domingo, dezembro 29, 2019

Tirado do quase-diário do dia de ontem


Ontem, de manhã, confirmado ao longo do dia:

Um rio com a alcunha de basófias

De vez em quando, zangava-se.
E de aí lhe vem a alcunha.

Sim, porque não é agradável ser-se conhecido – ou ignorado, o que não é o mesmo mas será igual… – por  chochinho, como se fosse apalermado, como se fosse daqueles para quem está sempre tudo bem.

De vez em quando, irritava-se. Tinha pequenos arrufos, A modos de quem diz olhem que estou vivo, e faço parte da vossa vida.
E as gentes à volta olhavam-no, sorriam, faziam-lhe uma festa, ou integravam-no numa das suas festas, passavam-lhe a mão pelo pêlo, isto é, pelas suas águas. Estava ali, e por ali passava fazendo poucas ou nenhumas ondas. Por isso o punham à margem. Ou seja, entre as margens.

Nada de violências. Nada que fizesse lembrar Brecht e a sua esclarecedora (como tantas, como todas…) versão sobre quem é que é violento: as margens que oprimem os rios, ou os rios, contidos entre margens, que contra elas se revoltam.

Desta vez, porém, o chochinho, o panhonhas, que fazia sorrir com as suas basófias, fartou-se. Cansou-se. Por ares e ventos e chuvas, uma dita Elsa e mais um outro qualquer vieram dar-lhe uma força que não tinha, ou que julgavam que não tinha, ou que diziam ser tudo apenas basófias.

Mas não eram. Na história do rio. Há onde se assinalem ciclos de alguma gravidade. De 50 em 50 anos, ou de 20 em 20. E a última fora no começo deste século. E, desta vez, foi mesmo muito grave.

Acicatado pelos temas que andam na moda, como se moda fossem, e não reais problemas que o capitalismo cria e agrava com a sua obsessão do lucro, que polui e procura lucro no que possa vir em socorro do poluído, que destrói com as armas que fabricou para ter lucros depois de mercandejadas para destruírem e depois vem fazer da reconstrução do destruído, desde que dê lucro, novas fontes de lucro, parece que o tal basófias transbordou e derrubou o pouco ou mal construído para que ele corresse nunca oprimido a caminho da foz, que é em Figueira da dita, depois de passar por Coimbra.

Logo vieram os que têm de vir, os que acham que é oportuno vir, os que vêm sempre. Logo disseram os que têm que dizer, os que acham que é de aproveitar o que aconteceu para dizerem, os que têm sempre que dizer.
Eu, também. Pois então…

E, depois – às vezes, até antes –, há toda a parafernália de leituras e de interpretações dos que fazem comunicação e comunicações sobre os que vieram e os que não vieram e deveriam ter vindo, sobre o que foi dito e suas intenções e o que não foi dito e deveria ter sido.   

O basófias inchou. Ainda mais!

Para este domingo... e 29 de Dezembro

Ao completar 41 anos de "estarmos juntos", quando Patxi - que em tantos momentos nos acompanhou na longa caminhada - nos deixou, tristes por nos ter deixado mas não sem ele:



e

quarta-feira, dezembro 25, 2019

CHILE, entre Outubro de 1971 e Maio de 1972 (e 11 de Setembro de 1973)

Tem-se, neste blog, com a modéstia de meio que representa - por vezes apoiado ou continuado no FB -, procurado veicular alguma informação sobre o estado da Nação que somos e do Mundo, deste em particular no que se tem acesso à América ao Sul dos Estados Unidos. 
Para onde quer que nos voltemos, é assustador o tempo que vivemos. Ele é, como se poderia prever, um tempo de "dois passos atrás", depois de termos (os que já vão avançados na idade) vivido intensamente "um passo em frente". E bem grande ele foi!, tão grande que só muitos "passos atrás" poderãoiam anular o que foi o progresso social, humanitário do(s) "passo(s) em frente". Isto à escala temporal de séculos e não de dias ou até de décadas... Mas há que nunca facilitar!
Acontece que o chamado "Elsa" choveu e ventou bravo por aqui e fez estragos. Não dos que vão à televisão e levam lá autoridades (sempre com o PR atento e célebre), mas deixou a casa desorientada, com pequenos desastres no quintal, sem internet e desmunidos de outras "conquistas". No regresso da normalidade (?!) veio a vontade de retomar contactos (os que há). BOM ANO!
 E a outra e mesma vontade de falar da Bolívia, do Chile. De nós, porra!
Fica a lembrança de uma colecção (incompleta) de 16 cadernos, cada um à volta de 100 páginas, editados no Chile entre Outubro de 1971 e Maio de 1972 (7 meses!), com tiragens de 50 mil exemplares cada, em que se tropeçou e ficou pensando. 















