quinta-feira, junho 14, 2007

Postalinhos (em correio aéreo...)

Tinha-me prometido não falar da OTA. Como também me tinha prometido, em tempos, não falar, publicamente, da OPA.
Mas o homem promete(-se) coisas
e os nossos governantes dispõem. Pelas indisposições que nos provocam… para não dizer bem pior.
Por isso, decidi-me, face às “novidades”,
escrever uns postalinhos e, talvez, mandá-los, isto é, publicá-los.

Que o aeroporto da Portela tem os seus limites e limitações
é sabido de todos e há muito tempo.
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E começo com algumas recordações
(será que começo a só assim saber começar
as coisas sobre que escrevo?...)
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Logo no início da década de 70,
fiz parte de um gabinete de arquitectura
que tinha a incumbência (do Governo Civil de Lisboa)
de estudar o ordenamento da “área metropolitana de Lisboa”,
com a prévia consideração do Tejo dever servir para unir
e não para separar essa área metropolitana.
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O gabinete integrava nomes como os de
Francisco Pereira, de Gonçalo Ribeiro Teles,
de António Areosa Feio, de Bruno Soares,
e um dos itens para a discussão inicial do trabalho
a que se propôs o dito gabinete
foi o do estudo da localização do aeroporto,
havendo quem tivesse sublinhado o risco
de, um dia, um avião aterrar na avenida do Brasil.
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Pois quando tudo parecia bem encaminhado,
e se começava a projectar trabalho
com a hipótese da “Herdade de Rio Frio”
(mais como Portela + 1 que como novo e integral aeroporto,
se bem me recordo e se bem me adapto ao actual “calão”),
movimentaram-se fortíssimos interesses e,
à revelia da consideração prévia e definidora do projecto,
o estudo da parte sul do Tejo da área metropolitana de Lisboa
foi entregue a um outro gabinete…
e tudo perdeu sentido e ficou em “águas de bacalhau”.
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No entanto, o que a minha sensibilidade me diz
é que a hipótese “Rio Frio” foi ficando como reserva
ou subliminar para quando se voltasse a falar na necessidade
de adaptar o aeroporto de Lisboa às novas condições.
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Que mudaram imensamente nestes mais de 35 anos!
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Por isso, quando,
nestes últimos tempos (governos e/ou desgovernos),
comecei a ouvir falar de Ota e mais de Ota,
fiz cá as minhas muito pessoais conjecturas
(aquelas que se fazem com os respectivos botões)
isto vai dar raia…
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No desconhecimento das opções e condicionantes políticas
e dos estudos técnicos,
não me permitia ter opinião
a não ser a de que me parecia
um desperdício de recursos lamentável
o pressuposto de que a Portela,
com o que foi e com o que lhe foi sendo acrescentado,
era para desaparecer enquanto aeroporto.
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Com essa séria reserva,
remetia-me, como cidadão, ao benefício da(s) dúvida(s).
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Mas é lá possível ficar um cidadão descansado
com estes governantes!
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Depois da intransigência total,
da irreversibilidade absoluta, dos disparates argumentativos
que tocaram as fronteiras da insanidade,
o ministro que, num governo que prezasse a sua credibilidade,
estaria há muito em descanso nas areias do deserto ao sul do Tejo,
deu uma enorme cambalhota a toque de caixa da CIP,
associação do grande empresariado,
logo inevitavelmente com enormes interesses em jogo
– neste como em todos que neste país se vão fazendo –,
e veio dar, o tal ministro, todos os ditos por não ditos
para, depois, talvez garantir em privado que
lá terá que ser um adiamentozito para calar algumas bocas…

A correspondência fica em aberto...
eu não queria falar sobre isto,
de que tão pouco sei, mas se um homem não desabafa, rebenta!

1 comentário:

GR disse...

O Gabinete era formado por famosos intelectuais.
Ontem como hoje, depois de empenhados estudos há sempre interesses individuais maiores e…tudo termina.
Só não entendo porque razão aparece Joe Berardo entre os financiadores do estudo de Alcochete? O que o move? Quem estará por trás deste homem?!!!

GR