segunda-feira, abril 30, 2012

A minha FESTA?

Esta!
Desde 1976... sem falhar uma!

A propósito da decisão do Tribunal de Portalegre

Ontem-já-hoje, quando vinhamos de Lisboa para casa, parámos numa "estação de serviço" para reabastecimento. Do carro e nosso.
No largo espaço vazio de clientes, os trabalhadores da "estação de serviço" conversavam à vontade e animadamente. Tão animadamente que a presença de dois clientes não os fez perder o fio da conversa. Que muito lhes interessava. Que, sem que o soubessem, muito nos interessava. Por diferentes razões. Que cada um tem as suas e, quase sempre, convergem. Sem que todos o saibamos...
Conversava-se sobre aquela decisão do Tribunal de Portalegre, que considerou que a dívida por empréstimo bancário, garantida por hipoteca para compra de apartamento, fica saldada quando o banco toma posse da garantia...
Não se falava do Porto e do Benfica e do Sporting. Era da decisão do Tribunal de Portalegre!

A caminho de onde estou (e sou!)

A romper pelo meio de gente e mais gente, a atravessar pontes e esplanadas, tropeçando em palcos a prepararem-se em tudo que é largo ou largueza, lá conseguimos chegar à Gare Central e ao aeroporto, tendo rabiscado o que passo a limpo, já no Zambujal:

A minha Festa não é esta, mas esta é uma festa.
E gosto dela, e desgosta-me.
Gosto dela porque é gente nas ruas, alegre, festejando, mas desgosta-me porque não sinto que seja gente que queira saber que a rua é sua, e que há que lutar, com alegria, para que o seja todos os dias. E não só neste dia de festa laranja, no "Dia da Rainha".
Esta festa vê-se uma vez, e fica vista.
Arranjei um resumo: todos a venderem tudo de tudo a todos!
(não está mal...)

Antes de recomeçar o que não interrompi,
este apontamento de regresso.

domingo, abril 29, 2012

Saco pronto, fazendo horas para o aviao, fiquei aqui enquanto dao as ultimas voltas e matam as ultimas saudades (por este ano?).
Vejo as noti'cias do meu Pai's e congratulo-me com esta:

Decisão de Portalegre prova que juízes sabem "adaptar-se à realidade"

 
Na verdade, parecia-me escandaloso que o apartamento dado como garantia hipoteca'ria de empre'stimo para sua compra nao fosse suficiente para saldar a di'vida no caso de incumprimento. Nao tinha havido uma avaliacao? Nao fora o proprio banco que, muitas vezes, na ganancia do seu negocio, propusera emprestar mais do que ele proprio avaliara? Porque^ so' a parte mais fraca perder sempre?... e nao so'  a casa mas o que sobrasse da di'vida para avaliacao acordada entre as partes?
 
De Portalegre, veio qualquer coisa de novo! Uma "adaptacao" a esta realidade que estamos a viver?

sábado, abril 28, 2012

Informação à navegação

Como todos os anos, demos um saltinho a Amsterdam. No entanto, deixei alguns "posts" agendados, sobre Marx em Maio, mas não foram publicados. Caprichos da "net"... quando não é azelhice do (a)postador.
No hotel em que nos instalámos (modesto como nós, e austero como nos obrigam), além do mais, o acesso à tal "net" não tem sido fácil, e só hoje se conseguiu esta ligação.
Em contrapartida, o acesso de gente para festejar "o dia da rainha", que é amanhã, está a ser enorme, como de costume (faça chuva ou sol), e tudo se complica. 
Desses festejos - que têm a sua piada - vamos escapar-nos, cumpridos os "nossos festejos" (logo o rapaz havia de ter nascido no mesmo dia de soberana...) e, esperamos, tudo entrará nos carris. Embora, como se sabe, haja uma certa tendência para os descarrilamentos.

Informam-se os habituais "fregueses" que, salvo contratempo, estaremos abertos normalmente a partir de 29 à noite. Com uma Assembleia Municipal a 30 a que não iremos faltar e para que nos estamos a preparar, entre outras coisas.
É sempre a andar...

quinta-feira, abril 26, 2012

quarta-feira, abril 25, 2012

25 de Abril de 2012 - Hoje

nas ruas 
em Lisboa
(e em tanto outro lugar!)
25 de Abril - VIVO

O 25 da Abril na AR

Hoje, porei um cravo nesta mãozinha...

... como, há 38 anos,
na madrugada de 27 Abril de 1974,
fui acordar e dar um beijo ao João e ao Gonçalo.
Obrigado, Diogo!

Não digam as palavras...

AS PALAVRAS

São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.


Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?


Eugénio de Andrade
Tive de vir mergulhar a cabeça
na água límpida das palavras
 de Eugénio de Andrade,
como um cristal,
um punhal, um incêndio, orvalho apenas,
secretas, prenhes de memória, navegando inseguras,
barcos ou beijos, a fazerem estremecer as águas.
Porque, por veses,
desamparadas, inocentes, leves,
tecedeiras do luar na noite,
ainda que pálidas, a lembrarem paraísos coloridos,
semelham pérolas cruelmente desfeitas
em conchas vazias e sujas?
Não as traiam, às palavras,
não digam liberdade, democracia, povo,
que não saiam, da vossa boca,
as palavras que o vosso sentir não sente,
as palavras que o vosso discurso mente!
Ao menos hoje,
hoje, 25 de Abril de 2012!

