segunda-feira, fevereiro 28, 2011

Agenda

A agenda em Março e Abril parece que tem picos. Claro que não é só a minha, mas esta é a que conheço melhor...
Vou deixar algumas amostras:


No Expresso, a Cem por Cento

Nas mudanças no Expresso, manteve-se, no caderno Economia, a página de Nicolau Santos, Cem por Cento. Onde se encontram coisas que vale a pena serem lidas. O que não quer dizer que se esteja sempre de acordo com o lido. E muitas vezes não se está.
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Neste número, N.S. aproveita a usada e abusada expressão "é a economia, estúpido!", de que se serviu Clinton nas eleições EUA de 1992 (e em que Bush pai não era muito lisonjeado...), para titular o seu artigo, Economia para estúpidos, em que denota alguma perplexidade perante o andamento da economia. Que, na sua análise, é evidentemente um percurso eivado de estupidez. Porque tudo corre no sentido contrário das medidas que se tomam. É o contra-senso ou o contra-sentido pegado.
As ajudas de fundo de resgate U.E. ou do FMI aparecem como o cutelo inevitável, face à evolução dos juros que parece indiferente a tudo, não obstante as evidências do que essas "ajudas" estão a provocar na Grécia e na Irlanda; a "volta por cima" das exportações, em que se insiste de forma acrítica e sempre em detrimento da procura interna, arrasta a pergunta que ninguém parece querer fazer: para onde? (Espanha?, Alemanha?...).
Termina o perplexo relato com a constatação de que as vias de antigamente (moeda e inflação nacionais) já não existem: "Agora não se vai por aí. Só com cidadãos mais pobres e multidões de desempregados. Não é a economia, estúpido. É a economia dos e para os estúpidos".
É um grand final.
Mas falta o resto.
Como parece sempre faltar: é o capitalismo, ignorantes!
E se esta economia é dos estúpidos, aqueles para quem (e com quem) se faz esta economia não serão incuravelmente estúpidos.
Há saídas! Não servem é os interesses que estão a ser servidos.

No Expresso, a entrevista de Jerónimo de Sousa

Um semanário é para isto. Para ser lido durante os dias do fim-de-semana. Quando há disponibilidade. E ficam, sempre, páginas por ler...

Deste número "especial" do Expresso, que já me "deu que fazer", deixei para a noite de domingo duas páginas, a da entrevista com Jerónimo de Sousa, a do Cem por Cento do Nicolau Santos. Tinham de ler lidas no silêncio da casa, quando apenas de ouve a madeira aqui e ali a dizer-se viva.

A entrevista do Jerónimo é, como todas as entrevistas, uma espécie de ping-pong. Do lado de quem entrevistava J. de S. havia, como sempre, uma clara intenção, servida pela escolha dos temas.

E tudo começa pelo princípio. A pergunta mil vezes feita, sempre - ou nem sempre... - numa outra formulação: "Já pré-anunciou uma moção de censura. Quando avançam com a iniciativa?"; a resposta mil vezes dada, com a paciência que uns dizem evangélica e a que Jerónimo um dia chamou, num momento de inspiração, revolucionária: "Eu respondi a uma pergunta numa entrevista, não foi uma declaração formal. Não excluímos nenhum instrumento constitucional."

E por aí fora. Sendo bom de ler. Mostrando, claramente, a diferença.

domingo, fevereiro 27, 2011

A guerra colonial, o Zeca e o Adriano

Não se fez, neste blog, qualquer referência a José Afonso e à efeméride da sua morte. Como não foi feita - para além do anúncio de uma iniciativa do PCP - aos 50 anos do assalto à prisão de Luanda, início da luta armada pela independência das colónias.

Com esta canção do Zeca (e Reinaldo Ferreira) na voz de Adriano Correia de Oliveira queremos preencher um vazio por nós sentido:

Reflexões lentas... sobre uma ideia

Vamos lá então à ideia com que amanheci. Que já germinava quando adormeci. E que saltou, a pedir tratamento, a partir do folhear e leitura do “novo” Expresso.
Depois de se terem despedido dos leitores alguns, quase todos, dos que me habituara a ler com maior ou menor empatia, aparecem as “novidades” pelo actual e pela única. Além daquela coisa do iPad que não sei muito bem o que é (mas disso sou o único culpado…).
É sabido que se resiste sempre às mudanças, que se olha de través o que nos atiram como substituto do que se tinha por costume ver, pelo que não estou a fazer a calma e reflectida apreciação do que mudou… É só uma ideia que me foi provocada.
Desconfio das “modernices”. E, nesta área da informação, as novas formas e tecnologias, e os seus mentores e agentes agravam as minhas desconfianças. Lembro-me de um certo Jean-Jacques Servan-Schreiber que, em 1953 e com a idade linda de menos de 30 anos, fundou (com Françoise Giroud) uma revista, curiosamente chamada L’Express, que deu brado, e, anos mais tarde, mas não tantos que ele já não fosse um jovem, escreveu um livro, Le Défi Américan, que foi um sucesso extraordinário, com mais de meio milhão de tiragem em francês, e milhões em traduções, incluindo em português.
Li O Desafio Americano há quase 50 anos, e lembro-me de lhe ter torcido o nariz. O tal precoce e super-inteligente J-J. S-S., de que conhecia alguns editoriais na sua revista e posições políticas muito "práfrentex", prenunciava um “mundo novo” que, na informação, acabaria a curto prazo com os jornais, com as revistas, com os livros, tudo substituído pelas novas formas que a tecnologia possibilitava. Há quase meio século!, antes do advento da informática e do seu casamento com a televisão apadrinhado pelo telefone.
Bom… cá vamos lendo jornais, revistas e livros, o sr. J-J. S-S., quando amadureceu, meteu-se a fundo na política, como “jovem esperança” que sempre foi, criou um partido seu, o Radical, depois outro, inventou que se fartou, ainda escreveu um Desafio Mundial, sem impacto, já velho sem ter sido adulto (ao contrário do sentido que Brel lhe deu...), e não terá deixado grande rasto.
Que tem isto a ver com a ideia que me assaltou? Alguma coisa terá, se é que não é mesmo a ideia em si.
Há, em todas as épocas, umas brilhantes mentes que descobrem ou inventam o que já estaria descoberto ou inventado, e o fazem com grande aparato de modernismo, às vezes com um “profundo sentido de humor”, ironia ou cinismo, que só entre eles funciona (devem rir-se “à brava”, em circuito fechado), exibem erudição que não resiste ao riscar do verniz da unha… e fazem época, a sua. Efémera.
São imensamente liberais, não tomam partido (a não ser o seu, claro). E como ilustração para o caso presente nada encontro melhor que uma não-mudança mas - talvez… - promoção: Henrique Raposo passou para o caderno Economia, dispõe de uma página inteirinha, e lá perora como se a História se escrevesse (a passada) e se fizesse (a futura) na sua cabeça. Tudo nos conformes.
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Tenho uma vontade enorme de dizer que cada vez admiro mais a espantosa humildade de Marx, e a sua vontade e capacidade de aprender com os que, antes dele, pensaram, e vê-lo sempre a apontar para o futuro com base nas dinâmicas sociais detectadas mas com as dúvidas de quem só sabe o que pode saber no tempo em que vive.

Contos não políticos - A amizade nas mãos

Neste intervalo domingueiro, resolvi ir buscar um "post" deixado noutro "blog" mas que tive a ideia (mais uma e esta para já) que ficaria bem aqui, no anónimo do séc. xxi:
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Estávamos num intervalo de acções de campanha eleitoral. Lanchávamos e conversávamos, no Centro de Trabalho de Alpiarça. Falávamos de "coisas de África", da guerra.
O Jerónimo contava alguns episódios por ele vividos. De forma vivida, viva. A merecer ser contada e ouvida (ou lida) para além daquela conversa de lanche entre camaradas. Disse-lho. "É pá!, isso devia ser escrito... aliás, acho que deveriam ser publicadas em livro algumas das tuas intervenções... mas estou a falar destas coisas não políticas..."
Ele olhou para mim, com um ar meio surpreso... "Se calhar..." e acrescentou, como se só para ele, timidamente, "... mas eu já publiquei umas coisitas... não leste?..., até já me publicaram um conto não político... e foi um sucesso...".
Não sabia! Disse-o, quase envergonhado.


E ele contou. Naquela conversa. Ali. Informal e amiga.
"Pois foi. Convidaram-me. Eu escrevi. E depois, vê lá tu..., o Marcelo Rebelo de Sousa, lá no programa dele, falou do livro, e fez uma referência elogiosa ao conto do Jerónimo... E mais: no lançamento do livro no Corte Inglês, o actor - não me lembro do nome... -, que fora encarregado de escolher um texto do livro para ler, escolheu o meu. E leu-o muito bem. Houve alguns rangeres de dentes... Foi giro.»
E ficou por ali a conversa. Ou melhor: mudou de assunto, até porque via-se que o Jerónimo nem tanto queria ter dito sobre o seu conto A amizade nas mãos e os e Pis, nascidos de uma linda cerejeira e de um belo castanheiro, duas árvores que "cresceram juntas e fizeram uma grande amizade".
Logo que me foi possível comprei o livro (ah!, a falta que me faz o Som da Tinta...), e gostei muito (mesmo muito!) do conto não político do Jerónimo de Sousa.
Quando nos encontrámos, na vez seguinte (antes do começo da reunião do Comité Central, logo a seguir às eleições), disse-lho, quando ia a caminho do meu lugar. Sorriu, com timidez e - também - alguma não escondida satisfação: "Ah! leste?... que bom teres gostado..."

