sexta-feira, janeiro 28, 2022

O NOVO Governo do Chile

 Quando, há 50 anos, havia em Lisboa um pedaço de chão livre e fraterno, a embaixada do Chile

Quando, a 11 de Setembro de 1973, se teve a notícia - em Paris - do golpe Pinochet

Quando, nesse Setembro sombrio, se soube do assassinato de Victor Jara,
das mortes de Allende e de Neruda

Quando, um ano depois, se acompanhou, aqui, um jovem chileno a fugir do seu Chile em-sangue

Quando, dois anos depois, se teve o privilégio de trabalhar com ex-ministro da Agricultura do Chile, David Baytelman, na OIT, para um boicotado plano de médio prazo (1977/80) de emprego e necessidades básicas, para Portugal

Quando tudo se recorda, isto e muito mais..., esta notícia aquece o inverno frio,
dá força ao corpo cansado


no avante!  
... onde mais?!










Camila Vallejo
porta-voz e secretária geral
do Governo do Chile

quinta-feira, janeiro 27, 2022

O MANDA CHUVA - Janeiro

 Cinquentenário do 







Quando a PIDE, pelos seus serviços, ou por alguns informadores prestimosos, se apercebeu de que a Prelo Editora, SARL, distribuíra  a publicação O MANDA CHUVA, resolveu intervir.

Para começar, apreendendo a edição. Para o que enviou dois agentes de uma brigada à sede da editora. O chefe da brigada ter-lhes-á dado a ordem, com aquele jeito "carinhoso" de chefe de brigada: "Vão à sede da Prelo e apreendam o manda chuva, já!" (... em Fevereiro continuar-se-á o contar...)



O MANDA CHUVA - cinquentenário - 1

À "boleia" de tantos centenários (do PCP, da Seara Nova, de Vasco Gonçalves e de tantos outros que mereceriam referência) lembra-se um cinquentenário, em que tivemos participação directa (e ainda... cá andamos): o cinquentenário de O MANDA CHUVA

Na Prelo Editora, onde procurávamos ser resistência ao fascismo e à guerra colonial, alguns de nós - com menos 50 anos que hoje! - lembraram-se de assinalar o ano de 1972, proclamado o ANO INTERNACIONAL DO LIVRO, pela UNESCO, com a edição de uma publicação à semelhança do Borda d'Água, essa simpática e sempre presente publicação (há mais que os tais 50 anos!). Com o apoio do Viriato Camilo, e o incentivo de Fráguas Lucas e de outros amigos que já..., a equipa formada por Blasco Hugo Fernandes (também já...), Carlos Carvalhas, Manuel Augusto Araújo e o-deste-blog (que ainda...) lançou-se ao trabalho e, aproveitando o ficheiro da editora (e assinantes da revista PE/EP-política económica/economia política), lançaram uma edição de 5.000 exemplares, que teve, então, algum sucesso e justificou uma segunda edição de mais 6.000 exemplares.

A PIDE não gostou nada da graça! (já se irão contando as consequências, com a publicação, aqui, página a página) 



sábado, janeiro 22, 2022

No centenário de VASCO GONÇALVES-2

continuação


 













No centenário de VASCO GONÇALVES-1

 Do quase-diário:

22.01.2022

 Em devido tempo, que há muito foi, recebi esta informação-convite

da ACR (Associação Conquistas da Revolução), a que gosto de chamar Associação Vasco Gonçalves por, para mim, este nome simbolizar o período em que tantas conquistas houve.

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De imediato me decidi a ir a Lisboa nesse dia, visitar os netos e participar na iniciativa.

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Mas o homem põe e a idade, os quilómetros, os riscos da pandemia e outras coisas.. dispõem, e acabei por não ir.

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Recebi, ontem um mail da ACR onde se diz que a iniciativa se realizou e correu bem, e que ”… foi dado conhecimento a 498 órgãos de comunicação social (Tvs, Rádios, Semanários e Jornais). Infelizmente, com vai acontecendo, nenhum participou nem nos contactaram”.

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Ao pesar por não ter podido ir, juntou-se a indignação que é, para mal dos nossos pecados, permanente mas que tem picos que obrigam a moderar a linguagem embora exijam… informação.

