terça-feira, março 31, 2009

Na apresentação dos candidatos CDU ao PE

Na apresentação da lista CDU de candidatos às eleições para o Parlamento Europeu. de 7 de Junho, o mandatário, Prof. Doutor António Avelãs Nunes, vice-reitor da Universidade de Coimbra, fez uma intervenção que merece ser lida, aqui,... e reflectida.

Será que ouvi mesmo?

Na RDP-1, no noticiário das 21 horas, o presidente do GP do PS (o GPS?) disse:
"... temos de introduzir na política a ética dos negócios".
Eu ouvi! Com estas duas orelhas que têm a cabeça no meio. Mas será possível que tenha ouvido "isto"?
Quereria ele dizer "...fazer com que a política introduza a ética nos negócios"? Mas... tinha todo o ar (de som) de quem estava a ler um disurso. Em que até elogiou o Santana Lopes porque este disse não sei o quê (isto não ouvi bem, ou não ouvi por forma a reter) da Ferreira Leite
Já não sei nada. Estou confuso. Deve ser da idade (da minha ou da deles?)...
Ah! Importantíssimo: o deputado Manuel Alegre não estava lá (já, ou ainda, não terá GPS?).
Pronto, está dada "a notícia"!

segunda-feira, março 30, 2009

domingo, março 29, 2009

Ontem, em Lisboa

Manifestação da juventude

Critérios editoriais

Reservo para o docordel as minhas impressões, crónicas, devaneios, comentários (mais) pessoais. Mas, desta vez, porque tem a ver com a política que se faz, é aqui que quero deixar uma crónica personalizada.
.
Chegara a casa, vindo da saga hóquista de Mealhada, que meteu assaltos a carrinhas e outros episódios, e vinha cansado. Ao arrumar o carro, ainda ouvi, na RDP2, o noticiário começar por dizer que era 1 da manhã para logo emendar para 2 da manhã, hora de verão. Pensei "lá me roubaram uma hora de vida... hei-de recuperar lá para o outono".
Apesar da pressa em adormecer e recuperar do cansaço (e já passava das 2 da manhã!) ainda cumpri o ritual de pegar num livro ou num jornal. Foi no Jornal de Leiria que aguardava leitura. Na passagem de páginas vi, em "breves", que se referiam a "Ana Rita Carvalhais na corrida das europeias" e comentei para dentro do meu sono "Boa!, o jornal não deixou passar... e é natural porque a Ana Rita é da terra, porque é uma mulher em lugar elegível...".
Passei mais uma (foram duas) páginas e apanhei com a fotografia de meia página do Miguel Portas e a entrevista de duas páginas, a entrevista daquela edição. Fiquei pior que urso (aquela coisa que se abrevia como piurso), e o sono espalhou-se, fugiu.
Antes de adormecer (com ajuda de dose reforçada do comprimidinho receitado) alinhei três ou quatro questões, para que o sono, ao tomar-me, levasse um homem com ideias arrumadas.
Aqui estão elas.
1. Miguel Portas é deputado europeu, e cabeça de lista às próximas eleições, pelo Bloco de Esquerda.
2. A sua "prestação" nos 5 anos desta legislatura teve tal dimensão (quantitativa) que eu, que estive em deputado europeu do final de Julho de 2004 a 11 de Janeiro de 2005 (note-se que foram 5 meses completos, entre eles Agosto e Dezembro) fiz tantos relatórios e tantas perguntas como ele e fez fiz 26 intervenções em plenário enquanto ele terá feiro 40, para não a confrontar com as "prestações" de Ilda Figueiredo e de Pedro Guerreiro, os dois deputados do PCP no PE que cumpriram 5 anos de mandato (o Pedro menos os meus 5 meses).
3. Os nossos curricula (e digo-o porque somos ambos economistas), quer académicos, quer de intervenção cívica, quer de coisas editadas, não são comparáveis, até porque tenho grande avanço em anos (em décadas, isto é, 2 décadas e ainda dois ou três anitos)...
4. O Miguel não tem muito a ver (se é que alguma coisa tem) com Leiria, enquanto eu tenho muita e muita coisa, e a Ana Rita, tão candidata como ele, nem se fala!
5. Estive 11 anos no PE, fui candidato ao PE em todas as eleições (até esta), tendo estado sempre disponível para tudo o que o JL tem pretendido de mim e nunca tive o privilégio de ser o de a entrevista.
6. Não me lembro que a Ilda Figueiredo, ou outro qualquer deputado do PCP no Parlamento Europeu, tenha sido escolhido para a entrevista.
7. Claro que tudo que sai num jornal obedece a critérios editoriais que, por vezes, transcendem os responsáveis pelo próprio jornal. Será este o caso?
8. Uma coisa é certa, este critério editorial, aqui ilustrado, reflecte uma deliberada escolha política, quer pelas ausências, pelo que, no mínimo em igualdade de circunstâncias, levaria a um outro tratamento do PCP, quer pelas presenças (oportunas e com a resultante, inevitável pela aplicação do critério) de desvalorizar o PCP, ou de encontrar compensações para a presença do PCP na luta coerente com a sua matriz ideológica.
9. Este critério editorial é de classe. Ponto final.
10. Mas "eles" dizem que não há classes.
11. Nós dizemos que há. E fazemos a luta das ditas.
12. "Eles" dizem que não há classes (valha-nos Deus!). E fazem a luta das ditas! De forma capciosa.
Adormeci. Tranquilamente.
Ah! Depois disto, vou ler a entrevista. Talvez volte!