terça-feira, abril 24, 2012

Pontos nos ii

Nota do Gabinete de Imprensa do PCP


Sobre as comemorações
do 25 de Abril
Terça 24 de Abril de 2012

O PCP pronuncia-se pela valorização das comemorações oficiais do 25 de Abril, das quais emerge com particular significado a sessão que se realiza na Assembleia da República e cuja eliminação – que a direita pretende e já várias vezes tentou – contribuiria, de facto, para a sua menorização.
Valorização e significado que nenhuma actuação de qualquer governo (presente ou passados) por mais violadora dos valores de Abril e da Constituição da República Portuguesa que o seja – como há sucessivos anos o é – pode apagar ou justificar que se elimine.
Registando o sentimento crescente de indignação de milhões de portugueses, e também de muitos dos militares de Abril, perante um rumo de mais de trinta e cinco anos de política de direita que o PCP tem denunciado e combatido, o PCP sublinha que a defesa dos valores e conquistas de Abril é inseparável no presente momento da rejeição do Pacto de Agressão e do combate a um programa de empobrecimento, declínio e amputação da soberania que PS, PSD e CDS subscreveram com a União Europeia e o FMI.
O PCP apela aos trabalhadores e ao povo para que, com a sua participação nas comemorações populares do 25 de Abril, expressem a sua condenação pelo rumo imposto ao país e a exigência de ruptura com esta política e de concretização de uma outra política, patriótica e de esquerda que assegure a defesa dos direitos, o progresso social e a construção de uma vida melhor num Portugal com futuro.


Junto, ao aplauso,
um NÃO pessoal
- e muito convicto! -
às manobras de diversão!
VIVA o 25 de Abril! 

À conversa com...









24 de abril

10h00 Abertura da feira
10h15 e 11h15 Aqui há história “O pequeno índio”
Público-alvo: 3 a 6 anos

15h00 À conversa com Sérgio Ribeiro
Sessão de autógrafos
Público-alvo: 3.º CEB,
Ensino Secundário e Profissional

Lá estarei.
Com todo o gosto (e proveito!)

Fala do velho com os seus botões - 2

Disse-me, à sua maneira, o que outros me têm dito e vão  dizendo:
"Conheço-o há muito tempo. Respeito-o. Leio-o desde a Seara Nova (outros referem outras... referências). Acompanho a sua actividade. Você é incansável. Nunca desiste. Não desista!"
Quase me apeteceu responder "... mas é que vou mesmo desistir... se tanto me leu, se tanto me acompanhou e acompanha... para que serviu o que escrevi e  fiz , se você escreve o que escreve, diz o que diz, faz o que faz... se até acha que é ajuda a agressão que nos brutaliza?"

Logo recupero. Mesmo no terreno mais pedregoso, há sementes que germinam.

25 de Abril, sempre!

Lisboa:

Porto:

segunda-feira, abril 23, 2012

Antes que acabe o dia... DO LIVRO!


VIVA O LIVRO!


saudades!

Cantam bem mas não nos convencem

do sapo:
Dados do IGCP
Quase 60% do empréstimo da troika
já "cá canta" (Expresso)

Portugal já recebeu 46,6 mil milhões de euros do empréstimo do Fundo Monetário Internacional e da Comissão Europeia, quase de 60 por cento dos 78 mil milhões de euros totais acordados com a 'troika'.

Quer dizer:
é um empréstimo,
pagam-se juros,
pagam-se (e altamente) os "serviços"
e (maus) conselhos,
põem as condições que lhes dá na real gana,
mandam cortar a torto e a direito
no que respeita a trabalhadores e pensionistas,
fazem subir o desemprego,
mandam vender os dedos
porque os aneis já lá os têm,
obedientes, os nossos "eleitos"
gabam-se de fazer ainda mais
que as condições a que os obrigam
e aconselham a emigração
... e ainda falam em cantoria?

25 de Abril nas escolas

Como todos os anos. REvivendo. Olhando-me no espelho da juventude!

Das duas escolas onde já fui hoje, trouxe ofertas para juntar à minha estante de troféus, de medalhas, excelentes recordações  (uma frase ficará para a "frase da semana").
Quatro quadras, presas ao caule de cada um dos cravos, testemunham-no

Foi em 74 que Portugal renasceu,
Grândola Vila Morena cantou.
Nesse dia não se morreu
E a paz entre nós ficou

Com gratidão!
6º  C

Foi em Abril
Que a liberdade começou
E o povo exclamou:
- Liberdade, Liberdade
A Liberdade já chegou!

Obrigado!
6º B

Na boca de cada espingarda
Só um cravo caberia
E na alma Portuguesa
Ficou para sempre este Dia!

Obrigado pelo testemunho!
6º A

25 de Abril eu te recordarei,
Com o meu povo sofrido,
Nesse dia, eu não chorei,
Pois ainda não tinha nascido.

Obrigado pela presença!
6º D

Eu é que vos agradeço pela certeza de
25 de Abril, sempre!


Fala do velho com os seus botões - 1

Eu conto a história:

Era uma vez um velho que não se convencia que velho era. Mas os anos eram muitos e muito vividos tinham sido. E o velho, velhinho, fazia de conta que o tempo passado, os anos, as décadas, nada tinha tido a ver com ele. Só, às vezes, as memórias... mas sempre mais pequenas que os projectos. 
Fazia-de-conta. E contava estórias.

23 de Abril

Há 38 anos, precisamente a meio da vida que já vivi, estava em Caxias. À espera. Dos interrogatórios e da tortura. De que já tivera uns prolegómenos, com ameaças, no chamado "auto das 24 horas após a detenção". Mas "eles" deviam estar preocupados com outras coisas...
Tinha ido numa "leva". Na última!
Já contei desses "dias últimos" vividos do lado de dentro do fascismo, e da porta de Caxias (e de outras prisões onde nos encarceravam) aberta pelo lado de fora. Pelos militares e pelo povo que os capitães de Abril também foram.
Continuarei a contá-lo enquanto tiver força, nem que seja só a de um fiozinho de voz.

