domingo, outubro 31, 2010

Dilma ganhou


Dilma Rousseff se convierte en la primera presidenta de Brasil
La economista brasileña, Dilma Rousseff, se convirtió este domingo en la primera mujer electa presidenta de ese país en 121 años de República, al vencer en la segunda vuelta de las elecciones con 55 por ciento de los votos a su rival de derecha, José Serra, que alcanzó 44 por ciento.

(TeleSur)

Ex-citações outras

Dizia a avó de uma amiga, com todo o saber... de quem sabe da vida e dos homens e das mulheres:
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... somos começadas mas nunca somos acabadas…
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(mais ou menos assim...)
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... há sempre tanto para aprender, há sempre tanto para desaprender, há sempre tanto em nós que está em mudança, há sempre tanto em nós a confirmar-nos, há sempre tanto em nós a negar-nos... nunca estamos acabados!

Hoje, gostava de ser brasileiro

Hoje, gostava de ser brasileiro. Para poder votar em Dilma (independentemente de tanto desacordo que com ela possa ter).

Até porque esta votação, parecendo que é no Brasil e que ao Brasil se confina, tem importância mundial. O Papa que o diga, confirmando com a sua absolutamente indecente (de Sua Indecência...) directiva objurgatória para os bispos brasileiros.

De ex-citação em ex-citação – ele há economistas e economistas

Na preparação (revisão de matéria…) para encontro e trabalho com camaradas sobre a nossa base teórica – em que iria dar o meu contributo de economista para uma conversa sobre O Capital, após o contributo (sempre estimulante e responsabilizador do José Barata-Moura sobre filosofia) saltou-me aquela ex-citação de Marx, de A Miséria da Filosofia, sobre os economistas, de que fiz um “post”.
Claro que nas viagens de ida e de volta, ouvindo as novidades sobre o acordo Santos-Catroga, ou PSD-Governo, ou Cavaco-banqueiros, a dita ex-citação me visitava de vez em quando, e dela me servi na tarefa a que ia e de onde vinha.
Ora o sr. Marx, na resposta ao sr. Proudhon escusava de ter sido tão agressivo para com os economistas! Ou, sendo-o justamente para alguns economistas (e estou verdadeiramente farto de os ouvir…) poderia ter deixado dito que… há economistas e economistas. Não deixar a possibilidade de todos serem metidos no mesmo saco...
(Quem não se sente, não é filho de boa gente!)
Por isso, no regresso a casa, após as viagens e as reflexões que me acompanharam, fui buscar a minha obra capitalzinha (o livro com base no meu doutoramento, de 1988), e de lá retirei uma ex-citação para hoje:
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1.3.1. O marxismo como metodologia e concepção científica que a integra (em 1.0. Introdução)
«(…) Se deve ser esta a atitude de um marxista, não se pode ignorar ou menosprezar o desenvolvimento notável das ciências e técnicas económicas e sociais contemporâneas de raiz burguesa, que Boccara chama “alquimia moderna, produto do capitalismo monopolista de Estado”, do seu aparecimento, ascensão e crises; no entanto, os seus intérpretes – o pensamento económico “burguês” – viram as costas, por vezes quase com aparente desprezo, a esse imenso trabalho da ciência económica – quanto mais não fosse “de arrumação” – que é O Capital, para já nem falar da atitude relativamente ao que se lhe seguiu e é hoje uma realidade irrecusável. Já Lénine dizia que “a ciência oficial” tentava matar, por uma conspiração de silêncio, a obra de Marx.
«O economista não-marxista (“vulgar”) é “obrigado” a conhecer aquilo de que necessita – e pode conhecer muito bem, como muitas vezes sucede –, promovendo técnicas ao estatuto de ciência e/ou teorizando sobre práticas localizadas ou especulando sobre “modelos" sofisticados construídos em bibliotecas, gabinetes e bancos, com dados de bem discutível credibilidade;
em contrapartida, o economista marxista tem a “obrigação” de “tudo” conhecer porque critica uma concepção parcelada da realidade e porque deve fazer uma abordagem global e actualizada da realidade, num quadro conceptual para que deve contribuir.(…)»
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E ficaria aqui, relendo e corrigindo e acrescentando. Mas hoje há amigos que vêm aí, e isso é das melhores coisas que um homem pode fazer, conviver com amigos. Fica para depois. Para sempre.
Em formulação de resumo, nesta tarefa permanente – até por decisão congressual e de comités centrais – de estudar, estudar, estudar sempre, ainda que (ou porque) há tanto para fazer, e divulgar:


  • há economistas que sabem "muito" de "coisa nenhuma";

  • há economistas que sabem "pouco" – o mais de que são capazes… – de “tudo”.

sábado, outubro 30, 2010

Só truques! (2ª edição)

Às 02:04 do dia 20 de Outubro próximo passado, "postei" uma mensagem a que dei o título Só truques!, que o que aconteceu até agora veio confirmar inteiramente. Tem sido o que então, ao abrir o que escrevi, chamei cenário (ou cena!). E não é para me gabar. Nem um niquinho. Era tudo mais que previsível...
Às 23:19 do dia 29 de Outubro, ontem, com foto em telemóvel e todo o ridículo acoplado, teve lugar um episódio tornado crucial na "cena" (ou cenário!).
Foi um acordo de menos uns milhões de euros. Mas, estando tudo aparentemente acordado, à revelia do órgão chamado Assembleia da República, o "chefe" do Grupo Parlamentar do PS já se veio congratular com o acordo e, a instâncias jornalísticas, afirmar que os tais milhões a menos na receita terão de ser compensados por milhões a menos na despesa. Aliás, como o disse o ministro das finanças que, depois de afirmar a sua irredutibilidade quanto ao défice de 4,6%, tinha de de dizer qualquer coisa como essa senão só podia dizer outra: demito-me! Mas disse isso e disse mais (e aí é que está o busilis): disse que a compensação também pode ser por aumento da receita fiscal ou por uma solução mixta. "Quer-se dezer"; depois do acordo, ainda está de pé a possibilidade de aumento do aumento da receita, que era a "chave" do acordo.
Apenas uma nota, em cima da hora (às 22:11), para confirmar e sublinhar toda a trucagem e que, no meio desta "cena", os deputados e quem os elege - isto é, o povinho e os seus representantes - pagam o bilhete, enganam-nos no espectáculo dando-lhes gato por lebre e, em vez de lhes devolverem o dinheiro do bilhete, ainda terão de pagar mais à saída!

Ex-citação para hoje

De Marx:

«Os economistas têm uma maneira singular de proceder. Para eles há duas espécies de instituições, as da arte e as da Natureza. As instituições da feudalidade são instituições artificiais, as da burguesia são instituições naturais. Eles parecem-se nisso com os teólogos, que, também eles, estabelecem duas espécies de religião. Toda a religião que não é a deles é uma invenção dos homens, enquanto que a sua própria religião é uma emanação de Deus (Karl Marx, Misère de la philosophie. Réponse à la Philosophie de la misère de M. Proudhon, 1847, p. 113)» em nota 33 nas pp. 97/98 de O Capital, Livro Primeiro, Tomo I)

"Situação económica nos países socialistas antes e agora"

Transcrevo um segundo excerto da parte final de minha participação em iniciativa da Associação Iuri Gagárin, em que tive o enorme gosto (e utilidade) em participar, lamentando não ter havido mais tempo para debater (algum houve, e prometia mais, mas estou disponível... desde que o horário do "expresso" para Fátima me permita):


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(de pequeno Curso de Economia,
edições avante!, 1993).
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«(…) Por outro lado, o Indice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), sendo o que se dispõe de melhor, não pode ser utilizado num horizonte que abarque a situação anterior a 1990, e dificilmente o é a partir de 1990. Mas, para ficar como referência, convite a reflexão e aprofundamento, aqui deixo alguns dados. Muito escassos – e quase diria como "trabalho para casa"… – até porque a exposição vai longa.
Na evolução do crescimento estritamente económico, ou assim considerado, entre 1990 e 2007, nos 167 países para que foi possível arrolar dados, e tirando as pequenas repúblicas socialistas soviéticas que se tornaram países autónomos, pode encontrar-se a Ucrânia que observou uma queda média anual de 0,7%, o que é impressionante (e ajudará a explicar tantos ucanianos nossos vizinhos), e contraria a evolução geral que é de crescimento (dos PIB, repito), com a Federação Russa a crescer 1,2%, a Bulgária e a Roménia 2,3%, a República Checa 3,3% e a Eslováquia 3,4%, e a Polónia 4,4% enquanto a referência Portugal é de 1,9%.
Em contrapartida, no que respeita ao IDH global, a evolução é, para todos os países, muito mais negativa. Apenas com a correcção da inclusão de indicadores relativos à saúde e educação, dos 115 países que foi possível listar, a Federação Russa tem uma evolução negativa média anual de -0,03%, o 6º pior resultado, a Roménia +0,37%, a República Checa de 0,38%, a Hungria de 0,47%, a Polónia de 0,52%, exactamente o mesmo valor que Portugal.
Parece-me muito significativo o confronto entre a evolução dos PIB percapita (média para que entram as enormes fortunas entretanto criadas por essas paragens, com as suas mafias que lhes permitem tudo comprar... até clubes de futebol) e a dos IDH, mostrando insofismavelmente uma degradação da situação social, do “desenvolvimento humano”, em si mesmo e relativamente ao crescimento económico médio.
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Tenho de terminar!
Terei sido demasiado apologético?, terei abundado em ilusões sem esperanças de concretização, isto é, não sendo alternativa para nada, como a História provaria?
Talvez… neutro nunca fui, nem quando isso envolvia outros riscos, alternativa estou convencido que temos e somos, até porque este beco a que a financeirização da economia nos conduziu não pode ser o fim da História e exige uma mudança de rumo.
E ela tem de ser possível por impossível que pareça.
Termino parafraseando José Gomes Ferreira, as revoluções perdem-se quando os homens desistem de lutar pelo que parece impossível de alcançar, o sonho inatingível que cantava Jacques Brel em “O homem da Mancha” (D. Quixote), e Iuri Gagárin simbolizou.
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Não se conseguiu agora ou aqui?
Logo se recomeça, e mais adiante se alcançará.

sexta-feira, outubro 29, 2010

Decisivo!

