sábado, maio 31, 2008

Ah!... há crise?...

Há definições para crise económica, ou crise na economia. Tecnocráticas e outras...
Não valerá muito a pena ver se a situação preenche os requisitos para que se diga que há crise porque parece ter-se atingido a consensualidade.
Com as vítimas do costume e os culpados de sempre, que nem arguidos se consentem assumir.
Tenho para mim - cá pelo meu lado... - que a crise é do sistema ou modo de produção capitalista, e começou há décadas que somam quase um século. É evidente que, para o dizer, me insiro numa perspectiva histórica que não tem a dimensão temporal da nossa existência individual, e que afirma que o capitalismo - como modo e relação social de produção - começou em crise quando essa relação social, que outras substituíra representando progresso sócio-histórico, entrou em colisão com o carácter das forças produtivas em constante (mas não linear) desenvolvimento e socialização.
E... ponto final porque não tenho qualquer pretensão de avançar por uma exposição sobre materialismo histórico. Evidentemente discutível, isto é, que estaria aberta à discussão. O que não é o caso dos apologetas e próceres do capitalismo, que sempre decretam a indiscutível perenidade do sistema e que, começando por negar a(s) crise(s), quando a(s) têm de reconhecer, tudo fazem menos beliscar o que lhe(s) está na raíz, a obsolescência das relações sociais que a definem.
Depois, além de se procurarem formas de ultrapassar a(s) crise(s) que adiam, e agravam, e alastram a situações futuras, há sempre o confronto com a crise de 1929, que foi aquela, naquele estádio do capitalismo. Ora é vital (escolhi a palavra!) ter bem presente o que "dessa crise" resultou: uma radicalização do sistema na busca de preservação das relações sociais e... uma guerra mundial. O que assusta é que não faltam sinais de uma (outra) radicalização, de focos de guerra, de "criação de inimigos", e hoje, quase 80 anos passados, o desenvolvimento das forças produtivos apetrechou a (des)humanidade de tal poder de destruição que... a paz é uma necessidade! Não é uma necessidade para ----- é uma necessidade! Intrínseca à Humanidade.
Ando a afirmá-lo há décadas. Do que não me vanglorio, até porque parece que nada vale ter dito coisas quando, por exemplo, o previsto (por outros e também, modestamente, por mim) passa a ser afirmado como sua previsão por quem nos silenciava, ou negava, se silenciar não podia, chamando-nos catastrofistas. Mas apenas parece não ter valido a pena... porque o previsto e prevenido escorou a luta e fá-la, hoje, mais forte.

quinta-feira, maio 29, 2008

Alerta


Intervalo

Há momento da vida pessoal em que se vive de ressaca em ressaca... sem ter bebido um copo de tinto mas litros e litros de água com uns "pozes" misturados. E por aqui me fico nas explicações... só acrescentando, para informar quem interessado possa estar, que estou óptimo de saúde.
O facto é que, com tanta coisa "em carteira", me apeteceu fazer um intervalo.
E que tal uma espécie de brincadeira (muito séria...) com números e percentagens?
É que, nas reacções que tive ao "prós e contras" (curiosamente não apareceu nenhum "anónimo"... daqueles habituais), por aqui e em e-mails, houve uma que, numa breve nota, me lembrou estes números que ficaram por utilizar, quando em tom irónico disse ter falado em economista como o que diz que 2 + 2 é = a 4:
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- o governo insistiu, até onde lhe foi possível e contra tudo o previsto e prevenido, na previsão de 2,2% para o crescimento do PIB;
- teve de vir reconhecer que afinal esses 2,2% devem baixar para 1,5%;
- em comentários, e até "nossos", disse-se que as previsões estavam erradas em 31,2% [(2,2-1,5)/2,2, pondo-se no denominador o que se previa erradamente], o que era muito significativo;
- pois eu digo que as previsões estavam erradas em 46,7% [(2,2-1,5)/1,5, pondo como base, no denominador, a previsão corrigida], o que dá a dimensão rigorosa do significado do erro de previsão (e da insistência, para efeitos de demagogia, em que Portugal estaria imune à crise do "sistema" a que se entregou de mãos e pés amarrados).
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2 + 2 pode não ser igual a 4! É que há economistas e economistas e, para alguns, não se trata de tergiversar na resposta mas de entender as raízes... quadradas sejam elas.
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Desculpem lá os avêssos a números e cálculos. Fechei o intervalo.

terça-feira, maio 27, 2008

Insatisfação

Cumprida a tarefa, regressado a este canto, incapaz de descansar sem a auto-crítica. Tranquilo mas insatisfeito.
Não poderia esperar outro "ambiente", mas contava com uma 3ª parte, como julgava ser norma no programa, e mais cerca de uma hora de... debate (!). Reservara para essa 3ª parte duas questões que não deixaria de colocar e de tentar tratar (além das que tivesse engenho para acrescentar): a dos agro-combustíveis e das centenas de milhões de hectares mobilizadas para um negócio... de fome (aproveitando o excelente trabalho do camarada João Vieira no Militante de Maio), e a manifestação de 5 de Junho.
Para mim, o programa acabou inesperadamente, antes da 1 da manhã e depois de ter começado mais tarde do que é habitual. Não bastou o desequilíbrio da repartição dos tempos, o "ping-pong" entre o incontrolável Medina Carreira e o controladíssimo Basílio Horta, a espúria moderação ou "moral da história" do jornalista da Lusa, ainda houve bastante menos "tempo de jogo" que aquele com que contava.
Foi o melhor que me foi possível...
É a luta de classes, estúpido!

sábado, maio 24, 2008

Ao qu'isto chegou

A economia capitalista, libertinizada desde o final dos anos 80 por se ter libertado de constrangimentos que fortemente a condicionavam, chegou a um beco. Conhecemos os seus sete fôlegos, e bom seria que nunca os esquecessemos, e até que mais de sete poderão ser.