"Eles" tinham mesmo que acabar com "aquilo" da(s) Unidade(s) Popular(es), de Allendes e quejandos...
MAS NÃO ACABAM!

quinta-feira, dezembro 19, 2019



cartão de Latuff
sem comentários!...

JOSÉ DIAS COELHO - 19.12.1961 (assassinado aos 38 anos)




No julgamento do assassino de José Dias Coelho (e seus cúmplices), em Novembro de 1976, o Tribunal Militar condenou-o em três anos e seis meses de prisão maior no total, sendo levada em conta a prisão preventiva na totalidade 
(um pormenor: antes do 25 de Abril de 1974, os antifascistas que eram condenados pelo Tribunal Plenário a pena maior tinham a prisão preventiva apenas reduzida em metade).
A decisão suscitou (e suscita) a profunda indignação. É absolutamente inaceitável a interpretação de que o réu, ao disparar consciente e voluntariamente uma arma de fogo encostada ao esterno da vítima, perfurando-lhe o coração, não quisesse nem sequer previsse como possível que desse disparo resultasse a morte. 
A condução, num táxi, do corpo agonizante da vítima para o Hospital da CUF, onde foi abandonado sem documentos de identificação, também foi considerada aceitável e normal pelo Tribunal por, inacreditavelmente, os réus ignorarem a identidade da pessoa de cuja captura haviam sido encarregados e assim cumpriam (como cumpriram!) a sua missão!

terça-feira, dezembro 17, 2019

Intervenção de Corbyn

A intervenção de Corbyn, após as eleições no Reino Unido:

“Os ataques da comunicação social ao Partido Trabalhista nos últimos quatro anos e meio foram mais ferozes do que nunca ... e, é claro, tiveram seu efeito no resultado das eleições. Quem quer que defenda uma mudança real encontrará toda a força da oposição desses meios.
“A polarização do país em torno do Brexit tornou as coisas mais difíceis para um partido com apoio eleitoral dos dois lados da opção. Acho que pagamos o preço de sermos vistos como se tivéssemos tentado atravessar essa divisão ou repetir o referendo."
Vivemos tempos muito voláteis. Há dois anos e meio, nas primeiras eleições gerais em que me apresentei como líder do Partido Trabalhista, nosso partido aumentou em dez pontos percentuais a sua proporção do voto popular. Na quinta-feira, numa noite particularmente decepcionante, recuámos oito pontos.
Pedi um período de reflexão no Partido e há poucas coisas a considerar. Não creio que esses dois resultados eleitorais possam ser entendidos isoladamente.
Os últimos anos testemunharam uma série de turbulências políticas: a campanha pela independência escocesa, a transformação nas condições do trabalho, o Brexit, agora a vitória do "Fulfill Brexit" de Johnson. Nada disto são coincidências.
O sistema político é volátil porque não é capaz de gerar um apoio estável ao status quo após o colapso financeiro de 2008. Como líder trabalhista, insisti em viajar para todo o país, ouvir as pessoas, e sempre me chamou atenção a medida em que a confiança na política foi quebrada.
A diferença entre os mais ricos e os outros aumentou. Todos tomam consciência que o sistema político econômico não é equitativo, não é justo e actua contra a maioria.
Isso abriu uma brecha para uma acção política mais radical e utópica, que insiste que não deveria ser assim e que outro mundo é possível. Mas também incentivou o cinismo entre muitas pessoas que sabem que as coisas para elas não acontecem, mas não acreditam que possam mudar.
Foi o que vi com mais clareza nas antigas áreas industriais da Inglaterra e do País de Gales, onde a destruição deliberada de empregos e comunidades teve um alto preço. Não é de surpreender que essas áreas tenham oferecido a reacção mais forte no referendo de 2016 e, infelizmente para os trabalhistas, nas eleições gerais de quinta-feira.
Nas cidades onde as siderúrgicas fecharam, a política como um todo não oferece confiança, mas a promessa de Boris Johnson de "Meet the Brexit" - vendida como um golpe para o sistema - sim. Infelizmente, esse lema logo se revelará como falso, destruindo ainda mais a confiança.
Apesar de nossos melhores esforços e de nossas tentativas de deixar claro que este seria um ponto de viragem para a direcção geral de nosso país, as eleições giraram principalmente em torno do Brexit.
Um Partido Conservador preparado para explorar as divisões, capitalizando a frustração criada pelo seu próprio fracasso em materializar o resultado do referendo ... com um preço pago por um Partido Trabalhista que procurou unir o país para enfrentar o futuro.
A polarização do país em torno do Brexit tornou as coisas mais difíceis para um partido com forte apoio eleitoral de ambos os lados. Acho que pagamos o preço de sermos vistos como se tivéssemos tentado atravessar essa divisão ou repetir o referendo.
Agora devemos ouvir as vozes daqueles que, em Stoke e Scunthorpe, em Blyth e Bridgend, em Grimsby e Glasgow, não deram seu apoio ao trabalho. Nosso país mudou fundamentalmente desde o colapso financeiro, e qualquer projecto político que pretenda o contrário cairá sem complacência.
O progresso não ocorre em simples linha recta. Embora tenhamos perdido muitos lugares na quinta-feira [12 de dezembro], acho que o programa de 2019 e o movimento por trás dele serão vistos como historicamente importantes, uma tentativa real de construir uma força poderosa o suficiente para transformar a sociedade a favor da maioria, não de alguns. Pela primeira vez em dezenas de anos, muitas pessoas esperavam um futuro melhor.
Essa experiência, compartilhada por centenas de milhares de pessoas, não pode ser ignorada. Nossa tarefa, como movimento e como partido que ultrapassou o dobro do seu tamanho, não terminou: agora, e tem a tarefa urgente de defender as comunidades que sofrem os ataques contínuos do governo Boris Johnson e o acordo tóxico que deseja. coincidir com Donald Trump.
E cada um deve começar a assegurar que a esperança se estenda e se aprofunde. Como socialistas, tentamos aumentar as expectativas das pessoas. O povo de nosso país merece muito mais e poderá alcançá-lo se trabalharmos juntos para alcançá-lo.
Tenho orgulho de que, no que diz respeito à austeridade, ao poder das grandes empresas, à desigualdade e à emergência climática, vencemos os debates e reescrevemos os termos da discussão política. Mas lamento que não tenhamos conseguido transformar isso em uma maioria política para a mudança.
Não há dúvida de que as nossas políticas são populares, desde a propriedade pública das ferrovias até os principais serviços públicos, para um enorme programa de construção de moradias e um aumento salarial para milhões de pessoas. A questão é: como podemos ter sucesso no futuro, onde não o tivemos desta vez?
Não existe solução rápida para superar a desconfiança de muitos eleitores. Subestimá-los não nos fará vencer. O trabalho tem que ganhar sua confiança. Isso significa um esforço de ouvir e estar com as comunidades, especialmente quando o governo aumenta seus ataques. E significa garantir que a classe trabalhadora, em toda a sua diversidade, seja a força motriz do nosso partido.
Os ataques da comunicação social ao Partido Trabalhista nos últimos quatro anos e meio foram mais ferozes do que nunca ... e, é claro, tiveram seu efeito no resultado das eleições. Quem defende uma mudança real encontrará toda a força da oposição desses meios.
O Partido precisa de uma estratégia mais robusta para enfrentar essa hostilidade da propriedade multimilionária e sua influência frontal e, quando possível, transformá-la a nosso favor.
Sofremos uma derrota séria e assumo minha responsabilidade. O trabalho em breve terá um novo líder. Mas quem quer que seja, nosso movimento continuará a trabalhar por uma sociedade mais igualitária e justa e por um mundo sustentável e pacífico.
Passei minha vida fazendo campanha por esses objectivos e continuarei a fazê-lo. A política da esperança deve prevalecer.
(...)