18:35
"Prefiro que sejamos nós a gerir a nossa economia ao FMI" (quer o banqueiro dizer, em português entendível, que prefere que sejam eles a gerir a nossa economia e não o FMI)
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(Ulrich-BPI)

Humilhadas e ofendidas

O caso dos jovens comunistas que foram interrompidos pela PSP numa sua actividade de intervenção cívico-politica, detidos e humilhados e ofendidos, foi referido por vários vizinhos, amigos e camaradas, e foi-me chamada a atenção para ele por alguns mails. Senti indignação, terei deixado comentários, mas achei que "perdera a oportunidade" de aqui o referir. Agora considero que achei mal. Deveria tê-lo feito de tal modo o caso é grave.
Mais osinto, ao ler a excelente crónica de Manuel António Pina, no JN, que aqui quero reproduzir, por ter a qualidade (até a da extensão) de exprimir a indignação (e a repulsa, o nojo!) que este caso merece:

«Os corpos do delito

Não tenho por costume folhetinizar em episódios estas crónicas (como o taoista, chamo-lhes assim porque não sei que nome têm e posto que tenho que chamar-lhes alguma coisa), mas as declarações do "porta-voz oficial da PSP" ao DN acerca da detenção de quatro raparigas e um rapaz da JCP que pintavam um mural na Rotunda das Olaias, em Lisboa, talvez justifiquem, na sua exemplaridade novilinguística, uma excepção.
A PSP considera naturalíssimo e "decorre[nte] das medidas cautelares de polícia" que duas das jovens detidas (menores, tudo o indica) tenham sido obrigadas a despir-se completamente na esquadra. Porque tudo terá tido, pelos vistos, a maior pureza de propósitos: fazer-lhes uma "revista sumária" (imagine-se o que será uma "revista completa") à procura de "armas, de fogo ou brancas" ou "produtos cujo transporte pode ser considerado crime, nomeadamente drogas".
Dir-se-ia, pois, que é rotina da PSP, de modo a pôr a nu todas as suspeitas possíveis sobre comuns cidadãos "conduzidos à esquadra", pedir-lhes o BI e mandá-los logo pôr-se em pelota. Talvez seja, mas, a crer no que se passou, será só com jovens raparigas, já que, no caso, os agentes se dispensaram de qualquer actividade por assim dizer investigatória no corpo do rapaz. Aparentemente, nem as mochilas do grupo terão sido revistadas. Só os corpos das jovens.
Há-de ter havido um bom motivo para isso. Talvez até mais do que um.»

Já leste o avante! desta semana?

Do balanço habitual que faço do que se vai passando comigo, ou em que tenho intervenção, surgiu-me uma reflexão que achei relevante.
Talvez embalado pela animação da conversa após a exposição que a introduzira, atirei uma pergunta provocatória: “… e, aqui entre nós, quantos leram o avante!, quantos lêem O Militante?”.
No dito balanço, levantaram-se-me dúvidas sobre se deveria ter posta a pergunta. Não pela sua intenção provocatória, mas por estarmos em iniciativa que não era partidária. Na viagem de regresso, vim, auto-criticamente, reflectindo sobre a questão.
O que eu queria, com a pergunta, era bem sublinhar como estamos, TODOS, sujeitos a uma avassaladora campanha de (des)informação, ao serviço de uma classe, quer na actualidade quer no contar da História. E que é indispensável, pelo menos, tentar completar essa “informação”.
A pergunta-provocação vinha na sequência de uma exposição em conversa em que se abordara o muro de Berlim (que a esmagadora maioria de nós ignora que apenas se ergueu em 1961, 12 anos depois da formação de um País, e 7 anos depois da afirmação da sua soberania, de um País chamado República Democrática Alemã, reconhecido pelas Nações Unidas – conjuntamente com a RFA, em 1973 - e numa cidade que, estando no meio desse País, continuava, numa parte do seu espaço, ocupada por três potências estrangeiras que se recusavam a negociar a saída), e em que se falara, sobretudo, dos indicadores com que se caracterizam as situações económicas e sociais dos países e do que eles representam como expressão de uma abordagem da economia classista e sem contraponto, ou contraditório como é “de bem” dizer…
Por isso mesmo, a desejada pertinência da lembrança da existência de uma informação que, sendo outra – de outra classe… –, deveria ser procurada por todos os que se querem informados, seja-se ou não do Partido que a edita. E da necessidade de a ler.
A começar por nós, que também estamos permanente e sistematicamente a ser submergidos pela outra (des)informação – de outra classe…!

(vou ler o avante! de ontem… estou atrasado!)

Ainda sobre animação

Para assinalar o Dia Mundial da Animação, e organizada pela Casa da Animação do Porto, irá acontecer uma sessão de filmes de animação portugueses no Centro Georges Pompidou de Paris, entre os quais será exibido Memória de Cão.
Dia 29 de Outubro às 20:00.
Centre Pompidou - Les films à voir (2009-2010) - Art culture musée expositions cinémas conférences
www.centrepompidou.fr

"Situação económica nos países socialistas antes e depois"

Foi quase emocionante voltar aquele espaço. Mas está tão diferente... embora reconhecível.
Agradeço à Associação Iuri Gagárin o convite e aos jovens "de Económicas" a presença e participação.
Quanto ao programa, apenas anoto a ausência do moderador, pelo que... não fui moderado. E acho que não correu mal.

Vou aqui colocar dois excertos da parte final da (longa) exposição:

1. (…) «Embora não se tratasse de um “mercado comum”-união aduaneira, nem sequer de uma zona de trocas livres, o CAME-COMECON, depois de vinte anos dedicados à recuperação e estruturação em moldes e formatos novos, lançou em 1971 um "Programa geral para extensão e aperfeiçoamento da cooperação e para o progresso da integração económica socialista entre os países-membros", a aplicar a longo prazo, entre 1971 e 1990.
Vejamos alguns dados, tão incertos e tão falíveis como todos.
Entre 1950 e 1970, a produção industrial passou do indicador 100 para 1157 na Bulgária, 1137 na Roménia, 758 na Polónia, 688 na URSS, 535 na RDA, 520 na Hungria e 501 na Checoslováquia, enquanto que, em 5 países “ocidentais” de referência, passou para 460 na Itália, 430 na RFAlemanha, 315 na França, 225 nos Estados Unidos, e 178 no Reino Unido em claro declínio industrial. Em relação a 1939, antes da guerra, essa produção industrial teria crescido 36 vezes na Bulgária, 17 vezes na Roménia e na Polónia, 12 vezes na URSS, 8 vezes na Hungria, 7 vezes na Checoslováquia e 6 vezes na RDA.
Depois da necessidade imperiosa de um crescimento quantitativo, tal como já referi, citando Lenine, no início dos anos 20, para a União Soviética, a grande questão que começa na década de 60, e se coloca com toda a acuidade na década de 70, é a da passagem a uma outra etapa, em que a vertente qualitativa ganhasse maior importância, quer na racionalidade do aproveitamento dos recursos, quer na qualidade dos produtos, com visíveis efeitos na modernidade dos níveis de vida.
Decerto por isso, as décadas de 70 e 80 foram cruciais. E as opções tomadas e concretizadas, muitas vezes à revelia de afirmações de grande fidelidade aos princípios e valores, poderão, eventualmente, ajudar a compreender muito do que veio a acontecer. Teria havido demenos de vigilância revolucionária, de ligação às massas e à sua consciencialização, de reforço da estruturação sócio-política, com particular incidência nos aspectos qualitativos e de racionalidade económica, em coerência com a base teórico-ideológica, e teria havido demais de competitividade com o sistema capitalista, procurando conciliá-la, medida em indicadores do competidor (de classe) com a afirmação da coexistência pacífica como objectivo, sem os mínimos sinais ou garantia de idêntica disposição no outro lado, de adopção do princípio nas relações internacionais.

Para 1988, puderam encontrar-se indicadores de PNB per capita, de Contel System Inc., 1989, em que o valor mais elevado é para o Japão, com mais de 23 mil dólares, a Bélgica teria (ou os belgas teriam…) quase 15 mil, a RDA observaria aproximadamente 12,5 mil, a Checolosváquia cerca de 9,5 mil, a Hungria mais de 8 mil e a Roménia 6,5 mil dólares, o que se pode confrontar com os menos de 3,5 mil de Portugal.
Desde o início desta minha exposição, venho sendo acompanhado pelas representações estatísticas de realidades tão diferentes em que, por exemplo, as dispersões de rendimentos não atenuam, moderam ou corrigem o monopólio das médias estatísticas (e dos mídia…), como o ilustram os indicadores económicos ou economicistas per capita. (...)»