O facto é que há alguma desorientação nalgumas hostes. E - parece - necessidade de debater. Assim interpreto o convite, ontem recebido, para ir ao próximo Prós e Contras. A que irei, o que assumo como tarefa.

quinta-feira, maio 22, 2008

Con viver

Conviver é viver com. Com os outros. E não se vive sem os outros. Isto é, sem convívio!
E é bom ter amigos!


Obrigado por terem vindo. Espero que tenham todos regressado bem!

Uma pausa

Passar por aqui, pela "blogosfera", tornou-se uma rotina. O que se sente quando a rotina não se cumpre. Um dia de "falta ao serviço" nota-se logo. Há coisas que não queriamos deixar passar e já foram ultrapassadas, há comentários lidos tardiamente e que não foram respondidos como deviam uns como mereciam outros, havia comentários a fazer que perderam oportunidade.


Foi só um dia e acumulou-se tanta coisa.


Tive de ir a Lisboa - e esta frase sublinha-se com o tive de ir -, saí cedo de casa, apanhei o "expresso", andei por Lisboa de um lado para o outro, fiz o que tinha a fazer, sobrou-me algum tempo entre tarefas, apanhei o "expresso" de regresso, cheguei tarde a uma reunião marcada para a noite "lá em baixo", na pequena cidade perto da aldeia onde vivo. Sempre sem o computador e esta rotina.


No tempo que me sobrou repetiu o que fiz a semana passada. Fui ao cinema. Ver um filme recomendado por "ela". sem quaisquer veleidades de me "pôr em dia", tal o atraso. Mas foi tão... bom. Digo melhor porquê em ficções do cordel, mas aqui fica o apontamento de que a razão talvez mais forte para tão bem me ter sentido foi a de, ao saborear aquele cuscuz, ter-me sentido compensado do desagrado, quase náusea, que senti ao confrontar, repetidas vezes, as capas da comunicação social, ter lido o que li na viagem de autocarro. Como que me senti compensado, ou recuperado do desconforto por ver como a comunicação social banaliza a anormalidade, apenas faz notícia do que é excepcional ou escândalo. Como ignora, logo faz com que não exista..., o que é "normal", o quotidiano de milhões, da imensa maioria que nós somos, cada um diferente na sua... normalidade.



Dois exemplos de "anormalidades" que alimentam as notícias:


Carolina Salgado é uma. E não digo o quê.


Cristiano Ronaldo (ah!, a histeria que vem aí!) é um. E não digo quanto vale.




terça-feira, maio 20, 2008

De vez em quando, Zé Gomes Ferreira (e não só!)

4 de Junho (1966!)

Diante da Fábrica da Tabaqueira, em Albarraque, os deuses do neocapitalismo triunfante ergueram uma estátua solene ao Capital de Sempre na forma de Alfredo da Silva.
É o símbolo mais grosseiro que vi, até hoje, virado para o Sol: um homem impertigadamente gordo e grosso, de fraque, bengala na mão direita e charuto (sim, CHARUTO!) na mão esquerda. Uma autêntica caricatura de bronze insolente como que saída dos primeiros romances neo-realistas que, pelo visto, não são tão inventados como se nos afiguram agora, em pleno idílio sórdido do neo-socialismo (desossado de marxismo) com o neocapitalismo...
(Dias Comuns I
- Passos Efémeros - Diário)
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desenho inédito de Álvaro Cunhal

segunda-feira, maio 19, 2008

19 de Maio de 1954 (e 19 de Dezembro de 1961)

em memória para duas homenagens
Catarina Eufémia,
assassinada a 19 de Maio de 1954 gravura de José Dias Coelho,
assassinado a 19 de Dezembro de 1961

Os erros (?) nas previsões

Uma das coisas que me incomoda é a frequente, quando não constante (ou recorrente, como ora se diz…) auto-citação, o recurso a frases como “vêem como eu tinha razão” ou “como eu já tinha dito”. E não me estou a referir apenas a outros, pois já o fiz algumas vezes apesar de estar atento para que tal não seja… recorrente.
Por vezes, é inevitável. É tão insistente o estratagema de apresentar como “novidade” ou “descoberta” o que já foi dito, previsto, prevenido, que é preciso lembrar! Lembrar que “nós” já o tínhamos dito e escrito, “descoberto” há muito tempo.No entanto, é essencial sublinhar que a previsão e prevenção não resulta de dotes de adivinhação, mas da procura de quais as dinâmicas sociais e económicas e de ultrapassar as meras previsões feitas hoje para dizer como vai ser amanhã. Feitas sempre, sublinhe-se, não para melhor preparar o futuro mas para instrumentalizar político-partidariamente as previsões. Depois, os comentadores encartados, ao escreverem que “cortar a previsão do crescimento em quase um terço (31,8%), passando-a de 2,2% para 1,5% é brutal (…)” têm todo o cuidado em não beliscar as reputações, para que tanto eles próprios construíram, dos que erram sistematicamente as previsões, e fazem de conta que ignoram que o que hoje dizem foi, repito, previsto e prevenido por outros, e continuam a (van)glorificar os que estão sempre a prevaricar no erro. Decerto porque sabem que não se tratou de erro mas de manipulação, de utilização de números para… “enganar o pessoal”.
O facto é que, como sempre se soube e foi escondido, “a economia portuguesa nunca poderia ficar imune à crise internacional” (do capitalismo, digo eu) e que, nesse contexto e dinâmica, “vamos passar pelo menos mais dois anos (este e o próximo) a crescer abaixo da média europeia (da UE, digo eu): serão oito anos a divergir com a Europa”.
E uma pitada de honestidade intelectual? Que tal? É que há políticas (e políticos, e partidos) culpados. Os do costume...