"Passsando a limpo"

Aqui há uns tempos fazia como estou a fazer agora. Em desespero de causa...
Uma ideia assaltava-me, como há pouco uma me assaltou, eu pegava em qualquer coisa que escrevesse e que estivesse à mão de escrever e, sobre um suporte que suportasse os rabiscos, fixava a ideia. Fazia como estou a fazer.
Depois, aqui há menos uns tempos mas que já muitos foram também, passei a usar outros métodos de fixar ideias que me assaltassem. Sim, porque isto de ser assaltado por ideias parece que é de todos os (meus) tempos.
E nesses outros mais recentes tempos, metia uma folha de papel em branco no rolo de uma máquina dita de escrever e ia acertando em teclas que inscreviam as letras respectivas por ordem a ficar a ideia no papel que branco era e ia deixando de estar.
Agora, isto é, há escassos tempos idos, passei a saltar, com as ideias que me assaltam, para o chamado computador. Abro-lhe o tampo, com o indicador clico numa tecla que me ensinaram, espero que a máquina se ponha a funcionar. E esta arranca.
Começa por me mostrar, no écran, mais isto e mais aquilo. E quando eu estou convencido que posso começar a trabalhar, isto é, a registar e a desenvolver a ideia que germinou, no tal écran aparece um aviso assustador: tenho de actualizar, urgentemente, a segurança. Free, dizem eles. Mas tem de ser já senão fico sem segurança, desprotegido à mercê de nem sei que maldições e viroses (ou viruses).
Claro que eu, que sou um rapaz prudente, vou carregando nas teclas em que me mandam carregar para ficar protegido. Mas pouco... porque me fico pelo que é free, e não avanço pelas alternativas que me oferecem, desde que pague, é claro, e meta números de cartões de crédito ou entre em esquemas complicados. Até porque acho que a segurança começa... na segurança a ter com a segurança, e o caso é que sou um rapaz prudente.
Entretanto, no écran sucedem-se as instruções nos intervalos das operações que se sucedem loadingando.
Ah!, é verdade... e a tal ideia?
Ainda cá está, sossegadinha mas a perder alguma força, distraída com as clicagens. Mas não a quero deixar escapulir-se pelas pontas dos dedos que clicam. Aliás, foi por isso que peguei numa esferográfica, num caderno moleskine, oferta (da) querida, e desatei a escrever à moda antiga.
Pois... e a ideia? Bem, parece que a ideia tem de esperar. Para a desenvolver tenho de fazer uma consulta num "aparelho de busca" e o computador está, actualizações feitas, a fazer não sei que verificações por sua alta recreação. É capaz de demorar...
Espero (tenho esperança de) não perder a ideia. Vejam os próximos capítulos, perdão, "posts".

sábado, fevereiro 26, 2011

Em que País estamos a viver, neste momento?...

Depois de passear os olhos pelas primeiras páginas dos jornais, pergunto-me:

Será que que, neste momento histórico (isto é, para além dos segundos que são 0s momentos não-históricos), estamos a viver num País de Paulos Sérgios e meios milhões de compensação pelas excelências profissionais, de Anas Gomes que dizem coisas, de Campos e Cunhas que de ministros do PS passam para onde der mais jeito e fazem conferências, de Noronhas que se põem nos bicos dos pés e ameaçam a torto e com o direito, de acusações (implícitas) ao Governo por não baixar o limite da velocidade para poupar centenas de milhões (fora as receitas em multas!)?
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Apetece mesmo ir dar uma voltinha até Pasárgada!

E que se sabe, hoje?...

E que se sabe, hoje, neste amanhecer tardio, de como estão as coisas em/sobre a Líbia?
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No sapo/Lusa, que «o “ferry” grego fretado pela construtora brasileira Queiroz Galvão para retirar os seus funcionários de Benghazi, na Líbia, entre os quais cerca de 50 portugueses, zarpou hoje pelas 09:30 locais (07:30 em Lisboa), disse o director da empresa.»
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Na TeleSur, que «El presidente de Venezuela, Hugo Chávez, lamentó este viernes la situación que atraviesa Libia y denunció la manipulación mediática y la doble moral de la comunidad internacional que se apresura a condenar al Gobierno de Muammar Al Gaddafi, y guardan silencio sobre violaciones a los derechos humanos en países como Afganistán o Irak. Hizo también un voto por la paz y condenó la violencia.»
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Em Prensa Latina, que «Consejo de Seguridad negocia resolución sobre crisis en Libia
26 de febrero de 2011, 00:02 Naciones Unidas, 26 feb (PL) El Consejo de Seguridad debe aprobar hoy una resolución dirigida a poner fin a la violencia en Libia, según indicó la presidenta de ese órgano, la embajadora brasileña, María Luiza Ribeiro Viotti. Los 15 miembros de esa instancia iniciaron la víspera consultas privadas en torno a una serie de medidas que permitan avanzar hacia una solución de la crisis que desde hace una semana sacude a ese país árabe.»

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No jornal i, (no meio das "notícias de 2ª linha", e depois de ter passado pelas primeiras páginas dos outros jornais portugueses de "grande comunicação") «filho de Khadafi admite meia derrota e pede negociações».

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(querem ver que, nos nossos jornais, Khadafi - ou Kadhafi? - ainda acaba por morrer na "necrologia", ao lado de Mubarak e de Ben Ali...?)

sexta-feira, fevereiro 25, 2011

Informação, informações, informar-SE - 3

Da TeleSur:

Crecen manifestaciones a favor y en contra de Gaddafi en Libia
Las manifestaciones en la Plaza Verde de Trípoli a favor del presidente libio Muammar Gaddafi se intensifican este viernes, mientras que medios internacionales reportan la existencia de movilizaciones en varias zonas de la capital en rechazo al Gobierno, que están siendo reprimidas por la Fuerza Pública.
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* Aumentan manifestaciones en Libia.

* Medios locales de Libia pueden realizar una amplia labor periodística.

* Embajadores libios en la ONU y Francia renuncian a sus cargos.

* Manifestantes en Libia alertan a comunidad internacional sobre posible invasión de la OTAN.

Informação, informações, informar-SE - 2

A informação sobre os países do Mediterrâneo-sul e Médio Oriente, e as grandes (e de certo modo inesperadas) manifestações de massas tem sido muita e múltipla. Mas, a partir de certa altura, uma informação claramente orientada para uma "recuperação". Assim como, por outro lado - daquele em que me coloco - se valorizou esse aspecto de... movimentação de massas, de povos a sacudirem a opressão e seus apoios externos.

Já observações aqui deixei, querendo reflectir a (e sobre a) importância que estes acontecimentos indicutivelmente têm.
Parece evidente que, tal como recentemente o Iraque e o Afeganistão ilustraram, o imperialismo criou os seus "monstros" que, depois de se ter servido deles, caracteriza tal como os criou, derrubando-os ou, quando é o caso, deixando-os cair se forças populares se levantam contra eles, com força e determinação, assim se procurando a tal "recuperação". Ou até, se possível, avançando mais no domínio e controlo de terras e gentes.
Depois da Tunísia e do Egipto, a Líbia tornou-se o centro das atenções. Kadhafi, depois de ter sido "recuperado" passou a "irrecuperável", e a necessidade do imperialismo de controlar a situação é evidente. Uma informação, a partir das situações reais, criou um "ambiente", uma dramatização. Com uma finalidade.
No entanto, essa informação não é única. E outra que apareça por outras vias terá, inevitavelmente, a insinuação ou o anátema de estar a defender, ou até a pretender proteger, "o monstro".
O que há que denunciar é a intenção de, com a falácia de garantir a passagem de uma situação real de ausência de democracia e de direitos humanos (que até agora "servia") para uma "situação democrática", se aproveitarem as manifestações de massas para ocupar espaços de que não se quer perder o domínio, se insistir em uma informação que crie o "ambiente" para intervenções militares e ingerências.
Mas há mais informações. E cada um deve informar-SE!

Informação, informações, informar-SE - 1

Se é verdade que o sonho comanda a vida, neste tempo de vida em que estamos muitos dos sonhos são comandados pela informação que nos chega. E se essa informação, com os meios que possibilitam que saibamos, hoje aqui, o que está a acontecer agora ali, foi uma conquista da Humanidade, tem também efeitos perversos.

Estaremos a ser informados do que está a acontecer e como está a acontecer, ou estaremos a ser informados do que quem tem poder sobre esses meios, e deles se serve, quer que saibamos?
Por isso, dou a maior importância - e tanta que a considero indissociável da liberdade - à capacidade e possibilidade de cada um SE informar. Poderá considerar-se livre quem não tem essa capacidade ou a quem lhe coartam essa possibilidade, e apenas dispõe de uma informação, de um pensamento único imposto por um poder?