2º excerto amanhã

quinta-feira, outubro 28, 2010

Hoje é o dia mundial da animação

Memória de Cão
de João Morais Ribeiro

A dar à perna em vão...


Ontem à noite, já hoje, antes de encerrar a estafante e estaferma estafeta “informativa” em que tanta gente participou como se fosse a inteira maratona de Portugal, ainda ouvi um último programa com quatro interlocutores e mais uma a animar, ou a moderar.

Não resisti, até porque entre eles estava o Duque que hoje me vai sair no ISEG, na iniciativa da Associação Iuri Gagárin, e quis actualizar o meu conhecimento das suas posições.
Muito falaram aquelas quatro (e mais uma) almas! E tanto que sabem de tão pouca coisa...
Não vou ficar aqui a comentar, venho só deixar uma imagem que se foi instalando em mim.
Toda esta gente parece um grupo de cicloturistas ou de ciclistas que se farta de pedalar mas em bicicleta a que saltou a corrente. Já vos aconteceu? Aquela sensação – que eu vivi há muitos anos – de dar à perna em vão e sem sair do mesmo sítio.


Incapazes de saltarem da bicicleta e de procurarem fazer o caminho de outra maneira, a pé por exemplo e acompanhados pela malta mas num outro rumo, o que começa a ganhar consenso, e disso vão querendo convencer quem os ouve, é que a vinda do FMI é não só necessária mas muito útil: lá o tal do FMI colocaria a corrente na roda dentada e ainda nos/lhes daria um empurrão nas nádegas para eles continuarem o mesmo rumo direitos ao muro do beco que está ali à frente!
Vou deixá-los a pedalar em seco, e vou “matar saudades”: no “meu Quelhas", lembrar percursos vivos e que vivos voltarão a ser em outras vidas. Diferentes, muito diferentes as vidas e como as realizar… mas iguais.

Hoje, é para isto


... que já bastante trabalho me deu. Com gosto e utilidade.
... mas não só!

quarta-feira, outubro 27, 2010

Que grande confusão...

Não, não é a que, ou pelo que estão a pensar.

A confusão é minha, embora seja por causa da televisão.

"Ouvera" o começo dos noticiários, a dramatização sobre a estranha frustração do estranho acordo; "ouvera" as "explicações" de negociadores de um lado e do outro, à volta de minudências de milhares e centenas de milhões de euros, com uma crispação inusitada; "ouvera" economistas, jornalistas, jornalistas economistas e economistas jornalistas, comentadores habituais (os recorrentes); tive de "ouver" mais umas vezes trechos do inacreditável discurso de ontem do sr. candidato Cavaco Silva e a sua decisão, enquanto PR, de convocar o Conselho de Estado para 6ª feira; e muitos etc.s sobre "mercados".
Apesar da confusão que me estavam a fazer entrar em casa, só "desliguei" quando se iniciou um programa sobre humoristas na 1. Comecei a trabalhar na finalização da exposição para amanhã no ISEG. A minha companheira desatou a "zappingar", e eu deixei-me embrenhar nas últimas correcções ao guião.
Depois de algum tempo (quanto?), voltei ao convívio familiar e, tendo olhado de relance o televisor e ouvido o que se dizia, estranhei: "ah!, voltaste aos humoristas?!...", ela olhou para mim, algo espantada: "não!... é mais um programa sobre as negociações que falharam, os mercados, essas coisas..."

Que confusão!

A "lei do Far-West"

Periodicamente, a Assembleia Geral da ONU discute e vota uma resolução sobre o bloqueio dos Estados Unidos a Cuba.
A de ontem tinha o título «Necessidade de pôr fim ao bloqueio económico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos da América contra Cuba» e expressava a preocupação da ONU pelos efeitos negativos que essas medidas provocam no povo cubano e apelava a todos os estados que não promulgassem nem aplicassem leis e medidas como as do bloqueio a Cuba, respeitando as obrigações contidas na Carta da ONU e o direito internacional. Outros espaços de informação já o referiam e sublinharam (como o cravodeabril)... mas é evidente que a "grande (des)informação" não acha que isto seja notícia, embora o número de votos a favor das resoluções aumente sempre, tendo a de ontem sido aprovada com 187 votos a favor e 2 votos contra. O do "réu", dos EUA, e o de Israel e, para ficarem ainda mais isolados, foram acompanhados por três abstenções, das Ilhas Marshall, da Micronésia e de Palau...
Esta foi a 19ª vez que as Nações Unidas condenaram o "réu" EUA pela sua política em relação a Cuba!

Retrato de um "artista" velho cão... ou

… um discurso antológico e patológico.
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(Tenho de começar a trabalhar noutras coisas mas não consigo… antes tenho de me libertar daquilo a que obrigou esta tarefa de ouvir atentamente Cavaco Silva e, em representação da candidatura do camarada Francisco Lopes, participar num debate na televisão, e o recurso a catárticas frases latinórias não foi bastante... talvez com a ajuda do Dylan Thomas me liberte).
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O discurso de apresentação da recandidatura de Cavaco Silva é um retrato. O homem (e a sua Maria, e talvez a prole, e talvez a “corte” satélite) julga-se o supra-sumo e, embora isso possa ser muito generalizado, ele abusa e afirma-o despudoradamente, sem se enxergar nem um bocadinho.
Eu, eu conheço, eu sei, eu tenho experiência, eu alertei, eu fiz, eu aconteci, o que seria deste País sem mim?, se eu não fosse tão bom teria outras opções pessoais mas o meu dever é pôr toda a minha bondade ao serviço de, eu que já servi o que tinha a servir, agora comandante-chefe resolvi continuar porque sei que precisam de mim…
Ouve-se o supra-sumo discursar, espreme-se e não sai um pingo. Nem a demagogia (que até pode "pegar" junto de alguns incautos) da contenção das despesas, ele que não precisa até porque um recandidato que se mantém em funções - e da maneira como ele o faz - está permanentemente em tempo de antena de propaganda, como se tem visto e verá.
E as suas responsabilidades na situação em que estamos? Dos seus anos de ministro das finanças e 1º ministro (10-anos-10)? Do seu “magistério” presidencial? Isso não lembra ele… mas tem de ser lembrado a quem lhe está a sofrer as consequências!
Só dele as responsabilidades, e da sua prolongada e múltipla actuação? Evidentemente que não. De uma política ao serviço da qual sempre esteve e se candidata a continuar.
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Nós (primeira pessoa do plural!) temos uma outra candidatura, inserida num projecto e num processo de luta contínua, por um outro rumo para o País. Para este, cada um deve dar o seu contributo, o do camarada Francisco Lopes neste episódio é o de se candidatar a Presidente da República, o nosso é o de o apoiarmos porque a candidatura é do PCP mas sem fronteiras. É por uma ruptura e por um novo rumo. Por e para nós.

Antes de apagar a luz...

... elogio em boca própria é vitupério
... tanto elogio em tal boca própria é despautério
... aqueles elogios naquela boca própria fedem
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(frases latinas... ou lá perto!)
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Boa noite!

terça-feira, outubro 26, 2010

Ele dizem-se coisas...

Na vindima, há aquilo a que se chama por aqui (ou chamava…) os rabiscos. São os pequenos cachos que ficaram por apanhar na primeira volta. Era tão agradável participar no acto solidário das vindimas...
Também nas leituras assim é. Lê-se o que salta mais à vista, nas páginas “nobres” e em especial na primeira, última e impares dos cadernos principais, depois ler-se-á o resto, os rabiscos... se houver tempo.
E então não é que, num desses rabiscos do espesso semanário de sábado, apanho um senhor “comissário europeu”, isto é, um membro da Comissão da União Europeia, a dizer que "a nossa estratégia é claramente recolocar o mercado financeiro ao serviço da economia e não o contrário”?!
É verdade que “são coisas que se dizem” bem ao revés das que se fazem, mas ler esta frase foi curioso, dita por quem foi. É que esta frase estaria muito bem na campanha do PCP Pôr Portugal a Produzir, ou seja, fazer com que o mercado financeiro servisse a economia e não o contrário!

"Timing" encavacado

Claro que os calhordas (nós?!) não estão mesmo a ver que tudo isto teve um timing (é mais bem-falante que horário...). Um horário encavacado.
Até a escolha de Catroga para negociador não foi por acaso. E só não foi a dra. Manuela porque teve aquele período falhado em que andou pelas presidências do partido deles a destempo e com destempero por completa falta de jeito para aquilo. Mas, sem o malbaratado prestígio de negociadora pelo seu crédito na direcção-geral de finanças, teria sido uma boa carta.
Mas Catroga, da cavacal equipa (como é que ele se conseguiu "limpar" do Loureiro do BPN e do Lima das limas e outros sem ficar encavacado?!), também foi trunfo.
Ele é um verdadeiro maquiavel-de-trazer-por-Boliqueime, que nem se queima com os 10 anos de 1º ministro a anteceder esta situação.
A ver vamos...

segunda-feira, outubro 25, 2010

A negociação dos calhordas, perdão, dos Catrogas

Sim, porque calhordas não são eles, calhordas querem eles que sejamos nós ao acreditar que aquilo é uma negociação.
Aquilo é, porque foi e continua, uma grande encenação.
Sou eu que sou desconfiado e estou sempre contra tudo?
Não! Isto é, desconfiado sou e não me/nos faltam razões para isso por mais que a memória tenha falhas, mas contra tudo não estou/estaríamos porque não estou/estaríamos se houvesse coisas que fossem no sentido de corrigir rumos, de alterar políticas, se algumas das nossas propostas fossem consideradas. Ainda que, evidentemente, não fosse já o rumo e as políticas que acho/achamos que deverão vir a ser.
Negociação é isso, unidade é isso, é estar em desacordo e, a partir da relação de forças diferentes, contrárias, e, com primordial importância para a força do esclarecimento, para o sentir das pessoas (sim, das pessoas!), chegar-se a acordos.
Acordos precários, temporários, como tudo é. Mas nunca neste caminho, nunca com estas encenações para serem vistas pelos que, tomados por calhordas pelos catrogas, vão ter que suportar os custos das políticas de que são, sempre, as vítimas, enquanto os responsáveis pelos "excessos" ganham prémios de boa gestão, salvo algumas excepções para ajudar à encenação global.
De qualquer modo, vou "ouver" os noticiários das oito porque "isto" tem de ser acompanhado!
____________________________
calhordas, s.m. - homem sem cotação; biltre; patifório.