Hoje, vou pelo 12º ano consecutivo, contá-lo no Colégio Sagrado Coração de Maria, em Fátima e, a seguir ao almoço, na escola da Atouguia. Com um "imensa alegria", como dizia o Joaquim Pires Jorge.

À escola da Atouguia vou levar a companhia de um amigo que para aqui vizinho se mudou. O Roberto Chichorro. Que, há uns anitos, quando preparava as condições para nosso vizinho vir a ser, numa tarde em que me ouvia, foi deixando o lápis traçar riscos no papel que tinha em frente. 
Quando se foi embora, entre o que deixou para ir para o lixo, ficou "isto" 


Sinais?

Que sinais ler? Talvez...
  • ... a conseguida bi-polarização para a alternância política que serve o capital financeiro para que continue a sua caminhada predadora
  • ... um voto significativo no candidato de uma Frente de Esquerda sem clara afirmação ideológica (de classe!),  mas em que massas procuram organização, vanguarda, expressão para a sua luta
  • ... uma votação ainda mais significativa na candidata fascista, com afirmado cunho ideológico radical, muito preocupante por reveladora da mobilização pela desideologização e contrafacção da história e pela desorientação e o desespero
  • ... uma segunda volta de alianças e escolhas nas cúpulas, e com eleitorados que não se revêm nos dois candidatos a terem de optar pelo que considerarem o menos mau
  • ... a comunicação a cumprir o papel que lhe está destinado nesta fase do capitalismo manipulador da "informação" para ganhar a opinião pública e o verniz democrático que esconde as unhas sujas (ou as garras ensanguentadas)   

domingo, abril 22, 2012

As eleições - o massacre da informação - ATENÇÃO AOS SINAIS!

sapo:


«Eleições
Sarkozy ou Hollande?
Já se vota em França
(Renascença)

Os franceses já começaram a votar, na primeira volta das presidenciais eleições que podem ditar uma viragem do país à esquerda.»

Inicia-se, hoje, um ciclo de eleições na Europa e na "Europa" que merece toda a atenção. Em França já se vota depois de uma campanha aguerrida e "estranha".
Depois de algum alarido à volta da Marine Le Pen, o recuo para a  bipolarização  e a tentativa de apagar a subida, no seio das massas, de uma candidatura (de Mélanchon), primeiro menosprezada, que depois sobressaltou para logo ser apagada sob o massacre mediático que apenas "leva a sério" duas candidaturas (sendo Hollande a esqueda!). De tal modo que já estão a preparar a segunda volta como se fosse a que tivesse importância, sendo nela apenas dois os candidatos.
Pois estejamos muito atentos, todos nós - como "eles" estão -, aos resultados de hoje. Serão um sinal !
E a 6 de Maio haverá as eleições na Grécia.

para ESTE domingo antes de


as pequenas coisas
ficarão para outro domingo...
para este fica só o Gracias à la Vida
porque este é 22 de Abril
e a vida me deu tanto
que me deu, dias depois,  o 25 de Abril meu
e de todos nós!

sábado, abril 21, 2012

Extracto

da apresentação:

Em A Crise do Capitalismo estão retratadas as dúvidas, as hesitações, para cujo triste espectáculo muito contribuem os nossos representantes democraticamente (!) escolhidos, pobres figurantes (e figurinhas...) que inevitavelmente se tornam em mentirosos contumazes, tendo de dizer hoje o contrário do que disserem ontem, uns o diverso do que disseram outros. 
Desde 1976, a “Europa está connosco” porque não tivemos força para o evitar, apesar das denúncias, prevenções, previsões, essas sim exactas ainda que não temporalizadas e quantificadas. – Não ao Mercado Comum, Não a Maastrich, Não à Moeda Única, Não à Constituição Europeia, Não à Federação Política, não a outros passos… - e Não porque Sim, porque eram o que alguns desses passos vieram a ser, vieram a ser para nos trazerem aquilo que somos e ao que faz este nosso viver. Não todos porque passos houve que se impediram ou adiaram…

Porque sempre havia alternativas.
Como há!

Estamos quase lá... (há é que ter em conta a escala-tempo)





  • José Casanova

Uma razão simples

Em múltiplas e diversificadas iniciativas levadas a cabo por todo o País, milhares de portugueses e portuguesas comemoram Abril, isto é: o Dia da Liberdade e a Revolução que se lhe seguiu e transformou profunda e positivamente Portugal.
Porque Abril foi tudo isso: foi a conquista da liberdade e da democracia e a conquista dos direitos sem os quais a liberdade e a democracia não existem de facto. Precisamente os direitos que a troika composta pelos principais inimigos internos de Abril – PS, PSD e CDS – vem roubando a Portugal e aos portugueses há 36 anos, assim lhes roubando, portanto, liberdade e democracia. Um roubo que, de há um ano para cá, se tem processado sob o comando da troika ocupante, correspondendo a uma nova fase do longo processo contra-revolucionário que tem como alvos Abril e as suas conquistas.
Comemorando Abril, celebramos a acção determinante da aliança dos militares revolucionários e do movimento operário e popular, força motriz dos avanços revolucionários e das conquistas económicas, políticas, sociais, culturais, civilizacionais alcançadas – e, de entre os militares, lembramos a figura maior de todo esse processo: aquele que foi, até hoje, o único primeiro-ministro totalmente identificado com os interesses dos trabalhadores, do povo e do País: o companheiro Vasco. E de Abril guardamos na memória o pedacinho do futuro de Portugal que nos mostrou. A confirmar que a luta vale a pena e que com ela tudo é possível.
Palrando sobre as comemorações de Abril, é uso os papagaios da política de direita recorrerem ao blá-blá-blá habitual: que se trata de um «ritual» protagonizado por «saudosistas»... É claro que se os «saudosistas» não cumprissem o «ritual», os papagaios apressar-se-iam a gritar, triunfantes, o que desejariam gritar: que «Abril está morto»…
Mas não está. Pelo contrário, está vivo e bem vivo. Por uma razão simples: porque os seus valores, os seus ideais, permanecem na nossa memória colectiva e serão fonte de força para a construção de um Portugal liberto da exploração e da opressão capitalista – que é, afinal, a causa de todos os problemas existentes.