sábado, maio 17, 2008

Sobre as artes&manhas de "armar ao pingarelho" (dit-il)

Tinha prometido a mim mesmo não falar mais deste t(r)ema. Mas não resisto a transcrever o sr. nicky florentino, hóspede do albergue dos danados, que há muito para aqui não trazia. E como de promessas não cumpridas estão os governos repletos, e a que eu confesso ter feito foi só a mim mesmo, aqui vai o que bem me parece merecer transcrição:

Mr. jogging & senhor nicotina. O senhor eng.º José Pinto de Sousa fumou onde a lei não permite fumar. Isto não é um caso de moralidade, é um caso de legalidade. Depois, vergado pela denúncia mediática da falta - parece que não tanto pela vergonha de ter ofendido uma norma em relação à qual tem responsabilidade significativa enquanto senhor secretário-geral da seita socialista -, rogou perdão público e prometeu deixar de fumar. Começa aqui o segundo plano da estupidez do caso. O fulano não tinha que prometer coisa alguma. Se deseja ou pretende deixar de fumar, a publicidade disso nada releva. Mas, posto como promessa pública o abandono do vício - embora não se saiba bem a quem é que endossou tal promessa -, facto é que o senhor eng.º José Pinto de Sousa vinculou-se voluntária e moralmente a um comportamento. Na prática ajoelhou-se perante um altar. Depois veio lamuriar-se, ai o «calvinismo político» e ai a vigilância moral. Está bem. Tergiversar é bom. Armar ao pingarelho também. Nicky Florentino.

sexta-feira, maio 16, 2008

Tanto renovou, tanto renovou que deu nisto...


O professor doutor Vital Moreira fez o seu caminho. Que o aproveitem e que lhe faça bom proveito. Não pode é andar a pavonear a sua sapiência como se fosse o campeão não sei de que coerência, quando esta lhe falta e aquela dá azo a que se duvide que exista.

Tropecei no livro ao lado, de que reproduzi o trecho do "post" anterior, quando - ele há coincidências... - VM publicava, no largo espaço que lhe concedem (e pagam, claro) para as suas pesporrências, uma coisa chamada "Adeus socialismo"? (Público de 13.05.08).

Não se trata de estar de acordo ou não com as suas opiniões. Trata-se de relevar como o que aí escreveu está em completo antagonismo com o que escrevia nos anos idos de 1974, e tem imprecisões e faltas de rigor absolutamente indesculpáveis num... homem sério.

Aponto duas.

1. Escreve VM que «foi muito antes do fim do comunismo que os partidos socialistas e social-democratas - a começar com o SPD alemão, no célebre congresso de Bad Godesberg de 1959 - abandonaram a ideia da "economia socialista", enquanto sistema económico alternativo ao capitalismo. baseado na "socialização" generalizada dos meios de produção».

Ora no "célebre congresso" decidiu-se erradicar da social-democracia todo o referencial marxista, ao que muitos outros partidos social-democratas e socialistas resistiram, nomeadamente o português, que se viria a formar em 1973, com uma explícita referências ao marxismo como "inspiração teórica predominante" na sua declaração de princípios fundadora. Pelo que tal referência só pode servir para lançar confusão. Além disso, e não menos esclarecedor, definir "economia socialista" como VM o faz é, no mínimo, irrisório.
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2. Logo a seguir, sem sequer fazer parágrafo, VM continua «Aliás. isso mesmo resulta da adesão de todos eles à UE, desde o início baseada numa "economia de mercado assente na livre concorrência" (como estabelece o Tratado de Roma, de 1957)».
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De novo, seria ignorância de VM se não fosse má fé. Se pudesse, ou melhor: se valesse a pena, desafiava-o a provar que no Tratado de Roma se escreve o que ele colocou entre aspas, como citação. Por bem menos chumbaria alunos meus. Não por achar grave o erro, mas por não tolerar má fé!
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E não gasto mais cêra!

Uma "maldade"

(... sem qualquer remorso!)