As palavras são armas, como tu dizes

No seu "blog", Cid Simões publicou um texto, com o título aos vacilantes, que muito gostaria de ter aqui, neste canto. Por isso, aqui trago.
Leiam, se fazem favor.
Não vacilem!

Reflexões lentas e ao retardador

Numa troca de… nem-sei-que-lhe-chamar… (talvez de opiniões) em que me deixei envolver sobre o Prémio Nobel da Paz (PNP) deste ano, acabei por deixar cair uma questão que levantei, nada me convidava a continuar a “conversa” mas a questão ficou a circular pelas minhas reflexões
Ela pode referir-se como sendo a das “razões chinesas”. E, embora pareça questão ao lado da da atribuição do PNP, as razões (ou melhor: a estratégia e os critérios) que levaram à sua atribuição tinham de levar às “razões chineses” porque o que subjaz na escolha é não a paz e acordos entre Estados (e outros itens do critério de atribuição) mas a dissidência enquanto direito humano e a sua repressão na China. Por isso, quais as razões (se assim me consentem que diga…) que a China tinha para reprimir a dissidência de Liu Xaobo.
Desde logo, não concedo que toda a dissidência e toda a maneira de a manifestar sejam direitos intocáveis por fazerem parte do direito à liberdade, e este ser um absoluto, ou até o direito.
Um homem tem o direito de pensar que o seu país, a comunidade em que nasceu e vive deveria ser uma colónia de um outro grupo de países com poder colonizador, e que o deveria ser per omnia secula seculorum ou por tantos séculos quantos os necessários (a acrescentar aos séculos de colonizado que já teve) para assimilar o sistema que nesse grupo de países vigora… com todo o vigor e como se fosse o fim da humanidade (incluindo, portanto, países colonizadores e países colonizados).
E não só um homem tem esse direito de assim pensar, como tem o de o afirmar, mas terá o direito de o manifestar de todas as maneiras? Como a de se colocar ao serviço desses grupo de países colonizadores, chamemos-lhe metrópoles, a de utilizar e ser utilizado pelos poderosíssimos meios de que as metrópoles dispõem, em desafio descoberto e encoberto ao que o seu próprio país parece querer, libertar-se de laços coloniais e da miséria que estes provocaram e ainda provocam a milhares de milhões de compatriotas seus?
Para não gastar muito mais cera, para a concretização desse seu sonho, Liu Xaobo, como li, por exemplo em “Réseau Voltaire”, tem agido continuadamente desde 1988, como o mostrou em entrevista a um jornalista sueco em 2006, em que “celebrou a guerra estado-unidense para exportação da democracia para o Iraque, estando-se em presença de um personagem que, contra o seu país invoca directamente o domínio colonial e indirectamente a guerra de agressão; é um sonho que lhe vale, ao mesmo tempo, a detenção em prisões chinesas e o Prémio Nobel da Paz”.
Dir-me-ão, e pertinentemente, que mais escandalosa foi a atribuição do PNP a Obama no ano passado porque, por mais que haja quem o queira mostrar como um campeão da Paz, continua a ser, e sem tréguas, a imagem da guerra que se faz e exporta. No entanto, o que a atribuição deste ano provoca são outras reflexões, não as da atribuição do prémio a quem se considera poder merecer “prémio” contrário pelo que não fez pela Paz e pelo que continua protagonizar como Guerra (porquê, se ainda não, se tem intenções de seriam outras questões), mas a atribuição do prémio por critérios e razões colaterais aos da criação e ao título que ele tem.

domingo, outubro 24, 2010

ISSO DE SER ex-PCP

1ª questão prévia: este isso de ser ex-PCP não é uma reedição do isso de ser ex-comunista.
2ª questão prévia: eu acho que isso de ser ex-comunista deveria implicar isso de ser ex-PCP porque não aceito (porque é muito perigoso) isso de nunca se ter sido ou ter deixado de ser comunista e continuar a ser PCP.
3ª questão prévia: há quem não ache o que eu acho, mas, desta feita, já não acho isso muito bem porque se está a querer mostrar ser uma coisa que já se não é.
4ª questão prévia: esta condição de ser isso de ser ex-PCP não pode ser confundido (a começar pelo próprio) com ser aquilo de ser anti-PCP e anti-comunista.
5ª questão prévia: há quem seja isso de ser ex-PCP e continue a considerar-se isto de ser comunista (o que complica um bocado as coisas… sobretudo para quem assim se considera as duas coisas).

Isso de ser ex-PCP pode ter acontecido de várias formas.
Suponhamos alguém que era do PCP de corpo e alma inteiros e, ou se cansou, ou se desiludiu, ou não aguentou a pressão (que é muita, podem acreditar os que não passaram por aqui), ou teve uma paixão daquelas-que, e resolveu deixar de ser do PCP, embora continuando, dentro de si, a dizer(-se) que nada mudou, que continua comunista embora ex-PCP.
Suponhamos alguém que era do PCP por razões pessoais que não as de ser e/ou sentir-se (o que não bem o mesmo…) comunista deixou de ter essas razões.
Suponhamos alguém que era do PCP sem cálculo (de razões suas, pessoais) mas sem o ser de corpo e alma inteiros, isto é, não a sua pele mas uma camisa vestida e assumida, que foi maltratado por outrem do PCP (que talvez lá estivesse só de passagem…) ou até pela própria organização do colectivo (pois, como todos, é formado por seres humanos, e erra!), e tanto sentiu o mau trato que resolveu despir, talvez provisoriamente, a camisa.
Estes são casos recuperáveis (quanto à situação…). Por se terem sentido centrifugados, têm condições (subjectivas) de vir a dimensionar o que lhes aconteceu e… centripetar-se. Mas é difícil, porque é uma revisão muito só e as ajudas são difíceis, embora uma seja indispensável: a de não se fecharem portas!
De todas as formas por que tenha sido, isso de ser ex-PCP não deveria ter a consequência de ser também anti-PCP e/ou anti-comunista. … e ter raiva a quem o continua a ser
Mas tudo isto decorre do cruzamento de condições objectivas e de condições subjectivas que, como se sabe, estão sempre a mudar.
Uma última questão (não prévia e não póstuma): Sendo isso de ser comunista e, por isso, isso de ser do PCP, gosto de lanchar, conversar, conviver com muitos que não o são (o que não aconteceria se fossem anti-comunistas e anti-PCP), e não tanto com alguns que são isso que eu sou.

De hoje a um mês, 24 de Novembro

A efeméride a fazer:

Coisas que me passam pela cabeça

(Num outro "canto" mais reservado, de vez em quando "posto" coisas que me passam pela cabeça, algumas que ficam por toalhas de papel dos restaurantes das vizinhanças. Esta foi uma delas e, ao nela tropeçar na passagem, pareceu-me oportuno trazê-la, revista e actualizada, para este "canto" mais visitado:)

... e então Marx disse: a religião é o ópio do povo... acabe-se com a religião!
Vai daí, Lenine fez o decreto e Staline pô-lo em execução (já vão dizer: executou-o!... 'tou mesmo a ver...).
(é para lembrar isto que servem os anónimos!)
.
Entretanto, o "Ser Supremo" reagiu e entrou na luta de classes. Com a ajuda de Keynes, e este com o argumento de que era preciso manter a procura efectiva, pôs os desempregados a construir estádios ao lado das basílicas (nalguns casos no sítio das ditas) que ninguém sabia para que serviam mas, ao 7º dia, em vez de descansarem, os dois inventaram o futebol.
Os desempregados passaram a ir "à bola" gastar o chorudo subsídio de desemprego. Isto enquanto o "Ser Supremo" (agora com o heterónimo de "Os Mercados") não inventa outro ópio que este já tem os dias contados, isto é, os estádios vazios.
Cá pelo rectângulo ibérico, para nos fazer crescer a auto-estima por ele, o Sócrates (con)sagrou-se o Primeiro Ministro dos Maiores Mentirosos (1º MMM), com direito a lugar no Guiness (pretinha e não muito fresca, se faz favor!). Do mesmo lado, o Passos (de) Coelho anda de roxo (ou de rojo?) na procissão dos ditos, com os olhos no chão à procura da responsabilidade que parece que perdeu e da maturidade que nunca teve (isto é o que dizem os "outros" Silvas Pereiras...).
Por fim - como podia ter sido no princípio, mas este fica para o verbo -, também há quem diga que o doutor Cavaco, de sobrenome Presidente da Silva, se atirou ao mar salgado quanto do teu sal são lágrimas de Portugal.
.
Desculpem lá qualquer coisinha...
A culpa é dos
anónimos anónimos.
E vivam os Jerónimos!
Mas não o Mosteiro, os
de Sousa.