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Vou, depois deste “post” de desabafo, publicar a intervenção de Avelino Gonçalves que foi, !, o primeiro Ministro do Trabalho no 1º Governo provisório depois do 25 de Abril de 1974.

sexta-feira, janeiro 21, 2022

Toda a vigilância é pouca

  - Nº 2512 (2022/01/20)


A lira do capitalismo


Opinião

Reza a lenda que o Imperador Nero tocava lira enquanto Roma ardia. Dois anos de pandemia «viram os rendimentos de 99% da Humanidade caírem e lançaram mais de 160 milhões de pessoas na pobreza», mas «os dez homens mais ricos do mundo duplicaram as suas fortunas» a um ritmo de «1,3 mil milhões de dólares por dia» (relatório sobre a desigualdade da Oxfam, 17.1.22). Para os gigantes farmacêuticos, a COVID foi um maná. O Financial Times (8.1.22) anuncia que «os bancos de Wall Street preparam-se para anunciar lucros recorde em 2021». A Oxfam explica o que é o capitalismo em tempos de COVID: «os bancos centrais canalizaram triliões de dólares para os mercados financeiros […que] em boa parte acabaram por encher os bolsos dos bilionários». Mas esta «pilhagem liberal» é também um salve-se quem puder de fim de época.

Não cabe nesta coluna a lista das guerras, invasões, subversões e provocações desencadeadas pelos EUA/NATO/UE nas últimas décadas. Mas agora acenam com uma ameaça russa ou chinesa. É como o bully na escola que se põe a chorar quando uma vítima diz basta!. Ainda é cedo para fazer um balanço das reuniões Rússia-EUA, Rússia-NATO e na OSCE, que decorreram de 10 a 14 de Janeiro. Mas o facto de ser uma iniciativa diplomática russa (que alguns apelidaram ultimato) que origina esta série de reuniões é sinal de que a ditadura planetária unilateral dos EUA que se seguiu às contra-revoluções do final do século XX enfrenta hoje uma correlação de forças mundial diferente. Que é indissociável de três aspectos fundamentais e interligados: a resistência de povos e países em luta pela sua soberania, que dá sinais de crescente convergência; o impetuoso crescimento económico de países, com destaque para a RP China, que alterou a correlação de forças económicas mundial; e a profunda crise do sistema capitalista e dos principais centros imperialistas, EUA e a UE, que agudiza todas as contradições e cria a possibilidade real de sobressaltos económicos, políticos e sociais.

A verdadeira ameaça para a paz e para os povos reside no decadente sistema capitalista que, incapaz de resolver as suas contradições, aposta cada vez mais no autoritarismo, na violência, na guerra e na sua companheira inseparável: a mentira. Permanente e cada vez mais desligada da realidade, mas veiculada de forma incessante pelo aparato de propaganda que dá pelo enganador nome de meios de comunicação social.

É real o perigo de provocações do imperialismo, que possam ser usadas para tentar justificar uma aventura militar de consequências imprevisíveis. Aquando dos Jogos Olímpicos de Verão de 2008 em Pequim, o imperialismo lançou os seus subdítos georgianos numa aventura militar que provocou a morte de vários soldados russos. Aquando dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014 na Rússia, o imperialismo lançou o golpe de Estado na Ucrânia que levou fascistas assumidos a ocupar altos cargos de poder naquele país e provocou a revolta no Donbass. Aproximam-se os Jogos Olímpicos de Inverno de 2022, que começam a 4 de Fevereiro, em Pequim. Toda a vigilância é pouca.

Jorge Cadima

quinta-feira, janeiro 20, 2022

Guerra civil nos USA?!

do quase-diário

No último sábado, neste blog, reproduzi um texto de António Santos, perguntando-me se não se estaria a exagerar:

 Nº 2511 (2022/01/13)


1861: o ano novo dos EUA

Em 1861 Henry Adams lamentava-se que «nenhum na América queria a guerra civil, nem a esperava, nem a antecipava». Na primeira semana de 2022, parece que todos os homens (e mulheres) da América a antecipam, a esperam ou a desejam.

«Vem aí a guerra civil?» perguntava, na semana passada, a manchete do New Yorker. «Enfrentamos uma segunda guerra civil?» ecoava, simultaneamente, uma coluna do New York Times. Três generais na reforma retorquiam numa coluna do Washington Post: «mais uma tentativa de golpe de estado» e ela pode mesmo estalar, avisavam. Entretanto, um estudo da Universidade da Virgínia revelou que mais de metade dos 74 milhões de eleitores de Trump acreditam que houve fraude eleitoral e defendem a secessão dos Estados republicanos. 44 por cento dos democratas concordam em partir a federação dos Estados.