A melhor da semana

Na apresentação do livro do Avelãs Nunes, já no debate, estávamos todos embrulhados nas perguntas que trazem pedidos de soluções e de datas para estas, e de respostas que não sabem nem como nem quando - e de eu ser o mais embrulhado de todos por começar a ser o mais experiente e, por isso, o mais consciente da importância decisiva da dimensão-tempo -, saltou a frase da semana, trazida pela fina e contundente ironia do Avelãs Nunes:

"de uma coisa tenho eu a certeza:
o capitalismo tem os séculos contados!" 

sexta-feira, abril 20, 2012

Marx em Maio

Untitled from Grupo de Estudos Marxistas on Vimeo.

O que diz o homem no FMI!

“No meu país, as pessoas estão dispostas a sacrificar-se e a trabalhar mais para que o programa de ajustamento seja um sucesso”, afirmou o ministro das Finanças, na sede do Fundo Internacional Monetário (FMI), em Washington.
Comentário feito por um (outro) anónimo deste país e século:
O país dele é o enclave do seu gabinete. O país dele não é o nosso. Ele é lento a falar e lento a perceber que está a brincar com o fogo.

E facto é que os portugueses já provaram, como povo, que são capazes de se sacrificar e de "grandes coisas". E, também, que aguentam, que têm aparentes brandos costumes... até que lhes "salta a tampa".
E são um povo que resiste!  Como o fez várias vezes ao longo de séculos (como no anterior a este século e tempo em que vivemos). Que resiste a Gaspares e a outros tão efémeros como Vitor Gaspar & Cia, Lª.

"A Crise do Capitalismo: Capitalismo, Neoliberalismo, Globalização" de António Avelãs Nunes

A apresentação do livro de Avelãs Nunes, em Coimbra, proporcionou... muita coisa boa.
Foi uma "viagem" calma e agradável, encontros com amigos queridos, um jantar "familiar" que revelou desconhecidas qualidades cozinheiras do autor e professor, uma rápida visita à bela casa de João José  Cochofel, agora propriedade da Câmara de Coimbra (Casa da Escrita), onde se realizou a sessão de lançamente, numa sala cheia.
E no regresso-balanço, vínhamos cansados mas satisfeiros 
Honrado pelo convite, procurei "estar à altura".
Das 24 páginas (em A5) da apresentação, retiro dois trechos:
«(...) 
Na contemporânea idade da História da Humanidade há uma abordagem prevalecente para o que se teima em chamar economia.
Para essa abordagem, a economia não é a ciência social que tem por objecto o trabalho que colhe, aproveita, transforma a natureza de que é parte, os seus recursos, para satisfazer as necessidades dos seres humanos, mas seria uma ciência exacta, por usar (e abusar) da matemática como instrumento de trabalho para transformar a expressão material dinheiro da relação social que é o capital em mais dinheiro. Na actual fase, ao observar-se – e ao sofrer-se – a desmaterialização da expressão material do valor, comprova-se que a “ciência exacta” de ciência nada tem e de exacta ainda menos, sendo até ridiculamente errática…
Mas esta consideração está muito bem expressa na nota 44 da página 83 de A Crise do Capitalismo.
E, como economista que sou, a demitir-me frequente e furiosamente dessa profissão ao ouvir os que dela se arrogam, com todo o arrojo e desvergonha, fiquei recompensado por Avelãs Nunes, vindo de outra escola, ter tão bem colocado a ênfase na Economia enquanto ciência social.

(...)

Acelerar a alteração significativa da correlação de forças!
Como?
Quando?
Promovendo, sem hesitações, sem titubeares nem tibiezas, como prioritária, a tomada de consciência da gravidade do momento histórico e a mobilização para a luta, não de desespero e tudo-ou-nada-já, mas a luta consciente da dimensão tempo, da interdependência planetária, de que não somos, euro-atlantico-norte, o umbigo do mundo que já teríamos sido.
Como termina Avelãs Nunes, na já citada penúltima página

porque a luta ideológica é,
hoje mais do que nunca,
um factor essencial da luta política
e da luta social (da luta de classes)”.
(...)»

quinta-feira, abril 19, 2012

5ª feira... de ABRIL - avante!


Marx em Maio - resumo de intervenção

O resumo da minha intervenção para o Congresso Marx em Maio,na mesa 16 (com comunicações de Selma Totta e Silas Cerqueira, e a moderação de Rui Henriques), com o título Sobre o contributo de Marx para o marxismo, esperando-se haja debate, como em todas as 19 mesas:

Só com Marx há marxismo, mas há marxismo para além de Marx. Não está publicado tudo o que Marx escreveu, e o marxismo não se esgota no escrito por Marx.

Marx afirmou só considerar, “na fase histórica do capitalismo”, o dinheiro com base metálica, apesar de ter estudado o ainda não relevante “dinheiro simbólico e creditício”. Na actual fase do capitalismo, a especulação “desmaterializada” procura superar as insuperáveis dificuldades materiais da exploração da força de trabalho.

