sexta-feira, junho 29, 2007

A pouca vergonha

Lá que a vergonha era pouca já se sabia.
Agora que seja tão grande a pouca vergonha não se podia esperar!

A ignorância atrevida e arrogante

Convivo com muita gente que nada (ou muito pouco) sabe de coisas que eu sei porque a vida me proporcionou aprendê-las (também é verdade que nada sei de outras coisas que eles sabem...). Não é por isso, por não saberem de coisas que eu sei, que lhes chamo ignorantes.
Mas já chamo ignorante atrevido e arrogante ao "coleccionador de arte" que faz alarde, o alarve, de ter começado a sua caminhada de décadas e milhões a juntar obras de arte quando foi enganado ao comprar uma cópia da Mona Lisa que julgava ser um original, sem saber quem era o autor, nem querer saber, mostrando continuar a não se importar com isso. E nada revelar que tenha um pingo de consciência (e de pena) do ignorante que é.
Incomoda-me, pronto, o atrevimento, a alarvidade, a arrogância, e também - e mais - a vassalagem que é feita àquele ignorante a arrotar euros. Incomoda-me, pronto, coitado de mim, que sou pior que ignorante (e em tanta coisa o sou )... que serei intelectual, como ele diz quando quer ofender alguém. Mesmo que esse alguém só saiba ler e escrever...
Ah!, e não ponho nenhuma fotografia do dito comendador porque já nem o posso ouvir ou ver a cara estanhada.

quarta-feira, junho 27, 2007

Às vezes, lembram-se de mim. Aveiro, 26 - 3

As "orações" introdutórias terão cumprido a sua função. Até com uma de um alemão que falou em inglês e foi traduzido para português.
Disseram-se coisas interessantes. Das que eu disse não escrevo... mas não me senti envergonhado com o que disse, embora tivesse a perfeita convicção que estava ali a dizer coisas que não são para serem ditas. Porque não querem ser ouvidas. Paciência... Convidaram-me!Como de costume, foi muito agradável e sempre útil ouvir o prof. Adriano Moreira. É um senhor e fala com fundamento e reflexão. Pode haver, aqui ou ali, algumas coisas que suscitariam outros caminhos porque por alguns ele não quer ir, mas aprende-se ouvindo-o.
E é reconfortante (embora não dê alegria) que um dos argumentos mais levianamente usados para provar os benefícios da "Europa" (quando se deveria dizer União Europeia), que é o da paz inatacável e duradoura que veio trazer ao Velho Continente, sempre por nós combatido por ser falso, falaccioso, seja assim desmantelado pelo prof. Adriano Moreira:
"... o programa dessa unidade manifesta duas insuficiências de concepção e até apoios ideológicos contestáveis. Começando por estes (...) insistir na paz no espaço europeu implica esquecer que não foram resolvidas as questões da ETA e da Irlanda, que a absorção dos problemas da desagregação da Jugoslávia é desafiante, que Chipre inquieta, que a memória da questão dos sudetas está viva, que as questões das fronteiras exigem cuidados. Finalmente, a definição da política de alargamento apropriou o conceito da NATO - levar a liberdade do Atlântico aos Urais - para estabelecer os limites geográficos pressentidos. Não se conhecem estudos de governabilidade que tenham antecedido alargamentos, conhece-se o trajecto contrário que é o de o alargamento exigir pensar na governabilidade, esta a dominar a tema da Constituição."

E mais se poderia transcrever. Com e sem acordo, sempre com utilidade.