Domingo, 24 de Outubro de 2010, fixem este dia!

Hoje é um dia efemérico!
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Hoje, 24 de Outubro de 2010, é o primeiro domingo em que, em Portugal, grandes superfícies, mega-lojas, essas catedrais do consumo, esses espaços que substituem os jardins e outros locais onde se passeavam os desempregados e os reformados jogavam as cartas, vão também abrir o dia inteiro ao domingo. Até à meia-noite… porque depois da meia-noite já é amanhã, isto é, segunda- feira.
A coberto de legislação aprovada, e com o aviso de 24 horas às câmaras municipais, começa hoje um novo ciclo de vida para muitos portugueses.
Vai ser uma festa! Vão-se criar imensos postos de trabalho, e há mesmo o receio que não haja desempregados que cheguem…
Quanto a horários de trabalho, pagamento suplementar por trabalho em fim-de-semana e velharias dessas é melhor esquecer. Isto dizem eles…
E lembrar-me eu das lutas que houve no começo dos anos 70, aproveitando o dec.-lei 49.212 (se me não engano) marcelista, para o encerramento das lojas ao sábado à tarde em nome do fim-de-semana em lazer e em família. Também para os então chamados caixeiros!

sábado, outubro 23, 2010

Poemas cucos (e outras coisas cucas) - 28

Hoje é um "poema cuco" especial. "Inspira-se" no Expresso, em Cavaco Silva (vejam lá...) e em Fernando Pessoa, na pessoa propriamente dita.


"Roubado" a

Fernando Pessoa

.
Ó mar salgado, quanto do teu sal
são lágrimas de Portugal!
Por não te cruzarmos, quantas mães choram,
quantos pescadores já não pescam!
Quantos recursos estão por empregar
por teres deixado de ser nosso, ó mar!

Valeu a pena? Para uns, valeu muito a pena,
porque esse stêm a alma tão pequena.
Nem sequer querem saber se é dor
o que sentem os que sofrem da economia o horror.
Lembra-se do mar o Cavaco, aquele que entristeceu
com o que o império (e ele próprio) entreteceu.

Associação Iuri Gagarin e ISEG

Pois lá irei ao "velho Quelhas" do "meu" ISCEF. Com todo o gosto e alguma(s) nostalgia(s).
Ver aqui

ISTO DE SER do PCP…

1ª questão prévia: este isto de ser do PCP não é uma reedição do isto de ser comunista.
2ª questão prévia: eu acho que isto de ser comunista implica isto de ser do PCP.
3ª questão prévia: há quem não ache o que eu acho, e acho isso muito bem.
4ª questão prévia: há quem seja isto de ser do PCP e não seja isto de ser comunista (o que complica muito as coisas…).
5ª questão prévia: basta de questões prévias.

Isto de ser do PCP, para mim, decorre de isto de ser comunista. Ser-se comunista implica, como já disse ser a minha perspectiva, sê-lo em colectivo, com organização, estatutos, disciplina e luta contínua.
A organização só pode ser o Partido Comunista (e se o comunista é português) Português; os estatutos são as regras por que se regem os membros da organização; a disciplina é o respeito por e o cumprimento dessas regras; a luta contínua é a assunção e prática de tarefas que o colectivo organizado e com estatutos atribui a cada um dos seus e a todos, no quadro histórico da luta de classes.
No caso do PCP, o partido dos comunistas portugueses criado em 1921, há estatutos que o colectivo aprovou e vai mudando quando, como colectivo e em Congresso, entende dever fazê-lo, tem um Programa idem, idem, aspas, aspas, e tem uma declaração programática que idem, idem, aspas, aspas.
Define-se como sendo o partido da classe operária e de todos os trabalhadores, tem uma base teórica, o marxismo-leninismo, e uma forma de organização, o centralismo democrático, que é a de ser democrática na discussão e tomada de decisões e ter uma direcção única sem aceitar constituição de tendências e fracções. A base teórica apela ao estudo permanente (aprender, aprender, aprender sempre), num ambiente cultural que se pretende abúlico, e o centralismo democrático é muito exigente no equilíbrio entre a prática democrática e o centralismo da direcção, num contexto político eivado de preconceitos e conceitos distorcidos e esvaziados.
O PCP coexiste com o sistema contra que luta, em todas as frentes, e que pretende substituir.
É assim que o vejo, como colectivo, e tenho perfeita consciência que não há unanimismo, que há permanentes riscos de sectarismo e de centrifugações, de transfusões e de "transfugações". Por e para tanto deve existir sempre, em cada um dos seus membros, vigilância revolucionária a começar por si próprio. Com a certeza das fragilidades e fraquezas de cada um.
Não é fácil… mas é exaltante!

No beco da má fama?!

Isto é um autêntico massacre. É verdadeiramente avassaladora a pressão informativa para que o tele-ouvinte entre no beco, e se convença que o beco é o mundo.
Não podemos ter qualquer dúvida que vivemos em capitalismo. Em capitalismo na sua fase imperialista, com o seu funcionamento orientado para a acumulação do capital na forma de dinheiro.
Não será esta a terminologia, claro, mas ninguém pode negar que a economia é dominada pelos grupos financeiros que têm uma cupidez cega, que os “off-shore” existem, que há “banditismo bancário” (expressão de J. Ziegler), que há uma rede de solidariedade/sabotagem prestamista (o BCE a emprestar aos bancos privados a 1% e a não emprestar aos Governos) que os juros que são cobrados aos Estados são determinados por umas entidades fantasmagóricos que elaboram pareceres que lhes são pagos por quem lhos encomenda para que sejam assim, que se privatiza tudo quanto é público e possa dar lucro e que se pretende acabar com tudo o que é público e não dê lucro privatizável, que "o público" apenas serviria para parcerias público-privadas para distribuir pelo público (por todos) os custos e para privatizar (por uns poucos) as receitas. Tudo isto (e muito mais) se sabe. Porque não há maneira de o esconder!
Mas… não haveria mais mundo para além deste beco! Quer no tempo, quer no espaço. Viveríamos neste mundo de fatalidade. Único, e estação final da humanidade, apenas com uns recantos onde não será assim, mas de que se faz o retrato muito pior que o do beco, de total falência, de miséria, de impossível sobrevivência, em violento estertor esmagando as liberdades individualíssimas e a paz.
As 24 horas da informação nossa de cada dia, os sessenta minutos televisivos de cada hora têm uma finalidade: convencerem-nos de isto!, que é assim e que é tudo.
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Neste palco rectangular à beira do Atlântico com esquina para o Mediterrâneo, há uma encenação monumental. Um grupo de banqueiros (e parceiros) que excursiona a dizer, pela calada ou em medida sonoridade, como-deve-ser-feito, uma equipa de conceituados técnicos seleccionados a fazer coro em naipes o mais díspares possível cantando "não há senão o beco", dois protagonistas à boca de cena (em trabalho precário, claro…), por vezes em funambulismo de grande e dramatizado risco, com umas segundas figuras e uns figurões de primeira a contracenarem (ah!... e um actor com linguajar ilhéu, entre faz-tudo e bobo da corte, a dizer como se estivesse sóbrio umas coisas que ninguém se atreveria a dizer mesmo que estivesse bêbado)
Sempre – todos! - com o grande cuidado de controlar a informação para se dar da realidade o que se quer que seja a imagem da realidade, e para evitar que tenha som, eco, credibilidade, o que possa sequer fazer vislumbrar que há mundo e vida e futuro para lá do beco. Que há alternativa! O Socialismo. O que merece o nome e não este de pacotilha.
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Isto, evidentemente, no meio do maior respeito pelas liberdades individuais… mas, se for preciso, também isso se revê como alguns sinais nos avisam e a história passada (que nunca se repete mas se helicoideia) nos ensina.

sexta-feira, outubro 22, 2010

Exame de admissão a 1º ministro e ministro das finanças(*)

Teste de fracções, isto é, numerador, denominador, resultado
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1. Suponha V.Excia. um bolo. Vai V.Excia. ter de o dividir em fatias.
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O bolo é o numerador e é fixo, o número de fatias o denominador.
Se V.Excia. quiser repartir o bolo em 4 fatias iguais (não se assuste V.Excia., isto é apenas um exercício) tem de dividir 1 por 4;
no entanto, se V.Excia. quiser dividir o bolo por 3 fatias, terá que dividir 1 (mantendo-se o bolo igual) pelo denominador 3.
Está V.Excia. a acompanhar?
A questão que se coloca a V. Excia. é a seguinte:
Em que caso é que a fatia que cabe a cada um é maior?
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2. Aplique este caso a uma outra situação em que o numerador, imposto do exterior (de quem manda em V.Excia.) é o défice orçamental e o denominador, que se pressupõe depender de V.Excia. e das suas políticas, é o PIB.

Que deve acontecer a este, ao denominador, para que o resultado – percentagem do défice orçamental em relação ao PIB – diminua? (**)
____________________________
(*) - Os Excelentíssimos candidatos (candidato tem direito a estatuto e protocolo de excelência) a 1º ministro são dispensados de prova escrita e a oral pode ser feita por telemóvel e ao domingo.
(**) - O facto do PCP dizer que é preciso, que é urgente, pôr Portugal a Produzir não deve influenciar a resposta de V.Excia.