No imens(o)urável contributo de Marx, que ajuda para a compreensão de uma fase que Marx não estudou?

Não para apenas compreender, para transformar.

O resumo tinha o limite regimental de 600 caracteres
(com evidente tolerância
mas, evidentemente..., sem abusos)







quarta-feira, abril 18, 2012

Marx em Maio

Entrevista a Armando Myre-Dores, co-fundador do GEM from Grupo de Estudos Marxistas on Vimeo.

Breve e indignada (para não esquecer!)

"Troika" admite que

subsídios de férias e Natal

acabem de vez

"Teremos que ver isso. Por agora, por razões constitucionais, a duração é de dois anos. Teremos que ver se isto se tornará uma medida permanente ou não, mas isso agora não foi discutido", refere o chefe adjunto da missão da "troika", Peter Weiss.
por Daniel Rosário, em Bruxelas
 
"Teremos que ver isso"?, quem é que tem de ver isso?, o sr. Pedro Weiss em concluio com outros Pedros?
As "razões constitucionais" servem apenas de pára-raios?, para acalmar indignações?, para adiar e iludir "a malta"?, e não há um raio que os parta?
"Troika admite que...". E nós?, admitimos isto? 

Brevíssima

A propósito de um "post" no Cantigueiro, de um comentário, e de mais umas coisas que estão a acontecer:
É surpreendente e quase gritante como, de há pouco tempo para cá, tudo se está a clarificar.
Desde 1848!

terça-feira, abril 17, 2012

À volta de dívidas - externas, públicas... e pessoais

Tenho andado um pouco arredio do"blog", isto é, não lhe tenho dado grande atenção por falta e desarrumo de tempo. Recorro, hoje, ao que registei em "dias de agora"

16.04.2012
Ida ao Porto, ao Sindicato da Função Pública (dos Trabalhadores em Função Pública)
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Antes, ainda fiz uma “visita guiada” aos Castelos com a Anita e o Andrés Stagnaros, passeio que me agrada sempre muito, embora, desta vez, tivesse sido um pouco a correr.
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Em intenção da sessão do Porto, e também do lançamento do livro do Avelãs, antecipei a actualização do “dívida ao segundo”, que reservo para os dias 18, e comecei a preparar um "powerpoint" que ficou por completar, e em que faria a necessária destrinça entre dívida externa e dívida pública externa, e em que sublinharia que, nestes dois meses de tantas e tão crueis medidas, apenas em um caso de 16 (a Itália, na dívida pública, se verificou decréscimo, e de 0,05%!, da percentagem relativamente ao PIB).
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Esforcei-me…
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Seria para comentar, após ao comentário ao filme grego Debtocracy
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Mas não foi (pelo menos, como era a intenção).
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No meio de reencontros sempre estimulantes e de um convívio muito agradáveis (numa sede nova!), da exibição do filme (demasiado longo para a iniciativa), antes de uma animação de cantares de Zeca Afonso por um grupo muito interessante, lá fiz a muita intervenção, algo embrulhada e sem debate.
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Fiquei insatisfeito, mas a tarefa foi cumprida, ao que parece sem reclamações.
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Mas foi complicada, e com auto-crítica nada benévola!
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A necessidade permanente de, com a lucidez de que o Rossio não cabe na Rua da Bestesga, tentar ver o que, nas circunstâncias, tem de ser dito.
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Para mais, com a tarefa de comentar um filme que tem muito que se lhe diga, por ali andei a ver se, por minha via, deixava motivos de reflexão num ou noutro ouvinte.
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Dos atentos, que muitos eram, apesar de alguma debandada após a exibição do filme naquelas condições, no meio de tanta mais coisas a acontecer e por virem a acontecer, tudo no mesmo bocado de noite.
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Fui dormir de consciência tranquila, mas algo perturbada por algumas notícias pessoais que buliram com o meu foro íntimo.

(e que para aqui não vêem
... ficam lá nos dias de agora)



segunda-feira, abril 16, 2012

Brevíssima (e irresistível)

Assim, não! Assim... é o fim do "consenso europeu". Por isso, tomem lá o "consenso europeu" (e com disciplina de voto). Assim, sim!

cuerência! 
(2º o novíssimo acordo ortográphico)

Debtocracia - o filme grego (e não só...)

O filme já tem um ano (viram-no na net?, não se perdia nada se fosse revisto e, sobretudo, dado a ver, a rever, a debater). 
A sua actualidade aumentou. Porque não se teve (ainda!) força para travar o que o filme denuncia e prevê e põe à discussão dando-nos "armas", e bem fraca é a consolação de se ver que se tinha razão!
Calha-me ir ao Porto comentá-lo, amanhã.
Pois lá irei. Com todo o gosto. E algum amargo de boca.

domingo, abril 15, 2012

Reflexões lentas... e recorrentes


De vez em quando tropeço neste texto, e dou-lhe pequenas voltas, ou dou pequenas voltas com ele pela luta de classes, que é um lugar histórico:

Isto de ser comunista…


1. Isto de ser comunista

Isto de ser comunista é lixado.

Porque a atitude em relação aos comunistas, ou aos que é suposto serem-no, é muito interessante (quer-se dezer…). Aquele ou aquela que outros etiquetam de comunista, com acerto ou não, deixou de ser só outra coisa ou passou a ser outra coisa porque é comunista.

Se se lhe descobrem (ou inventam) defeitos ou, pior!, (e mais rigoroso, porque decerto muitos defeitos terá…), quais os defeitos, logo se diz:  "pois, é comunista!"