Dois títulos (e subtítulos)

No "expresso" de regresso a casa. Depois de comprar o i. Para ler o Paul Krugman, Visto de Fora:
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O ataque aos sindicatos
e como os Estados Unidos se tornam
cada vez menos democráticos
- Nos últimos 30 anos, os Estados Unidos afastaram-se da democracia e tornaram-se uma oligarquia do dinheiro. Uma das razões foi o enfraquecimento dos contrapesos do sistema

(... e se o PK lesse Marx?, não ficaria menos perplexo e a perceber como funciona o "sistema", ou seja, o capitalismo?)

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Portugal Telecom.
Lucros chegam a 5,67 mil milhões
e impostos caem 58%
- Operadora lucrou mais de 5,6mil milhões, mas impostos até baixaram 77,5 milhões, menos 58%
(... em contrapartida, os trabalhadores - e, logo, a procura interna - vêem os seus réditos diminuirem e os seus custos aumentarem... são outros alcatruzes!)

quinta-feira, fevereiro 24, 2011

Um dedinho adivinho...

Se me não engano, nunca aqui falei do sr. A. Vara. Não faz o meu género falar de certas coisas e de certas gentes. Embora ache bem que se devem denunciar essas gentes e essas coisas. Mas não está no meu jeito... muito menos como diversão.
No entanto, ocorre-me agora dizer que quando estive na Assembleia da República em tarefa de deputado, nos anos 89/90, um dedinho que tenho e que tem, ele, a mania de adivinhar coisas, me apontou dois jovens deputados do PS (A. Vara e J. Sócrates), e me advertiu "olha... aqueles dois vão longe!". Também me pareceu (isto é, aos outros nove dedos das duas mãos).
Não se enganou o tal dedinho. Não terá feito grande adivinhação, mas lembrei-o, agora, a propósito do episódio do sr. A. Vara num centro de saúde, em que comprovou outras expeditas maneiras de que se apercebera o dedinho adivinho antes dos outros. Isto, seja quais forem as decisões dos tribunais por onde anda metido A. Vara, entre viagens ao Brasil e algures, e seja qual for o valor que estas e outras sentenças possam ter.
Só digo que é dessa massa que eles se fazem, e que os dedinhos adivinhos podem ser muito úteis para prevenir certos efeitos...

Hoje

Sessão de Apresentação de
Pequeno Curso de Economia


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A Editorial Avante! convida-a(o) a estar presente
na Sessão de Apresentação do livro
"Pequeno Curso de Economia"
que tem lugar no dia 24 de Fevereiro,
pelas 18,30h. no CT Vitória,
Avenida da Liberdade 170, em Lisboa.
Nesta sessão participam os autores
Fernando Sequeira e Sérgio Ribeiro.
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Horas históricas

Como todos os começos dos anos, se há bocadinho (ainda faltam uns dias para acabar Fevereiro e este nem é bissexto…) se fizessem balanços e prospectivas da situação internacional, Ben Ali, Mubarak, Kadhafi, eram peças estáveis no xadrez,. Com eles se contava como se fossem a Tunísia, o Egipto, a Líbia. E neles se baseavam as relações de todo o tipo (até pessoais, nalguns casos íntimas, tu cá-tu lá). E se negociava. Os filhos de um eram “visitas de casa” e coleccionavam carros ou aviões, as filhas de outros embaixavam boa vontade na ONU.
De repente, as massas movimentaram-se. Diga-se hoje o que se disser, descortinem-se os cenários que se quiser, ao princípio e por aí fora foram massas nas ruas. Umas seguindo-se a outras, com gente disposta a tudo em luta pelo que acreditava possível e ontem inimaginável: um futuro diferente. Gente disposta a morrer, não com uma bomba atada ao corpo mas à frente de outros como eles (e nós!) enfrentando balas e canhões.
O “Ocidente”, que se quer e crê com os cordelinhos todos na mão, está perturbado. E não são só os que estão em posições de tomar decisões. Não chegavam os desarranjos financeiros e as instabilidades monetárias…Não só esses de quem se esperam (e temem) decisões. Também os que procuram perceber e informar.
Ainda ontem, no jornal que me calhou ler (o i), com um título muito sugestivo – Tão mulheres como nós –, Inês Serra Lopes discorria sobre tema ou tese que, abusivamente, resumo numa transcrição “confesso que o que mais me assusta nas imagens do vendaval que que tem varrido aqueles países é a quase ausência de mulheres na rua (…) sem elas não há revolução no mundo árabe”. Na página seguinte, numa crónica de um jornalista do New York Times, Nicholas Kristof, escrevia “Para começar têm-se visto muitas mulheres nas ruas a exigir mudanças (mulheres de uma força impressionante, vem a propósito lembrar!)".
Vivemos horas históricas é o que é. Mas quais as não são? Quais não são aquelas em que estas, visíveis e de saltos, germinam e se preparam?

quarta-feira, fevereiro 23, 2011

Oh!, professor!, olhe que assim chumba...

A caminho de Lisboa, No "expresso". Na escolha (difícil!) do jornal para a viagem, decidi-me pelo i. Porque traz uma entrevista com o professor Louçã, na que é a sua fase de recuperação táctico-estratégica (diz um Portas)? Talvez...

Li a entrevista e deixo duas notas (para avaliação).

1. "O PCP teve o pior resultado da sua história" (referindo-se às presidenciais de 23.01).
Mesmo considerando como resultados os números dos votos expressos... olhe que não, olhe que não! Por favor, reveja a matéria.

2. "... o PCP anunciou uma posição e depois disse que não estava na sua agenda política" (referia-se à moção de censura).
Olhe que não foi assim! O secretário-geral do PCP, em resposta a uma pergunta de uma jornalista, disse que o PCP não excluía forma de luta contra a política de direita e não anunciou nada (sobre "anúncios" e moções de censura, pior que esta, tão louçã, só a do outro Portas) e, sobre posições políticas e agendas do Partido, há documentos que, entre Congressos, o Comité Central vai definindo quais são.
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Bom... olhe que assim chumba!

Hoje


Participação de Armindo Miranda, Pedro Guerreiro,
Adilo Costa, Henrique Mendonça, Carlos Carvalho,
Carlos Coutinho e Mário Pádua
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Um caso de...quê?...

Ontem, quando saia do restaurante da esquina da aldeia onde almoço quando estou sozinho (e almoço...), ainda à conversa de despedida com os vizinhos, os olhos caíram-me nas parangonas do Correio da Manhã da véspera (Fuga ao fisco atinge 24 mil milhões). Por ser da véspera, perguntei se podia trazer para casa, e a resposta foi "... se há-de ir p'ró o lixo...". Por isso, voltei para casa de jornal debaixo do braço.
Nas últimas leituras do dia/noite, folheei aquele jornal. Até à última página, à última coluna, aquela que tem o elucidativo título de Diário da Manhã (nome do jornal oficial do fascismo que, quando Marcelo Caetano mudou o nome às coisas que coisas se mantiveram - PIDE para Direcção Geral de Segurança, União Nacional para Acção Nacional Popular - também de nome mudou, agora sintomaticamente recuperado*).
Não vou perder muito tempo com tão ruim defunto, mas não posso deixar de "postar" uma nota, para que farei o exercício de não usar qualquer adjectivo.
Cheguei àquela crónica diária (da manhã), cujo autor se intitula jornalista, depois de, já perto, ali ao lado, ter lido, na primeira coluna da mesma página, uma "breve" que me informava que "LARA LOGAN Roupa arrancada - a jornalista da CBS atacada sexualmente no Egipto revelou que a sua roupa foi arrancada e que só não foi violada porque um grupo de mulheres a salvou", "informação" que achei que me era dada bem "à maneira" do CM.

Pois na coluna oposta dessa página, a do tal "jornalista", no meio da sua prosa habitual, em que de vez em quando tropeço e, desta vez, se endereçava aos "amantes do terror islâmico", sai-se com esta: "No meio dos jasmins, dos muros de Berlim e das revoluções de Abril, bandos de selvagens violaram uma jornalista americana no Cairo aos gritos de judia." Não comento, porque acho inútil, porque me obrigaria a usar adjectivos e porque eles estão profusamente espalhados no curto texto de que extraí este período, e terão efeito de ricochete.
É gente desta que está a "informar" quem passa por todos os cafés e restaurantes do País e, até por desfastio, lê o que lá está em cima de mesas e balcões!
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Este auto-alcunhado jornalista é um fascista! (E não estou a usar adjectivos, trata-se de um substantivo.)
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* - é muito significativa a escassísima informação sobre estas mudanças de nomes, e sobre os jornais oficiais do fascismo.

terça-feira, fevereiro 22, 2011

E esta?

Não digam que a gasolina e o gasóleo vão aumentar!... Não nos faltava mais nada...

Convites

1


Participação de Armindo Miranda, Pedro Guerreiro,
Adilo Costa, Henrique Mendonça, Carlos Carvalho,
Carlos Coutinho e Mário Pádua.