No aniversário da patética tentativa de golpe ensaiada e gorada no capitólio, Biden perguntou-se se «vamos ser uma sociedade que aceita a violência política como a regra». Os sinais estão lá: a percentagem de estado-unidenses que admitem recorrer à violência para atingir fins políticos subiu de 10 por cento, na década de 90, para trinta por cento; o número de ameaças de violência contra congressistas duplicou em menos de um ano e, recorde-se, nos EUA há 434 milhões de armas para 330 milhões de pessoas e cerca 220 milícias. Oportunamente, Barbara Walter, uma consultora da CIA, promete ter todas as respostas no seu novo livro: «Como as guerras civis começam e como travá-las».

Os lunáticos tomaram conta do hospício?

Trump, surpreendentemente, embora enleado em processos judiciais, já escorraçado da Casa Branca e permanentemente censurado pelo Twitter, pelo Facebook e pelo Youtube, nunca foi tão popular. Segundo as últimas sondagens, reúne o apoio de 9 em cada 10 republicanos e conta com uma taxa de aprovação de 52 por cento dos estado-unidenses— mais do que quando se sentava na sala oval e o suficiente para sonhar com uma nova candidatura em 2024.

À medida que a hegemonia dos EUA esmorece, agravam-se as contradições internas da burguesia. Essas contradições tomam as formas mais diversas: são demográficas, num país urbano e democrata de costas voltadas para um país republicano e rural; são eleitorais, na distorcida sobre-representação dos republicanos no Senado; são económicas, na alta finança oposta à indústria e são, crescentemente, políticas, na amplitude de soluções propostas para salvar o capitalismo em crise.

É possível prever que 2022 traga, à semelhança de 1861, um clima político ainda mais polarizado, violento e volátil. É difícil dizer se esse clima conduzirá a mais erupções localizadas de violência ou à rotura da união dos Estados porque a resposta depende bastante de medidas de loucura. Mas, tratando-se dos EUA, ninguém ficará surpreendido se um dia os lunáticos tomarem conta do hospício. Por ser um hospício, primeiramente. E por estar apropriadamente a transbordar de lunáticos, já agora.

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Ontem, em Notícias Zap, podia ler-se:

MUNDO

EUA: e uma guerra civil em todos os Estados?

NUNO TEIXEIRA DA SILVA

 

18 JANEIRO, 2022

Muitos norte-americanos aceitam o cenário de cometer actos violentos 

que atinjam membros do Governo.

Guerra civil? Nos Estados Unidos da América? Não seria sequer um tema em 2022, para quase todas as pessoas. Mas, no início desse tal ano, as análises à volta deste assunto multiplicam-se.

Ron Elving, correspondente da National Public Radio em Washington, e alguém que acompanha constantemente os assuntos e os bastidores da Casa Branca, avisa: “Imagine outra guerra civil nos EUA mas, agora, em todos os Estados“.

Não é um cenário provável já para amanhã, ou para a próxima semana, mas a verdade é que vários inquéritos nacionais demonstram que há muitos habitantes nos EUA que aceitam a ideia de cometer actos violentos que atinjam membros do Governo. Não são a maioria, mas já são uma minoria significativa.

Revelaram as sondagens que 33% das pessoas achava que a violência contra o governo era “justificada, por vezes”. Esta percentagem era de 10% em 1990.

Aliás, ainda em 2020, em Outubro foi publicada uma sondagem nacional que revelou que a maioria dos norte-americanos acreditava que o país já atravessava uma situação de uma “Guerra Civil Fria”.

Em 2021 a maioria dos apoiantes de Donald Trump queria que o seu Estado deixasse de fazer parte do país. E, mesmo entre os apoiantes de Joe Biden, uma percentagem considerável (41%) admitiam a possibilidade de “dividir o país“.

Além dos problemas sociais e das desigualdades económicas, fica a ideia de que as pessoas que vivem nos EUA não acreditam no sistema democrático do país. Sobretudo os jovens não acreditam.

Esta noção foi transmitida por um inquérito revelado no mês passado, que também demonstrou que um terço dos inquiridos disse que estava à espera de uma guerra civil nos próximos tempos; e um quarto das pessoas pensa que, pelo menos, um Estado vai passar a ser totalmente autónomo.

