terça-feira, julho 11, 2006

Com que direito?


«Bush aprova plano de US$ 80 mi para 'democratizar' Cuba

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, aprovou um plano de US$ 80 milhões para promover uma transição para a democracia em Cuba.
O líder americano disse que quer ajudar os cubanos a se livrarem do que chamou de controle repressivo do regime de Fidel Castro.
A Casa Branca informou que o dinheiro será usado para divulgar informações
sem censura em Cuba e promover movimentos democráticos.
O plano deve ser colocado em prática nos próximos dois anos.

Embargo

Bush também disse que aceitou a recomendação de uma comissão governamental,
que propôs o aumento do embargo americano a Cuba e mais restrições às
transferências de dinheiro de exilados.
No mês passado, o governo cubano classificou como “ato de guerra”
as recomendações da comissão do governo americano.
O presidente do Parlamento cubano, Ricardo Alarcón, disse que considera
inaceitável o fato de Washington discutir abertamente formas de
derrubar o governo de outro país soberano.
Fidel Castro está à frente do governo cubano há mais de 40 anos.»

Haverá, talvez, quem ache "isto"... natural. Se calhar, até haverá quem ache que os governos devem ter prazo de validade, à revelia dos povos, e que o pael dos EUA-Bush é o de fazerem observar esses prazos e outras regras que considerem pertinentes....
Eu, por mim, acho "isto" uma verdadeira indignidade! E indigno-me!

domingo, julho 09, 2006

Agora, eu sei!

AGORA, SEI
Maintenant je sais
Philip Green- Jean-Loup Dabadie (1974)



Quando eu era miúdo,
um puto de palmo e meio
Falava com voz grossa … para me fazer ouvir como homem
E, apenas de mim cheio, dizia: "Eu sei, eu sei... eu sei!"
Era o princípio, era a primavera

Quando cheguei aos meus dezoito anos
Disse: "Eu sei... ora aí está, agora é que eu sei!"

Mas hoje, em certos dias, para trás me viro
Olho a Terra, onde já calcorreei tantos caminhos,
E sei que ainda não sei como ela gira…

Pelos meus trinta anos, eu sabia tudo…
Das flores, do dinheiro, da vida, do amor
Sim, sim!... do amor...
Do amor tinha-lhe dado a volta toda…
Mas felizmente, como é da vida lei,
Ainda tinha muita côdea para roer.
(hoje eu sei…)

Estava no meio da minha vida… tinha muito para ver
Ainda muito para aprender
O que aprendi?... Aquilo que vi e vivi
E conta-se em meia dúzia de palavras

No dia em que alguém te ama… o sol brilha.
Não posso dizer melhor…
No dia em que quem amas te ama…
mesmo que chova e faça frio, o sol queima

É isso que ainda me espanta na vida
A mim, que estou no inverno da minha vida,

Esquecem-se tantas tardes de tristeza e de amargura
Mas nunca uma manhã de amor e de ternura

Durante toda a minha juventude, eu quis dizer: “eu sei!”
Só que, quanto mais via e procurava, menos eu sabia
E setenta vezes badalou o meu relógio
Estou ainda à janela, olho e me interrogo.

Agora, eu sei… eu sei que não se sabe,
que nunca se sabe!

A vida, o dinheiro, as flores, os amigos, os amores,
Nunca se sabe tudo das coisas,
nem dos seus ruídos nem das suas cores
É tudo o que eu sei… ah! mas isso eu sei!

adaptação libérrima
Sérgio Ribeiro
– 09.06.2006
Esta notícia seria hilariante se não fosse muito séria. Como ameaça!

«07 de julho, 2006 - 20h34 GMT (17h34 Brasília)

França fará “campanha” a favor do capitalismo

O governo da França quer diminuir a hostilidade que os seus cidadãos têm em relação ao capitalismo. Para isso, está sendo criado um novo instituto que promoverá a educação da população sobre assuntos financeiros e de negócios.

O Conselho para a Difusão da Cultura Econômica será lançado ainda este ano e estará subordinado ao Ministério da Fazenda francês.
O objetivo do novo organismo é utilizar os meios de comunicação populares – como televisão, imprensa escrita e até jogos de computador – para educar os franceses sobre finanças.
Uma pesquisa feita recentemente revelou que grande parte da população não entende nem mesmo os jargões mais simples do mundo dos negócios.
Na ocasião, o ministro da fazenda, Thierry Breton, lamentou, em um discurso, a "falta significativa de cultura econômica da França".