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2

Sessão de Apresentação de

Pequeno Curso de Economia

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Quinta, 24-02-2011 18:00 - 21:00
A Editorial Avante! convida-a(o) a estar presente

na Sessão de Apresentação do livro
"Pequeno Curso de Economia"
que tem lugar no dia 24 de Fevereiro,
pelas 18,30h. no CT Vitória,
Avenida da Liberdade 170, em Lisboa.
Nesta sessão participam os autores
Fernando Sequeira e Sérgio Ribeiro.
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notas (líbias?) À SOLTA -

Em papel de toalha de mesa de almoço sozinho e a ver o telejornal:

1. É verdadeiramente extraordinária a incapacidade de aprender alguma coisa com a vida, mesmo quando ela nos entra portas adentro, por parte de quem tende a tudo ver a preto e branco.

2. Estava certo, ao transcrever, noutro "post", uma "reflexão de Fidel", que iria provocar alguns sobressaltos. Óptimo!

3. A reflexão de Fidel é... uma reflexão. Não é para "pegar ou largar"! Li-a, e fez-me pensar. Porque não aproveitá-la para que, em outros, provocasse o mesmo efeito?


4. Todos os "levantamentos populares" parecem-me movimentos de massas do maior significado, e quero sublinhar essa sua histórica dimensão. De nenhum modo os reduziria a "manipulações" ou provocações para um objectivo estratégico. Não tenho é dúvidas de que há todo um esforço para os "recuperar", num aproveitamento estratégico a posteriori, no quadro de conceitos estratégicos sempre em elaboração e revisão!

5. A propósito de "recuperações", quase todos os ditadores das ex-colónias (e nem todos o serão...) foram lutadores pela independência (política) dos seus países, depois "recuperados" pelo imperialismo para se tornarem "democratas acidentais" (ou "à maneira"... ocidental), até se comprovarem, por força de acção das massas, efectivamente ditadores (e com "denominação de origem"), para quem o imperialismo procura afanosamente "soluções" de substituição.

Um comunicado do Conselho Português para a Paz e Cooperação

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CPPC condena o veto
da Administração norte-americana
no Conselho de Segurança das Nações Unidas
O Conselho Português para a Paz e Cooperação denuncia o vergonhoso posicionamento da Administração norte-americana que, no passado dia 18, utilizou, pela primeira vez na Administração Obama, o seu poder de veto para impedir a aprovação no Conselho de Segurança das Nações Unidas, de uma proposta de resolução que condenava o inicio da construção de novos colonatos israelitas nos territórios palestinianos ocupados desde 1967, considerando-os ilegais, e que exigia o fim da ocupação israelita.

Esta proposta de resolução, que foi votada favoravelmente pelos restantes 14 membros do Conselho de Segurança, foi subscrita por 120 dos 192 países membros da ONU.

Este deplorável veto veio, uma vez mais, desmascarar quaisquer discursos de «boa vontade» da Administração Norte-americana, que, com este acto, reitera o seu apoio à política colonialista e genocida do Governo de Israel, seu cúmplice nos planos de domínio para o Médio Oriente.

Hipocrisia da Administração Obama que está também patente no seu dúbio posicionamento perante os recentes acontecimentos no mundo árabe, onde os povos de vários países se têm levantado contra regimes opressores que durante décadas contaram com o apoio norte-americano. Os EUA, que são responsáveis e cúmplices pelo desencadear da mais brutal violência e desrespeito pelos mais elementares direitos dos povos no Médio Oriente, clamam agora pelo respeito dos direitos humanos e pela democracia, ao mesmo tempo que continuam a sua ingerência procurando condicionar a evolução da situação tendo em conta os seus interesses de domínio económico, político e militar.

O CPPC reafirma o seu apoio ao povo palestino e reclama do Governo português, actual membro do Conselho de Segurança das Nações Unidas, uma atitude firme e activa em prol do inalienável direito a um estado viável e independente nas fronteiras de 1967 e com capital em Jerusalém Leste, conforme o direito internacional e as resoluções das Nações Unidas.

21 de Fevereiro de 2011
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Conselho Português para a Paz e Cooperação
www.cppc.pt

Hoje, a Líbia - uma reflexão de Fidel Castro

Nunca nos deve ser suficiente a informação que nos oferecem. Nunca será bastante a reflexão que fazemos sozinhos ou em grupo restrito e fechado. Todos os contributos nunca serão demais. Em momentos históricos, tudo isto se torna evidente.
Por mim, não me canso de procurar. E sempre vou encontrando...
Para quê? Para aprender. Sempre. Num "cartoon", num romance, num tomo acabado de sair de O Capital, numa palavra de Frei Beto («vivemos num mundo de globocolonização...»). Ou numa reflexão de Fidel Castro:




El plan de la OTAN es ocupar Libia
(21.02.2011)


El petróleo se convirtió en la principal riqueza en manos de las grandes transnacionales yankis; a través de esa fuente de energía dispusieron de un instrumento que acrecentó considerablemente su poder político en el mundo. Fue su principal arma cuando decidieron liquidar fácilmente a la Revolución Cubana tan pronto se promulgaron las primeras leyes justas y soberanas en nuestra Patria: privarla de petróleo.

Sobre esa fuente de energía se desarrolló la civilización actual. Venezuela fue la nación de este hemisferio que mayor precio pagó. Estados Unidos se hizo dueño de los enormes yacimientos con que la naturaleza dotó a ese hermano país.

Al finalizar la última Guerra Mundial comenzó a extraer de los yacimientos de Irán, así como de los de Arabia Saudita, Iraq y los países árabes situados alrededor de ellos, mayores cantidades de petróleo. Estos pasaron a ser los principales suministradores. El consumo mundial se elevó progresivamente a la fabulosa cifra de aproximadamente 80 millones de barriles diarios, incluidos los que se extraen en el territorio de Estados Unidos, a los que ulteriormente se sumaron el gas, la energía hidráulica y la nuclear. Hasta inicios del siglo XX el carbón había sido la fuente fundamental de energía que hizo posible el desarrollo industrial, antes de que se produjeran miles de millones de automóviles y motores consumidores de combustible líquido.

El derroche del petróleo y el gas está asociado a una de las mayores tragedias, no resuelta en absoluto, que sufre la humanidad: el cambio climático.

Cuando nuestra Revolución surgió, Argelia, Libia y Egipto no eran todavía productores de petróleo, y gran parte de las cuantiosas reservas de Arabia Saudita, Iraq, Irán y los Emiratos Árabes Unidos estaban por descubrirse.

En diciembre de 1951, Libia se convierte en el primer país africano en alcanzar su independencia después de la Segunda Guerra Mundial, en la que su territorio fue escenario de importantes combates entre tropas alemanas y del Reino Unido, que dieron fama a los generales Erwin Rommel y Bernard L. Montgomery.

El 95 % de su territorio es totalmente desértico. La tecnología permitió descubrir importantes yacimientos de petróleo ligero de excelente calidad que hoy alcanzan un millón 800 mil barriles diarios y abundantes depósitos de gas natural. Tal riqueza le permitió alcanzar una perspectiva de vida que alcanza casi los 75 años, y el más alto ingreso per cápita de África. Su riguroso desierto está ubicado sobre un enorme lago de agua fósil, equivalente a más de tres veces la superficie de Cuba, lo cual le ha hecho posible construir una amplia red de conductoras de agua dulce que se extiende por todo el país.

Libia, que tenía un millón de habitantes al alcanzar su independencia, cuenta hoy con algo más de 6 millones.

La Revolución Libia tuvo lugar en el mes de septiembre del año 1969. Su principal dirigente fue Muammar al-Gaddafi, militar de origen beduino, quien en su más temprana juventud se inspiró en las ideas del líder egipcio Gamal Abdel Nasser. Sin duda que muchas de sus decisiones están asociadas a los cambios que se produjeron cuando, al igual que en Egipto, una monarquía débil y corrupta fue derrocada en Libia.

Los habitantes de ese país tienen milenarias tradiciones guerreras. Se dice que los antiguos libios formaron parte del ejército de Aníbal cuando estuvo a punto de liquidar a la Antigua Roma con la fuerza que cruzó los Alpes.

Se podrá estar o no de acuerdo con el Gaddafi. El mundo ha sido invadido con todo tipo de noticias, empleando especialmente los medios masivos de información. Habrá que esperar el tiempo necesario para conocer con rigor cuánto hay de verdad o mentira, o una mezcla de hechos de todo tipo que, en medio del caos, se produjeron en Libia. Lo que para mí es absolutamente evidente es que al Gobierno de Estados Unidos no le preocupa en absoluto la paz en Libia, y no vacilará en dar a la OTAN la orden de invadir ese rico país, tal vez en cuestión de horas o muy breves días.

Los que con pérfidas intenciones inventaron la mentira de que Gaddafi se dirigía a Venezuela, igual que lo hicieron en la tarde de ayer domingo 20 de febrero, recibieron hoy una digna respuesta del Ministro de Relaciones Exteriores de Venezuela, Nicolás Maduro, cuando expresó textualmente que hacía "votos porque el pueblo libio encuentre, en ejercicio de su soberanía, una solución pacífica a sus dificultades, que preserve la integridad del pueblo y la nación Libia, sin la injerencia del imperialismo..."

Por mi parte, no imagino al dirigente libio abandonando el país, eludiendo las responsabilidades que se le imputan, sean o no falsas en parte o en su totalidad.