Não se espera uma guerra que cause 600 mil mortos (ou mais), como causou a guerra civil nos EUA. Mas espera-se, e já é uma realidade, que assuntos importantes causem divisões fortes entre Estados – e, ainda antes disso, “a guerra está prestes a surgir à porta de casa de cada um“, lê-se no artigo.

desgaste é evidente, a atmosfera é “tóxica”. E num país onde há 434 milhões de armas na posse da população…

   Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

segunda-feira, janeiro 17, 2022

Publicidade enganosa e anti-democrática

(se não é redundante) 

de SEARAdeLETRAS:

(Soares Novais)

Sinais de Fogo

 PUBLICIDADE ENGANOSA

 








Rio e Costanão são candidatos a primeiro-ministro

 Rio e Costanão são candidatos a primeiro-ministro

 

Não vi o debate entre o dr. Costa e o dr. Rio. Bastou-me a publicidade enganosa, que durante toda a quinta-feira foi espalhada pelas rádios e pelos canais televisivos, para ficar cheiinho de náuseas.

Não gosto de publicidade enganosa. Logo não gosto que me digam que o dr. Costa e o dr. Rio são candidatos a primeiro-ministro. As eleições de 30 de Janeiro destinam-se a eleger deputados. Não primeiros-ministros.

malta das rádios, dos jornais e das televisões sabe isso muito bem. Mas gostam de vender tal mentira como verdade. Eles gostam de ter os patrões de ocasião do PS e do PSD na residência oficial do primeiro-ministro.

Por vezes o tiro sai-lhes pela culatra. Como aconteceu com o pobre do dr. Passos que, em 2015, não voltou a sentar o rabinho no gabinete de S. Bento – para desespero do agora aposentado dr. Cavaco.

Também não gosto que a malta da imprensa privelegie os patrões do “Rato” e da “São Caetano” em relação aos outros candidatos a deputados. Dar-lhes o triplo de tempo é uma sacanice de todo o tamanho -uma sacanice de lesa democracia.

Por estas e por outras não vi a conversita entre o dr. Costa e o dr. Rio. Nem os comentários dos chamados comentadores, que as rádios e tevês recrutam entre os rosas e os laranjas.

Como sempre faço, refugiei-me no Canal 2. Vi “Lei e Corrupção”, série britânica que revela os meandros da máfia policial. E conclui que alguns dos patrões que passaram pelo “Rato” e pela “São Caetano” seriam personagens perfeitos para uma série portuguesa...

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Aqui em casa também estivemos a ver

"Lei e Corrupção" na 2,

com espreitadelas ao De(s)bate 

para ver se conferia...

sábado, janeiro 15, 2022

O ano novo USA

  - Nº 2511 (2022/01/13)


1861: o ano novo dos EUA

Internacional

Em 1861 Henry Adams lamentava-se que «nenhum na América queria a guerra civil, nem a esperava, nem a antecipava». Na primeira semana de 2022, parece que todos os homens (e mulheres) da América a antecipam, a esperam ou a desejam.

«Vem aí a guerra civil?» perguntava, na semana passada, a manchete do New Yorker. «Enfrentamos uma segunda guerra civil?» ecoava, simultaneamente, uma coluna do New York Times. Três generais na reforma retorquiam numa coluna do Washington Post: «mais uma tentativa de golpe de estado» e ela pode mesmo estalar, avisavam. Entretanto, um estudo da Universidade da Virgínia revelou que mais de metade dos 74 milhões de eleitores de Trump acreditam que houve fraude eleitoral e defendem a secessão dos Estados republicanos. 44 por cento dos democratas concordam em partir a federação dos Estados.

No aniversário da patética tentativa de golpe ensaiada e gorada no capitólio, Biden perguntou-se se «vamos ser uma sociedade que aceita a violência política como a regra». Os sinais estão lá: a percentagem de estado-unidenses que admitem recorrer à violência para atingir fins políticos subiu de 10 por cento, na década de 90, para trinta por cento; o número de ameaças de violência contra congressistas duplicou em menos de um ano e, recorde-se, nos EUA há 434 milhões de armas para 330 milhões de pessoas e cerca 220 milícias. Oportunamente, Barbara Walter, uma consultora da CIA, promete ter todas as respostas no seu novo livro: «Como as guerras civis começam e como travá-las».

Os lunáticos tomaram conta do hospício?

Trump, surpreendentemente, embora enleado em processos judiciais, já escorraçado da Casa Branca e permanentemente censurado pelo Twitter, pelo Facebook e pelo Youtube, nunca foi tão popular. Segundo as últimas sondagens, reúne o apoio de 9 em cada 10 republicanos e conta com uma taxa de aprovação de 52 por cento dos estado-unidenses— mais do que quando se sentava na sala oval e o suficiente para sonhar com uma nova candidatura em 2024.