Mas se se lhe não podem negar qualidades – ser bom ou boa profissional, bom ou boa chefe de família, bom rapaz ou boa senhora –, o reconhecimento incalável dessas qualidades tem de ser acompanhado de um de dois, ou dos dois indispensáveis complementos: "pois… apesar de ser comunista..." ou "pois… apesar de estarmos em desacordo com as suas ideias (e, ainda por cima, são a favor da Coreia do Norte, e da China, e de Cuba, vejam lá do que eles são capazes…)".


2. Isto de ser ex-comunista…

Bom... isto de ser ex-comunista parece ser bestial.

Os defeitos tornam-se virtudes e as qualidades são bem recompensadas. Além de todo o "tempo de antena". São só vantagens... 

Embora, por vezes, só por pouco tempo.

Usam-se os ex-comunistas - e alguns bem se aproveitam das oportunidades! - mas não são recarregáveis.

Para este domingo


...e porque o Andrès (e a Anita, na sua "estreia portuguesa") estão em Portugal, e hoje passarão o dia, aqui, no Zambujal com outros amigos!

sábado, abril 14, 2012

Marx em Maio

Um tiro em Atenas (mais uma das crónicas de Correia da Fonseca)



(...)
Crónica publicada 
no Alentejo Popular,
onde vale a pena ler o resto
(da crónica e do jornal)

sexta-feira, abril 13, 2012

Uma boa companhia ajuda muito

Num dia de ir e voltar, de muita correria, há que procurar boa companhia para quando estamos a ser transportados.
Para hoje, será esta a companhia que já anda comigo há uns dias, (pre)enchendo os tempos:


Com senso?

A palavra do dia de ontem foi consenso. Ou que foi a palavra-mote que deu origem a várias glosas. Umas explícitas, outras não, como sofismadas expressões ditas de "disciplina de voto". 
A maioria dos nossos representantes (sim, porque estão "lá" porque lutámos para que "lá" estejam por via de escolha nossa para nossos representantes, porque nós os elegemos, embora não nos estejam a representar - a mim, a ti, a nós - mas a fazerem como se estivessem... porque estão "lá" por efeito de escolha nossa), dizia que a maioria dos nossos representantes usaram e abusaram despudoradamente do consenso escorado numa representação que nós lhes demos. Mas não para o que estão a fazer! Não para o que vêm fazendo há 36 anos e que, cedo ou tarde, terá de ser corrigido. Por nós.
São eles, os do consenso, uma maioria directa eleita por nós, obediente a uma outra fictícia maioria que, aqui e ali e mais além,  se foi afastando dessa ligação de representatividade, uns e outros ao serviço de interesses financeiros, de estratégias de classe. Em que, acrescente-se, andam um tanto à deriva, entre esporádicos e inconsequentes ressuscitamentos keyneseanos afogados em desbragados e suicidários liberalismos
Se não soubéssemos tudo isto, que nada é se  não levado a uma prática verdadeiramente democrática, participativa, interveniente. para além da escolha de quem nos represente e que não nos representa há 36 anos, afirmar-se-ia que "está tudo louco" . Que o consenso não tem senso, que há ausência, falta total de bom senso!  

quinta-feira, abril 12, 2012

Brevíssima - OUTRA INFORMAÇÃO - Síria

avante!:

Aumenta pressão sobre a Síria

Oposição não acata plano de Annan
e ocidente culpa... regime de Damasco

Sobem de tom as ameaças de intervenção na Síria a pretexto do não cumprimento do plano do enviado especial da ONU, Kofi Annan, mas o facto é que a oposição, incluindo o Conselho Nacional Sírio, não aceitou essas propostas.

Acabadinho de receber!

Recebi, agorinha, este mail.
Exactamente assim, com estas quebras de linha tal-e-qual e tudo:

«Saudações:

Conseguir um empréstimo legítimos têm sido sempre um grande problema para os clientes que têm necessidades financeiras. O problema de crédito e
garantias são algo que os clientes estão sempre preocupados quando solicitar um empréstimo de um credor legítimo. mas o
companhia de financiamento do Santander Consumer Finance fez a diferença no setor de empréstimos, nosso nome é bem conhecido como temos a experiência que é mais profunda devido aos nossos especialistas conhecedores de empréstimo que oferecem ao público e empresas
precisa das Finanças, que foram aprovados pelo credor para dar empréstimos a clientes locais e internacionais. Tivemos a
privilégio de conhecer suas necessidades financeiras e dar conselhos aos clientes contra a falência. A questão do crédito não deve
parar de obter o empréstimo que você precisa.
Exigência de dados pessoais:
* Valor do empréstimo necessário:
* Finalidade do empréstimo:
* País:
* Duração:
* Tipo de empréstimo:
Pedimos gentilmente aguardar a sua resposta para este grande oportunidade de obtenção de crédito você também pode entrar em contato conosco via
E-Mail: santanderloans@webadicta.org
Skype: santander.consumer»

Fiquei irritado! Como é que estes gajos tiveram de escrever "isto", em "purteguês", e tiveram o atrevimento de dizerem que têm "a (!) privilégio de conhecer as (minhas) necessidades financeiras e dar conselhos aos clientes contra a falência (de quem?)"
Vão exigir dados pessoais para a "pata que os pôs" e metam o "empréstimo necessário" num sítio que eu cá sei!
E é que nos enxameiam a correspondência de todo o tipo, desde a que enche as caixas de correio à porta de casa até estas que são electrónicas. É um abuso! Mas é sintomático do capitalismo financeiro desembestado.

«... recomendar ao Governo que advogue e proponha junto dos...» !!!