Em busca na (pequena e mal arrumada) estante sobre marxismo, encontrei a surpresa de um esquecido livrinho. Cheio de sublinhados e de pequenos papeluchos com notas. Foi giro o encontro...
A edição é de 1979 e é uma colectânea de textos do autor.
Reproduzo o final do último texto:
"(…)
Na verdade, se o marxismo não é uma
doutrina institucionalmente fixada, um sistema codificado de respostas, também não é, pura e simplesmente, apenas um método – ainda que dialéctico – que suporte um total ecletismo teórico. Não é ainda certamente uma mera herança intelectual, dissolvida com outras heranças – mesmo que ideologicamente contraditórias – numa corrente teórica comum. Não é também somente uma tradição intelectual, uma “escola”, assente sobre bases mínimas teóricas e metodológicas. A isto haverá a acrescentar pelo menos que o marxismo tem por objecto privilegiado a compreensão das transformações históricas e está vinculado à acção histórica. Por isso, a questão sobre se o marxismo é “ciência ou revolução” só admite uma resposta: ambas! E é isso que determina o lugar singular do marxismo na história."
Dezembro de 1974
Ia escrever o nome do autor (e publicar a capa do livro, já "scaneada", e comentar)... mas resolvi fazer a tal "maldade". Dou um doce a quem disser qual é o autor, quem é ele.
E acrescentarei um ou dois pequenos trechos recentes que ilustram exemplarmente como a vida é feita de mudança... mas também não vale exagerar tanto!
Mais não digo para não "ajudar".

quinta-feira, maio 15, 2008

Diário de bordo (ou "caixa negra"?)

Ontem, foi um dia... esquisito. Se difícil é falar de rotina nos meus quotidianos, ontem o dia saíu de todas as eventuais ou possíveis rotinas...


Tinha de ir a Lisboa. Fui de carro até Fátima e apanhei logo um noticiário matinal com a "caixa" absolutamente sensacional de que o 1º ministro fumara na viagem aérea para Caracas! Finalmente se saia, neste País, do marasmo informativo. Finalmente, em vias de esgotamento do inesgotável "apito" que me põe de todas as cores por mais que o façam dourado, não havia que encontrar outras maneiras enviezadas para não falar do Código do Trabalho, do aumento do preço dos alimentos e dos combustíveis, do fecho das empresas (das pequenas, claro), dos lucros dos bancos, dessas minudências chatas. Ali estava... a notícia, o que deita abaixo qualquer 1º ministro, ou que executa qualquer executivo, qualquer que seja a política que execute!


A viagem de "expresso" durou a hora e meia programada. Em que li o jornal (as graúdas), reli e revi os tópicos da intervenção que ia fazer ao fim do dia, fiz um sudoku (fácil!). Desci no aeroporto, fui a pé até à editora que é na Gago Coutinho, encontrei amigos, conversámos, trabalhámos levemente, decidimos a capa, recebi as primeiras provas do meu original e um texto para dar opinião. Saí com a pasta a abarrotar, meti-me num táxi e fui almoçar num daqueles restaurantes de "matar saudades", i.e., dos de antigamente, de há décadas.


Escolhido "a dedo" para ir ao cinema (há quantos meses? indecente...), para estar às 14.30 no Nimas para não perder Caramel como "ela" vivamente me recomendara/ordenara. Abençoada recomendação/ordem (fica para registo no docordel)!


Fiquei com tempo livre. Estranho! Mas é por isso que os homens lutam (ou deveriam lutar!), como iria dizer para terminar a minha apelidada conferência do fim da tarde na SPA, a convite da Associação Iuri Gagarine. Deu para entrar numa "pastelaria", também das de "matar saudades", para me sentar frente a uma meia torrada e um galão (claro... e morno), e rever, carinhosamente, umas páginas das provas. Que revi. Todo o primeiro capítulo dedicado (como dedicatória que é) ao José Dias Coelho e ao seu assassinato.


E enquanto "fazia tempo", aproveitando-o, fui - também ali - invadido pela televisão, que me disse, por cima da minha cabeça, mais umas tantas coisas sobre o cigarro fumado pelo sr. Sócrates, e as desculpas deste, e mais que a dra. Ferreira Leite acha que o tal que fuma faz o que ela fez e fará (se puder), mas ela com mais humanidade executiva e menos tecnocrática execução. Não chegou para perturbar a minha tarefa de entrementes.


Respeitando o horário, fui participar na iniciativa da Iuri Gagarine, com a parceria de Dulce Rebelo (que me convidara para falar de questões económicas e sociais do "século soviético" e nos apresentou) e de Maria José Maurício (que falou sobre a mulher na revolução e na URSS, e nos mostrou coisas bonitas e significativas). Gostei de o ter feito!


Depois, jantámos no chinês em frente, com amigos, e regressámos a casa, aqui à aldeia. Com "ela" ao volante e ouvindo os noticiários das horas e meias horas, exasperados com a exploração do pecaminoso cigarrito do eng. Pinto de Sousa - dos tais "apitos" nem ouço, nem falo... - e fugindo a meio para o refúgio da antena 2. Conversando sobre amigos e amizades.


Foi um dia em cheio!


segunda-feira, maio 12, 2008

Isto de "alimentar" um blog...

