Ao ler um comentário no "post" abaixo, respondi acrescentando algo ao que outro visitante já dissera (e, a meu ver, muito bem!). Mas, porque me parece que a questão é mesmo muito séria, reproduzo o comentário e o meu acrescento, assim "promovidos":
Ana Pereira disse...
Não me parece muito sério discutir a actual situação do País a pensar nas eleições.
Não me parece muito sério discutir a actual situação do País a pensar nas eleições.
Nem sequer compreendo que a culpa da nossa crise doméstica seja só deste governo,muito menos que este governo seja o principal culpado pelas situações que a crise internacional está a provocar no nosso País,e no resto do Mundo.
Já deixei de ver os debates porque me faz confusão o tempo que se perde a discutir as culpas e os erros em vez de discutir as soluções possíveis e realistas.
Nunca votei no PS e não absolvo os erros que cometeu, mas a situação piora todos os dias e custa-me que os deputados do partido em que votei, que até é o seu, nada mais tenham para dar do que fazer oposição a tudo,ou apresentar propostas não quantificadas para avaliar da sua possibilidade de as levar á prática.
Estou realmente muito desiludida que o partido em que votei escolha a posição mais comoda de ser oposição,como quem diz a culpa é vossa resolvam os problemas sózinhos.
A minha resposta:
Ao ler, agorinha, o comentário da Ana Pereira, logo me deu vontade de responder. Houve quem já o tivesse feito, e muito bem, na minha opinião. Acrescentaria, apenas, uma referência que tem de ser lembrada que é a da Conferência Nacional do PCP sobre questões económicas e sociais, de que há uma publicação de 377 páginas - Outro Rumo, Nova Política - em que estão as maleitas do sistema e das opçoes políticas "domésticas", de acordo com a nossa discussão e trabalho de meses com centenas de camaradas e amigos, publicação que traz o que foi considerado, em Novembro de 2007!, como urgentes rupturas, entre elas, por exemplo, a da "obsessão" do défice orçamental.
Podem estar em desacordo connosco, podem acusar-nos de muita coisa... agora de não fazermos propostas, de não apresentarmos alternativas... de fazermos oposição cómoda (nós? que optámos pela oposição mais incómoda que é a de classe, a que tem um fundamento ideológico?!)...
E quem é que está a pensar em eleições porque não pensa noutra coisa? Somos nós?
Nós, os do PCP, pensamos em eleições, inevitavelmente, mas pensamos também que a política se faz todos os dias, todos os anos, em todas as circunstâncias (até as mais... incómodas), e a frente eleitoral é só, e apenas, uma frente de luta.
Saudações, e vote informada e onde, evidentemente, a sua consciência (informada!) lhe indicar.
9 comentários:
Não quis por em causa o trabalho que o PCP tem desenvolvido,penso que é até o partido que mais propostas tem apresentado.O que eu penso é que estamos perante uma situação nova,pela qual nunca passamos,que é uma crise a nivel global,e daí que eu não concorde quando se culpa o actual governo por tudo o que está a acontecer.Não acredito que Portugal possa resolver os seus problemas se os nossos principais parceiros continuarem como estão.Nenhum economista e comentador económico se atreve a dizer qual a situação económica de Portugal e da Europa daqui por seis meses.Estou de certo modo confusa e preocupada.A minha observação não tinha a intenção de agredir ninguem,se o fiz peço desculpa.Aquilo que eu gostava de ouvir do PCP era uma proposta nova para responder a uma situação nova.
Ana Pereira
Não me parece que a situação seja nova. É apenas mais grave e profunda.
Esta é a forma de vida do capitalismo. Cavalgar crises consecutivas, que não ponham em causa os lucros, mas que mantenham os trabalhadores com rédea curta e a viver precariamente, sob a constante ameaça do desemprego. Desta vez, apenas se descontrolaram um pouco mais...
Que proposta mais "nova" e ousada pode ser feita, senão a que temos vindo a fazer (e perdoem-me a pretenção de me incluir...), no sentido de mudar de política e pôr em prática as promessas de Abril, que os que têm estado nos governos nos últimos mais de trinta anos não têm feito mais do que traír e asfixiar?
Sérgio, desculpa os comentários cruzados...
Abraço!
Deixo para ti a resposta à comentadora Ana Pereira.
Aqui quero referir que as eleições, sejam elas quais forem, são APENAS mais uma FRENTE DE LUTA, onde todo o colectivo se vai esforçar, mais uma vez, para a obtenção dos melhores resultados.
Abreijos
Samuel
Gostei, e apreciei, o teu comentário.
Bem vindo!!!
:))
Abreijos aos dois
A proposta nova é a ruptura com a forma como os portugueses têm sido tratados e governados: meios para garantirem a acumulação.
A proposta nova é a reposição dos homens e das mulheres no centro dos objectivos da política económica: a satisfação das suas necessidades.
A proposta nova é a revalorização do trabalho como forma de todos e cada um obterem os meios necessários á satisfação das suas necessidades: o emprego digno e justamente remunerado.
A proposta nova é a construção de uma alternativa política, que mantendo como referência o projecto novo do 25 de Abril recupere para as mãos do povo português a construção do presente e do futuro colectivo.
Ricardo
Que agradável (e útil) conversa!E é tão difícil e raro juntar o útil e o agradável!
Grato à Ana Pereira pela seriedade e boa fé que encontro nos seus comentários. E, esteja certa, "deste lado", deste co-comentadores também há boa fé e sinceridade. E dúvidas... a acompanharem convicções fortes e escoradas no mais fundo de cada um.
Ganhei a manhã ao abrir o blog. E vou colocar um "post" sobre algumas questões que AP suscita.
À Maria, ao Samuel e ao Rodrigo, grandes abraços de camaradagem e muita amizade.
Até já!
Ó Ricardo, onde é que eu fui ler e escrever Rodrigo? Desculpa, camarada e grande amigo. Acontece cada uma...
Enorme abraço e aproveito a oportunidade para reafirmar que acho o teu comentário excelente.
A Ana Maria é vítima da comunicação social que temos a qual cala as posições do nosso Partido. É urgente que as pessoas deste país procurem informação algernativa e essa passa enexoravelmente pela leitura do Avante.
Sérgio, fossem todos os debates em caixas de comentário tão úteis como este...
Eu vinha responder à Ana Pereira, porque de facto me parece que, ainda que involuntariamente, se deixou envolver pela trama argumentativa do Primeiro-Ministro (sempre a dizer que o PCP só contesta e nada propõe). Mas entretanto apercebei-me que já pouco me resta dizer.
Ainda assim, relembro as conclusões dá última reunião do comité central do pcp, onde novamente se colocam as medidas que consideramos essenciais para combater a crise e os seus efeitos.
principalmente os seus efeitos, pois claro, porque a crise esse, só resolveremos adiante com medidas muito mais abrangentes. O sistema capitalista é A crise em si-mesmo.
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