Às vezes, lembram-se de mim. Aveiro, 26 - 2

A comissão dos assuntos europeus da Assembleia da República decidira que a conferência sobre a PESC, integrada no ciclo sobre os desafios do futuro da Europa seriam na Universidade de Aveiro.
Éramos três os oradores. Ou melhor: os "artistas convidados". Depois, seguia-se intervenção dos representantes dos grupos parlamentares, pausa para café antes do debate e do encerramento.
Era assim que estava no programa. E assim foi, com as tolerâncias horárias excedendo as ditas académicas, num excelente anfiteatro, desoladoramente com muito mais lugares vagos que preenchidos, demonstrando que não basta ir aos sítios... E, no caso, o lugar era indicado para se falar do assunto, ou do tema, ou dos desafios, ou do que se lhes queira chamar.

programa
09h00 Recepção dos participantes e entrega de documentação
09h30 Sessão de Abertura -Presidente da Comissão de Asssuntos Europeus, Deputado Vitalino Canas
Oradores
09h45 Adriano Moreira
10h05 Volker Heise
10h25 Sérgio Ribeiro
10h45 Intervenções dos Grupos Parlamentares:
Armando França (PS)
Jorge Tadeu Morgado (PSD)
Honório Novo (PCP)
Nuno Magalhães (CDS-PP)
Alda Macedo (BE)
11h15 Pausa para café
11h25 Debate
12h45 Encerramento da Conferência
Presidente da Comissão de Asssuntos Europeus, Deputado Vitalino Canas

Às vezes... lembram-se de mim. Aveiro, ontem - 1

Tenho andado num virote. Até porque, às vezes, lá das assembleias republicanas por onde andei anos a fio, se lembram de mim. Nunca fui de fazer muito barulho ou de me mostrar muito. Até porque nunca fui, só estava. Por só estar (e muito era) querer estar. E em tarefa (do partido que tomei e de representante democrático). Mas... às vezes lembram-se de mim. E lá vou. Há umas semanas foi sobre a produtividade, ontem foi sobre a PESC.
Isto que acima foi dito não serve, apenas, para justificar ausências mas para vir contar coisas.

domingo, junho 24, 2007

No espaço Som da Tinta

recebemos, neste blog:


INFORMAÇÃO-CONVITE


no dia 30 de Junho,
pelas 16 horas
Joaquim Castilho
vai apresentar
o seu livro
no espaço



_________________________
haverá, em seguida,
uma pequena feira de livros, com grandes descontos

quinta-feira, junho 21, 2007

Agora!

¡Urgente! Cinco Cubanos Inocentes estão presos nos E.U.A
por defenderem Cuba do terrorismo
procedente da mafia anticubana de Miami.
Reclama-se JUSTIÇA

quarta-feira, junho 20, 2007

Não sabemos tudo...

... mas algumas coisas vamos sabendo do que outros não querem que todos saibamos.

Comunicado del Observatorio de Medios sobre libertad de expresión y democratización de los medios de comunicación Social