Isto de "alimentar" um blog implica, desde que não se criem dispositivos de "auto-defesa", ter de ler os comentários que nele são feitos ou a ele dirigidos.
O que não se é é obrigado a responder-lhes. A alguns apetece, mas não merecem.
E, sem ser resposta, apenas venho dizer, porque tal me foi suscitado por uns comentadores (anónimos, claro) que não senhor, que não mudei em 1989, no sentido acintoso em que tal questão é posta. Sim, porque mudar, mudo a cada segundo. Por fora e por dentro!
Não era, então, comunista por existirem aqueles países socialistas, não era do PC Português por haver um PC da União Soviética, nunca me senti orfão da URSS! Por isso não deixei de ser quando essas referências e experiências acabaram.
Ah! e sinto-me feliz por haver em Portugal um partido comunista que não seguiu o caminho de outros... mas também acrescento que procurei contribuir para que assim tivesse sido e que, se não tivéssemos sido capazes, estou convicto que continuaria comunista, embora em condições (ainda) mais difíceis porque não teria (não sei por quanto tempo...) partido para tomar partido e nele ser parte de um colectivo.
Ficou claro? Tenho dúvidas (o que me dá muito!), até porque ser comunista é... outra coisa. Que não está à altura de algumas mentes. Sequer da sua compreensão rasteira, quanto mais dos três metros de altura que são necessários.
Isto com todo o respeito pelos que o não são!

sábado, maio 10, 2008

Os jovens senis

Estava um fulano a ler Marx. Como quem lava o corpo pelo avesso, como quem lava a cabeça do lado de dentro. E é interrompido. Uma voz aqui ao lado, parceira-companheira, vem imperativa "lê lá esta coisa...".
Logo o fulano, que sou eu, pediu licença ao Marx. Licença concedida, até porque ele é assim, nada de "argumentos de autoridade", sempre incitando os outros a pensar, a reflectir, sempre a dizer "lava bem a cabecinha (por dentro) e pensa por ti" (que eu saiba, a fazê-lo desde aquilo que escreveu com 17 anos - que era o que estava agora a ler -, lembrando que o "Manifesto" foi escrito tinha ele 30 anos).
E li "a coisa". Tem o título "o barão sindical" e estava no Expresso da semana passada.
Ora "aquela coisa" é exemplar do tipo de "autores" de prosa que por aí pulula. Nasceram ensinados, não estudam nada porque já aprenderam tudo, e debitam "verdades". E, "naquela coisa", o de seu nome Henrique Raposo perora sobre conceitos como trabalho, por si criados ou reconstruídos, e sobre "direitos adquiridos", no tom jocoso de quem acha que tem muita graça. Assimilando, por exemplo, "direitos adquiridos" a "i.e., emprego para a vida garantido por lei". Como é que se pode levar a sério tanto rigor?! Direitos adquiridos tratados por quem se julga com todos os direitos sem ter tido que os adquirir, e muito menos por via do trabalho.
E sobre trabalho é evidente que faz "tábua raza" do que David Ricardo e outros, antes e depois, pensaram, estudaram, escreveram sobre origem do "valor", sobre liberdade, sobre divisão natural e social do trabalho. Porque para ele, pretencioso e ignorante, tudo se reduz a ser "o trabalho um dever individual". Vangloriando-se da coragem de dizer este e outros dislates, "coragem" que só ele e próceres seus próximos terão.
Para mim, e por mim falo, são jovens de idade roídos de senilidade. Jovens senis...
Bom, e volto ao Marx, à minha higienezinha, que também é terapia de rejuvenescimento.

Dia de Encontro do PCP

Para a companheira
para as camaradas e para as amigas,
para as trabalhadoras,
para as mulheres,
hoje, 10 de Maio de 2008,
hoje, especialmente para quem está reunido e a debater este tema:


“(…) as mulheres não têm razão para se queixarem da Internacional, que elegeu uma delas, a Sra. Lan, para o Conselho Geral… Ironia à parte, o último do American Labour Union representa um grande passo em frente: os trabalhadores dos dois sexos foram tratados num completo pé de igualdade. Em contrapartida, os ingleses e mais ainda os galantes franceses mostraram uma grande estreiteza de espírito. O progresso social mede-se pela posição social do belo sexo (incluindo as feias…). (…)”


Karl Marx
(de uma carta a Kugelmann, 12 de Dezembro de1868)

sexta-feira, maio 09, 2008

De surripianço em surripianço...

... e com as devidas vénias:

(surripiado de vermelhovivo. Obrigado)

9 de Maio

Ontem, em 1945, foi o dia da Vitória, da Libertação, da Paz, da Europa.
Hoje, é o dia em que, em 1951 (se me não engano... e não me dou ao trabalho de ir confirmar, nem se este senhor, ministro francês, tem um ou dois n no final do nome) o sr. Schumann fez um discurso na sala dos relógios de um palácio qualquer a anunciar a decisão de se criar uma comunidade económica do carvão e do aço (CECA).

O Governo censurado

Uma impossibilidade derivada de questões de saúde que me obrigaram a ir aos HUC (estou óptimo, acrescento já em intenção de quem a isso interessar...) impediu-me de ver o debate da moção de censura apresentada pelo PCP. Custou-me muito...
Ouvi, no entanto, o noticiário das 19 no serviço público antena 1... e estive quase a ter de voltar para trás, para o hospital!, tal a náusea e a revolta que senti. Lá para meio do noticiário, falou-se da moção de censura. Para se dizer, em resumo, quais os motivos do partido que a apresentou? Não! Para dar a grande "caixa" de que o 1º ministro tinha dito que havia motivos para censurar o Governo mas não aqueles (quais?), a que se seguiu logo o dr. Francisco Louçã a aproveitar a boleia e a indagar, em diálogo com o tal 1º ministro, que motivos eram esses. Isto é informação... vergonhosa, pustulenta.
Depois, algo do final do debate, pela voz do Bernardino Soares, e o comentário (acintoso) sobre o resultado da votação.
Outros quefazeres só me deixaram "ouver" o inefável Sousa Tavares na televisão, com aqueles seus tiques ou trejeitos, a dizer que o PCP falhara a oportunidade de censurar o Governo porque escolhera mal os motivos, baseando-os numa concepção imobilista, num mercado do trabalho ultrapassado, própria do auge do marxismo-leninismo do século xix. Que rigor!, que comentador!, que dor de alma...