Una persona honesta estará siempre contra cualquier injusticia que se cometa con cualquier pueblo del mundo, y la peor de ellas, en este instante, sería guardar silencio ante el crimen que la OTAN se prepara a cometer contra el pueblo libio.

A la jefatura de esa organización belicista le urge hacerlo. Hay que denunciarlo!
Fidel Castro Ruz

O dominó...

... ou o castelo de cartas.
As notícias sucedem-se. Em catadupa.
A Tunísia, o Egipto, Argélia, Marrocos... estes os mais próximos, mas logo, e com uma enorme importância, a Líbia.
Mais para leste, ainda no Médio Oriente, alastra a chamada rebelião. São massas na rua, contra o que parecia estagnado, dominado sob o pêso dos dólares e do petróleo.
A Líbia a ganhar grande relevo. Kadhafi fala hoje, Mubarak falou ontem (e disse!), Ali falou anteontem (e disse!). O rei de Marrocos já disse, também, qualquer coisa. E os ministros dos negócios estrangeiros dos países da União Europeia - e aquela senhora que faz as vezes de ministra dos negócios estrangeiros da U.E. - também já reuniram e falaram. Não sabem é muito bem o que dizer. A Hilar(iante) Clinton parece um bocado perdida no turbilhão-
A interdependência sempre crescente e sempre mais assimétrica, cavando fundo as desigualdades. Até serem intoleráveis.
O sistema mundial de dominação mostra grande dificuldade de sequer se aperceber da situação, das situações, da evolução dos acontecimentos. Porque tudo parece estar a sair-lhes dos eixos. De dominação.

Surpresa? O que pode surpreender?
Ser este o tempo em que estão a acontecer coisas que teriam que acontecer!
O que virá a seguir! A volta que isto tudo vai ter.
Parece estar a fechar-se o ciclo das independências políticas, manipuladas pelas antigas metrópoles e pelos interesses que dominam (n)estas.

Depois de amanhã, talvez se arrumem, de novo, as peças do dominó, se coloquem as cartas no baralho. Mas os jogos a começar serão outros.

segunda-feira, fevereiro 21, 2011

Disseram-me, sim senhor, e estavam cheios de razão

Ao passar por ocastendo, deixei-me ficar a ouvir o que me dizia "mi abuelito" e "mi papá" tão bem interpretado o José Agustín Goytisolo pelo Paco Ibañez, e resolvi trazê-los todos para aqui (obrigado, António Vilarigues, e desculpa lá o abuso...),

Me lo decía mi abuelito,
me lo decía mi papá,
me lo dijeron muchas veces
y lo olvidaba muchas más.
-
Trabaja niño, no te pienses
que sin dinero vivirás.
Junta el esfuerzo y el ahorro
ábrete paso, ya verás,
como la vida te depara
buenos momentos, te alzarás
sobre los pobres y mezquinos
que no han sabido descollar.
-
Me lo decía mi abuelito,
me lo decía mi papá,
me lo dijeron muchas veces
y lo olvidaba muchas más.
-
La vida es lucha despiadada
nadie te ayuda, así, no más,
y si tú solo no adelantas,
te irán dejando atrás, atrás.
¡Anda muchacho dale duro!
La tierra toda, el sol y el mar,
son para aquellos que han sabido,
sentarse sobre los demás.
-
Me lo decía mi abuelito,
me lo decía mi papá,
me lo dijeron muchas veces,
y lo he olvidado siempre más.
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Também me disseram outras coisas - e outras por mim aprendi... com algumas ajudas indispensáveis! Mas gosto de ouvir estas, assim cantadas...

Para uma antologia!

De aspalavrassaoarmas, do Cid Simões, com aplausos... sem reticências (ou assins-assins):

Sábado, 19 de Fevereiro de 2011

MEIAS-TINTAS
ou
ASSIM-ASSIM


“Ser descontente é ser homem”
Fernando Pessoa

“Vamos andando assim-assim, não é verdade?” A afirmação embebida de interrogações foi lançada ao grupo que tomava a bica matinal, por um sujeito portador de máscara-sorriso-convencional.

O senhor António, homem de convicções, detestava as meias-tintas, além do mais não estava nos seus dias, bebeu de um trago a bica-curta, olhou de frente o recém-chegado e disparou:

“Eu estou assim, e o senhor assim está, o que não significa que estando ambos deste modo, estejamos os dois assim-assim. Detesto a neblina, prefiro a enxurrada.”

O homem máscara-sorriso-convencional, apertou o nó da gravata, remexeu-se dentro do casaco, olhou à sua volta, soltou uma amostra de pigarro e quedou-se, enquanto outro dos visados, “virado do avesso”, engasgando-se logo ao primeiro golo de café, não deixou passar o “insulto”:

“Não gosto da vida assim-assim, é o pior que nos pode acontecer. É o indefinido, o não anda nem desanda, o marasmo que arrasta a perda de horizontes, a mornaça que atabafa os espíritos. Não é cólica nem diarreia, é prisão de ventre. Um desconforto!”

“Já imaginou o que é um indivíduo, um povo, uma autarquia ou um país assim-assim”? hem! Já imaginou? Se nos dispuséssemos a ficar assim-assim estávamos acabados!”

A máscara virou o sorriso para a porta espreitando a fuga, e o homem achou que as coisas já não estavam assim-assim. Triste ideia a de ter saído de casa!

“Estar assim-assim, é ter perdido as emoções que comandam o gosto ou o desgosto de viver, não estar contente nem descontente, olhar e não ver, comer sem apetite, um desconsolo! Procure colocar-se nessa situação, faça um esforço e diga-me se não é de ficar apavorado.”

“Uma reforma assim-assim dá para ir vegetando, e vegetar é gastar a vida sem interesse e sem emoções, levar uma vidinha que se arrasta por entre o paciência-podia-ser-pior, o se faz favor, o muito agradecido, o desculpe se incomodo. O assim-assim é um mal-estar que nos envolve sem sabermos de onde vem; prefiro a topada.”

Hirto e de sorriso aos pés, o homem não sabia como se desenvencilhar da encrenca em que se havia metido. Aferiu que estava entre gente insatisfeita e balbuciou: “Mas... um... um governo assim-assim... sempre seria melhor que...”

O empregado de mesa deixou cair a bandeja, e por entre o estardalhaço explodiu um vozeirão:

“O assim-assim é o caminho privilegiado para o ainda pior”. - Fez-se silêncio, e a interrogação surgiu tonitruante. - "E sabe porquê? Porque o assim-assim é a inércia. Sabe o que é a inércia? É o vai para onde te empurram!”

O sorriso rastejou até à porta deixando só o homem já sem máscara. “Melhor seria ter estado calado.” Concluiu. “Quando não se tem trincheira apanha-se de todos os lados.” Cogitou.

O Manuel Caveira, de olho vivo, ouviu, ouviu e sentenciou:

“Estar assim-assim é uma merda!”

Encontros (e desencontros) numa viagem a algumas origens

Recuando.
Jovem economista, licenciado em 1958 (na pré-história, como gosto de dizer…), já tinha tomado partido e queria aprender. Na vida, claro!, e nos livros. Na luta. E muito ela me tem ensinado…
De Marx e Engels conhecia o pouco (e muito foi) que a escola, o ISCEF, me dera, uns textos e resumos clandestinos. Quando descobri forma de acesso às editions sociales, às publicações do PCF, “foi uma festa!”. Além do l’Huma, era o L’Humanité Dimanche, a Economie et Politique, a France Nouvelle, de vez em quando La Pensée, e outras. E os livros. A partir de determinada altura, comecei a estudar - e também a traduzir e a editar, na Prelo e não só – textos e livros de alguns autores.
Destaco, agora, um economista (também historiador), Paul Boccara, que me “apresentou” leituras estimulantes de Marx. Foram-se espaçando essas leituras, até porque outras se abriram, mas nunca deixei de acompanhar as reflexões e "produção" deste e de outros autores desses anos 60/70, embora nem sempre com elas coincidindo, por vezes divergindo.
Porque Boccara participara com um texto (o imediatamente anterior ao meu) no livro que se lançou em Paris, nas notas iniciais da minha intervenção referia-o, e quis o acaso que a organização nos tivesse colocado lado a lado.
Não deu para conversar muito, mas ainda trocámos algumas impressões antes do início da sessão, ouvimo-nos, e Paul Boccara ofereceu-me a sua última publicação, uma pequena brochura com uma simpática dedicatória referindo as “nossas lutas comuns inacabadas”.



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Assim quero acabar estes apontamentos sobre uma ida de dois dias e meio a Paris, que parece ter sido uma longa viagem a algumas origens.

domingo, fevereiro 20, 2011

Outra breve nota, sobre ditadores e seus trambolhões

Hillary Clinton fartou-se de "mandar vir" sobre net e democracia. Os ministros dos negócios estrangeiros dos 27 "europeus" vão jantar mais logo para, talvez à sobremesa, trazerem para a mesa a questão do que está a acontecer em países mais ou menos próximos, e para decidirem o que fazer aos bens dos ditadores Ben Ali e Mubarak que estarão depositados em bancos, solo ou sub-solo europeus.
É curioso como os "democratas" ocidentais (ou acidentais?) passam a chamar ditadores e a preocupar-se com o destino a dar (e aos seus bens) aos seus ex-"colegas" (nalguns casos, "amigos do peito") que as massas derrubaram! Enquanto preparam substituições convenientes.