sexta-feira, março 27, 2009

A concentração das reservas monetárias

Recebi, de um amigo, uma lista elaborada pela CIA (que é pública mas, ao que parece, não publicada) sobre a distribuição das reservas de divisas estrangeiras e ouros de 155 países, reportadas a, na maioria dos casos, 31 de Dezembro de 2008.
Não havendo enormes novidades no ordenamento, este impressiona pelo distribuição e concentração do que será a base material do dinheiro que circula pelo planeta.
De muito longe, o país com maior valor (em dólares) de divisas estrangeiras e ouro é a China, com mais de 2 biliões (2,2 com Hong-Kong) seguindo o Japão com 954 milhares de milhões e a Rússia com 435 milhares de milhões.
O total de divisas e ouro na China estará ao nível do total dos 5 países que a seguem na lista (além do Japão e da Rússia, Taiwan, Índia e França).
As reservas dos 8 paises que vêm a seguir (Coreia do Sul, Brasil, Singapura, Argélia, Alemanha, Tailandia, Malásia e Itália), e que estão acima de 100 mil milhões, somam, no total, menos de metade das que a China possui.
Os Estados Unidos? Estão em 23º lugar com 70 mil milhões!
Importa conhecer e avaliar o significado desta situação, criada pelo modo como tem evoluido a economia mundial, que faz com que a base material em que assenta toda a financeirização da economia tenha esta desequilibradíssima distribuição com uma desmesurada concentração e um vácuo nos cofres da "cabeça do imperialismo", e ela pode ilustrar-se por um castelo de cartas assente sobre areias movediças. E se preocupa a CIA (o que é preocupante), não menos deve preocupar... quem se preocupa com o mundo em que vive hoje e com o que está aí à porta.
E é por causa desta situação que se começa a ouvir falar, embora em surdina, na necessidade de rever a posição do dólar como "moeda universal", e das erradas decisões (para quem?) tomadas em Bretton Woods no pós-guerra e do sr. Keynes que esteve contra elas
Fica, por agora, apenas o apontamento.

segunda-feira, março 23, 2009

Deputados no Parlamento Europeu - explicando-me melhor

Porque podem ter surgido dúvidas na leitura do meu "post" abaixo, venho (tentar) tornar tudo mais claro:

Agrupando por partidos (ou coligações) e mandatos, com os 12 mandatos que o PS obteve nas eleições de 2004, que foram cumpridos por 14 candidatos nas suas listas (por substituição de António Costa por Hasse Ferreira e de Fausto Correia por Armando França) foram feitos, na legislatura de 5 anos (e até agora) 37 relatórios, 1667 intervenções e 501 perguntas; com os 7 mandatos que o PSD obteve foram feitos 37 relatórios, 637 intervenções e 100 perguntas; com os 2 mandatos que a CDU obteve, cumpridos por 3 candidatos nas suas listas (por minha substituição por Pedro Guerreiro, mas contando apenas como um mandato para a legislatura porque nunca estivemos em deputado ao mesmo tempo), foram feitos 13 relatórios, 1398 intervenções e 671 perguntas; com os 2 mandatos obtidos pelo CDS-PP foram feitos 3 relatórios, 891 intervenções e 382 perguntas; o mandato do Bloco fez 1 relatório, 41 intervenções e 13 perguntas.
Em quadro, pode ver-se que a CDU, com apenas dois mandatos, fez mais intervenções no plenário que o PSD, com sete, e teria feito mais que o PS se não contassem as vezes que os seus vice-presidentes (primeiro António Costa e, depois, Manuel dos Santos) falaram na condução das sessões como intervenções, e fez quase sete vezes mais perguntas que o PSD e mais que o PS:

Depois, para que seja directamente comparável, há que dividir as "prestações" pelos mandatos obtidos, e é daí que resulta o quadro por mandatos, em que a vantagem dos que estiveram e estão no PE eleitos nas listas da CDU é absolutamente esmagadora:

E não se argumente com a maior facilidade de intervenção ou de ter relatórios (sobre perguntas nem se pode pôr a questão) por se fazer parte de um grupo mais pequeno pois os tempos são partilhados proporcionalmente ao número de deputados de cada grupo e os relatórios distribuídos por forma a que o peso de deputados dos grupos é muito condicionador e determina pontos que funcionam como quotas. Só com muito trabalho é que se lá vai...

Se a estes dados estatísticos se somasse a actividade no País haveria que perguntar se, sendo cada voto é igual a cada voto, aqueles que elegem os que mais trabalham não se sentem mais (e melhor!) representados.

domingo, março 22, 2009

Deputados europeus

Aproximam as eleições europeias, para as quais o PCP foi o primeiro, no quadro da CDU, a apresentar a sua cabeça de lista, Ilda Figueiredo, apresentação e actividade sequente que a comunicação social (não) tem tratado de forma absolutamente inaceitável sobretudo se confrontada com o eco dado à designação de Vital Moreira pelo secretário-geral do PS como seu candidato e a uma esporádica distribuição de propaganda por Francisco Louçã e Miguel Portas num BE sempre "nas palminhas".
Com essa aproximação, aparecem, inevitavelmente, avaliações dos mandatos dos deputados na legislatura que ora termina. O Expresso fê-lo esta semana, através de Daniel do Rosário. Parte interessada, também pessoalmente, senti-me recuar uns anos, para quando esta análise foi "descoberta" e passou a ser possível nos idos anos 97/98, quando a informática foi instalada entre as usuais ferramentas de trabalho do PE.
Estive 11 anos na tarefa de deputado europeu e inclui-se, nesse longo período, o mandato desta legislatura, de 22 de Julho de 2004 a 11 de Janeiro de 2005, isto é, 5 meses completos, entre eles Agosto e Dezembro o que torna o tempo considerado útil, de trabalho, mais curto. Porque fazia parte do compromisso, para com o Partido e como candidato, saí logo que considerei ter feito trabalho útil e que tivesse justificado o voto para que representasse os portugueses e Portugal, que é isso estar em deputado.
Tive a sorte de "agarrar" um bom relatório, sobre as pescas, de o ver aprovado, embora com muita oposição e reservas de deputados espanhóis, fiz (vi agora) 26 intervenções em plenário e apresentei 13 perguntas, fui substituído pelo meu camarada Pedro Guerreiro, o que, a juntar à enorme tranquilidade de consciência, me deu inteira satisfação pessoal.
Não estou na lista apresentada pelo Daniel do Rosário. Tenho pena. Naqueles escassíssimos meses, fiz tantos e mais relatórios que 7 outros deputados portugueses em 5 anos, tantas ou mais intervenções que 4 outros deputados portugueses em 5 anos, fiz tantas ou mais perguntas que 10 outros deputados portugueses em 5 anos!
Venho dizê-lo não para me vangloriar do trabalho feito,735 mas para juntar estes números aos números dos mandatos de Ilda Figueiredo e de Pedro Guerreiro. Os dois mandatos dos eleitos nas listas da CDU realizaram 13 relatórios, 1398 intervenções e 671 perguntas, o que dá, já que estamos a fazer estatísticas, 6,5 relatórios por mandato, 699 intervenções por mandato e 335,5 perguntas por mandato. Confrontem-se estes números com os de outros mandatos de outras listas que se apresentam a sufrágio!
O que nos remete para a grande questão (estatística): as avaliações dos desempenhos, além de terem em conta o trabalho deputado a deputados, teriam de contribuir para saber que fizeram os eleitos dos seus mandatos, os 12 do PS, os 7 do PSD, os 2 do CDS-PP e o do BE?
Por mandatos, temos que