Por: El Observatorio de los Medios
Fecha de publicación: 19/06/07

A propósito de los acontecimientos surgidos a raíz de la no renovación de la concesión a la empresa 1 BC, propietaria del canal RCTV, el Observatorio Global de Medios, capítulo Venezuela, se pronuncia en los siguientes términos:
1. Administración pública del espectro radioeléctrico
El espectro radioeléctrico es un bien público que, según el ordenamiento legal venezolano y el de la mayoría de los países del mundo, es administrado por el Estado en beneficio de la sociedad. En tal sentido, debe reconocerse que la decisión sobre la renovación o no de una concesión a una empresa privada de TV es potestad soberana del Estado.
2. Libertad de expresión y empresas privadas
La no renovación de una concesión sobre el uso del espectro radioeléctrico a una empresa privada de TV no se corresponde con un acto de violación a la libertad de expresión, máxime cuando dicha medida es acompañada de la inmediata salida al aire de otra señal televisiva, con vocación de servicio público.
Afirmar lo contrario, como han hecho repetidamente empresarios de diversos medios y otros actores sociales nacionales e internacionales, equivale a proponer el derecho a la renovación automática a las empresas de carácter privado, que disfrutan por un tiempo limitado de la concesión sobre un bien público. Conlleva también la renuncia, por parte del Estado, a su obligación de administrar estos bienes, en función de la garantía de la pluralidad de voces existentes en la sociedad.
Se trata, además, de una pretensión que parte del falso supuesto según el cual empresas privadas, que responden a intereses económicos y políticos de sectores particulares, son actores privilegiados y garantes del libre y democrático flujo de ideas y opiniones.
3. La democratización del espectro radioeléctrico
Una sociedad democrática requiere de un sistema de comunicación social también democrático, por lo que es responsabilidad del Estado adoptar medidas orientadas al logro de tal fin. En este sentido, en Venezuela se ha avanzado desde el año 2000 a través de diversas iniciativas, entre las cuales se pueden mencionar las siguientes:
Estímulo a la creación de medios comunitarios y la asignación de frecuencias a sectores sociales que cuentan con los requisitos para su habilitación, lo que ha permitido aumentar la pluralidad de voces y la circulación de ideas y opiniones excluidas de los medios privados.
Regulación de la responsabilidad social de los operadores, de acuerdo a principios y obligaciones que emanan de la normativa internacional sobre los derechos humanos.
Estímulo a la organización de usuarios, como medio para promover la participación ciudadana en el desarrollo y evaluación de los contenidos.
No obstante, el uso del espectro radioeléctrico venezolano continúa concentrado fundamentalmente en manos privadas y siguen observándose graves deficiencias en la calidad de los servicios en relación con los principios de responsabilidad social.
En ese sentido, la creación de una Televisión de Servicio Público es una medida que puede favorecer la democratización de la comunicación social, siempre que sea administrada bajo criterios democráticos y de alta calidad de contenidos.
4. Polarización política y proceso de decisión
Dada la debilidad de los argumentos sobre la ausencia de la libertad de expresión en Venezuela, que presentan los defensores de la continuidad de la concesión a la Empresa 1BC, cabe interpretar las protestas y posicionamientos surgidos a raíz de esta decisión como insertas en el esquema de enfrentamientos polarizados que ha caracterizado la lucha política venezolana desde 1999.
De esta forma, algunas organizaciones periodísticas, de derechos humanos (nacionales e internacionales) y los dirigentes de las organizaciones gremiales de los periodistas venezolanos, tomaron partido en el enfrentamiento actual, asumiendo posiciones en función de la defensa de los intereses de sectores económicos y políticos.
A este escenario contribuyó el que los procedimientos adelantados por las instancias gubernamentales en relación con la justificación y la correspondiente tramitación del proceso de cesación de la concesión, tuvieran déficit de participación social, tanto de usuarios como de los empresarios afectados por la medida. Lo contrario hubiera ampliado el debate público y el consenso social, en función de las razones para la no renovación de esa concesión.
5. El reto social y estatal de una TV de servicio público
En cuanto al otorgamiento de la concesión a un nuevo ente comunicacional que se define como de “servicio público”, conviene señalar que se trata de un reto social y estatal.
Un medio de comunicación con estas características debe:
Ser independiente y con autonomía editorial, lo que implica contar con una base legal, estructura organizacional participativa y régimen de financiamiento, que garanticen tal funcionamiento.
Contar con una estructura democrática en cuanto a la toma de decisiones, con la participación de periodistas, usuarios y trabajadores en general.
Ser pluralista en cuanto a la elaboración de contenidos.
Ofrecer una programación de alta calidad.
Asumir responsabilidades legales y comunicacionales ante la sociedad a la que se debe.

El Observatorio Global de Medios, capítulo Venezuela, considera que la actual coyuntura es propicia para profundizar el debate social y político sobre la democratización de los medios de comunicación social y la ampliación del disfrute del derecho a la libertad de expresión por parte de toda la sociedad.

Não sabemos tudo...

... mas algumas coisas vamos sabendo do que não querem que saibamos todos

Da BBC:

Martes, 19 de junio de 2007 - 01:07 GMT

ONU retira a Cuba de lista de DD.HH.