A imagem pode conter: 1 pessoa, óculos graduados, fato e barba

segunda-feira, dezembro 16, 2019

Breve apontamento sobre eleições no Reino (dito) Unido


retirado do (quase)-diário:

(...)
Um breve apontamento sobre as eleições no Reino Unido:
            considerando as eleições, como sempre, um diagnóstico, para que são precisos muitos auxiliares do dito, relevo
i)                a clara – mas menor do que publicitada –  derrota dos trabalhistas, com menos 3,6 milhões de votos que os conservadores (menos 12 pp, 32%-44%);
ii)              a escassa vitória dos conservadores, embora lhes dê maioria absoluta de mandatos, 364 em 650, mas apenas ligeira subida em votantes relativamente a votação anterior apenas 2% que deram mais 15% de mandatos (+ 47);
iii)            em relação à questão Brexit, que subjaz a toda a política britânica (e da U.E.), anote-se a presença de um explícito grupo candidato às eleições (Brexit) que teve 642 mil votos/2%, não tendo eleito nenhum deputado ao contrário de 5 partidos (?) com menos de 1% de votos cada um - somando no conjunto 830 mil votos expressos - que elegeram 22 deputados ;
iv)            anoto ainda o facto do Green, com 865 mil votos expressos, ter apenas eleito 1 deputado;
v)              o Scotish National Party teve 1 milhão e 242 mil votos terá eleito, 48 deputados quando a proporcionalidade de votos expressos apenas lhe daria 26 deputados, e os liberais, com 3 milhões 675 mil (subindo 55% de votos em relação à anterior votação) terem 11 mandatos (menos 1 que tinham), quando a proporcionalidade do votos expressos lhes daria, agora, 76 mandatos;
vi)            estes pontos salientam-se, sobretudo, para mostrar a anormalidade de um sistema eleitoral num Reino (dito) Unido, com círculos uninominais, e como ele se afasta tanto que torna irreconhecível qualquer proporcionalidade que se estime minimamente desejável relativamente aos votos expressos pelo povo (ou, melhor se diria, dos povos).    


domingo, dezembro 15, 2019

Para este domingo - Mário Lúcio - Cabo Verde

TáVisto que é assim...

 - Edição Nº2402  -  12-12-2019

Duas partidas

No breve período de apenas algumas horas, a televisão trouxe a nossas casas as notícias da morte de dois homens que em áreas muito diferentes foram relevantes: um jogador de futebol chamado Rogério de Carvalho, decerto inesquecido pelos que durante anos o admiraram como talentoso extremo direito da equipa em que jogava, e Arquimedes da Silva Santos, poeta, decerto muito menos conhecido pela generalidade dos portugueses, pois que o talento poético não é entre nós (nem provavelmente em qualquer outro lugar do mundo) sequer de longe comparável ao futebol como gerador de popularidade. Não incorramos aqui no preconceito presunçoso de estabelecer uma abissal diferença de méritos entre uma e outra actividade: reconheçamos que jogo da bola e «jogo literário» têm cada qual o seu terreno próprio, por aí nos fiquemos. Mas não nos fiquemos sem um reparo perante a irrelevância que todas as operadoras de TV deram ao desaparecimento de um poeta português que não era «de segunda linha». E a essa quase chocante «discrição» acrescentemos uma suspeita: a de que a circunstância de Arquimedes da Silva Santos ser um poeta neo-realista poder explicar o quase inteiro silêncio acerca da sua morte.

Nós e as garras

Para mais, Arquimedes da Silva Santos não era homem de meias palavras ou de meias acções. Quanto a estas, foram elas que o levaram à prisão de Caxias e a umas longas horas da tortura de estátua; quanto às palavras podemos lembrar entre muitas outras quatro versos significativos escritos quando escrever com clareza era lutar com coragem: «Sinistro bando de corvos / ronda nossos corpos magros, se algum de nós desfalece / logo aduncas garras descem». Poderá ter sido por estas e por outras, isto é, por estes e por semelhantes versos, que a(s)TV(s) se incomodaram tão escassamente perante a morte do poeta. E nesta circunstância caberá notar mais uma vez como é fácil para a televisão suprimir ou reduzir ao mínimo a imagem de um homem apenas porque ele cometeu a inconveniência de lutar enquanto vivo e de nos deixar em legado um testemunho palpitante de insubmissão e da «fome e sede de justiça» de que nos falou Mateus no seu evangelho. Agora que Arquimedes partiu, resta-nos guardar o seu legado e ser-lhe fiel quando seja caso disso. Isto é: nunca desfalecer. Para que sobre nós não desçam as tais garras aduncas.