AQUILO DE SER ex-comunista…

Ser ex- já é bom, porque se foi e porque se deixou de ser, isto é, foi-se duas vezes e está-se em condições de passar a ser uma terceira vez (ou mais). É de ser!, e só não se diz é de homem! porque também há mulheres que são ex-.
(Aliás, lembrei-me agorinha de um companheiro de viagem do paquete Moçambique - viagem de fim de curso a Angola, em 1958 - que me deu um cartão de visita com o nome dele e, por baixo, ex- seguido de várias “qualidades”, até à última de ex-passageiro do paquete Moçambique.)
Fechado o parênteses, melhor que ser ex-, assim sem mais nada, é ser ex-comunista. Isso é que é. Desde logo, é atestado de maturidade… e de “ter escola”, de ter aprendido onde se aprendem coisas que, depois, nunca se desaprendem todas, embora se ponham ao serviço do contrário da finalidade para que foram aprendidas.
Nem todos os ex-comunistas são iguais. Claro que não. Nunca alguém é igual a outrem. Mas é uma enorme qualidade comum de vários.
Há os que são ex-comunistas porque nunca foram comunistas mas viram no fazerem de conta que o eram uma oportunidade. E como não deu, deixaram de ser o que nunca foram.
Há os que são ex-comunistas porque se desiludiram, isto é, não eram comunistas por o serem mas porque tinham ilusões, que é coisa que os comunistas não podem ter.
Há os que são ex-comunistas porque ficaram “órfãos” da União Soviética, ou seja, tinham uma ideia de que ser comunista era estar ao lado, a par de uma certa realidade que seria inevitável vencedora de um confronto e que, naquele tempo histórico, o perdeu. E como tinham uma curta medida para o tempo histórico, ou seja lhes faltava substrato histórico/ideológico… recusaram a orfandade.
Ah!, há tantas maneiras de se chegar a ex-comunista. Não posso referir todas. Nem as muitas que conheço (de ginjeira…). Mas não quero deixar de deixar referência aos que, antes de serem ex- definitivos passaram por ser ainda mais comunistas do que o eram, achando errada a maneira como o eram aqueles que o eram e continuam a ser. Quase todos desistiram depressa e passaram a ex-comunistas; alguns, passaram depressa a ex-comunistas e em acumulação com serem outras coisas, até "subirem" a deputados, secretários de Estado e ministros. E de tão ex-comunistas são mais anti-comunistas que os anti-comunistas. São vidas!
Ah! e há ainda os ex-comunistas que se recusam sê-lo porque seriam, isso sim, os únicos comunistas, os mais que todos, puros, únicos e intransmissíveis, sozinhos ou em grupinho, e que o são sempre ao ataque aos que os são em colectivo, com estatutos, organização e luta contínua.

As eleições no Brasil

Porque há outras posições e testemunhos, aqui deixo, a título estritamente pessoal, estes testemunhos de três homens que muito admiro:

Já chega!

Basta!

Terei chegado ao meu ponto de saturação (embora me pareça que estamos TODOS muito cansados) com a entrevista de ontem do ministro das finanças a Judite de Sousa.
E havia quem nos acusasse a nós de “cassete”! Este episódio (em sucessivos episódios) dos “mercados”, do FMI & Cia.,Lª., do OE-rapa-tira-põe-e-deixa, do voto-nãovoto-viabilizo-nãoviabilizo-responsávelsoueu-irresponsáveléstu, é muito mais que uma "cassete", é um DVD ou uma "pen" ou algo mais moderno com uma capacidade aparentemente inesgotável tantas as mega-gigas (ou lá o que é) que contém.
Ontem à noite deu-me a fartura. Mas, antes, ainda fiz umas contas, embora já um tanto perturbado:
  • Se o objectivo absolutamente inquestionável é o de 4,6% de défice orçamental,
  • como o défice orçamental é um cociente saldo do orçamento/PIB,
  • como na previsão orçamental o crescimento do PIB é de 0,2% (em que ninguém acredita),
  • se em vez de 0,2% for -2%, e tudo o resto mantiver igual, quais as consequências?
    Em vez do défice ser de 4,6% passará a ser de 4,703%, e lá se vai o inquestionável objectivo!

Mas se, em vez do crescimento do PIB ser o que se diz previsível neste rumo das políticas, aumentasse 2% por efeito de se Pôr Portugal a Produzir, o défice – com tudo o resto igual –, em vez de ser 4,6% do PIB seria de 4,519%... e os “mercados” ficariam mais tranquilos (como “eles” dizem)

Isto é apenas num exercício com fracções, por mera alteração do denominador. Mas elucidativo, acho eu ... enquanto acho coisas.

Informação

Debate :

ver... e ouvir

quinta-feira, outubro 21, 2010

Agressões aqui para ganhar votos ali

Tive de ver na televisão. Muitas vezes...
É uma manobra conhecida.
Aqui, em Portugal, também se praticou essa modalidade.
Assim, à distância, a agressão a Serra, durante a campanha presidencial brasileira, no Rio de Janeiro, parece mesmo que é para ganhar votos em S. Paulo!

Querem falar da Venezuela?

Então falemos:

A FAO, Organização (das Nações Unidas) para a Alimentação e Agricultura, diz que a Venezuela «Se continuar assim, vai poder anunciar ao mundo, no ano de 2015, que superou amplamente um dos "Objectivos do Milénio", estabelecidos pela ONU, (um) direito fundamental, de algo inerente à condição humana e ao bem-estar, de uma necessidade fundamental».

«... quase 5 milhões de pessoas comem gratuitamente» e, desde a revolução bolivariana, a taxa de pobreza foi reduzida de 17,1%, em 1998, para 7,9% em 2008.

E, a propósito, fale-se também das centenas de milhões dos chineses que estão a sair dos níveis de miséria, de fome, de pobreza.

Mas, a propósito ou não, do que se vai falar é do Prémio Sakarov para um dissidente cubano, não porque é disidente, não porque fez greve da fome, não porque se trata de direitos humanos... mas porque é cubano.

Opções! De classe.

Da leitura durante o almoço...

Cada um lê (deveria ler...) o avante! "à sua maneira".
Eu, às vezes, começo a lê-lo enquanto almoço. Foi o caso de hoje. Comecei pela última página, pelo a talhe de foice, a cargo, neste número, da Anabela Fino. Hesito: o que Soares escreve é patético ou pateta? Ou melhor: quer fazer de nós patetas paradigmáticos?

Passo para a página 4, para o actual.

Los 33, da Margarida Botelho, sobre os mineiros chilenos, é aquilo tudo!... ou quase tudo porque não tem a referência (não podia ter tudo) à falta de segurança prevista e prevenida que pôs em risco aquelas vidas. Isto chega a ser assustador!
Linha do frete, do João Frazão: grande título e acertada (porque bem no alvo) denúncia relativa a essa capciosa argumentação do desemprego voluntário e por culpa dos subsídios.
Ele há crise... e "crises", do Aurélio Santos: sobre "o poder oculto do capital financeiro internacional" e com um "grand final", «Vem depois o 1º ministro dizer que "não há alternativa"! Ele sabe que há.» Nós também! A questão é como fazer sabê-lo aos que não o sabem e a têm nas suas mãos!

Bom dia! há-de ser melhor que o de ontem...

No final do dia de ontem, tomei umas notas… e um sedativo forte. Foi um dia de(s)masiado!
Enquanto procurava trabalhar noutras coisas, pensar noutras vidas, até porque nada (ou pouco) me obrigava a sair desta secretária, fui apanhando, ali no canto da pequena televisão, com o Passos de Coelho a dar sempre a ideia que o passo é maior que a perna, o debate sobre o salário mínimo (ai! as barbaridades que lá se disseram… e sem lá estar alguém do governo), a Dona Alçada e seus secretários de Estado (porque será que os S.E. da Educação são sempre aqueles cromos inenarráveis?), o Silva Pereira com aquele ar insuportável a dizer que não-é-assim-que-se-faz, os comentadores muitos…
Há mesmo dias em que não se pode ficar em casa! Ainda bem que, hoje, vou sair já (para a Universidade Sénior…)
.
Consulto as notas que tomei a acompanhar o sedativo:

Estou a ouvir dois… economistas (na Sic-notícias, às 23 e qualquer coisa)!
Não sei se recuperarei!
Tomo umas notas, vou tomar um sedativo forte, vou ler um bocado… amanhã verei.
“Em Portugal não há manifestações!”, diz um… e eu fico parvo a olhar para ele. E, bi-polar, tem todo um discurso rasteiro a alimentar aquela ideia de que a vinda do FMI até seria boa porque e porque... o que as pessoas que ouvem e traduzem – acolhendo bem – com o aspecto positivo de que, ao menos, já que é preciso cortar, cortavam a direito, nos automóveis, e seria uma razia nos motoristas (esta foi da dra. Paula do PSD em salão com a arq. Helena Roseta) e os “boys” iam à vida... Oh! que ilusões...
O outro, o convidado – que apenas analisava a situação como técnico - parecia uma enguia a esquivar-se ao ético, ao moral, ao social, mas era peremptório na idiossincrasia que afirmava ser a dos portuguesinhos sempre todos virados para a fatalidade (é o fado!).
Depois, o “economista convidado”, o da idiossincrasia e que sabe muito da horta ignorando que há outros quintais, ou tendo decidido que deixou de poder haver quando caiu um certo muro, foi substituído por um “partner” da Delloite, e parece que o destino profissional destes está assegurado com tanta confusão, diria caos, que se está instalando a exigir estudos, pareceres, “portas de saída” para quem as puder pagar agravando a situação de quem não tiver recursos para isso.
Como é que se aguenta isto? “Onde é que isto vai parar, senhor primeiro ministro”, perguntava, há dias, Jerónimo de Sousa.
Para já, uma Greve Geral!

quarta-feira, outubro 20, 2010

Ex-citações

  • Adriano Moreira, num debate – ou foi num artigo de opinião? –, disse, há uns tempos, que vivemos numa verdadeira teologia do mercado.

