sábado, maio 23, 2015

Comentários ao (es)correr da(s) pena(s)

 A actual idade:



 desenhos de GR7,
obrigado, Gonçalo

sexta-feira, maio 22, 2015

Agenda

Num intervalinho deste "carrocel", e enquanto penso no que dizer (em 20/30 minutos!) logo à noite... logo se vê!

quarta-feira, maio 20, 2015

Aviso à navegação - Informação a eventuais visitantes (residentes e resistentes...)

Na minha agenda tenho, para amanhã - além das aulas na Universidade Sénior de Ourém... e de um controlos prostáticos e essas coisas - uma sessão em Alcobaça, já aqui anunciada; 
para sexta, tenho uma ida a Lisboa e, à noite, uma sessão nas Caldas da Raínha - sempre sobre o euro, o 6 de Junho, e etc. e tal (quer dizer, as soluções para uma vida melhor) -, que aqui não anunciei porque os mails (e não só) estão funcionar mal; 
no sábado, é imprescindível ver os netos - a falta que me está a fazer não os ver mais...- e arrumar uma malita porque 
domingo voamos para Bissau ao encontro de uma Feira do Livro para onde enviámos 1500 livros (sobretudo espólio da Som da Tinta), e onde irei dizer umas coisas sobre Amílcar Cabral e as minhas três anteriores viagens àquele País, e sobre edição, e livros, e "Europa"... 
e onde ficaremos até ao fim do mês (pus a condição de tudo se arranjar para ir e voltar antes de 6 de Junho... cá por coisas!) 
Resumo: não estranhem, amigos e visitantes, se não der muitas notícias por aqui. 
Depois, conto...

Gosto desta foto!...

...embora doa. Muito!

Curios idades constitucionais e "invenções" demagógicas

Na rápida passagem pela informação matinal (informe-SE!) tropecei neste trecho do Expresso curto:
«No meio de tanta agitação policial, Marinho Pinto deu uma entrevista ao Observador (...) onde defende a criação de um salário máximo nacional. Isso mesmo. E diz ainda que Passos Coelho “não cumpre a palavra” e que António Costa “é um logro”.»
Este Marinho Pinto… o que ele ”inventa” (esquecendo-se da origem, claro)! Acicatou-me a memória, e fui consultar a Constituição da República Portuguesa de 1976:

ARTIGO 54.º
(Obrigações do Estado quanto aos direitos dos trabalhadores)
 Incumbe ao Estado assegurar as condições de trabalho, retribuição e repouso a que os trabalhadores têm direito, nomeadamente:
a) O estabelecimento e a actualização do salário mínimo nacional, bem como do salário máximo, tendo em conta, entre outros factores, as necessidades dos trabalhadores, o aumento do custo de vida, o nível de desenvolvimento das forças produtivas, as exigências da estabilidade económica e financeira e a acumulação para o desenvolvimento;
b) A fixação de um horário nacional de trabalho ;
c) A especial protecção do trabalho das mulheres durante a gravidez e após o parto, bem como do trabalho dos menores, dos diminuídos e dos que desempenhem actividades particularmente violentas ou em condições insalubres, tóxicas ou perigosas;
d) O desenvolvimento sistemático de uma rede de centros de repouso e de férias, em cooperação com organizações sociais.

depois, confrontei a 1ª revisão constitucional (de 1982), em que o artigo passa a alínea 2 do artigo 60º, no processo de progressiva (?!) diminuição do papel do Estado no domínio da economia,  e em que se cortou a frase sublinhada, além de outras alterações que, com as 7 revisões, nos trouxeram à redacção actual:

 ARTIGO 59º
(direitos dos trabalhadores)
(…)
2. Incumbe ao Estado assegurar as condições de trabalho, retribuição e repouso a que os trabalhadores têm direito, nomeadamente:
a) O estabelecimento e a actualização do salário mínimo nacional, tendo em conta, entre outros factores, as necessidades dos trabalhadores, o aumento do custo de vida, o nível de desenvolvimento das forças produtivas, as exigências da estabilidade económica e financeira e a acumulação para o desenvolvimento;
b) A fixação, a nível nacional, dos limites da duração do trabalho;
c) A especial protecção do trabalho das mulheres durante a gravidez e após o parto, bem como do trabalho dos menores, dos diminuídos e dos que desempenhem actividades particularmente violentas ou em condições insalubres, tóxicas ou perigosas;
d) O desenvolvimento sistemático de uma rede de centros de repouso e de férias, em cooperação com organizações sociais;
e) A protecção das condições de trabalho e a garantia dos benefícios sociais dos trabalhadores emigrantes;
f) A protecção das condições de trabalho dos trabalhadores estudantes.