Breve nota de reacção a uns tais 58,6% de baixa de défice nas contas públicas

Ontem, fomos todo o dia massacrados com a notícia sobre os números da execução orçamental de Janeiro de 2011, e os comentários vindos do governo. Na campanha a que Sócrates, acompanhado por uma coorte de ministros, deu início por Trás-os-Montes, esses números iam “em carteira” para serem glosados.
Mas, com franqueza, é preciso não exagerar.
Primeiro, tornar significativos os valores de execução orçamental do duodécimo de Janeiro é descaramento, depois, tornar estes, deste mês de Janeiro de 2011, num sinal é… forte descaramento.
Não foi em Janeiro de 2011 que começou a aplicar-se o novo IVA?, não foi em Janeiro de 2011 que entraram em vigor outras medidas para aumentar as receitas a todo o custo (social, sobretudo)?, não foi em Janeiro de 2011 que, do lado das despesas, começaram a ser aplicadas as medidas de contenção dirigidas aos trabalhadores, diminuindo os salários da função pública?, e etc.
Então, que significado pode ter comparar com Janeiro de 2010?! Há que impor limites a este tipo de informação em que os números, para terem credibilidade, até aparecem em percentagens com vírgulas e décimas ou centésimas.
Não vale abusar… tanto.

Austeridade de forma "convincente"?!

No momento deste processo verdadeiramente escabroso, em que o sempre obediente governo português, pelo seu ministro das finanças, levantou a voz(inha) em desespero de causa por causa das demoras e zigue-zagues da "ajuda europeia" e dos juros bem acima dos 7%, e ensaiou um sumido protesto/pedido, este domingo de manhã vêm-nos com esta:
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Banco Central Europeu
Trichet pede a Portugal
para aplicar austeridade de forma "convincente"
Económico com Lusa
20/02/11 08:05


O presidente do BCE tem "mensagem muito forte para Portugal" sobre necessidade de ser "muito convincente" na aplicação das medidas de austeridade.
"Apelamos a todos os Governos europeus, sem excepção" para "aplicarem o plano [de austeridade] que têm tão rigorosamente e tão convincentemente" quanto possível, afirmou Jean-Claude Trichet, no final da reunião do G20, que decorreu nos últimos dois dias em Paris.
"Temos uma mensagem muito forte para Portugal, assim como para os outros", disse o presidente do Banco Central Europeu (BCE), acrescentando que "cabe aos países serem convincentes" face à desconfiança dos mercados internacionais relativamente à capacidade de alguns países da zona euro cumprirem os seus compromissos financeiros.
Para além do banqueiro central europeu, também o presidente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss Khan pressionou os governos europeus, considerando essencial que os países da zona euro reduzam os níveis de dívida pública nos próximos anos, defendendo que a maneira mais fácil de o fazer é aumentar as taxas de crescimento das suas economias.
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Há mesmo que dar um murro na mesa (ou nalguns focinhos... dos "mercados").
Ou será que esta "austeridade" do M. Trichet se refere a algumas escandalosas campanhas de publicidade bancária e outras?
Por outro lado, não será de pedir ao presidente do FMI que apoie, pessoalmente, a campanha do PCP Pôr Portugal a Produzir, para o que, evidentemente, há que dar uma sapatada nessa coisa dos "mercados" e na obsessão da dívida pública. Que ninguém nega que tem de ser contida e diminuida, mas nunca à custa dos trabalhadores e da economia que produz riqueza e não "bangsterismo", e não com esta austeridade com o alvo (classista) nos que trabalham e são explorados.

Tudo depende da relação de forças sociais, e da força que as massas dêem às forças políticas diferentes. Sim!, porque não são todas iguais. Há uma fronteira (de classe!) a separá-las.

sábado, fevereiro 19, 2011

80 anos do avante nos 90 anos do PCP

Tenham paciência...

Inacreditável, inaceitável... inimputável?

Notícia da Lusa (sobre o andamento de processo que nos deixa perplexos, sobretudo quando a imagem que o governo nos quer dar, para compensar, ou fazer esquecer, as políticas com que nos agridem, é a de modernidade e eficácia a partir da utilização vanguardista das novas tecnologias de que a Humanidade se tem vindo a dotar...):



«Presidente do TC convocou assembleia
de apuramento geral
para corrigir resultados das Presidenciais
18 de Fevereiro de 2011, 18:35

Lisboa, 18 fev (Lusa) - O Presidente do Tribunal Constitucional convocou para o próximo dia 22 uma reunião da assembleia geral de apuramento dos resultados das presidenciais para fazer correções, indicou hoje o TC.
"Suscitadas publicamente dúvidas sobre os números dos resultados eleitorais publicados, o Presidente do Tribunal Constitucional solicitou aos presidentes das assembleias de apuramento distrital a confirmação ou a correção dos elementos que figuravam nas atas transmitidas inicialmente", refere uma nota, disponível no "site" do TC.
A nota adianta que foram recebidas "correções a algumas atas de apuramento distrital" e que a assembleia de apuramento geral vai reunir-se na próxima terça-feira, dia 22, às 09:00.
O TC refere que a assembleia de apuramento geral, constituída pelo presidente do TC, juiz conselheiro Rui Moura Ramos, e por uma das secções do TC, fez o apuramento nos dias 31 de janeiro e 1 de fevereiro "com base nos números constantes das atas das assembleias de apuramento distrital".
"Para o efeito, tomou em consideração todas as atas recebidas e solicitou o envio das que se encontravam em falta"
, refere a nota.
O mapa oficial dos resultados das eleições presidenciais foi elaborado pela assembleia de apuramento constituída no TC e enviado à Comissão Nacional de Eleições, que tem a competência de o mandar publicar
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Valha-nos a Constituição e o Tribunal respectivo!

Museu Branly

Cada Presidente da República Francesa quer deixar uma dedada sua em Paris.
É uma fraqueza, é humano, é legítimo, compreende-se.
Lembro o Centro Pompidou, outros exemplos poderia lembrar agora que lembro a visita desta semana e o Museu do Cais Branly, com a "marca Chirac", que, antes de ser PR foi, aliás, maire de Paris.

Não conhecia o museu - há que anos que não ia a Paris... -, e já faz parte da cidade, o que bastaria para o - e a - valorizar. É o "museu do Chirac", dizem, embora a 1ª dama Sarkosi já por lá ande a espalhar placas e patrocínios, a juntar a toda a espúria exposição de mecenatos que, apesar de tudo, não conseguem beliscar a obra...

Estes serão comentários despropositados, sobretudo da parte de quem gostou muito da visita que fez, se encantou com a arquitectura, passeou pelas rampas e admirou o que estava exposto, os 3500 objectos de África, de Ásia, da Oceania e das Américas que celebram o génio das civilizações de fora da Europa.

E no espaço das exposições, que naquela manhã que nos foi possível dedicar ao Museu do Cais Branly, encontrámos uma com o título muito feliz de L'orient des femmes, por onde passeei (por mim falo) o por vezes deslumbrado olhar.

Mas desta parte da viagem e curta estadia em Paris não falo mais. "Alguém", noutro local vizinho da blogosfera o fará, certamente muito melhor que eu o poderia fazer, e deixa-me com tempo para outras tarefas que urgem e para que estarei mais inclinado.

Que G20?

De repente, e surpreendentemente, vejo-me assim numa espécie de moderador de ânimos exaltados contra o G20.

Até pode parecer...

O que gostaria que ficasse claro é que, nesta reunião e no calendário que, sob a "presidência francesa", será levado até Novembro, vai haver muita luta.

Como haveria se a reunião fosse apenas de 7 ou 8, entre os países "desenvolvidos" de evidente matriz capitalista, nesta época de desmesurada competição e de demência monetarista, uma luta inter-imperialista.

Mas "eles" não estarão sozinhos.

Nos 20, que serão 24 países mais a U.E., estão também os chamados "emergentes", onde se incluem a China e a Índia, com perto de 2,5 mil milhões de habitantes, a população mundial de 1950, e mais de um terço da população actual, com Estados que não se podem conotar simplisticamente com o sistema capitalista dadas as relações de forças internas e as suas expressões institucionais (e muito longe nos levaria a reflexão sobre a China!, desde há mais de 50 anos sob a direcção de um Partido Comunista, que não deixa de se afirmar como tal... e da China!), e o "nosso" Brasil, não parecendo nada dispostos a abrandar o seu crescimento econónico e a não deixar que não seja, também, desenvolvimento que retire os seus muitos milhões de povo do subdesenvovimento e do atraso social quando os recursos são seus. Logo, luta e decerto dura porque a interdependência tem provocado assimetrias e desigualdades insuportáveis.

Por outro lado, dentro e fora dos países que formam o tal G20, há muita luta dos povos, das massas, nalguns casos organizadas e com uma finalidade de real libertação, noutros não (ainda não, e não se podem prever se e quando).

Tudo mexe!

Ia agora o G20 ser uma reunião de quietude, tranquila, em que os "senhores" decidiam e nós apenas protestávamos, indignados?, "eles" que, entre si, não se entendem?... embora se saiba que de tudo são capazes quando sentem as "barbas de molho" ou os dólares (ou euros ou ienes) a poderem fugir das mãos que os criam/querem todos para si.