Atitude positiva

Os ministros franceses querem que a população tenha uma atitude mais positiva em relação à economia.
O governo está com dificuldades para promover uma reforma econômica no país. Alguns ministros, como o candidato à presidência Nicolas Sarkozy, defendem um rompimento radical com o modelo econômico corporativista francês.
Há o temor de que a participação do Estado é grande demais nos negócios, o que prejudicaria o dinamismo do setor empreendedor.
Recentemente, a atitude dos franceses em relação ao setor privado piorou ainda mais, depois que o governo se viu obrigado a abandonar um plano de criação de empregos, devido a protestos em massa.
A medida, que visava reduzir o desemprego entre os trabalhadores mais jovens, facilitando a contratação e demissão de pessoas, foi criticada por favorecer interesses de empresários e donos de negócios. »

Ainda mais "campanha"?!
Depois do não à "Constituição europeia", os cidadãos franceses atreveram-se a estar contra uma medida que "visava reduzir o desemprego entre os trabalhadores mais jovens" através da facilitação da "demissão de pessoas" e outros efeitos sociais colaterais... sem a garantia (ou pelo contrário) de que novos empregos se criassem. Têm de ser "educados"!
E o título?! O governo francês, este ou qualquer outro, é a França?
E tudo o resto. Cada linha, cada palavra, são um insulto à inteligência. Mas é preciso lavar melhor os cérebros!
Há que bem promover a confusão entre economia e "assuntos financeiros e de negócios".
Já há um quarto de século Jean Ferrat cantava, denunciando, o "2º boletim meteorológico" que a comunicação social de massas nos impingia com as cotações das Bolsas e conjugava o verbo "boursicoter" corruptela do verbo "tricoter" que em português poderia ter paralelo com "bolsicotar".
Mas têm de ir mais longe porque há resistências...
Queimem-se livros e outra informação e, se não chegar, proiba-se determinada gente de falar e, se não chegar ainda, façam-se autos de fé. E. E.
Não resisto a catalogar isto de tenebroso!

sábado, julho 08, 2006

"O que é bom para a General Motors é bom para os Estados Unidos"

Esta frase encheu os meus "cadernos de escola".
Esta frase ajudou-me a perceber o que era o capitalismo.
Porque a GM não era os milhares e milhares dos seus trabalhadores, era os seus proprietários, a sua administração, os seus accionistas.
A GM começou a atravessar dificuldades como empresa. Procuraram-se soluções. Logo se tomaram algumas. Como é habitual, houve despedimento de trabalhadores aos molhos, aos milhares. Era preciso "emagrecer" a empresa em "recursos humanos" para "engordar" as cotações na(s) Bolsa(s), ou seja, engordar mais algumas bolsas.
Não chegou! Outras soluções se procuram no "mundo globalizado dos negócios".
A comunicação social internacional dá-nos notícia de algumas.
Retive esta, na TV5MONDE (on line), de hoje.

Etats-Unis:

GM d'accord pour ouvrir des discussions avec Renault-Nissan


O que é bom para a GM continua a ser bom para os Estados Unidos?
Talvez, mas não para os norte-americanos, para os que, operariamente, fabricam ou fabricavam os seus automóveis.

Mas há outras notícias elucidativas...

sexta-feira, julho 07, 2006

ambições e possibilidades

«Perguntou-me de novo o que desejava. Perscrutei-lhe os olhos, a ver se lhe encontrava uma febre antiga, um resquício de antes. Disse-lhe que hesitava entre um frigorífico e uma arca congeladora. Ele desencostou-se, correu a mão pela esquina de um vasto congelador, estendeu-a depois a mostrar a loja toda à minha escolha, e disse-me o que eu queria saber: "Sugiro-lhe uma arca. Mas, é claro", afirmou com segurança, "a sua ambição tem de estar em consonância com as suas possibilidades."»

uma das "chaves" (página 272) de um excelente romance: A face de lado - histórias políticas, de Filipe Leandro Martins, Caminho

segunda-feira, julho 03, 2006

"As memórias, os traumas" e as (pequenas) glórias

No foto&legenda, o Nuno Abreu e o Sérgio Faria publicaram um dos seus excelentes posts (convido à visita).
Não resisti, comentei e aqui venho trazer memórias, glórias e os traumas. Pedindo desculpas pela qualidade das fotografias ... falta-lhe os engenhos e a arte do Nuno. E têm mais de 50 anos! Quanto à legenda, é o que a memória traz.
Então, os postes e as traves eram de madeira, iamos buscá-los à serração de Pinhel para montar as balizas no campo de S. Sebastião, no terreno cedido pelo Silva e onde já passara o cilindro e, nas vésperas dos jogos, por lá estávamos o dia todo a tirar as pedras maiores e a fazer as marcações com cal.
G'andas jogatanas.
A minha estreia nos Águias foi também a (re)estreia do campo recuperado pois o Silvita, lá do Brasil escreveu a pai, muito zangado por este ter mandado lavrar o campo que ele deixara para a malta nova que cá ficara, e tivemos de pedir, de novo, o cilindro e as traves e os postes e tudo o que foi preciso, e tudo montar e alisar o terreno e torná-lo jogável.
Foi contra o Seiça e ganhámos 3-1. Lembro tudo tão bem... pois se até meti um golo! Para o o puto de 17 anos foi uma glória.

Os traumas são os de não termos hoje onde e com quem jogar ... e doer-me um joelho que, por essas alturas, há mais de meio século!, foi operado ao menisco.