terça-feira, maio 19, 2015

Agenda



21maio2015. 21:30
Auditório da Biblioteca Municipal de Alcobaça.
Soluções CDU.
Conversa Pública
com Sérgio Ribeiro e PCP
explicita que não é uma saída do euro
à pressa...



... e/ou à pressão!

domingo, maio 17, 2015

Encerrando séries - as eleições no Reino Unido o e rigor

Em dois locais de avante! li que "os conservsores conseguiram maioria absoluta nas eleliçoes legislativas apesar de 63% dos eleitores não terem votado nos torys". 
Seria uma informação certa e certeira se se tivesse acrescentado, a "eleitores", "que votaram". Porque foram 63 % dos eleitores que votaram, que não votaram torys. Porque, considerando os eleitores que não votaram (apesar de ter sido relativamente pequena a abstenção - 33,9%) foram 24,4% de todos os eleitores que votaram nos conservadoes e, logo, 75,6% de eleitores que o não fizeram.
Menos de 1 em cada 4 do eleitores do Reino Unido deram, com o seu voto expresso, a maioria aos torys, "contra" posição expressa ou a não-posição dos outros 3!.
Isto terá, evidentementes consequências políticas,para aém de ilustrar a desvirtuda democracticidade dos sisemas eleitorais em nome da governabilidade ao serviço do  capital, e que, quando não consegume o objectivo, fazem outras "batotas" com afirmações grandiloquentes de demo-gogia e de respeito pelo direito humano dos cidadãos escolherem os seus representantes
Na Grécia somam-se 50 deputados à lista mais votada; em Itália sãoacrescentados 55% dos deputados à lista que tenha mais de 40% dos votos expressos. O que pode dar situaçãoes "strombolianas"!

Ah!...

... e que não há prática revolucionária 
sem teoria revolucionária...

Reflexões lentas - acicatadas pela(os) matemática(os)

Foram dois dias a conviver com a matemática. Com os matemáticos, Malvistos. Tanto ela, a dita ciência, como eles, os matemáticos. Isto disse ele, o amigo matemático... Mas, acho eu, que não tão malvista como a economia - pobre dela - e os economistas - por culpa daqueles que por economistas se  fazem passar, e que não são mais que contabilistas (e maus!).
Dois dias e um mundo de re-flexões (insiste, insiste!) num ambiente caloroso e fraterno.
Eu tinha ido ao Porto, com a bengala do Avelãs Nunes, perguntar (e procurar responder) se a economia política era uma ciência. Eles - porcontrapartida ou vingança... - vieram do Porto, com a matemática em todos os seus poros e neurónios, defender a honra da sua dama, a matemática como ciência e não "aquela coisa dos números...".
Na primeira conversa-convívio, na Junta da freguesia da Piedade cedida à Universidade Sénior, foram 30 os presentes que ouviram Rogério Reis, e alguns puseram questões no final da exposição; a segunda conversa-convívio foi no Centro de Trabalho do PCP, sendo 13 os presentes e participantes (dos quais, 6 não eram membro do partido).