Como nota, acrescento que, evidentemente, inclui os números relativos a Fausto Correia, que faleceu e foi substituído por Armando França, e os de António Costa, para se candidatar à Câmara de Lisboa, substituído por Hasse Ferreira e não por Manuel dos Santos, que o substituiu, sim, numa vice-presidência do PE atribuida ao PSEuropeu; ainda se acrescenta que as intervenções, quer de António Costa, quer de Manuel dos Santos, estão muito empoladas pois contam como intervenções as vezes que falaram, como vice-presidentes, na condução dos trabalhos.

sábado, março 21, 2009

Antologia ao quadrado

O artigo de Anabela Fino no avante! desta semana (ver, por exemplo, aqui reproduzido, em odiário) é de antologia. A meu juízo, claro.
Sê-lo-á relativamente ao tema em si, a manifestação de 13 de Março mas , também, relativamente à caracterização de um senhor chamado Mário Soares e do seu infindável percurso de intervenção política, sempre sinuoso mas com um único sentido, o de, em nome gritado da democracia, defender os interesses e a posição da classe dominante e a sua "demo-craCia".

quarta-feira, março 18, 2009

Não se faz falta...

... quando, andando por outras andanças e paranças, há quem diga o que aqui queríamos ter dito. É ver esta declaração de descaração!
De qualquer modo, como dizia um outro, embora totalmente às avessas, todos não somos demais...

domingo, março 15, 2009

Leituras do tempo e tempo de leitura

“Não tenho tempo para ler”, dizem todos (ou quase). Uns justificam “até gosto de ler, mas não tenho tempo…”; outros acrescentam, peremptórios, “nem gosto!”; ainda há os que se ficam nos meios-termos “não tenho muito o hábito… umas vezes gosto, outras não!”. Há que fazer alguma coisa, e algumas coisas estão a ser feitas. Não as suficientes.
Cá por mim, ganhei o vício. Bom. A boas horas. Acho eu...
Como escreve Daniel Pennac (mais ou menos assim) em “Comme un roman”, na vida deste tempo em que não há tempo para ler, cada tempo de leitura é tempo que se acrescenta ao tempo… de vida.
Estou a ler dois livros. De dois Prémio Nobel. De 2008. Le Clézio, de literatura, P. Krugman, de economia.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
Comprei o livro de P. Krugman e comecei a lê-lo com uma fundada expectativa. O Prémio Nobel da Economia de 2008 tem escrito de forma dita irreverente, tem sido, por vezes, polémico e tem preocupações de dessacralizar a linguagem do economista.
Claro que não esperava vir encontrar grandes surpresas em que parte de pressupostos que se traduzem na analogia do Estado, da administração pública, com as empresas privadas, com a gestão capitalista mas... esperava que, face à crise (ou a esta explosão da crise) dissesse algumas coisas interessantes. E com elas aprendesse.
Mas logo le desiludi. Nem vou - agora - ilustrar a decepção por nada encontrar de interessante, nem o exemplo (re)batido da cooperativa de babby-sitting, e algumas coisas ter lidas verdadeiramente agressivas (para este leitor!). Transcrevo: "Mas quem poderá agora invocar as ideias do socialismo com seriedade?(...) Hoje em dia, não passa de uma piada de mau gosto(...)". Não há nobilíssimo prémio que me iniba de dizer que é uma tristeza haver um economista que - até onde li... - revele tal ignorância do contributo de Marx, que assimile socialismo a "fracasso humilhante da União Soviética", isto quando, entre outras coisas, escreve "parece que a oferta surge em todo o lado e a procura desaparece por completo". Uma visita ao século XIX e a "certos autores" (nem digo revisita porque se pode concluiur que nunca visitou esses tempos e autores) seria aconselhável, pois dar-lhe-iam pistas de explicação oara muita coisa que apenas lhe parece estarem a acontecer, e que ele, entretido com as taxas de juro, de câmbio, os défices orçamentais, não descortina...
Estou a perder a esperança de aprender o que quer que seja. E preciso/amos tanto!

sábado, março 14, 2009

Hoje!

(+) de 200 mil!

sexta-feira, março 13, 2009

Efeméride(s)

Ver esta lembrança do Peão, do "cartoonista" aPeado.
Também acho muito... Boa!

Então...