Cuba ya no será sometida a vigilancia especial por parte del Consejo de Derechos Humanos .
El recientemente creado organismo de vigilancia de los derechos humanos de Naciones Unidas, anunció el lunes que retira a Cuba de la lista de países cuyos antecedentes en el tema están bajo escrutinio especial.
El Consejo de Derechos Humanos, que reemplaza a la Comisión de Derechos Humanos de la ONU, acordó también que nueve naciones, entre ellas Corea del Norte, Camboya y Sudán, permanecerán en la lista.
El Consejo, creado por la Asamblea General el año pasado para buscar mejorar la imagen de Naciones Unidas en la protección de derechos humanos, tenía hasta el lunes para llegar a un acuerdo sobre su mecanismo de operación.
Dicho acuerdo fue alcanzado después de varias horas de negociación, y pese a objeciones de último minuto de parte de China.
Las nuevas reglas establecen también que todos los países miembros deberán someterse a escrutinios periódicos de su historial de derechos humanos.
Corresponsales indican que un fracaso en alcanzar ese compromiso habría podido destruir al joven organismo.

domingo, junho 17, 2007

Antologia - 2 (por hoje)

(...) Não existe só o poder, a classe dominante, com o seu comportamento historicamente determinável. Existe também o consentimento de indivíduos que têm algumas responsabilidades intelectuais, ou políticas, com a atitude de deixar andar, que no fundo é uma atitude cúmplice. Eu tentei exprimir isso numa cantiga chamada "Os eunucos". Isto é um país de eunucos(...) Vão acabar por se devorar a si mesmos, como diz o Brecht.
José Afonso
(Transcrito de Vale a pena lutar. Obrigado, Pedro)

sábado, junho 16, 2007

Palavras certas porque certeiras

O regime da desvergonha. Portugal é um fosso. Sabe-se isto não apenas por via da constatação do défice orçamental do estado. Sabe-se isto sobretudo pela evidente incapacidade política de informar decisões e de decidir sensatamente. O caso do aeroporto é um exemplo apenas. Campeia a incompetência. Grassa a irresponsabilidade. Não, não é pequenez apenas. É despudor e desfaçatez a rodos também. Nicky Florentino.
(em Albergue dos danados)
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Certas porque certeiras as palavras mas não todas. Faltam umas. Pelo menos duas ou três. Porque não é - SÓ! - incompetência e irresponsabilidade, e mais pequenez, e mais despudor, e mais desfaçatez. Então e os interesses por detrás de quem mostra tanta aparente/evidente incompetência e irreponsabilidade?, então com que palavras dizer dos cordelinhos e das teias (ou malhas) que o império tece? Talvez nepotismo, talvez servilismo (mas servir a que senhores de entre os senhores, deus meu)?
Mas talvez esteja tudo na palavra desvergonha depois de regime de. Talvez... talvez a palavra certa, certeira e bastante.
S.R.

Sem intuitos especulativos...

As Bolsas foram criadas, segundo se dizia e ensinava nas escolas, para serem o lugar onde se faz o encontro de quem quer comprar ou vender com quem quer vender ou comprar mercadorias ou títulos de valores mobiliários, através de operações financeiras que materializam as transacções.
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Usar esse lugar para especular (auferir lucros ilícitos, diz o dicionário...) é fazer das Bolsas... lugar de especulação.
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Assim se cria artificialmente riqueza, ou melhor: não se criando riqueza (valores de uso) transfere-se de umas para outras mãos a riqueza criada.
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E é, sempre, ao fim das contas, transferência das mãos de quem produziu para as de quem especulou, por ter passado a dispor de mais capital na forma dinheiro.
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Que haja quem ganhe dinheiro na Bolsa comprando e vendendo mercadorias ou títulos de valores imobiliários, e sem outra intenção que não seja a de comprar e/ou vender mercadorias e títulos de valores imobiliários, é outra coisa...
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Embora, por vezes, as fronteiras se ultrapassem quase sem se dar por isso.
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E o que o especulador faça com o produto da especulação não releva a ilicitude da especulação.
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Desculpa-se o especulador pela aplicação que o especulador dá ao produto da especulação vendo-se em todos os especuladores (maxime, em todos os exploradores) potenciais Robins dos Bosques ou Zés do Telhado?
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Roubam-se milhões aos trabalhadores, dão-se milhares a obras de caridade... e ganha-se o céu?

sexta-feira, junho 15, 2007

Antologia

distância do futuro

eu quero o verbo inconstante
e a voz selando o tempo
em sussurro permanente.

e ser sempre manhã,
mesmo de noite.

quero tanto tanto tanto
que o futuro não seja distante.