A "matéria" (de/para diálogo) não é fácil e, para quem tanto sabe dela, grande tem de ser o esforço para, num curto espaço de tempo, o tornar acessível e motivador de atenção e conversa. Mas a simpatia e comunicabilidade de Rogério Reis conseguiram ultrapassar muitos naturais pré-conceitos e muitas rejeições nascidas em deturpadas ideias feitas. Isto digo eu, e por mim falo (com o handicap positivo de ter tido "horas extras" na embalagem de algumas questões levantadas).
Guardo, como reflexões que ficaram para trabalho-para-casa, o longo prazo para que uma representação da realidade em abstracto se possa tornar ciência, depois técnica, depois aplicação, sempre no quadro de relações sociais e da forma como, na correlação de forças nessas relações, as aplicações são aproveitadas ao serviço dos intresses prevalecentes, ou predominantes,  e como se influenciam (estimulam ou condicionam) avanços da ciência e a pasagem a técnicas. Isto com particular expressão na matemática que, como abstracção (mas com base em representações da realidade, a que retorna), "fabricante" de "padrões" e "modelos" que têm a sua prova (de vida) na adequação do retorno à realidade (... estarei a escrever "leviandades"... mas é o que as reflexões estão a dar..).
Tudo num processo de apreensão, compreensão, acumulação constante e sortido, vencendo constrangimentos e obstáculos nascidos em certezas que o não são e em autoridades que a não têm (como a de as moscas terem 4 patas porque Aristóteles o disse...). Viagem fantástica pelo percurso do ser humano (ter-se-á alguma mosca perguntado quantas patas tem?... mas já outros seres animais se "põem questões" a partir de quantidades pares e impares).
Que maravilhosas estas viagens - com os pés na terra, e com vizinhos do nosso tempo a afogarem-se, assassinados por nós, como estamos, no Mediterrâneo) - pelo percurso dos seres humanos, com a necessária humildade de se reconhecer que o nosso conhecimento tem limites, que há perguntas que contém, em si mesmas, as não-respostas, e que poderão ser elas que, por via da dialéctica - não como opção ou escolha mas como dinãmica da realidade -, são o estímulo para os avanços rumo a um maior e melhor conhecimento, nunca total, ou totalizado e muito menos totalitário. 

Para mais, deixaram-me dois artigos, publicados na Gazeta da Matemática, de Matemática Recreativa... com uma ficção sherlokholmiana sobre sudokus!!!!

Para este domingo

O Fim da guerra de 1939-45

Um domingo a fechar algumas "séries". A das celebrações do final da guerra 1939-45, por exemplo, Com esta  esclarecedora
- Edição Nº2163  -  14-5-2015
Mitos


A forma como boa parte da comunicação social ao serviço do grande capital tratou o 70.º aniversário da Vitória sobre o nazi-fascismo é vergonhosa, mas previsível. Veja-se o jornal Público de 9 de Maio. Escreve o órgão oficioso de Belmiro de Azevedo: «Tal como os comunistas outrora, os novos senhores do Kremlin assentam o seu poder na criação de mitos e na propaganda». E acrescenta o jornal cujo director em 2003 apoiou a guerra baseada no mito das 'armas de destruição em massa de Saddam Hussein': «o mito estalinista de que a salvação do fascismo assentou no sacrifício do povo russo e de seu líder foi recuperado pelos actuais senhores do Kremlin». Mito estalinista?!? Pode ser difícil para os propagandistas do grande capital, mas existe uma coisa chamada 'realidade'. Ou, neste caso, 'facto histórico'. Não é um 'mito estalinista' que na II Guerra Mundial, o mais mortífero conflito bélico da História, quase metade dos 60 milhões de mortos foram soviéticos. Não é um 'mito estalinista' que durante três anos – desde a invasão da URSS pela Alemanha nazi em Junho de 1941 até ao desembarque na Normandia em Junho de 1944 – a URSS enfrentou sozinha o grosso da máquina de guerra nazi. E que foi nesses três longos, solitários, dificílimos e mortíferos anos que a URSS combateu e venceu as batalhas decisivas que ditaram o desfecho da II Guerra Mundial: Moscovo, Leninegrado, Estalinegrado, Kursk e tantas outras. Graças ao heroísmo dum povo e do seu Exército Vermelho e do Partido Comunista, que aceitaram os sacrifícios – incluindo o da própria vida – para salvar o seu país, e a Humanidade, do monstro nazi-fascista. Propagandista do «mito estalinista», ao qual o Público é imune, será também o professor inglês das Universidades de Cambridge e Yale, Adam Tooze, que escreve : «O que é indiscutível é que foi na Frente Leste que o Terceiro Reich foi sangrado até à morte e que foi o Exército Vermelho que foi principalmente responsável pela destruição da Wehrmacht. [...] O ataque lançado pela Wehrmacht a 22 de Junho de 1941 [contra a URSS] foi a maior operação militar de que há registo na História [...] Nunca, nem antes nem depois, foi travado combate com tanta ferocidade, por tantos homens, numa frente de batalha tão extensa» («The wages of destruction», Penguin, 2007).