Nem moderador e/ou "advogado de defesa", nem me associando aos protestos e à indignação pela sua existência e realização, embora me sinta indignado que chegue por tanta indignidade e desumanidade que nos rodeia, esperando sempre resultados da luta. De todas as horas, em todos os lugares.

sexta-feira, fevereiro 18, 2011

Pequeno apontamento para não passar adiante

Os temas sucedem-se. Quase diria avassaladoramente. E, depois, há muita coisa a fazer além de colocar "posts"... Por exemplo, foi um excelente "intervalo" a manhã, na companhia de três estudantes da Universidade Sénior, a contar uma história e a conviver com meninos e professoras e mais trabalhadoras e algumas mães e um casal de avós, na escola vizinha do Caneiro. Tínhamos ensaiado, ao jeito de jograis, "A Gota de Mel", de Léon Chancerel. Correu bem... mas não é sobre essa experiência que quero, agora, escrever.
O que não quero deixar passar adiante é pedagógica discussão em Paris à volta do ISF. Este ISF - imposto sobre fortunas - foi criado por causa da "crise" e, hoje, Sarkosi quer eliminá-lo, inclusivamente contra gente importante do seu partido - deputados e essas coisas... - que não quer ir além de uma diminuição de tal imposto.
Ora, Sarkosi argumenta que essas "fortunas", se libertas do ISF, irão investir e criar postos de trabalho, assim diminuindo o "desagradável" nível de desemprego.
Cá por mim, desconfio - e não estou só - que essas "fortunas libertadas" estarão mais vocacionadas para especular libertinamente que para investir...

G20 - não vai ser fácil

Esta reunião G20 não será "pacífica". Não se olhe para ela como "favas contadas"... O G8, ou seja o minigrupo formado pelos "poderosos", não pode contar com facilidades. Por várias razões que estão cheias de razão.
E se é um facto que os que se julgam "os maiores" procuram sempre preparar as decisões para que, depois, outros aprovem, e para isso fogem a Nações Unidas e a outras fórmulas quando elas possam perturbar. E procuram fazê-lo a 2 (veja-se o "eixo franco-alemão" na U.E.), quando não o podem fazer a 1 (como tanto gostam os E.U.A.), mas não é possível. Vivemos em interdependência... embora assimétrica!
Acontece é que, quando o "presidente" do Grupo é um país como a França, não se deixa de tentar marcar bem a influência presidencial.
Como na definição das priodidades da agência, que são, para a reunião que hoje começou, logo saltou pontos muito explícitos como "regular a finança", "assegurar um crescimento forte, durável e equilibrado", "financiar o desenvolvimento", "reformar o sistema monetário", "reduzir a volatilidade das matérias primas".
Está cá tudo! Com as finanças e o sistema monetário à cabeça das prioridades.
Mas, como é evidente, há muitos outros países a participar, desde os chamados "emergentes", cada vez com maior influência e, ao que se denota, como pouca "maleabilidade" para aceitarem que isto continue como até aqui.
Como esta progressão dos activos bancários "não regulamentados" (banqueirismo na sombra, escondido), por exemplo:
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E, embora vá haver reuniões paralelas com os cinco bancos centrais dos "mais poderosos" (Estados Unidos, BCE, Reino Unido, Japão e China) sobre o tema "desequilíbrios mundiais e estabilidade financeira", sabe-se que não vai ser fácil. Por um lado, haverá países a colocarem "culpas" nos preços dos produtos agrícolas e matérias primas e querem gerir com "mão de ferro(ou de dólar ou de euro)" esses "mercados" tão importantes para os países em desevolvimento, e que a especulação tanto cobiça; por outro lado, também se sabe bem - embora haja quem faça por esquecer - como as reservas mundiais do sistema monetário (que nem sistema é) estão distribuídas, com a China a ter uma enorme superioridade sobre o segundo detentor de reservas, o Japão.
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Quando falamos de "poderosos", por vezes falamos de falsas aparências...

Isto não é suportável. E será inimputável, politicamente?

«Em quase todas as eleições,
há erros na ordem dos cinco ou seis mil votos.
Desta vez,
estamos a falar de menos 100 mil inscritos e de 60 mil votos
que não são contabilizados no mapa final».
Porta-voz da CNE

A intervenção de António Filipe na Assembleia da República revela, ou tão-só confirma, o que, na verdade, é insuportável. E será inimputável, politicamente?

Para ler:

«(...) O número de eleitores inscritos é oficial. Para as eleições de 23 de Janeiro estavam inscritos 9.656.797 eleitores. Do mapa oficial publicado constam apenas 9.543.550. Ou seja: o mapa oficial de resultados abateu 113.247 eleitores. Na noite de 23 de Janeiro foram contados 4.492.297 votantes. Do mapa oficial de resultados constam menos 60.448. No distrito de Setúbal estavam inscritos 710.312 eleitores. No mapa oficial só são considerados 593.762 (foram abatidos 116.550). No distrito de Braga estavam inscritos 773.993 eleitores. No mapa oficial foram considerados 731.941 (foram abatidos 42.052). No distrito de Viseu estavam inscritos 382.658. No mapa oficial foram considerados 427.924 (aumentaram 45.266). Quanto a votantes, em Setúbal desapareceram 52.716, em Braga desapareceram 23.833, mas em Viseu apareceram 19.928. O desvio verificado só nestes três distritos é de 185.649 inscritos e de 96.477 eleitores.
Isto não é suportável. Se uma disparidade destas acontecesse em eleições legislativas, os deputados eleitos seriam uns e os constantes do mapa oficial seriam outros. Se nas eleições presidenciais as diferenças entre os candidatos fossem mínimas, o país estaria hoje confrontado com um problema político de enormes proporções. Erros desta magnitude, verificados no apuramento geral de um acto eleitoral, e não corrigidos, têm consequências políticas óbvias. Não só prejudicam todas as candidaturas, como põem em causa a credibilidade do apuramento dos resultados eleitorais(...)».

Quem são os 25 do G20 que começa hoje


Começa hoje a cimeira do G20 em Paris. Depois de várias reuniões, durante “a crise”, em que a última foi em Novembro de 2010, a reunião que hoje começa, sob a presidência francesa – com logótipo especial e tudo -, vai procurar, de novo mas agora com “le grandeur” francês (com a Alemanha na sombra), uma cartada importante nesta fase do capitalismo.
Antes de falar da “agenda”, não só para as reuniões de hoje e amanhã mas também de todo o calendário até Novembro deste ano, uma pequena (?) observação sobre a composição “deste” G20.
Os 20 vão ser 25 a reunir-se para decidir o destino do mundo, ou melhor... do capitalismo pois, para os que ainda mandam, a 8 ou a 20, é essa a intenção.
Além dos já referidos Alemanha e França, fazem parte do Grupo (G), os Estados Unidos e o Canadá, mais Reino Unido e Itália, ainda a Rússia e a Turquia que em parte são países europeus, da América Central e Sul, México, Brasil e Argentina, de África estará a África do Sul, a caminho do Oriente estará a Arábia Saudita, já do Oriente estarão a Índia, Coreia do Sul, a China e o Japão, e, mesmo nos extremos, a Indonésia e a Austrália.
Somam 19. Para 20, falta 1, que não é um país mas a União Europeia. Pelo que quatro países – Alemanha, França, Itália e Reino Unido – têm a sua própria representação e mais o que representam na U.E., e não é pouco!, sobretudo os dois primeiros.
Mas não chega. Aos 20, junta-se sempre um convidado permanente, a Espanha, o que se compreende dada a importância da Espanha, apesar de a Bélgica e a Holanda, do lado de dentro da U.E., e a Noruega (sempre do lado de fora, embora o nº1 em IDHumano) pareçam não compreender lá muito bem…
Além destes 19 países mais uma “união” e mais um país sempre convidado, a este G-20 juntam-se quatro convidados especiais (por ordem alfabética): Emiratos Árabes Unidos, Etiópia, Guiné Equatorial e Singapura.
G'anda Grupo!

quinta-feira, fevereiro 17, 2011

G20 - começa amanhã

Eles andam assim desde 2008! À procura...

E ainda há pouco, em Novembro de 2010, andavam à procura. Os G-20 (19 mais UE mais convidados). Não sabem é de quê!

Mas esta reunião em Paris vai ser muito importante...

Começa amanhã.
Vão mesmo tentar ver se encontram qualquer coisa até Novembro deste ano! Está na agenda...