(de pedras contra canhões, em Open-source Poetry)
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Obrigado!
Também quero tanto tanto tanto que o futuro não seja distante...

Para abrir um parêntese...

Com muita saudade, uma foto de meus pais de que sempre gostei muito

O que é um especulador?

Olho para a capa (e as páginas interiores) de uma revista semanal e fico a saber que 8 dos “homens mais ricos de Portugal", em poucos meses ganharam €3,6 mais oito zeros (três mil e 600 seiscentos milhões de euros).
Como fiquei também a saber que todos esses zeros se somaram ao dinheiro que já tinham através da sua “habilidade para, em pouco tempo, o multiplicar (o muito dinheiro que têm...) em Bolsa”, deduzi, igualmente, que não foi criando riqueza, produtos, apropriando-se de mais-valias reais... essas coisas.
Isto é, foi transferindo riqueza líquida – em dinheiro – que estava noutras mãos, isto é, mais-valias já existentes, já resultantes de produção e exploração, por aqui ou por algures.
Não será isto especulação?
O mais pesporrento (e se calhar o único exclusivamente especulador) daqueles homens – por incrível que pareça iguaizinhos a todos nós – não se considera especulador porque, à pergunta, responde “o que é um especulador?
Porque é que não mete explicador?...

quinta-feira, junho 14, 2007

P.S. (isto é, post-scriptum ao postalinho aéreo...)

E, depois, fica-se a pensar se, bem vistas as coisas, o mais importante nem são as Opas e as Otas, se o mais importante não são as Anas, porque estas é que é preciso privatizar e o resto até serve de poeira (ou de fumo) para os olhos...

Postalinhos (em correio aéreo...)

Tinha-me prometido não falar da OTA. Como também me tinha prometido, em tempos, não falar, publicamente, da OPA.
Mas o homem promete(-se) coisas
e os nossos governantes dispõem. Pelas indisposições que nos provocam… para não dizer bem pior.
Por isso, decidi-me, face às “novidades”,
escrever uns postalinhos e, talvez, mandá-los, isto é, publicá-los.

Que o aeroporto da Portela tem os seus limites e limitações
é sabido de todos e há muito tempo.
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E começo com algumas recordações
(será que começo a só assim saber começar
as coisas sobre que escrevo?...)
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Logo no início da década de 70,
fiz parte de um gabinete de arquitectura
que tinha a incumbência (do Governo Civil de Lisboa)
de estudar o ordenamento da “área metropolitana de Lisboa”,
com a prévia consideração do Tejo dever servir para unir
e não para separar essa área metropolitana.
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O gabinete integrava nomes como os de
Francisco Pereira, de Gonçalo Ribeiro Teles,
de António Areosa Feio, de Bruno Soares,
e um dos itens para a discussão inicial do trabalho
a que se propôs o dito gabinete
foi o do estudo da localização do aeroporto,
havendo quem tivesse sublinhado o risco
de, um dia, um avião aterrar na avenida do Brasil.
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Pois quando tudo parecia bem encaminhado,
e se começava a projectar trabalho
com a hipótese da “Herdade de Rio Frio”
(mais como Portela + 1 que como novo e integral aeroporto,
se bem me recordo e se bem me adapto ao actual “calão”),
movimentaram-se fortíssimos interesses e,
à revelia da consideração prévia e definidora do projecto,
o estudo da parte sul do Tejo da área metropolitana de Lisboa
foi entregue a um outro gabinete…
e tudo perdeu sentido e ficou em “águas de bacalhau”.
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No entanto, o que a minha sensibilidade me diz
é que a hipótese “Rio Frio” foi ficando como reserva
ou subliminar para quando se voltasse a falar na necessidade
de adaptar o aeroporto de Lisboa às novas condições.
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Que mudaram imensamente nestes mais de 35 anos!
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Por isso, quando,
nestes últimos tempos (governos e/ou desgovernos),
comecei a ouvir falar de Ota e mais de Ota,
fiz cá as minhas muito pessoais conjecturas
(aquelas que se fazem com os respectivos botões)
isto vai dar raia…
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No desconhecimento das opções e condicionantes políticas
e dos estudos técnicos,
não me permitia ter opinião
a não ser a de que me parecia
um desperdício de recursos lamentável
o pressuposto de que a Portela,
com o que foi e com o que lhe foi sendo acrescentado,
era para desaparecer enquanto aeroporto.
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Com essa séria reserva,
remetia-me, como cidadão, ao benefício da(s) dúvida(s).
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Mas é lá possível ficar um cidadão descansado
com estes governantes!
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Depois da intransigência total,
da irreversibilidade absoluta, dos disparates argumentativos
que tocaram as fronteiras da insanidade,
o ministro que, num governo que prezasse a sua credibilidade,
estaria há muito em descanso nas areias do deserto ao sul do Tejo,
deu uma enorme cambalhota a toque de caixa da CIP,
associação do grande empresariado,
logo inevitavelmente com enormes interesses em jogo
– neste como em todos que neste país se vão fazendo –,
e veio dar, o tal ministro, todos os ditos por não ditos
para, depois, talvez garantir em privado que
lá terá que ser um adiamentozito para calar algumas bocas…