... até (+) logo!

quinta-feira, março 12, 2009

Indignação e repugnância

Não pensava escrever sobre este caso. Noutros "blogs" deixei comentários solidários com a indignação. Mas, agora, é mais que indignação. Se é possível!
Ao ler "depoimentos" e "pontos de vista" no Jornal de Leiria, senti-me satisfeito por estar, evidentemente, excomungado desta Igreja e senti repugnância. É que um senhor que é dito ser médico afirma que se auto-excomungaram os que intervieram na reparação de um crime hediondo e salvaram a vida de uma menina de nove anos (também ela auto-excomungada!), violentada por um criminoso, por um doente, por um monstro que, apenas, teria pecado... com a respectiva absolvição.
E auto-excomungaram-se, todos esses depois excomungados "de direito", por terem impedido uma criança de nove anos de se juntar à "comunhão dos anjos". Invocando o nome do seu deus e a defesa da Vida, há quem defenda a morte e a "comunhão dos anjos".

quarta-feira, março 11, 2009

Certificando(-me)

Glosando um a "cem por cento" de Nicolau Santos, saíu-me esta reflexão. No meu despacho está Publique-se. Pois publique-se:
Certificados de aforro são… certificados que o Estado, pelo Governo, passa a aforradores para… certificar que estes têm disponibilidades que pretendem aforrar. Mais claro que isto não se pode ser!
Suponhamos uma senhora a quem os pais deixaram, em tempos, umas pequenas propriedades que ela alienou por não ter capital para investir em imobiliário e por haver quem, tendo-o, adquiriu as pequenas propriedades por estarem em área urbanizável.
Dessa operação financeira, em que uma vende terreno e outro compra solo para construir, vencidas todas as complicações burocráticas e cadastrais que complicam tudo o que é pequeno ou de pequena monta, resultou que a senhora ficou com um cheque, convertível em notas ainda de contos de reis.
Depois de resolver uns problemazitos e de fazer umas bondades e benfeitorias, a senhora ficou com umas notas de sobra. Demasiadas para serem metidas em pé-de-meia, ou para depositar no banco, à ordem ou até mesmo a prazo. Vai daí, aconselhou-se e dos conselhos concluiu que, uma vez que não pretendia fazer aplicações seguras (quais?) ou, eventualmente, especular, o melhor seria comprar… certificados de aforro. O dinheirinho ficava em segurança, à guarda do Estado, rendia uns jurozitos, pequenos mas certos, e ela ficava tranquila.
Entretanto, nesta financeirização que se caotiza, isto é, que se vai tornando num caos, tudo se baralhou.
Para essa baralhação, antecâmara do caos, o(s) Governo(s) deu (deram) um contributo inestimável. Ao serviço dos interesses de que está(ão), não distingue(m) bancos de depósito e bancos de aplicações de fortunas, põe(m) a especular fundos de pensões e outras liquidezes que haveria que assegurar que não corriam riscos, trata(m) do mesmo modo o que é poupança e o que é especulação e “economia de casino”.
Os certificados de aforro perdem especificidade e serão, até, confundidos com concorrência daquilo de que estão mais próximos, os depósitos a prazo e “produtos” dos bancos privados, os “seguros”, de saúde, de reforma e outros, em companhias privadas.
Nessa deriva, vá de alterar condições de subscrição e de remuneração (também para anteriores subscrições, isto é, com efeitos retroactivos) em desfavor de quem entra ou tivesse “entrado em jogo” com a presunção do conhecimento e do cumprimento das regras deste, que, entretanto, o Governo alterou unilateralmente.
Perdem os aforradores, que apenas queriam – e querem – segurança para as suas poupanças, e perde o Estado, que vê fugirem-lhe “massas” que são consideráveis e que muita falta lhe podem fazer.
De toda esta falta de ética – há ética nestas coisas da economia… até há um texto muito interessante de K. Marx sobre a economia política e a sua moral – junta-se a incapacidade deste Governo de, tendo tido de rever as suas decisões, embora tarde e más horas, também não reconhecer que teria errado. E, se calhar, nem errou. Fez o que queria fazer, na intenção de ser o protagonista de “menos Estado”, também no aforro e seus certificados, mas “a crise” (ah!, a crise!) obrigou-o a corrigir o tiro embora os alvejados sejam sempre os mesmos. Entre outros, os pequenos aforradores.

terça-feira, março 10, 2009

Noticiário...

... bolsado em "bolsês":

"As bolsas internacionais abriram em ligeira alta, em contra-ciclo com a Bolsa de Lisboa cuja praça abriu no vermelho..."