Correia da Fonseca

Para desanuviar,
ou para sacudir o véu
que vai cobrindo os nossos olhos
com tantas e tão frequentes "partidas",
permito-me corrigir o Correia da Fonseca,
ao mesmo tempo que o saúdo 
e agradeço pela constância das crónicas
e da amizade:
o Rogério Lantres de Carvalho
- o "pi-pi da pôpa" do Benfica
(e do Botafogo, que o veio buscar para jogar no Brasil!), 
... com quem cheguei a jogar 
e de que guardo amiga recordação -
era extremo esquerdo!

S.R.

sábado, dezembro 14, 2019

Al Gore - Mercador do ambientalismo

No Público (de Espanha!):




Diz-se que quem mata uma pessoa é um assassino, que quem mata milhares na guerra é um herói, e se se veste de verde, é o Super-Homem. Na cimeira do imperialismo verde de Madrid 2019, Albert «Al» Gore, o promotor do negócio Big Green, vice-presidente do governo de Bill Clinton (1993-2001) e  Prémio Nobel da Paz por defesa do meio ambiente, não faltou, o mesmo prémio que Henry Kissinger recebeu por seu pacifismo e seus esforços pelos direitos humanos dos oprimidos…
Se "apagar a memória histórica" ​​dos cidadãos é essencial para o sistema actual continuar a funcionar, também é essencial recordar dois aspectos da história perversa deste Herói Verde:
1) Como o homem da destruição em massa nas guerras do Afeganistão, Iraque, Iugoslávia, Albânia, Sudão, Libéria, Haiti e Congo e
2) O falso ambientalista, fabricado pelo imperialismo verde, que com sua fama protege a destruição do meio ambiente em favor de seus próprios negócios e  da sua classe. É um dos falcões mais agressivos do Partido Democrata, um personagem particularmente oportunista, que durante sua carreira tentou com seus discursos contraditórios conquistar o voto dos ultraconservadores e também dos progressistas,