E eu que até sou ateu!

  • Rimbaud falou do pobre turista ingénuo que, indiferente aos horrores económicos, tremia à passagem de cavalgadas e hordas.

Turista não sou, ingénuo já deixei de ser, em nada me são indiferentes os horrores económicos.

  • Viviane Forrester, que deu a um livro seu o título de O Horror Económico, perguntava se deixará de ser útil a vida do que não dá lucro aos lucros.
Não se pode aceitar que não haja critérios diferentes para o que é diferente e, por vezes antagónico: o interesse público e o interesse privado.

O salário mínimo

Era um acordo assinado para 2011? Era! Então?
Então... assim se vê o que valem os compromissos quando são a favor dos trabalhadores:
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Lisboa, 20 out (Lusa)
-- A Assembleia da República aprovou hoje um projeto de resolução apresentado pelo PCP, recomendando ao Governo para que o salário mínimo nacional (SMN) seja fixado em 500 euros em 2011.
A recomendação (sem valor de lei) foi aprovada,
num debate em que o Governo esteve ausente, com a abstenção do PS, PSD e CDS-PP e os votos favoráveis do PCP, BE e PEV.
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ISSO DE SER anti-comunista...

Isso de ser anti-comunista tem gradações.
Há quem o seja sem o saber e que, até, se soubesse que o era, deixava de o ser. Há os viscerais, isto é, anti-comunistas com as vísceras, espumando e cheirando mal de tanto o serem, como um tal Alberto João do jardim da Madeira e um deputado espanhol do PP de lá. Entre estes graus, muitos há.
Este é o lado subjectivo.
No que respeita à objectividade (e perigosidade) do anti-comunismo, e o que leva a que ele seja promovido por todas as formas forjando subjectividades através de enormes campanhas de desinformação e deformação, bastaria escrever luta de classes. É que os comunistas, esses cidadãos iguais aos outros, não podem ser vistos como iguais aos outros, não deveriam ter os mesmos direitos, e não podem ou não deveriam porque lutam, coerentemente com a sua base teórica-ideológica, por uma outra sociedade, e para isso fazem a luta de classes – que existe porque há classes e antagónicas – do lado da classe de que querem ser vanguarda e que a outra explora.

Eis o helicoidal:


“Se a minha avó não tivesse morrido…” (provisório)

Ando há tempos à procura de uma frase que, melhor que esta, traduza a ideia do género se não tivesse sido como foi, como é que seria hoje…
Como não encontrei melhor (ainda!), vou recorrendo, com frequência, a esta “se a minha avó não tivesse morrido, ainda estaria viva!”
Melhor diria que é a frase que mais se aproxima do que traduz a reacção de alguns interlocutores quando lhes falo de tempos idos e de decisões então tomadas.
Quando, por exemplo, conto do Plano de Médio Prazo 1976-80 que jaz numa das mais fundas gavetas das secretárias do gabinete do 1º Ministro do 1º Governo Constitucional, secretáriasa onde se escreveram e bateram à máquina, depois, cartas de intenções ao FMI para este vir “sanear as finanças”. Há três décadas!
Quando, por exemplo, conto da criação do €uro (e da instalação de um Banco Central Europeu) e nos foi dito que ele abrir caminhos de estabilidade e de prosperidade,
Pela nossa parte, afirmámos que não seria assim, que não era fatal, que havia alternativas (políticas e mesmo técnicas dentro da mesma política contra a qual continuaríamos a lutar), mas o rolo compressor do capital financeiro avançou, apesar de toda a resistência. E o que é facto é hoje não é como foi dito que iria ser... Bem longe disso!
Mas quando, hoje, se quer falar disso, lembrar as previsões e as prevenções – e as alternativas de então –, traz-se logo, ensurdecedoramente, a lembrança da avó que já morreu. Quando não é da Coreia do Norte, de Cuba ou (timidamente, cá por coisas…) da China e do Prémio Nobel da Paz.
Por agora, só digo que tenho mesmo pena que a(s) minha(s) avó(s) não esteja(m) ainda viva(s)!

Só truques!

Isto é um cenário (ou uma cena!):
O PS apresenta PECs e OEs à medida dos mandantes do capital financeiro, querendo mostrar que resiste quanto pode e que só os apresenta assim, com estas medidas, porque é inevitável e que o faz com um aperto no coração e perda de sono;
o PSD (com a alcunha de “partido da oposição”), depois de mostrar que deseja e sabe dançar o tango (ou que dança for), afirma-se da oposição, faz imenso barulho - as discussões aparentemente azedam-se, e tanto que é notório que houve excessos, ofensas, ameaças, ultimatos -; como “oposição”, o PSD ameaça não viabilizar o que acabará por viabilizar, mas vangloriando-se de qualquer euro a menos que, na discussão da AR, os impostos propostos pelo PS possam vir a baixar… graças à sua "firme posição"!

terça-feira, outubro 19, 2010

ISTO DE SER comunista...

Isto de ser comunista é lixado.
E a atitude em relação aos comunistas, ou aos que é suposto serem-no, é muito interessante (quer-se dezer…). Aquele ou aquela que outros etiquetam de comunista, com acerto ou não, deixou de ser outra coisa ou passou a ser outra coisa porque.
Se lhe descobrem (ou inventam) defeitos, e pior que defeitos, logo se diz pois, é comunista!
Mas se se lhe não podem negar qualidades – ser bom profissional, ser bom chefe de família, ser bom rapaz (ou boa senhora) –, o reconhecimento incalável dessas qualidades tem de ser acompanhado de um de dois, ou dos dois, indispensáveis complementos: … apesar de ser comunista ou … apesar de eu estar em desacordo com as suas ideias (e com a Coreia do Norte, ou China, ou Cuba).

Traduções "à maneira" - 1

(…) Não se está longe de pensar que há uma religião da moeda, só acessível a iniciados. Daí a acreditar-se que a economia é assunto apenas para “expertos” vai um pequeno passo. Um passo tecnocrático que também tem adeptos entre alguns que se reclamam de esquerda. E a versão mais divulgada, e que melhor desarma o auditor inocente, é a de afirmar que a gestão da economia é apenas uma questão de crédito e de moeda.

- Se há experiência que contradiz tais ilusões ela é bem a "experiência Wilson" (Wilson foi o primeiro-ministro de governo trabalhista no Reino Unido que protagonizou a desvalorização da libra em Novembro de 1967). Seja dito, aqui entre nós, que o que não faltava ao governo Wilson eram técnicos da moeda e do crédito... e Wilson falhou. Porque uma “política de esquerda” não é só assunto para “técnicos astuciosos”, é - antes de tudo! - uma questão de escolhas económicas e sociais. De escolhas de esquerda, de que o governo trabalhista se evadiu quando era tempo de as tomar!



(de Pour comprendre les crises monétaires,

Jacques Kahn,

éditions sociales, 1969)

3 notas - esta é a 3ª

2. No seu percurso histórico, o capitalismo, depois de um arranque de crescimento e dinamismo, como é próprio da vida, qual ela seja, em que se desenvolveram as forças produtivas e a classe operária, começaram as surgir problemas, houve tropeços nas contradições, tiveram de ser dados passos atrás.
Tudo passou a ser muito mais complicado quando, a cada passo atrás que o capitalismo teve de dar por suas dificuldades ou por imposição da luta de classes, fincou o pé no chão, e o passo atrás ficou assente e apenas com a “saída” de andar… para trás. Ou de marcha atrás, ou virando as costas ao futuro.
Não se está a pretender fazer História, nem nada parecido com isso!, estão apenas a passar-se apontamentos a limpo, em que se detectam sentidos de movimentos muito complexos mas com vectores identificáveis. Aliás, há que insistir que, nos avanços e recuos da História, podem os sistemas – modos de produção e formações sociais – parar, recuar, retomar caminhos mas nada se repete e o movimento da História no seu todo é, para arranjar uma imagem, helicoidal.
Dando um salto para a frente, ou para dentro do nosso tempo tão limitado e que está a ser intensamente vivido agora e aqui, este Orçamento de Estado é um passo atrás, como o foi o PEC III, e o PEC II, e o PEC I. E agora o dilema que se quer impor é este: ou o orçamento ou o caos!
A actuação dos mandantes do poder, as suas pressões, com excursões de poder financeiro fardado de banqueiros, se despudorada, tem a virtude de ser reveladora de quem manda em quem. Os mercados, essa entidade esotérica ou eso(his)térica dá ordens aos executores que estes, cheios das suas manigâncias e cont(h)abilidades a que… eleitor oblige, executam.