A correspondência fica em aberto...
eu não queria falar sobre isto,
de que tão pouco sei, mas se um homem não desabafa, rebenta!

quarta-feira, junho 13, 2007

Postalinhos...

… que começaram por ser para o segismundo
e, agora, desataram a disparar em todos os endereços
e sem código postal.
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Aproveita o tempo insomne que tempo de sono
é tempo desaproveitado.
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Os homens e as mulheres que vivem sem tempo livre seu,
mesmo que seja em tempo de liberdade conquistada
e muito de seu tenham (que não de tempo),
vivem como se mulheres e escravos fossem.
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Já Marx o dizia.
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Pois!
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Deixa-te de histórias.
Não te esqueças que estás a escrever História.
Por pouco histórico que seja o que escrito deixes.
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Não fujas ao fisco, evita a fisga.
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‘Tás c’a Paz, rapaz?
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Porque que é hás-de ter prioridade,
vá lá, diz-me porquê?
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“Porque sou uma senhora de idade!”
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Pronto, está bem…
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Os desistentes que já foram resistentes
não só desistiram
como se demitiram,
se é que não traíram.
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Keynes não é chave, é ferrolho (de veludo).
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Em política, só se desilude quem se iludiu
ou deixou que o iludissem.
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O papel histórico da social-democracia é o de cobrir
com um manto diáfano de aparente humanidade
a nudez crua da desumana exploração.
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E tem cumprido esse seu papel afanosamente
e com muitos benefícios pessoais
e, por isso, efémeros.
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Ele há a Senhora de Fátima e ele há a Dona Fátima.
Serão primas entre si como as há na matemática?
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Isto é assim como um vai-vem. À boleia do blog, transcrevi para outros lugares onde boto escrita (fazendo prosa porque sei mais do que faço que o monsieur Jourdain) os postalinhos que aqui deixei, depois avancei por lá com outros postalinhos, e agora trago-os para aqui... Deveria?

domingo, junho 10, 2007

Acção de promoção...

Há meses empolgado pela descoberta, num alfarrabista do Porto, de um livro há muito procurado - No cavalo de pau com Sancho Pança, de Aquilino Ribeiro - dele venho reproduzindo pequenos trechos no blog Som-da-Tinta. Decerto pouco visitado, menos ainda que este..., como a ausência de comentários o faz adivinhar, tenho pena. Não por mim, não pelo meu trabalho que tanto gozo me dá, mas por julgar que Mestre Aquilino merece outra atenção. Por isso, aqui o venho promover, copiando, eu que copista adrede me tornei, o último "post" ali deixado:


