciais. Na presente situação, têm sido reveladoras. Face a uma recandidatura que tem o seu quê de cumprimento de uma predestinação que vem do berço, as outras candidaturas são, embora nem todas como tal se assumam, de marcação de um espaço político/ideológico, e uma única parece interessada em definir, esclarecer, dizer claramente ao que se candidata no quadro político, constitucional, em que nos situamos. São reveladores moderações e comentários aos debates desvalorizando o acto, a importância de escolher, democraticamente, um Presidente da República, tal como o quadro constitucional o define, preferindo saber que posições têm os candidatos na avaliação oportunística da actualidade. Chega a ser confrangedora a ignorância da Constituição, e comentador de debates atingiu o ridículo de lembrar que ela foi revista, ao candidato que diz candidatar-se para a cumprir, defender e fazer cumprir, e que, com essas revisões tinha deixado de ser a “dele”-candidato, e ter feito tal comentário após debate em que esse candidato referira e citara a Constituição demonstrando um conhecimento que, lamentavelmente, o comentador não tem e, mais, nunca a tomando como sua mas como a que, sendo nossa, defenderia na função a que se candidata.                                                                                                                                                          Aliás, para terminar a reflexão, que vai longa, estes moderadores/comentadores ilustram, em relação a esse mesmo candidato a posição que Lenine tão bem denunciou: fazem do outro uma caricatura, a traço grosso e falsificador, e atacam não o que ele é e defende mas a caricatura, irreconhecível, que dele fizeram.