O currículo de guerra de Al Gore
Um forte defensor de guerras predatórias e expansão colonialista dos EUA, Al Gore atacou aqueles que recorreram ao "Síndrome do Vietnam" e a morte de milhares de soldados para evitar mais guerras: "Temos interesses no mundo que são suficientemente importantes para os defender. E não devemos ficar tão chocados com a tragédia do Vietnam que não reconheçamos a necessidade do uso da força pelos nossos interesses ". 
Já se fez algum estudo para determinar os danos das guerras para o meio ambiente?
·        Em 1978, nosso Nobel opôs-se aos novos regulamentos federais sobre armas de fogo, para agradar seus eleitores das áreas rurais.
·        Em 1979, defendeu o apoio do grupo terrorista Contra na Nicarágua por Reagan, e financiado com cocaína (aos "jihadistas" no Afeganistão, a CIA paga-lhes com ópio , cujo cartel obriga os agricultores a cultivar papoila em vez de batatas e trigo )
·        Em 1983, apoiou o envio de tropas para o Líbano, onde um ataque matou 241 soldados americanos, 58 paraquedistas franceses e 6 civis libaneses.
·        Em 1983, aplaudiu a invasão norte-americana de Granada, com 90.000 habitantes, por representar uma "ameaça aos EUA" de 300 milhões de almas e dotada de 5.113 ogivas nucleares. O verdadeiro motivo? Ser governado pelos socialistas e aliados de Cuba e da URSS.
·        Em 1986, comemorou o bombardeio da Líbia por Reagan.
·        Em 1991, o falcão Gore votou a favor da decisão de Bush de atacar o Iraque, uma guerra que causou um grande desastre ecológico no Golfo PérsicoEntão criticou Bush por ser "muito brando" com Saddam Husein!
·        Em 1991, o mesmo Gore que estava muito preocupado com o facto das crianças americanas "poderem ter tumores e câncro causados ​​por produtos químicos usados ​​no pijama ", aprovou o embargo mais criminoso da história da humanidade contra o povo iraquiano, que matou um milhão e meio de pessoas, metade crianças. Em 29 de junho de 2000, quando Gore deu uma conferência em Chicago sobre “incentivos à política energética para cidades”, o diretor de Vozes no Deserto, Danny Muller, perguntou-lhe “porquê alguém deveria votar num governo que matou 5.000 crianças inocentes por mês através de sanções no Iraque?”, Gore não respondeu. O embargo proibiu a venda de produtos como o cloro para purificar a água, materiais sanitários como seringas e uma infinidade de medicamentos, dispositivos de oxigénio para hospitais, papel e lápis ou leite em pó, no quadro de uma guerra genocídia. Milhares de crianças nasceram com deformações horríveis, vítimas de toneladas de bombas, incluindo urânio empobrecido. A pintora e diretora do Museu Nacional de Arte do Iraque, Leila al-Attar, e seu marido morreram num desses atentados.
·        Em 1993, após a queda do regime de Siad Barre na Somália, que deixou de ser maoísta e aliado de Washington no estratégico Corno da África, Gore-Clinton organizou uma de suas "invasões humanitárias". Enquanto o assassinato de milhares de somalis foi considerado "dano colateral" de seus infames interesses, a "Batalha de Mogadíscio", na qual os guerrilheiros somalis confrontaram tropas americanas que mataram pelo menos 70 fuzileiros navais, tornou-se o segundo derrota dos EUA em uma guerra após o Vietnam.
·        Em 1994, ele autorizou a CIA a seqüestrar cidadãos de outras nações que considerava uma ameaça aos interesses dos EUA, revela Richard Clarke, um consultor de segurança do estado crítico da política antiterrorista dos EUA.
·        Em 1994, a ONU e o governo Clinton-Al Gore-Albright sabiam que a pessoa responsável pelo massacre de muçulmanos em um mercado em Sarajevo era um grupo muçulmano de extrema-direita e, no entanto, culparam o governo da Federação Iugoslava. que a comunicação ocidental chamou "governo sérvio" para confrontar os grupos étnicos que compunham o país - e assim desmantelar o último estado europeu que se declarou socialista mesmo após o fim da URSS. Apoio disfarçado do regime Clinton à Al Qaeda na Bósnia e no Kosovo (assim como a equipe Carter-Brzezinski em 1978 no Afeganistãopara destruir o governo socialista do país), transformou a Bósnia em uma base de "jihadismo" alcançada por milhares de indivíduos recrutados pela "Rede Islâmica Militante" coordenada pelo Pentágono. O massacre de centenas de milhares de civis iugoslavos foi batizado como "intervenção humanitária" da OTAN e esse país  foi partido para que, entre outros propósitos… os EUA se instalassem no coração da Europa, no Kosovo, sua segunda maior base militar do mundo, chamada Camp Bondsteel (a primeira também está na Europa: Stuttgart!). A base inclui um mini Guantánamo, revelado em 2005 pelo Comissário para os Direitos Humanos do Conselho da Europa, Álvaro Gil Robles. O Kosovo "por acaso" é outra pedreira do Estado Islâmico: Blerim Heta, o Kosovar que matou 52 pessoas no Iraque em um ataque no Iraque em 24 de março que trabalhou nesta base. Porquê os EUA pretendem causar caos no Iraque?
·        Em 1998, bombardeou o laboratório farmacêutico Al-Shifa no Sudão para desviar a opinião pública do escândalo de Lewinsky. O Afeganistão também recebeu toneladas de bombas nessa época e durante todo o período do trio criminoso Clinton-Al Gore-Albright. Dezenas de milhares de afegãos morreram sob as bombas ou devido à contaminação de águas, solo e ar. Afeganistão, porquê ?
·        Em 2000, ele propôs ataques militares rápidos e eficazes contra os "estados rebeldes", por representar " uma ameaça emergente ao nosso país ", rindo de tratados internacionais a esse respeito e da própria ONU.
·        Em 2002, Al Gore também apoiou a guerra "preventiva" de Bush contra o Iraque e, dadas "dúvidas" sobre a existência das armas de destruição em massa de Saddam, oferece outro pretexto: "O Iraque representa uma séria ameaça à estabilidade do Golfo. Persas e devemos organizar uma coligação internacional para eliminar seu acesso a armas de destruição em massa ”, insistindo na “excepcionalidade dos EUA”, e que nenhuma lei internacional pode impedir que este país tome medidas para proteger seus interesses vitais.
Al Gore nunca participaria de uma cúpula antimilitarista.