Ora toma!

segunda-feira, março 09, 2009

A formiga no carreiro...

todas as horas são de lutarmos juntos... mas umas são mais (+) que outras!
Mudem de rumo!

domingo, março 08, 2009

8 de Março - Dia Internacional da Mulher

Todos os anos, no dia 8 de Março, se comemora o Dia Internacional da Mulher. Aqui também. Na "blogosfera". Nestes "blogs" que vou animando. Ao mesmo tempo que a comemoração alastra a camadas cada vez mais largas da população, tem havido um esvaziamento deliberado do sentido profundo da efeméride, uma "folclorização", faz-se do 8 de Março um dia em que, por exemplo, os restaurantes se enchem de mulheres a confraternizar (o que é excelente), sozinhas (o que é mau, acho eu...), numa "libertação" por se imitar o que tantos homens fazem todos os dias (o que, a meu ver, é péssimo). Quase todas (e todos) ignorando o porquê do 8 de Março.
E... porquê se comemora o Dia Internacional da Mulher, e a 8 de Março? Um pequeno panfleto do Movimento Democrático de Mulheres diz-nos porquê:


«Em 1910 e por proposta de Clara Zetkin, foi aprovado um dia de luta internacional da mulher, em homenagem à dura luta travada em 1857 (curiosamente, ano do nascimento de Clara Zetkin) pelas operárias de uma fábrica têxtil em Nova York (por horários de trabalho e salários iguais aos dos homens). Todos os anos, saem para a rua milhares de mulheres, em todo o mundo, unidas na defesa das suas causas emancipadoras.
Em Portugal o MDM assinalou o 8 de Março, pela primeira vez, há 40 anos. Hoje, continua a haver razões para comemorar esta data. Subsistem discriminações, desigualdades, novas formas de obscurantismos que recaem sobre as mulheres e que é necessário denunciar e combater.»

Também assinalo esta data em som-da-tinta.blogspot.com e em docordel.blogspot.com.

sábado, março 07, 2009

Regresso...

Três dias ( e meio) fora de casa. Afastado desta secretária. Com o computador a tiracolo mas sem tempo para o abrir. Tinha mensagens programadas mas deixara para o dia de ontem, 6 de Março, referências directas, "do dia". Ao dia. De aniversário(s). Do PCP, 88 anos. Do meu filho mais novo, 39 anos. Afinal...
O tempo escorreu. E quando tive a possibilidade de me sentar (noutra secretária) e fixar a(s) lembrança(s) de todo o dia... já era hoje, 7 de Março. E só agora aqui estou, depois de ter aniversariado com o Gonçalo, na véspera, com o "meu partido" no almoço na Soeiro e, depois, toda a tarde em tarefa na "Festa", na Atalaia, com a célula dos camaradas que a cuidam e constroem e, no meio da tarde, num lanche em que disse umas coisas...
Adiante. Ao fim desta viagem fora de casa, aqui volto. Ainda estou cheio de pelo menos três fatias do bolos decorados com foice e martelo, e com o "remorso" de tanto ter desafinado em três coros do "parabéns a você" com música (?) da Internacional.
Estamos vivos e aqui para as curvas. Para a luta!

E olho para trás de mim. E fotografo. E reproduzo:

Tentaram
separar-me do meu Partido

Não conseguiram!

Não fiquei esmagado
sob os ídolos caídos

Nãzim Hikmet
(autobiografia)

domingo, março 01, 2009

A quem possa servir de primeira apresentação

O Professor Doutor Vital Moreira?
Há quem não o conheça. Claro que sobretudo entre os jovens. Eu estou como o Guerra Junqueiro:
O melro, eu conheci-o:/Era negro, vibrante, luzidio,/Madrugador, jovial (...)
E, como primeira apresentação (porque dele mais e demais se falará), reproduzo uma resposta que dei a um comentário no "post" abaixo:
«Dizes que não conheces Vital Moreira? Posso dar-te umas explicações por fora... se tiveres interesse. Não pelo personagem, mas pelo que ele reflecte e representa. Só te digo que, no final dos anos 80, havia quem apostasse nele para vir a substituir Álvaro Cunhal como secretário geral do PCP. Gente tonta e/ou quem, na altura, tudo fazia (mas tudo!) para que o PCP se "modernizasse", fosse outro, isto é, um PCP nem P nem C nem P.»