Os últimos dados sobre as perspectivas macroeconómicas de Portugal, fornecidos pelo Ministério das Finanças na apresentação do Orçamento de Estado para 2011 (julga-se que são os últimos, sendo das 15 horas de sábado, depois de sucessivamente adiados e alterados até essa hora…) são verdadeiramente de susto.
Não só pelo que são como expressão de uma política que prossegue, anti-social, obediente a “mercados”, bancos e banqueiros, e violenta, mas também como exercício técnico.
Logo a primeira linha é falaciosa (ou deveria dizer falsa?!). O crescimento do PIB de 0,2% é – nesta estratégia que se reflecte nas outras linhas – algo em que ninguém pode acreditar, é desmentido por todas as outras fontes. Se o governo puder concretizar as medidas a que obedientemente se propõe, o PIB não estagnará mas descerá (cresce para baixo!), o que irá ainda mais agravar todas as taxas que terão o PIB como denominador e que se intentam melhorar: o défice, a dívida.
As duas linhas seguintes apresentam números da maior relevância social. Segundo eles, os consumos irão diminuir, o privado 0,5% e o público 8,8 (!), sendo este, além de um dos dados que o governo pode directamente determinar, verdadeiramente assustador (e provocará a queda do consumo privado, pois não se pagando aos funcionários as famílias não consomem), e isto resultará da quebra do investimento em 2,7%, pois o Estado não investirá e os investidores significativos andam por outras "praias de fora", e aqui não investem nem pagam impostos com o pretexto de que, se tivessem de pagar, não ficariam cá… onde não ficam!
Daqui, resultará a quebra da procura interna em 2,5%, mais umas facadas no sr. Keynes que salvou a economia capitalista com aquela coisa da procura efectiva, agora transformada em desefectiva porque deixou de haver oferta e procura... e só há “mercados”!
As duas linhas seguintes são de sinal contrário. A das importações tem de mostrar descida e a das exportações tem de mostrar subida e significativa. Só que, se se podem impedir as importações, não se vê como conseguir concretizar aquele volume de exportações se os actores que o podem fazer estão na “mesma onda” de dificultar as suas importações.
Tudo isto, em resumo, quer dizer (por outra ordem) que:
- Não se investe,
- pouco se produz,
- dificulta-se a importação,
- não se consome,
- exporta-se o que for possível, desde que se consiga encontrar quem importe.
Em complemento:
- A taxa de desemprego continua a subir, ou até dispara,
- não se resolve o problema do endividamento, até se agrava!
O que vale é que tudo isto (e não a economia portuguesa) é ficção se nós quisermos e pusermos Portugal a Produzir!
4 comentários:
"Como são funestas as alianças com os capitalistas".
"Um governo que tome medidas contra o povo, deve ser considerado como seu inimigo, como um governo que merece ser derrubado e esmagado pela insurreição das classes trabalhadoras". Lenine, set. 1917.
Não causa surpresa que os actuais discursos de J. Sousa e C. Silva sejam já, um grande enjoo para quem os ouve. Eles, nunca estudaram Lenine e por isso se revelam tão limitados.
Discutir o Euro?! Talvez... quando for mesmo mau, mas para todos. Por agora ainda há muita gente a ganhar muito com ele...
Abraço.
Que quadro tão preocupante sobre o estado da economia no nosso país!!!!!
Um beijo.
O que é preciso é produzir.
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