Por outras andanças tenho corrido sem de aqui, destas cercanias, sair. E à minha espera - como gostaria de ter razões para dizer... da nossa! - estava este pedacinho de prosa que, pelas suas analogias e heresias, parece que Mestre Aquilino o escreveu para hoje:
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Nos discursos, D. Quixote é um sofrível deputado socialista conservador, se este amálgama político não é heresia. As suas proposições, que nem sempre são paradoxais, por vezes roçam pela trivialidade. Mas anima-as um propósito de igualização social, não só pelo que lhe vem da prática do mundo como pelo que corresponde ao seu etos de fundo humanitário. O discurso sobre as armas e letras lembra uma destas tiradas de academia em que os sócios, sonolentos, vetustos e conspícuos, acenam com a cabeça aprovativamente e ao fim dão palmas. Tais D. Fernando, o gabiru armoriado, Cardénio, o licantropo, o Cativo, etc.
__________________________
Para não ultrapassar a medida que, a juizo do copista, deve ter um "post", vou ali e já venho, logo retomando a arenga.

sábado, junho 09, 2007

Postalinhos para Segismundo - 3

Muitas vezes corruboro com o que p'raí dizes, isto é, concordo com rubor.

Postalinhos para Segismundo - 2

Vale mais um segismundo a postar que apostar em todo o mundo e ninguém.

Postalinhos para Segismundo - 1

Antes reincidente que obediente.

Ora pensemos lá um bocadinho...

Há um mês, a 7 de Maio, “postei” aqui a minha indignação (Ainda me espanto e indigno) com base em dois factos, sendo o segundo o de
«… para o programa Prós e Contras, que vai discutir - ao que parece - direita e esquerda, convidou Adriano Moreira, que foi secretário-geral (ou presidente) do CDS, Mário Soares, que foi, entre muitas outras coisas, fundador e secretário geral do PS, Paulo Rangel, deputado do PSD que ficou "na moda" depois do discurso do 25 de Abril na AR, e Miguel Portas, que é deputado BE no Parlamento Europeu, e está sempre "na moda". São estes. Não falta ninguém? A exclusão de alguém da área do PCP ainda me espanta e me indigna.»
Entretanto, o provedor da RTP veio dar razão ao protesto do PCP considerando incorrectos os critérios jornalísticos que levaram a essa exclusão. Apesar de terem sabido a “sopas depois do almoço”, não foi despiciendo que tal tenha acontecido.
O que me passou despercebido foi a reacção da D. Fátima Campos Ferreira (a responsável pelo programa e pelos seus critérios “jornalísticos”), que terá alegado não encontrar para os lados do PCP um “pensador”, alguém ao nível daqueles parceiros que iam discutir a esquerda e a direita…
Mas é evidente! Para a D. Fátima quem está no PCP não pode ser “pensador” (não pensa como ela pensa que pensa…), senão não estava no PCP. Aliás, segundo a D. Fátima, claro!, quando alguém no PCP começa a pensar e a dar mostras de poder vir a ser “pensador” tem logo lugar reservado entre os “pensadores”. Ela, a D. Fátima, até tem todo o empenho em dar uns empurrõezinhos sob a forma de tempo de antena a todos os que, por gostarem de ser tidos por “pensadores”, comecem a dar mostras de não se sentir bem no tal PCP, no meio dessa gente que não pensa…como ela, a D. Fátima, pensa que pensa.

sexta-feira, junho 08, 2007

Notícias do Uruguai

Um grande amigo, o Andrés Stagnaro. Nosso, do Zeca, do 25 de Abril, de Portugal!


quinta-feira, junho 07, 2007

Esta manhã

Está uma manhã magnífica. Magnificente. Silenciosa. Ou com os ruidos que o silêncio consente.

Dou uma volta pelo quintal. Encho os olhos - encho-me - de pequena beleza, da forma desta planta que para aqui nasceu, das cores deste arranjo de flores que a Zé acarinhou e que, noutra manhã que não esta, me passariam desapercebidas.