À medida que a hegemonia dos EUA esmorece, agravam-se as contradições internas da burguesia. Essas contradições tomam as formas mais diversas: são demográficas, num país urbano e democrata de costas voltadas para um país republicano e rural; são eleitorais, na distorcida sobre-representação dos republicanos no Senado; são económicas, na alta finança oposta à indústria e são, crescentemente, políticas, na amplitude de soluções propostas para salvar o capitalismo em crise.

É possível prever que 2022 traga, à semelhança de 1861, um clima político ainda mais polarizado, violento e volátil. É difícil dizer se esse clima conduzirá a mais erupções localizadas de violência ou à rotura da união dos Estados porque a resposta depende bastante de medidas de loucura. Mas, tratando-se dos EUA, ninguém ficará surpreendido se um dia os lunáticos tomarem conta do hospício. Por ser um hospício, primeiramente. E por estar apropriadamente a transbordar de lunáticos, já agora.

António Santos

sexta-feira, janeiro 14, 2022

As eleições de 30 de Janeiro são legislativas!

 

Solução terá que estar no Parlamento. 


De repente, depara-se com estas parangonas!
Mas não é para isso que se fazem eleições legislativas?
Esta campanha é uma fraude quando é transformada
(e nisso a comunicação social é grande responsável)
numa putativa escolha do 1º ministro.
Isto é um verdadeiro atentado à democracia!



AGORA, SIM... e já é tarde!!


 

quarta-feira, janeiro 12, 2022

POSTAL DO DIA ( (retrato de Jerónimo de Sousa)

Não conheço Luís Osório, nunca calhou - conheci o pai a cantar fado (e não só) na Tágide, se me não engano..., e depois -, e quero dizer, aqui, que este postal do dia é o retrato de um Homem, feito por outro Homem, que me emocionou até à lagrimita rebelde, perdão revolucionária (que também há lágrimas que o são!).

Hoje, e ao transcrever este postal do dia, só acrescento obrigado, Luís Osório!

POSTAL DO DIA

Quando Jerónimo de Sousa nos abraça
1.
Jerónimo de Sousa é um homem especial.
Mas não digam que é boa pessoa.
(apesar de ser boa pessoa)
Não digam que sempre gostaram dele
(apesar de poder ser mesmo verdade o que dizem)
Não digam coisas que, sendo certas, nos desviam do que foi e é a sua vida.
2.
Jerónimo é um operário metalúrgico.
E um comunista.
E apesar de deputado há quase 50 anos, continua a combater pela dignidade dos trabalhadores numa qualquer fábrica em que os seus ideais lhe saltem à vista.
Alguns talvez não acreditem.
Mas se não acreditam é porque nunca vos apertou a mão.
Ou abraçou.
Ou porque nunca estiveram com ele numa fábrica.
Quando nos aperta a mão percebemos o peso do trabalho operário.
Quando nos abraça percebemos que o faz com o que carrega, com a poesia de todos os que combateram e já não estão.
Quando está numa fábrica percebemos que está como se fosse a sua casa, os operários (comunistas ou não) são uma parte de si, mais do que os passos perdidos de um parlamento que conhece como as suas mãos, mas onde não sente pertencer por inteiro.
3.
Não digam que é uma boa pessoa pois isso é menorizar o combate de uma vida.
Jerónimo é uma boa pessoa – e como se sente que o é –, mas é no combate que o reconhecemos. E nesse combate é inclemente e daria a sua vida sem uma hesitação que fosse.
Jerónimo é um homem que se comove.
Com a dureza de princípios de um comunista, mas com a leveza de um coração que não esconde as lágrimas (mesmo que as lágrimas não sejam visíveis para os que lhe estão próximos).
Um dia telefonou-me depois de um “Postal” que dediquei aos meus amigos comunistas.
“Olá, Luís. É o Jerónimo. Só para te dizer que foi muito bonito o que escreveste. E para te dizer que estamos na expetativa de que a Benedita seja comunista”.
4.
Naquele postal eu publicara a fotografia da minha filha Benedita com o braço direito no ar.
A Benedita, neta mais nova do meu pai, um comunista convicto.
É por isso, em nome do respeito que os comunistas nos merecem, que o combate do Jerónimo (e de tantos outros e outras) nos merece, que devemos nestas horas complicadas desejar que possa sair do hospital com vontade de continuar a abraçar o mundo e de continuar o combate.
Comunistas e não comunistas, como eu.
Que possamos dar o abraço, Jerónimo.
Meu amigo.
E hoje camarada.
LO

(fotografia do Público)