Se mito há sobre a Guerra (repetido no ano passado por Obama), é que o momento de viragem foi o desembarque anglo-americano na Normandia. Em Junho de 1944 o desenlace da guerra já estava traçado – embora ainda estivessem pela frente combates e muitas mortes. É legítima a suspeita sobre o que pesou mais na decisão dos EUA e Inglaterra em abrir, por fim, a Segunda Frente: o desejo de esmagar o nazi-fascismo, ou o receio de que a fazê-lo fossem apenas e exclusivamente a URSS e os movimentos de resistência popular armada entretanto surgidos em numerosos países – da Jugoslávia à Grécia, da China à Coreia e Vietname, da França a Itália – em grande parte sob a direcção dos respectivos partidos comunistas.

Seria bom que as atoardas da máquina de propaganda da NATO-EUA-UE – onde é cada vez mais difícil encontrar «qualquer coisa de verdade», como diria António Aleixo – fossem apenas o resultado da ignorância. Mas não. Trata-se da tentativa de, aproveitando a passagem do tempo, reescrever a História. Esconder que o nazi-fascismo foi a solução de força com que boa parte das classes dirigentes capitalistas – os Belmiros de antanho – tentaram salvar o seu poder e sistema em crise. Daí que a ascensão de Mussolini, Franco, Salazar e mesmo Hitler, tenha tido importantes apoios e conivências, mesmo nas 'democracias liberais'. Mas a falsificação histórica visa mais longe: visa criar, na actual crise profunda das velhas potências imperialistas, os mitos que permitam de novo recorrer às soluções de força e de violência. O que torna crucial comemorar e salvaguardar a verdade histórica sobre os 70 anos da Vitória.

 Jorge Cadima

sábado, maio 16, 2015


O assassinato de Aldo Moro - 37 anos depois

Da mesma fonte - amiga e refrescante - recebi outra chamada de atenção e mail para um post de José Goulão no seu "Mundo Cão"
Há, na verdade, que lembrar (ou não esquecer!) alguns factos. E procurar, sempre, encontrar as ligações entre todos eles, numa leitura da História em que se aprenda. Sempre! 

José Goulão:  