Pouco acrescentarei aqui e agora. Já ouvi, no site oficial do PCP, o discurso inicial do Jerónimo de Sousa (que aplaudi a mãos ambas no silêncio desta secretária), já viajei por alguns blogs onde encontrei o que era preciso encontrar, já renovei e fortaleci a dose quotidiana de vontade de lutar e de convicção que vale a pena e... que é possível!


Apenas deixo o meu resumo dos três motivos apresentados, e que a comunicação, deliberada e desavergonhadamente, escamoteou: agravamento da situação económica e social, opção de fundo e classista do Governo contra a Constituição da República Portuguesa, actualidade e urgência de trazer à A. da R. o sentimento do povo português.
E mais um apontamento que considero particularmente relevante na actual situação do capitalismo - e da luta de classes - a procura de liquidação do conceito horário de trabalho, que é essencial para a exploração dos trabalhadores na interpretação marxista em que a exploração é o tempo não pago de utilização da mercadoria força de trabalho, e porque a sociedade humana por que se luta terá uma organização do tempo de vida dos humanos em que o tempo livre seja o objectivo concreto e concretizável de todo o ser humano.

quinta-feira, maio 08, 2008

Hoje, o Governo e a (s) sua(s) política(s) serão censurados na AR

Depois de tão censurado nas ruas, pela(s) sua(s) política(s), o Governo vai hoje ser censurado pelo Grupo Parlamentar do PCP.

Não se espera que os deputados do PS votem favoravelmente essa moção de censura, assim como não o farão os deputados do PSD e do PP, pois estão todos de acordo com essas políticas independentemente do que delas pensam (e do que delas sofrem!) quem os elegeu para estarem na Assembleia da República.

Mas é assim a democracia representativa quando esquece ou menospreza a democracia participativa. Pelo que não deverá ser aprovada a moção parlamentar com que a Assembleia da República apenas confirmaria a censura que a esmagadora maioria do povo português vem fazendo às políticas do Governo! E que, logo à tarde, o GP do PCP vai interpretar onde os representantes deste povo têm mandato.

De qualquer modo, esta moção de censura é um episódio relevantíssimo da vida política portuguesa. Dê-lhe o relevo que lhe der a comunicação social.

quarta-feira, maio 07, 2008

2008: um ano de luta e de lutas

Em jangada-de-pedra.blogspot.com um post (que castendo.blogs.sapo.pt reproduz) dá-nos importante e oportuna informação, depois de uma introdução que aqui se reproduz também:
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"Quantas vezes não ouvimos já pessoas dizerem que em Portugal as pessoas não fazem nada, que acatam e não refilam? A verdade é que por todo o país as populações lutam em defesa dos sectores públicos de saúde e educação. Nos sectores público e privado, os trabalhadores portugueses lutam por melhores condições de trabalho, para defender a contratação colectiva, para resistir despedimentos, e combater o Código de Trabalho que o governo e o patronato querem impor. Acumulam-se os casos represálias contra trabalhadores e sindicalistas.
São muitas as lutas, mas escassa a sua cobertura mediática. Com algumas excepções, as lutas dos trabalhadores e populações recebem pouca atenção, ou atenção pouco esclarecedora. Felizmente, há um local onde há acesso garantido a notícias sobre as lutas dos trabalhadores portugueses: o jornal avante!, o orgão central do Partido Comunista Português. Muita da informação abaixo foi recolhida das páginas do avante! e do sitio da CGTP-IN."
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E segue a lista (extensíssima mas mesmo assim não exaustiva) das lutas deste ano que ainda não chegou a meio.
Vale a pena consultar! E guardar como informação.

Moção de censura

O debate da moção de censura do PCP ao Governo pode ser acompanhado, amanhã 8 de Maio de 2008, no canal 219 da televisão. Notícia para os reformados, desempregados, adoentados, "beneficiados" por horário de trabalho flexível... e outros "felizardos".

terça-feira, maio 06, 2008

A 6 de Maio de 1968

Já que tanto se está a falar de Maio de 1968:

"(...) A 3 de Maio, em Nanterre, uma agitação provocada pelo “movimento 22 de Março” levou ao encerramento da faculdade; a 4 de Maio, a Sorbonne foi ocupada pela polícia, com desmesurada e violenta repressão, que provocou os primeiros confrontos.
Por erro e/ou cálculo, a reacção do governo agravou uma situação tensa e abriu a escalada da violência. A 6 de Maio, 20 mil estudantes protestaram contra a condenação de colegas. A polícia carregou brutalmente e fez muitos feridos. Os “pavés”, que se tornaram “símbolos” do Maio dos estudantes, começaram a saltar dos pavimentos. Os protestos continuaram a 7 de Maio, e a 8 realizou-se um comício da UNEF, em que participou a CGT, que decorreu com massiva presença de estudantes e sem incidentes. A 9 de Maio, novos desfiles e à luta dos universitários juntaram-se os estudantes do ensino secundário, organizando várias manifestações em que núcleos da Juventude Comunista tiveram papel activo. (...)"
(excerto de um artigo publicado em O Militante)

segunda-feira, maio 05, 2008

Assembleia da República

REUNIÃO PLENÁRIA
- 2008-05-08 (QUINTA-FEIRA) 15:00
Moção de Censura ao Governo n.º…/X (PCP).
TEMPOS------ABERTURA----------DEBATE----------ENCERRAMENTO
PCP---------------12 m
GOV-------------- 12 m
GOV, PS e PCP------------------------30 m cada
PPD/PSD-------------------------------25 m
CDS-PP---------------------------------12 m
BE---------------------------------------10 m
PEV---------------------------------------7m
GOV------------------------------------------------------------12 m
PCP-------------------------------------------------------------12 m
VOTAÇÃO no final do debate

Carta ao Provedor do Diário de Notícias

Exmo. Senhor Provedor do Leitor
do Diário de Notícias

Evidentemente que o jornal de que V. Excia é provedor pode convidar, promover, aceitar todas as colaborações que muito bem entender.
Pode o comprador e leitor de jornais fazer a sua escolha a partir do livre mercado que está criado, com todas as mãozinhas que, por detrás desse mercado, o regulam.
Estas são as regras de um jogo que, por mais viciado que esteja, é o dito jogo democrático, e às suas regras nos atemos, mesmo quando as procuramos mudar por via de “outra informação”, de uma tomada de consciência que a todos chegue.
Um senhor chamado Alberto Gonçalves pode, usando os direitos que lhe concedem, dizer dos “baladeiros” o que lhe apetecer, até à fronteira do insulto, da agressão, chamar inconcebível a Ary dos Santos, achar melodias indigentes e colocar aspas para se referir a poemas de Gedeão e Saramago, achar que tudo isso é lixo, ir até à sentença boçal de que, a seu juízo (tão final que o terá gasto todo noutras graçolas) de que «ouvir o nosso canto de “intervenção” é perceber o infinito alcance da boçalidade humana». E mais que não sou nem obrigado a (re)ler nem a transcrever. É a sua “opinião” e sobre ela tenho a minha, decerto impublicável.
Pode usar e abusar desse seu direito de bolsar sobre as páginas que Abril lhe abriu (porque a censura não lhe deixaria escrever assim sobre o nacional-cançonetismo), tal como eu tenho o direito de deixar de comprar quem publique essas “opiniões”.
Mas não é admissível que, nas páginas do jornal como aquele de que V. Excia. é provedor, esse sociólogo (?!) se refira a um assassinato hediondo em termos pretensamente irónicos. Esmagarem as mãos a um homem e assassinarem-no num estádio-prisão, em condições cujo relato – conhecido por quem o quiser conhecer – arrepia qualquer pessoa com um mínimo de sensibilidade, e Alberto Gonçalves permite-se fazer, com esse episódio, umas linhas de prosa pretensamente irónicas. Absolutamente inaceitável! Condenável por mais libérrimas (ou libertinas) que sejam as “opiniões”.

Pergunto a V.Excia. se o papel de provedor não tem a função de impedir, já que não pode evitar, que se repita a publicação de “opiniões” (!) destas?

Com os cumprimentos
de Sérgio José Ferreira Ribeiro
– BI 2010116

O preço dos alimentos...

O preço dos alimentos. A fome. A caridade.
A actualidade dos temas. Mas quando não foram sempre actuais?
Só umas lembranças:
* As vinhas da ira, de Steinbeck -> onde, indignado - no começo das minhas indignações... -, li que se destruiam produções para manter preços enquanto gente, gente igual a gente, isto é, gente igual a mim, a ti, a ele, a nós, a vós, a eles, morria de fome;
* Alguns textos "nossos" (sim! nossos), alguns com décadas e até séculos, que alertam para o caminho da destruição da economia produtiva, da que satisfaz necessidades humanas, até de sobrevivência;
* A reforma agrária e o lema tão simples, tão directo: a terra a quem a trabalha!;
* A "lei Barreto" (esse mesmo...), do 1º governo constitucional de Mário Soares, e a contra-reforma agrária;
* A Política Agrícola Comum (PAC) a subsidiar a não-produção, as terras em pousio... a partir dos critérios de produtividade e competitividade (ah! como a obscenidade está mesmo debaixo da língua!);
* Alguns textos "nossos" (sim!, nossos... da CNA), actualizando os que foram alertas, e que são propostas de arrepio de caminhos;
* A questão energética tornada alibi e justificação para o que são políticas (energéticas e outras) que se prosseguem há décadas, e servem e fomentam a exploração (dos recursos, sobretudo dos "recursos humanos", da mercadoria força do trabalho) ao serviço do capital, que é uma relação social de produção, e agora tem cada vez maior (e demencial) dimensão monetário-financeira;
* A hipocrísia destes actuais "tratamentos do tema" que não vão às razões, às causas do que até aqui nos trouxe, e que não se querem beliscar porque são interesses dos poderosos, dos que têm poder e mandam em quem julga que o tem... porque nós - democraticamente - os fizemos nossos representantes eleitos.
Tanta areia para os olhos!

domingo, maio 04, 2008

"Meu Maio"

A Todos
que saíram às ruas
de corpo-máquina cansado.