O currículo ecológico de Al Gore
·        Em 1979, o deputado Al Gore defendeu a todo custo a construção de uma barragem no rio Little Tennessee, sem ser usada para controle de inundações ou geração de energia; apenas queria encher o bolso de algumas empresas de construção, lembra o jornal Counterpunch. Antes do protesto dos ecologistas (os verdadeiros!) que a barragem iria acabar com a vida de várias espécies protegidas, Al Gore e seus companheiros vieram chantagear o presidente Carter de que, se ele vetasse a lei, eles reteriam o apoio democrático ao Tratado da Canal do Panamá. Isso lançou as bases para os empresários ignorarem a Lei das Espécies Ameaçadas de Extinção em outras regiões do país, diz o ambientalista David Brower.
·        Geralmente afirma que 'somos todos responsáveis' pela catástrofe ecológica, mas oculta que 80% das agressões ao meio ambiente são cometidas por grandes transnacionais ou que o consumo de energia de um cidadão médio do Primeiro Mundo é 70 vezes mais do que nos países em desenvolvimento, ou apaga intencionalmente as linhas que separam os ricos dos pobres, os comerciantes e os consumidores.
·        Foi a Al Alore Foundation for Climate Protection Foundation que propôs o uso de biocombustível, como energia renovável, na fabricação de “carros ecológicos”. O novo negócio para o sector de energia foi uma tragédia para milhões de pessoas pobres, cujos alimentos básicos são baseados em batatas, arroz e trigo, e agora eles foram expulsos de suas terras pelos grandes produtores do "Bio". Até aqueles que viviam com milho e soja, já convertidos em agrocombustíveis, foram afectados pela invenção: os protestos sociais de 2007 no México, contra o aumento do preço do milho, usado para produzir etanol nos EUA, desmascararam as soluções de classe para supostamente salvar o meio ambiente. Um negócio que causou a desertificação de grandes áreas, o corte de milhões de árvores e a destruição de pastagens. Além disso, a erosão do solo devido à sobre-exploração, entre outras razões, nega que esse tipo de energia seja tão renovável em um curto período de tempo: acelerará o aquecimento global.
·        Após o fracasso dos agrocombustíveis, agora queremos vender produtos "inteligentes" para um planeta mais inteligente »e sua lavagem verde tratando a Terra e seus habitantes como tolos.
·        Um activismo para o próprio negócio: "Você acha que há algo errado em ser activo nos negócios neste país ?" respondeu Gore àqueles que o criticam por usar sua posição e sua influência para ganhar peso com sua conta bancária. O “ambientalista” é accionista de várias empresas de "produtos inteligentes para economia de energia", como a Silver Spring, que fabrica software para tornar a rede elétrica mais eficiente e recebe parte dos US $ 3,4 bilhões em subsídios do Departamento de Energia dos EUA. Quando deixou o governo em 2001, Al Gore tinha um patrimônio de 1,7 milhão de dólares. Graças ao seu negócio “verde”, consultoria, conferências ecológicas (US $ 100.000 por papel), os direitos de seus filmes e livros verdes, investindo em empresas como Apple, Google, painéis solares e até os mictórios sem água, seus activos dispararam: em 2003, eram 200 milhões de dólares, segundo a agência Bloomberg. Com esse ritmo, quanto teria hoje?
A atual presidente do Congresso dos EUA, Nancy Pelosi, também presente na Cúpula de Madrid, é outro dos grandes empreendedores dos produtos Bio.
·        Ofereçeu soluções ridículas e inúteis para enganar o público: use menos água quente, diz Al Gore, o que significaria cerca de 700.000 galões de gasolina por dia nos EUA, ou apenas 0,15% do combustível consumido diariamente no país. Segundo a FAO, a cada minuto, o capitalismo selvagem termina com uma extensão de floresta equivalente a 40 campos de futebol, cerca de 13 milhões de hectares por ano. Ele sabe que nas terras poluídas nem urtigas crescem. Na Nigéria, a companhia petrolífera anglo-holandesa Shell foi acusada de "cumplicidade em assassinato, estupro e tortura" dos nigerianos nos anos 90: a companhia criou uma unidade secreta de espionagem, que repassou informações sobre ambientalistas irritantes à agência segurança nigeriana, ao pedir ao presidente-geral Sani Abacha para "resolver o problema". E ele conseguiu: enforcou 9 líderes ambientais, matou mais de 1.000 manifestantes e destruiu cerca de 30.000 casas na aplicação da política “Terra Queimada”. Assim, a Shell poderia levar um milhão de barris de petróleo por dia e contaminar o meio ambiente com tranquilidade. E então eles pergunta-se: porquê os nigerianos se metem no mar em pequenos barcos, fugindo de suas terra?