Notas já utilizadas... mas sempre em revisão/reflexão

Sala Lamartine - Assembleia Nacional Francesa
«(...) E se, nos anos 60/70, se justificou a atenção especial, em Marx e no marxismo, sobre os conceitos de trabalho produtivo e de travail colectivo, e o estudo da estratégia neo colonialista ou o colonialismo nova-maneira (por exemplo, em Jean-Suret Canale) hoje, nos nossos dias, há outros temas que exigem estudo e reflexão, com base na obra de Marx: i) a circulação do capital, as suas metamorfoses, a intrusão/injecção do capital-dinheiro, sob a forma de dinheiro fictício ou simbólico, da moeda do crédito, ii) a consideração rigorosa da lei tendencial da queda da taxa de lucro, iii) la constante mudança e sempre nova configuração do espaço planetário e das relações de forças geo-estratégicas.
No que respeita ao capital-dinheiro fictício, simbólico ou a crédito «(…) Em primeiro lugar, isto é o curso histórico; [o] dinheiro creditício não desempenha nenhum papel, ou [um papel] apenas insignificante, na primeira época da produção capitalista. Em segundo lugar, a necessidade deste curso [histórico] é também teoricamente demonstrada pelo facto de que tudo o que de crítico acerca da circulação do dinheiro creditício foi desenvolvido por Tooke e [por outros] os obrigou sempre de novo a regressar à consideração de como a coisa havia de ser exposta na base da circulação meramente metálica. » (O Capital, tomo 4, página 124).
Sublinhe-se na primeira época da produção capitalista. E esta é uma das maiores virtudes do marxismo, a de, seguindo Marx, apenas se fazerem as afirmações a partir do que se conhece, das condições concretas, ainda que desse conhecimento se extraiam as dinâmicas que, nas relações sociais definidoras, se deverão vir a desenvolver.
Pelo que, não estando nós na primeira época da produção capitalista – mas continuando em em estádio de produção capitalista! – importa considerar, como Marx não se julgou em condições de o fazer, a metamorfose do capital-dinheiro em mais capital-dinheiro (D-D’), através da intromissão na circulação de dinheiro creditício, fictício ou simbólico, sem base metálica material, as formas de acumulação do capital-dinheiro pela via da especulação, completando, sem que possa substituir, o que está no cerne do funcionamento do sistema com estas relações sociais de produção: a exploração da classe operária e de todos os trabalhadores pela classe possuidora dos meios de produção (...)».

Pois...

OCDE
Portugal e Espanha

estão a ser "absolutamente exemplares"
Económico
17/02/11 09:43

Ministros das Finanças da UE e G-20 (e mais alguns)

Tanto "trabalho para casa"!
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Amanhã, inicia-se, em Paris, uma importante reunião do grupo conhecido por G-20 (que são 19 países mais a União Europeia, mais um convidado permanente, mais 4 convidados para esta reunião... mas disto tratarei mais tarde), enquanto segunda e terça se reuniram os ministros das finanças ditos europeus, mas que são da União Europeia, mas - às vezes... - nem todos porque são só os do "grupo do euro", e - quase sempre - apenas a França e a Alemanha de vez em quando juntando o Reino Unido por causa da libra e "ponte" para o dólar. É mesmo uma UE "às apalpadelas" nesta fase do capitalismo...
Ao ler os Echos de ontem, sobre esta reunião, apanho com este parágrafo que considero muito elucidativo:
«(...) Também, pela primeira vez, Fernando Teixeira dos Santos, ministro das Finanças de Portugal levantou a voz para denunciar a lentidão do processo. Enquanto o seu país está sempre sujeito à desconfiança dos mercados finnceiros, lembrou as medidas muito duras tomadas por Lisboa para reduzir o défice e pediu que a União cumpra também as suas promessas. "Creio que os atrasos e as hesitações afectam a zona euro e a estabilização do euro, e por consequência, todos os países que fazem parte."»
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Repito: "... pela primeira vez, Fernando Teixeira dos Santos, ministro das Finanças de Portugal levantou a voz..." Sem comentários!?
Comento a frase do ministro das Finanças de Portugal que foi transcrita: as preocupações prioritárias são as da zona euro e da estabilização do euro e, só depois e como consequência, a de todos os países que fazem parte (dela ou dele), entre eles Portugal, e o seu ministro só levanta a voz - pela primeira vez! - para defender a zona euro e a estabilização do euro!


quarta-feira, fevereiro 16, 2011

Notas para uma leitura de actualização - 3

Notas para uma releitura – de S. Paulo a Paris

Estas notas foram traduzidas para terminarem a intervenção que fiz na apresentação do livro:
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3.- (…) Por tudo isso, penso que no marxismo-leninismo temos condições para melhor compreender a interdependência assimétrica, a importância crescente das periferias.
Ora, esta interdependência centro-periferias começou por ter a expressão metrópoles-colónias e, nesta etapa do capitalismo, toma outras… que não são muito diferentes.
Como na União Europeia, onde o brutal falhanço do simulacro de objectivo da coesão económica e social veio demonstrar a sua incompatibilidade com o funcionamento do capitalismo. A Irlanda do primeiro alargamento, a Grécia do segundo, Portugal e a Espanha do terceiro, foram Estados-membros integrados na (i)lógica capitalista de transferência de fundos para compensar as consequências inevitáveis do mercado único capitalista, com as suas quatro liberdades, de que apenas uma é efectiva (e libertina!), a do capital.
Mas… quais fundos? E para fazerem o quê?, e ao serviço de quem? E como, com que dimensão, impossível de ultrapassar a contradição de se proclamar uma “governança” imperial-federalista com um minúsculo orçamento chamado comunitário e um controlo inaceitável dos orçamentos e das soberanias nacionais, algumas com muitos séculos de história e cultura.
Hoje, vêem-se os resultados e as ameaças são ainda piores! Portugal, talvez o melhor exemplo da periferia do centro, o país com a maior Zona Económica Exclusiva desta macro-estrutura “às apalpadelas”, e da sua divisão internacional e dita comunitária do trabalho, importa o peixe que os portugueses comem e, para a “dívida soberana” de que os portugueses são acusados em apelo, contribui o peixe que somos obrigados a importar dos países que pescam nas águas portuguesas, tendo sido transferido fundos para que tenhamos abatido barcos, para destruir a nossa frota de pesca.
Quantos outros exemplos?
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Cada vez mais, é necessário aprender com as situações e as lutas nas periferias. Desde a dos “paises emergentes” que, com o seu crescimento, não aceitam ser “almofadas” para os países em alternâncias e fricções metropolitanas, às massas dos países que lutaram pelas suas independências políticas e lutam, e continuarão a lutar, por independências económicas e financeiras, contra as manobras… dos chamados “mercados”. Por todo o lado e todos os dias não faltam sinais, e em regiões-chave do mundo.
Hoje, o Egipto… e amanhã ?
Previsões? Cremos – eu creio ! – que é preciso aprender, aprender sempre (!) e, como Marx escreveu tantas vezes, ceteris paribus, quer dizer, aprofundar o conhecimento das situações concretas, detectar as dinâmicas e afirmar que, se todas as outras condições se mantiverem, pode dizer-se que… assim se chegará ao socialismo.
A tomada de consciência das massas e a mobilização para a luta dos movimentos organizados dos trabalhadores, será o motor das mudanças históricas, no sentido da História, não apenas nas vertentes monetárias, financeiras, económicas, mas também sociais, culturais, de civilização.


já no Zambujal,
amanhã retomam-se rotinas
(o que é isso...)

terça-feira, fevereiro 15, 2011

Memórias de (+ de) 1/2 século

(acabada a tarefa,
para onde fui de metro,
uma pequena crónica...
para não perder este tão querido
contacto convosco)
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Foi, para mim, um jogo. Dos mais interessantes que até aí jogara: pela primeira vez em Paris, andar de metro pela primeira vez! Inventar sítios e lugares para ir, alguns de nomes conhecidos - e um ou outro mítico - mas não vividos... e descobrir como lá chegar. Começar por esta linha, com um número, cor e o destino final, mudar para aquela ali, saltar depois para aqueloutra acolá... Através de corredores, escadas, gente, gente.
O que eu gozei! Tão grande o gozo que chegou até hoje. E o lembro e renovo. Hoje.
Hoje!... tudo igual. Menos eu, apesar do mesmo/outro gozo. Menos o da novidade, mais o das lembranças que rejuvenescem.
Menos eu?! Não. Olho em volta e vejo as diferenças. As mesmas gentes, de cores e origens variadas, o mesmo acordeão de pedir esmola, outro mendigo, numa curva de um corredor, a fazer-nos ouvir Brassens; mas outras roupas, outra "moda", mas o dedilhar com os polegares sobre uns pequenos aparelhos que há 50 anos estavam longe de existir, e gente a falar sózinha para umas espécies de cabeças de alfinete e com umas coisas nas orelhas (deve ser para ouvirem musica ou o que do outro lado lhes respondem...).
Há mais de 50 anos! Sair no Boul'Mich e comprar o L'Humanité num quiosque. Que emoção! Voltar às entranhas da enorme cidade com comboios a circularem. "Mais uma volta, mais uma corrida!...", passardebaixo do Sena, para a outra margem, da rive gauche para a rive droite.
Subir até aos grandes boulevards. Passar no edifício central do L'Humanité. Sempre o l'Huma (ah!, quando o avante for legal e diário, e alguém escrever "oui!, mais" como o André Wursmer!, pensava eu...).
Tinha menos 50 anos e muita pressa.
Oui!, mais...
Hoje, tenho outra noção do tempo. Não o meço em dias, semanas ou meses.
Hoje, sei que o mundo muda - como então sabia... -, que os povos terão direitos que lhes negam - como então começava a acreditar, com toda a força de querer ajudar -, mas sei, também, que o tempo tem o tamanho de décadas, de séculos, de milénios.