De repente, lá do cimo, daquela casa que sempre ali vi e que, há muitas muitas décadas, sabia que era do José Gameiro, como Gameiros eram o Joaquim sapateiro e o Manuel, que viviam lá em baixo, na curva para a estrada e S.Sebastião, daquela casa dali do cimo vem o cantar de um galo incorporando-se neste silêncio feito de chilreares e de sons que a leve breve brisa me traz. Tenho a sensação que é o galo de sempre, que é o mesmo galo - e o seu cantar - que há mais de sessenta anos, sempre que aqui estou, aqui sentado neste degrau da soleira da porta, faz questão em me saudar e em me ajudar a sentir este bem-estar, esta paz comigo e com a vida.

O mundo, tal como está - louco, louco -, segue dentro de momentos.

domingo, junho 03, 2007

Na Serra de Aire não há, por enquanto, giestas...

... mas tempo virá!

Não foi a "enchente" que autor (e livro) e apresentador justifificavam e mereciam... mas foi uma conversa animada entre estes três e muito participada por outros/as.

sexta-feira, junho 01, 2007

Ó mar salgado...



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Sucessivos governos, nas suas negociações com as "comunidades", têm malbaratado, em nome de outros "interesses", o recurso mais intrínseco de Portugal: a quantidade de mar que é nosso!
É um verdadeiro crime o desperdício da nossa "vantagem comparativa" mais evidente.
Acabo de receber uma informação do Instituto Nacional de Estatística que veio avivar esta convicção:
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EM 2006 O VALOR ACRESCENTADO BRUTO DA PESCA
DECRESCEU 3,3% EM VOLUME

No ano de 2006, de acordo com as estimativas das Contas Económicas da Pesca, o Valor Acrescentado Bruto da Pesca (a preços de base) registou um decréscimo de 3,3%, em termos reais, face a 2005.
Em valores nominais, o decréscimo deste agregado foi de 7,2%.

No Dia Nacional do Pescador, o Instituto Nacional de Estatística divulga, pela primeira vez, uma série de 21 anos para as principais variáveis macroeconómicas das Contas Económicas da Pesca (CEP), para o período 1986-2006.
A evolução do Valor Acrescentado Bruto (VAB), a preços correntes, caracteriza-se por uma tendência crescente, apresentando uma taxa de crescimento anual média de 3,4%.
Destacam-se, no entanto, dois períodos de decréscimo: 1992-1994 e 2003-2006. Efectivamente, em 2006 estima-se que o VAB tenha decrescido em valor e volume (7,2% e 3,3%, respectivamente).
O decréscimo real, observado em 2006, insere-se na tendência geral observada na série a preços constantes. Contrariamente ao que sucede em termos nominais, em volume, a série apresenta um crescimento negativo, diminuindo, em termos médios anuais, cerca de 2,3% ao ano. (...)

Expliquem-me lá...

Como é que uma greve geral "tão insignificante" provocou tanta (disfarçada mas mas por isso menos evidente!) perturbação?
Porque é que uma greve geral, que até se insiste que geral não foi ..., obrigou a tantas medidas de pressão e coacção anteriores, a tanta baixa manobra intimidatória, a tudo o que não impediu a importância, e a reprecussão, que veio a ter?
Quais os motivos, incompreensiveis para quem foi dito ter sido a greve geral medida ao milésimo (13,77%!), que levaram tantos ministros e secretários de Estado a tanto virem dizer sobre o que nada diziam ter sido?
Porquê todo este enorme (mas contido ou envergonhado) esforço para se desvalorizar o que, no dizer de quem desvaloriza, não valeu nada, teria sido irrisório?
Se esta comunicação social, e alguns jornalistas em particular, com o seu comportamento inqualificável (de his master's voice), não deveriam saber a vergonha que os verdadeiros profissionais da comunicação social terão sentido face ao seu comportamento?
Que razões, ou ausência de conhecimento, ou informação viciada, ou receios, levaram tantos trabalhadores a não fazer greve geral estando de acordo com as suas razões e desejando e precisando que "isto", esta política, mude de rumo?
Lembro o Zeca e a formiga no carreiro, a tal que ia em sentido contrário mas que avisava mudem de rumo, mudem de rumo... já lá vem outro carreiro.