3 notas - esta é a 2ª

1. Que estamos em crise, é dispensável dizê-lo. Aliás, há quem diga (e incluo-me!) que vivemos em crise porque vivemos em capitalismo e, historicamente, o capitalismo vive engendrando crise, está-lhe nos genes, como modo de produção, e como formação social porque tem uma super-estrutura correspondente. Embora todas as correspondências sejam como nos antigos selos (ainda se usam): pegadas com cuspo.
Nestes seus poucos anos de vida – é tão jovem o capitalismo!... só dois séculozinhos mais uns trocos em lustros ou décadas –, tem conseguido disfarçar razoavelmente e, às vezes, bem. Um tombo aqui, um Keynes ali, umas guerras por além, ou também locais - e por isso chamadas mundiais -, uma “guerra (que se serviu) fria” e em que mostrou artes de sobrevivência face ao perigo que chegou a espreitar.
O que, nesta hora, é de relevar é a dimensão da crise, a sua intensidade e gravidade. O excesso de monetarização da economia virou esta de pantanas. A exploração do trabalho, maneira natural de acumular dinheiro, foi-se arredondando com outras maneiras de o acumular sem se ter de produzir, repartindo e ampliando artificialmente o resultado da exploração. Está a “dar bota” porque a mais-valia criada e acaparada não dá para tudo. E a "bota" é cada vez mais difícil de descalçar porque o circuito monetário, as finanças, começaram a funcionar autonomamente, não ao serviço da economia que resulta do trabalho (vivo e cristalizado) e do que este produz, mas colocando-a, progressivamente, ao serviço da concentração e centralização do dinheiro, até a dispensando cada vez mais dessa função porque encontrou artifícios de acumular sem produzir nem trocar.
O que só adia, não tem saída, e a desorientação é enorme. Difícil de esconder!

segunda-feira, outubro 18, 2010

Lembrando declaração de voto sobre (e contra!) o €uro

Actas do Parlamento Europeu:
«SESSÃO DE SÁBADO, 2 DE MAIO DE 1998
4. Moeda única
Declarações de voto
Ribeiro (GUE/NGL). – Senhora Presidente, os deputados do Partido Comunista Português, com a solenidade que a ocasião exigiria, mas que a euforia para impressionar a opinião pública não permite, declaram que:
- o seu voto é a expressão coerente de uma posição contra este projecto, o modo como foi conduzido e os interesses que serve. Não é um voto contra a estabilidade de preços, o equilíbrio orçamental, ou o controlo de dívidas, mecanismos e instrumentos. É, sim, um voto contra a sua utilização para impor estratégias que concentram riqueza, agravam desemprego, agudizam assimetrias e desigualdades, criam maior e nova pobreza e exclusão social, diminuem a soberania nacional e aumentam défices democráticos;
- é também um voto contra a formação do núcleo duro para a Comissão Executiva do BCE, privilegiando zonas geográfico-monetárias e partilhando influência entre grandes famílias partidárias, numa evidente polarização do poder na instituição que condicionará todas as políticas dos Estados-Membros;
- após este passo, continuarão a combater os já reais e os previsíveis malefícios do projecto que integram os mecanismos e instrumentos criados. Procurarão, do mesmo modo, contribuir para que sejam potenciadas as suas virtualidades;
- lamentam, por último, que o Parlamento tenha perdido a oportunidade para se credibilizar como instituição democrática, por ter cedido à pompa e circunstância de um ritual de homologação ou de confirmação do que lhe foi apresentado.»*
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*- Em confronto, por me parecer muito significativa a vários títulos, transcrevo, também das actas, a declaração de voto dos deputados do Partido Socialista:
«Marinho, Torres Couto, Apolinário, Barros Moura, Campos, Candal, Correia, Torres Marques, Lage, Moniz (PSE), por escrito. – O euro entrará em vigor em 1 de Janeiro de 1999. É uma certeza que desmente categoricamente os vaticínios negativos que muitos faziam.
Portugal, contrariamente às previsões daqueles que não apostavam um cêntimo nas suas possibilidades, venceu, brilhantemente, todos os exames e está na primeira fila dos países fundadores, participando com orgulho neste momento, verdadeiramente crucial da história da Europa, que assim dá sinais de não querer envelhecer e declinar. Ao contrário também daqueles que arrogantemente garantiam a pés juntos que para atingir o euro seria necessário sacrificar os interesses imediatos dos cidadãos e, ao mesmo tempo, previam uma crise da produção nacional. Portugal desmentiu, nesta recta final do euro, todas as teorias académicas e ideias adquiridas: o crescimento económico do país acelerou, o nível de vida dos portugueses melhorou e a capacidade de exportar aumentou.
Tudo isto foi conseguido porque a grande maioria dos portugueses se sentem identificados com este grande projecto, porque trabalhadores e empresários souberam aproveitar a conjuntura favorável e porque, é justo dizê-lo, o Governo socialista soube combinar habilmente a expansão da procura interna com o investimento público e apostou na iniciativa privada, dinamizada pela baixa da taxa de juro. Tudo isto realizado num clima de tranquilidade social e de solidariedade de que a introdução do rendimento mínimo garantido foi o símbolo maior.
Não se pode dizer que não haverá problemas ou dificuldades. Todavia, tal como o país mostrou ser capaz de realizar as «performances» inesperadas que realizou, também será capaz de, com o mesmo espírito e dinamismo, aproveitar as oportunidades que tem à sua frente e aproximar-se mais depressa dos níveis médios de riqueza e das exigências de competitividade dos nossos parceiros do euro, com os quais encetamos esta caminhada inédita na história contemporânea. Caminho esse que não dispensa, antes exige, uma intensificação da dimensão política e social da integração europeia. A Europa política tem agora a palavra, o funcionamento democrático da União Europeia e o envolvimento dos cidadãos têm a prioridade.
Nós, que desde sempre nos batemos e sonhámos com este momento, temendo quantas vezes em silêncio que não nos pertencesse a alegria da chegada, sabemos reconhecer quem nos indicou o caminho e quem o tornou possível. Vivemos um acontecimento singular da história da Europa, um princípio e não um fim, e estamos conscientes que nesta nova etapa do projecto europeu, esta instituição, será chamada a uma maior intervenção nos destinos da Europa.»

3 notas - esta é a 1ª (as outras serão maiores...)

A. O que nos está a acontecer é verdadeiramente patético.
Quem aparentemente detém o poder por via das eleições – vivemos em democracia, porra! – avança com medidas fatais como o destino, empacotadas em programas sucessivos e orçamentos, e nem mesmo esse aparente poder (porque pode avançar com medidas) esconde o que toda a gente sabe: que elas não vão dar o resultado que é anunciado e que justifica a sua fatalidade!

Discutir o €uro?!!!!

... já que não discutiram a entrada!
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Mas jamais, evidentemente, com quem a discutiu e, fundamentadamente, a partir de critérios marxistas, mas - também! - no que se poderiam considerar meras previsões (claro que decorrentes dos referidos critérios).

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... e vou procurar a declaração de voto
dos deputados do Partido Comunista Português
no Parlamento Europeu,
no dia 2 de Maio de 1998,
para colocar numa outra mensagem.
Talvez ainda hoje...

Sobre uma ficção chamada economia portuguesa para 2011


Os últimos dados sobre as perspectivas macroeconómicas de Portugal, fornecidos pelo Ministério das Finanças na apresentação do Orçamento de Estado para 2011 (julga-se que são os últimos, sendo das 15 horas de sábado, depois de sucessivamente adiados e alterados até essa hora…) são verdadeiramente de susto.
Não só pelo que são como expressão de uma política que prossegue, anti-social, obediente a “mercados”, bancos e banqueiros, e violenta, mas também como exercício técnico.
Logo a primeira linha é falaciosa (ou deveria dizer falsa?!). O crescimento do PIB de 0,2% é – nesta estratégia que se reflecte nas outras linhas – algo em que ninguém pode acreditar, é desmentido por todas as outras fontes. Se o governo puder concretizar as medidas a que obedientemente se propõe, o PIB não estagnará mas descerá (cresce para baixo!), o que irá ainda mais agravar todas as taxas que terão o PIB como denominador e que se intentam melhorar: o défice, a dívida.
As duas linhas seguintes apresentam números da maior relevância social. Segundo eles, os consumos irão diminuir, o privado 0,5% e o público 8,8 (!), sendo este, além de um dos dados que o governo pode directamente determinar, verdadeiramente assustador (e provocará a queda do consumo privado, pois não se pagando aos funcionários as famílias não consomem), e isto resultará da quebra do investimento em 2,7%, pois o Estado não investirá e os investidores significativos andam por outras "praias de fora", e aqui não investem nem pagam impostos com o pretexto de que, se tivessem de pagar, não ficariam cá… onde não ficam!
Daqui, resultará a quebra da procura interna em 2,5%, mais umas facadas no sr. Keynes que salvou a economia capitalista com aquela coisa da procura efectiva, agora transformada em desefectiva porque deixou de haver oferta e procura... e só há “mercados”!
As duas linhas seguintes são de sinal contrário. A das importações tem de mostrar descida e a das exportações tem de mostrar subida e significativa. Só que, se se podem impedir as importações, não se vê como conseguir concretizar aquele volume de exportações se os actores que o podem fazer estão na “mesma onda” de dificultar as suas importações.
Tudo isto, em resumo, quer dizer (por outra ordem) que:
  • Não se investe,
  • pouco se produz,
  • dificulta-se a importação,
  • não se consome,
  • exporta-se o que for possível, desde que se consiga encontrar quem importe.
Em complemento:
  • A taxa de desemprego continua a subir, ou até dispara,
  • não se resolve o problema do endividamento, até se agrava!

O que vale é que tudo isto (e não a economia portuguesa) é ficção se nós quisermos e pusermos Portugal a Produzir!