A Todos
que imploram feriado
para as costas que a terra extenua.

Primeiro de Maio!

Meu mundo, em primaveras,
derrete a neve com sol gaio.

Sou operário – Este é o meu Maio!

Sou camponês – Este é o meu mês!

Sou ferro – Eis o Maio que eu quero!

Sou terra – O Maio é minha era!


Vladimir Maiakovski

Ignorância e/ou cinismo

Surpreende(-me... a mim que ainda não deixei de me surpreender!) o que se vai lendo.
Agora foi a descoberta dos "graves riscos de empobrecimento da classe média" (Nicolau Santos no Expresso).
Que acha que os governantes e os empresários "têm obrigatoriamente de reflectir" (!) sobre a "pauperização da classe média".
Porque é da responsabilidade dos governantes o "congelamento salarial durante três anos na função pública"; porque as "estatísticas mostram (aos empresários) que, da riqueza produzida no país, cada vez é menor a fatia que cabe ao factor trabalho e maior a que vai para o factor capital" (eu diria que as estatísticas escondem... embora seja evidente).
Nos 160 anos do Manifesto do Partido Comunista, falar da pauperização da classe... média, é recuperar uma expressão, desvirtuá-la, escamotear a abordagem séria, profunda (porque vai às causas) das situações! Numa palavra, é fugir à questão da exploração, à luta de classes. Que está aí, em toda a sua força e com dançarinos da corda bamba a fazerem funambulismo.

É preciso dizer a toda a gente!

"PCP apresenta Moção de Censura.
Uma clara condenação ao Governo e à sua política
Quarta, 30 de Abril 2008
Perante a gravidade da situação nacional e o carácter inaceitável das propostas sobre o código do trabalho, o PCP, decidiu apresentar na Assembleia da República durante o debate com o Primeiro Ministro e pela voz de Jerónimo de Sousa Secretário Geral do PCP uma moção de censura ao Governo PS e à sua política."
(do site oficial do PCP)
.
Aquilo que as gentes sentem, dizem, comentam, censuram, é feito por quem foi eleito, pelas gentes, para as representarem na Assembleia da República. A isto chama-se... democracia representativa.
É preciso fazer, de casos destes, lições de política. E de democracia.

sexta-feira, maio 02, 2008

De comentário a notícia

Neste "blog" recebi um comentário que deve ser transformado em notícia. Não que outros não o mereçam... mas este comentário é mesmo uma notícia (ou mais que uma...).
"Desviando-me do tema do post, informo que
A Petição em Prol das Crianças Vítimas de Crimes Sexuais
FOI ENTREGUE.
Ultrapassadas largamente as 4 000 assinaturas, a 3 de Janeiro remeteu-se carta ao Exmo. Presidente da República Portuguesa, na qual se solicitou uma audiência para a entrega da Petição.
Posto o tempo de espera, que não pode ser indefinido, as acções urgem.
Ainda sem a aguardada resposta da Presidência, a Petição com 13 072 assinaturas válidas no total (4 757 online e 8 315 manuscritas),
foi entregue a 29 de Abril no Palácio de Belém, contra prova de recepção.
Agradecemos profundamente a TODOS os que de coração aberto se uniram nesta causa, contribuindo de diversas formas na sua divulgação e recolha de assinaturas.
Sem vós, não se teria chegado aqui. Bem-hajam!"


Bem hajam!

Chegam notícias

Chegam notícias. Rompendo o bloqueio. Sendo, também, notícias do bloqueio informativo.
Aos "alguns milhares" da manifestação unitária (que há umas dezenas que não respeitam... et pour cause) de Lisboa, há que juntar mais "alguns milhares" do Porto, de Coimbra, de Aveiro, de Santarém... Ou, aos "alguns milhares" do Porto, e de Coimbra, e de Aveiro, e de Santarém, e de, há que juntar os "alguns milhares" de Lisboa. Que eu vi, vindo do aeroporto para estar na Alameda, que eu vi e tentei contar. Eram... "alguns (muitos!, muitos!) milhares".

quinta-feira, maio 01, 2008

1º de Maio

Respeitar os trabalhadores!
Censurar quem os não respeita!

A Irlanda

Uma década a ter um crescimento económico (PIB percapita em PPC) lá para os 8% ao ano levaram o Estado-membro Irlanda do "pelotão dos lanternas vermelhas" da UE (com Espanha, Grécia e Portugal... embora neste último E-m o que é hoje seu PR, e então 1º ministro, dissesse que estava no "pelotão da frente" e o que se lhe seguiu dissesse coisas parecidas..., mais bíblicas) ao 2º lugar da classificação, o que, em futebol, dá acesso não sei a quê.
Agora, as previsões mantém-no nos 3%, acima da "média europeia" pelo que divergindo positivamente, enquanto que Portugal se mantém abaixo, continuando a divergir negativamente.
E os irlandeses têm o futuro próximo desta "comunidade" nas mãos que irão votar o Tratado a 12 Junho.
Não há que ter grandes expectativas... mas!