Espere e verá! Pessoas como Al Gore aparecerão em cimeiras para apresentar bombas ecológicas e inteligentes que não poluam, que só matem pessoas e apenas os pobres, que são os únicos que não podem fugir de uma zona de guerra.

sexta-feira, dezembro 13, 2019

O futuro euro-instrumento financeiro e as finanças de Portugal

O primeiro-ministro de Portugal, ao comentar a discussão, em Bruxelas, do  futuro Instrumento Financeiro para a Convergência e Competitividade disse que “não houve nenhum constrangimento entre o primeiro-ministro de Portugal e o presidente do Eurogrupo”, mas sim “dois portugueses presentes na sala a desempenhar bem o seu papel (pois) ao primeiro-ministro de Portugal compete-lhe representar os portugueses e os seus interesses e ao presidente do Eurogrupo compete-lhe, e bem, representar a vontade geral do Eurogrupo”.

Mas o que é isto?
O tal presidente do Eurogrupo, o Centeno, além de português não é o ministro das finanças do governo de que o outro português, o Costa, é o primeiro-ministro? 

Vontades e papeis divergentes?, esquizofrenias?, matraquilhos mano-a-mano?

quarta-feira, dezembro 11, 2019

Morreu Frederico Mirão

Um número desconhecido no telemóvel. Atendi com a reserva de sempre quando não sei de onde vem a chamada. 

Uma voz muito agradável "...sou a filha do Frederico Mirão...". 

A minha imediata reacção, instintiva, foi de surpresa. De alegria quase expressa, exuberante. Logo travada, antes mesmo de dita a razão presto adivinhada do telefonema. Se inesperado motivo... só podia ser aquele! 

Morreu o Frederico, o Mirão. O camarada, o amigo, o "chefe de sala" do rés-do-chão de Caxias de há mais de 50 anos!


Como doeu!

A lembrança, a memória, a saudade, a homenagem encheram-me e soltaram lágrimas.
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Post de 31.07.2011 e um comentário:

Era em Caxias
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Era em Caxias, trinta homens na sala 2, rés do chão, direito.
O Mirão era o "chefe de sala". E era o Herberto, e eram os 5 de Alpiarça, dos quais o Abalada, o Álvaro, o Facalhim, o Machado - como o Blasco - já morreram... , e eram... 
Éramos 30 homens encarcerados pela PIDE. De todos sei, e queria dizer, o nome. Estão em mim gravados mas, nesta manhã de domingo, 47 anos passados, ficam apenas os já lembrados. Porque vieram aos dedos dois nomes, porque aqueles cinco povoam o meu cemitério interior. 

Reivindicáramos, lutáramos, e ganháramos, uma hora de música por dia. Ao fim da tarde, antes de jantar.
O gira-discos, trazido pelas famílias, entrava, com os discos bem minuciosamente inspeccionados pelo "funcionário da PIDE" destacado para a cadeia, que muitos rejeitava. Orquestas e autores "do lado de lá", com nomes terminados em itchef ou of eram, por norma, rejeitados. Fados, eram todos aceites, como uns Fados de Coimbra, cantados por um tal dr. José Afonso, num disco de 45 rotações, com 4 faixas, em que uma se chamava os Vampiros (esta será, talvez, uma outra estória para um outro domingo de manhã).
Para este domingo, para me alegrar com o "delicioso pungir de acerbo espinho" - e intenção de "oferta" a quem me possa vir a ler e ouvir -, fica o registo do disco mais ouvido, que, se não a todos, a quase todos encantava e nos tirava da cadeia durante pouco menos de um quarto de hora, a sinfonia clássica de Prokofief que, apesar de assim se chamar, entrara excepcionando a regra pidesca, talvez por o tal Prokofief se chamar Sérgio e o disco vir em meu nome,

Bom domingo, como horas de domingo eram todos aqueles tempos de fim de tarde com gira-discos na sala e com Prokofiev e outros a visitarem-nos.
Era em Caxias. 30 homens na sala 2 rés do chão direito. Em Julho de 1964.