Pela sua importância e exigência, tem-se adiado comentários ao chamado Tratado sobre Estabilidade, Coordenação e Governação na União Económica e Monetária. E estava a faltar-nos, esse registo aqui, de tal modo circula dentro das nossas preocupações.
O actual de João Frazão, publicado hoje no avante!, veio resolver-nos o problema. Por agora...


  • João Frazão
«O PS em cima do muro

"A Assembleia da República resolve... recomendar ao Governo que advogue e proponha junto dos signatários do Tratado e no quadro da União Europeia a adopção de medidas e a negociação de um Protocolo Adicional ou de um Tratado Complementar ao Tratado sobre Estabilidade, Coordenação e Governação na União Económica e Monetária". É com este palavreado profuso que, uma vez mais, o PS revela a sua criatividade.
Preso, por opção e vontade própria, ao compromisso que tem com o pacto de agressão que subscreveu, de cada vez que há questões de fundo junta o gabinete de crise para decidir, não o que fazer, (porque isso está decidido) mas como fazer.
Vejamos o caso em concreto.
Os «lideres europeus» acertaram mais um pacto, a que alguns chamam de Pacto Orçamental, onde os
pequenos países da Europa civilizada aceitam alienar mais uma parcela (e que parcela!) da soberania nacional, e, no caso de Portugal, atropelar mesmo a Constituição Portuguesa, inscrevendo em lei limites ao défice orçamental, e dando o direito a entidades externas a sancionar o nosso País, chegando mesmo a perder o direito de voto na UE, no caso de uma política de desenvolvimento exigir opções diferentes dessas. De uma penada, os «líderes europeus» condenam os países mais pobres ao retrocesso civilizacional e económico, ao desemprego e ao atraso, aprofundando o fosso cada vez mais evidente na Europa a várias velocidades.
O PS, percebendo que a coisa era tão óbvia, mas amarrado – e não se querendo desamarrar! - a essa opção de fundo, dá a sua aprovação ao dito Pacto, mas coloca-se em bicos dos pés e levanta a voz para dizer que o Governo tem de aceitar também a Resolução que recomenda ao Governo que "proponha e advogue" o crescimento económico  de defesa do emprego. O Governo já veio dizer proporá e advogará. Mas que tem proposta para melhorar o texto. O PS faz cara feia mas admite alterar a proposta! A novela prometa continuar com o resultado previsto. 
E os trabalhadores, o povo e o País a sofrerem com mais esta posição desassombrada do PS que se soma às abstenções violentas no Orçamento do Estado, nas alterações à legislação do trabalho, no Orçamento Rectificativo.
E ainda há quem diga que o PS está em cima do muro!»

Dia de (ir) avante!

 Hoje é 5ª feira! Dia de avante!

Porque hoje é 5ª feira. E, como todos os dias, dia de luta. Hoje com a ajuda do avante!

Como o foi a semana passada. Na 5ª feira, 5 de Abril. Mas passou-nos, aqui, o registo. E seria uma falha não ficar, no nosso arquivo, este destaque da 1ª página:


quarta-feira, abril 11, 2012

Lá irei...


... contar uma historinha
talvez a da andorinha
(mas não irei de pijama)

Fazendo negócios em Portugal


"Doing Business in Portugal" é o título de um dossier de 4 páginas que o Financial Times dedica ao País, em que publica análises a sectores como a construção, a banca, a nergia e o turismo, e às privatizações, e à situação laboral. E que mereceu grande eco comunicacional


pois!...

O título do primeiro artigo é "Decididos a fazer reformas", em que o FT escreve que "os objectivos estruturais estão a ser atingidos", sublinhando, no entanto o "custo enorme" dessas reformas (presume-se que social!).

No segundo, o FT atreve-se a afirmar que as dificuldades do país "não diminuíram o entusiasmo [dos portugueses] pelo euro" e afirma que "há sinais positivos que começam a surgir", não conseguindo nós encontrar nem o tal entusiasmo nem vislumbrar os tais sinais positivos, apesar de cá vivermos e muito atentos estarmos

Em "Bancos esperam melhoras rápidas”, o FT garante que a primeira coisa que um funcionário bancário diz a um potencial cliente é que o sector financeiro português "é muito diferente dos da Irlanda e da Grécia" (nem se atrevendo a lembrar o da Islândia).

Outras informações claramente “troikadas” com a realidade dizem que "o País se prepara para vida depois da dívida" e relevam a importância das privatizações, em que o governo já teriam conseguido arrecadar perto de 10 mil milhões de euros, estando mais 7mil milhões. E assim se fazem negócios em Portugal...

Pode ainda ler-se que as pressões externas promovem as mudanças, e que, em Portugal, "pela primeira vez, há uma vontade de fazer reformas estruturais”, o que é evidentemente falso, mesmo que apenas se entenda por reformas estruturais o que ataque e procure destruir o que foi conquistado económica e socialmente nos pouco mais de 400 dias que se seguiram a Abril de 1974!

No final do "dossier", dedicado sobretudo aos sectores do turismo e da energia, o FT afirma ser Portugal “uma nação dedicada ao mar" (já foi!, já foi!...) mas, ao que parece, não com aproveitamento dos recursos e das condições e localização geográfica mas apenas no que se refere ao turismo vindo do exterior, para os velhos reformados em busca de areia e sol,,, apesar do contratempo "do aumento do IVA”.

Na energia, o FT, tal como resto, toma para si as dores do governo e preocupa-se com o défice tarifário e os contratos existentes.

Assim se ajuda a fazer (e faz) negócios em Portugal.

terça-feira, abril 10, 2012

O MANDA-CHUVA - 16 (último)

Esta será a última "estação" desta viagem por recordações. De lutas queridas e empenhadas. Com episódios que sabem bem lembrar.
Foi uma edição de 11 mil exemplares (5.000 + 6.000!). Distribuídos através de uma rede de ficheiros, e de amigos que a tal se dedicaram. Chegou a ser quase surpresa/quase comovente.
O Manda-Chuva não se pode apagar! Em nós, não se apagará.... 
O inspector da PIDE mandou agentes irem buscar-nos, a nós como se fossemos o "manda-chuva" do O Manda-Chuva, mostrou toda a sua irritação por a PIDE não ter conseguido apreender mais que uma dúzia de exemplares, enquanto lhe respondiamos com o interesse de uma empresa comercial que "conseguira vender mais de 10 mil exemplares"!
Algumas referências e frases citadas provocaram claras ameaças, mas também havia a quase certeza que pouco poderiam fazer naquele caso. Apenas o reforço da ameaça-aviso se a Prelo repetisse a "graça": "não se metam noutra!"
Por isso, tal não foi feito. Também porque nunca estivera nas intenções. E aquele dia passado na sede da PIDE nem foi dos que tenham deixado más recordações, embora entrar e estar naquele antro nunca pudesse ser indiferente e fosse sempre desagradável.

A última página trazia um pequeno artigo, com o tíulo ANO MORTO, ANO POSTO  com que se fechava a publicação. No mesmo tom e registo das 15 páginas anteriores, assim começava e acabava.


(. . . )




















Saudades matadas,
projectos (re)nascidos

Escutas


«Tanta reforma antecipada… “os gajos” têm direito a requerer essa coisa?...»

«Têm. E é uma chatice… a gente complica, complica … mas está na lei!»

«Altera-se a lei!, ou melhor: usa-se aquele truque de a congelar durante a vigência do acordo com a “troika”.»

«Boa. O acordo que não se negoceia mas queé elástico…»

«Isso mesmo!... mas se “eles” sabem, há logo uns gajos que metem os papéis para reivindicar o direito…»

«… são uns oportunistas… uns privilegiados…»

«Esperem aí… a gente vai alterar a lei mas não vai dizer nada a ninguém

«Pois. Escreve-se a lei e publica-se logo que possível fazendo-a entrar em vigor no dia da publicação, e só se lhe dá publicidade no dia seguinte…»

«Combinado…mas temos de nos comprometer a fazer disto segredo de Estado… »

«...salvo, evidentemente, algum aviso excepcional a parente ou amigo de encontro imediato de 3º grau que esteja para meter os papeis, para que o faça imediatamente…»

«E a promulgação pelo PR?»
«Não há problema. O Cavaco vai invocar "interesse nacional" ... está escrito!»
 
E é que está mesmo!
sapo:
 
 
Presidência da República

Cavaco invoca "interesse nacional"
para congelar pensões antecipadas (DE)

O Presidente da República evoca "razões de interesse nacional" para justificar a promulgação do congelamento das reformas antecipadas.

Brevíssima - Isto de acordos (incluído o ortográfico!)...

Dada a boa receção (!) da "troika" de cá às ordens da "troika" de lá, e até o seu excesso de zelo, já não estamos em recessão estamos, economicamente, em rutura (que era ruptura... ou será rotura).

Que queda abrupta (ou é abruta?... ou tem de ser à bruta?)

Maternidade Alfredo da Costa - Como é que é possível?!

"o mais importante da MAC - o seu know-how e as equipas - serão mantidos",
disse aquele senhor chamado Macedo que, depois do "excelente serviço" como director Geral das Finanças, foi para um banco ligado a um grupo em que foi adstrito à área do negóocio da doença e, desta, passou - nela se mantendo, claro - a um lugar em que pôs o chapéu de "ministro da saúde". 
O mais importante... mantidos onde?, para quê?, para quem?, ao serviço de que grupo privado? (enquanto se faz o negócio imobiliário no privilegiado local?)

Ler mais, por exemplo: http://expresso.sapo.pt/cordao-humano-contra-fecho-da-maternidade-alfredo-da-costa=f718007#ixzz1rcyyYD6d

segunda-feira, abril 09, 2012

O MANDA-CHUVA - 15

Acabados os meses, o manda-chuva ainda tinha mais duas páginas. Uma, esta, quase toda cheia com um artigo sobre agriculturam, "a arte de empobrecer alegremente", que teria perdido esse "monopólio" num país em que o povo parece estar condenado a empobrecer (alegremente?, resignadamente?) por aqueles que nnunca empobrecem... Mas que é um povo que "aguenta", que resiste, e que, de tempos em tempos, tem assomos revolucionários e sacode a canga. De "brandos costumes"? Não se trata disso. De clima aparentemente ameno...

A penúltima página de O Manda-Chuva marca a sua posição de publicação predominantemente voltada para a terra e as gentes, num País ainda com a marca do sub-desenvolvimento gravada pelo não-racional  e não-socialmente aproveitamento dos recursos naturais da terra, embora algum se verificasse do mar e da situação geográfica com estaleiros e alguma indústria a começar. Era um País a ser, aqui, com os de cá, aqui. E o 25 de Abril abriu portas para esse País! Portas abertas que parecem servir para que os portugueses abalem da sua terra, sem ser "de salto" como era então (a que, hipocritamente, se fechava os olhos e castigava, e que, hoje, cinicamente, se aconselha e estimula).

Mas essa penúltima página não estava toda cheia. Tinha ainda, além do anúncio às Oficinas Gráficas do "Notícias da Amadora", outro local de luta e resistência, ficando a saudosa lembrança do Orlando Gonçalves - com quem fiz a última viagem até às prisões fascistas, já em Abril de 1974 -, duas citações. Uma de José Marti e mais uma quadra de António Aleixo.


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