Aldo Moro, 37 anos depois

aldo moro.png
8 de Maio de 2015
   




Nestes dias em que se celebra o fim da Segunda Guerra Mundial passam também 37 anos sobre o assassínio do antigo primeiro-ministro italiano e dirigente democrata cristão Aldo Moro.
Aldo Moro, morto pelo grupo esquerdista Brigadas Vermelhas, é o que reza a História, mentindo, pois os contadores da História oficial também mentem ou, pelo menos, como acontece neste caso, omitem parte dos acontecimentos, por sinal os fundamentais.
Os assassinos a soldo que invocaram as Brigadas Vermelhas poderiam ter invocado outra coisa qualquer, a Mafia, uma lógica maçónica como a Propaganda Due (P2) quando reivindicaram o sequestro de Moro e a sua execução, 55 dias depois. Jamais poderiam, porém, ter invocado os que de facto os manipularam, os serviços secretos italianos e os braços tentaculares de grupos clandestinos dentro da NATO, como a Gladio, cuja existência foi confirmada em 1990 pelo antigo primeiro ministro italiano Giulio Andreotti, que foi, na prática, um dos mandantes da morte do seu companheiro de partido.
Qual foi o crime cometido por Aldo Moro para ser executado, sem culpa formada nem julgamento, por serviços do Estado italiano e de uma aliança militar que leva a democracia a todos os cantos do globo? Um só: defendeu uma coligação entre os dois maiores partidos, a Democracia Cristã e o Partido Comunista, para governar Itália.
Aldo Moro pisou assim um risco vermelho e fatal. Ele, como qualquer outro dirigente do arco da governação, na altura não se dizia assim com tanta desvergonha mas o conceito existia implicitamente, sabia que não poderia, em situação alguma de resultados eleitorais ou crise política, abrir as portas do governo aos comunistas. Nem quando os comunistas fossem o partido mais votado, como chegou a acontecer em Itália. Nem a CIA, nem a NATO o permitiam. Todos os dirigentes que poderiam facilmente formar maiorias com os comunistas em países da Europa Ocidental obedeceram a essas ordens. Em Portugal também, como se sabe, desde que o PREC passou à história e a situação se “estabilizou”. Aldo Moro desafiou as ordens. E foi abatido.
“Vai pagar muito caro por isso”, ameaçou Henry Kissinger quando a estratégia de governo defendida por Aldo Moro se tornou pública. Foi Eleonora, a viúva de Moro, quem revelou a sentença ditada pelo então secretário de Estado norte-americano, Nobel da Paz e padrinho do grande pacifista chileno Augusto Pinochet.
“Matámos Moro”, confessou Steve Pieczenik, “negociador” enviado pelo Departamento de Estado norte-americano e pelo presidente James Carter para impedir que houvesse qualquer outra saída que não fosse a eliminação. Moro foi “sacrificado pela estabilidade de Itália”, admitiu Pieczenik em livro. Estabilidade? Onde já ouvimos isto? Mal chegou a Roma, Pieczenik integrou a “comissão” de crise que incluía o ministro do Interior Francesco Cossiga e os chefes dos três serviços secretos, todos eles membros da P2 e tutores, por inerência, das Brigadas Vermelhas. Foi a Comissão de Crise que lançou um primeiro anúncio público, e falso, atribuído às Brigadas Vermelhas, de que Moro estava morto. Cossiga, igualmente dirigente democrata cristão, confessou mais tarde que essa manobra foi uma maneira de preparar a opinião pública para o desfecho já determinado.
A execução de Aldo Moro é um episódio de guerra. De uma guerra que não acabou em 9 de Maio de 1945, nem com a queda do Muro de Berlim, uma guerra na qual os poderes financeiros ocultos ditam as regras através de marionetas políticas e militares descartáveis para acumularem sempre mais lucros, escorra o sangue humano que tiver de escorrer como garantia da sua “estabilidade”.


Um (des)entendimento de base

Voz amiga (a que se seguiu mail de consequência e coerência) chamou-me a atenção para esta opinião publicada no Público,
Li-a com crescente apreço e prazer. Porque diz muito bem coisas que penso e que gostaria de tão bem escrever. E de transmitir a muitos outros. 
Por isso aqui está. Com alguns sublinhados. 
Embora saiba que a poucos visitantes chegará. A um que seja (ou que venha a ser) terá valido a pena. Se pena houve na releitura e na transcrição para que comunicação fosse...

15/05/2015 - 02:05 
Público:
Fábula política para principiantes António Guerreiro
Numa sociedade ideal, cujas leis fossem a delicadeza, a cortesia e a afabilidade, num mundo sem constrangimentos nem fricções que fosse a combinação de todas as possibilidades compatíveis, de tal modo que o resultado fosse a bondade máxima, nesse mundo descrito por Leibniz, na sua Monadologia, como o melhor dos mundos possíveis, Daniel Oliveira reuniria as suas crónicas num volume intitulado A Década dos Psicopatas e teria Marcelo Rebelo de Sousa a fazer a apresentação do livro. 

Nos convites e nos comunicados à imprensa haveria de ler-se: “Deus calcula e o mundo faz-se”. Mas essa luz fina que emana do sistema leibniziano, onde tudo concorre para uma ordem hierarquizada e harmoniosa, não penetra onde há política, nem sequer ilumina os doces costumes da democracia. 

Ainda assim, sem ser preciso supor a existência desse mundo — onde tudo se faz e se desfaz por correspondências, harmonias e concordâncias — vamos ter na mesma Marcelo Rebelo de Sousa a apresentar os Psicopatas de Daniel Oliveira. Sob tais condições, o acontecimento não é propriamente uma mónada, um mundo fechado sem portas nem janelas, mas uma escancarada fábula política do nosso tempo. 

Ou melhor, uma parábola, como é — por exemplo e para regozijo de quem gosta de fábulas para metafísicos — O Silêncio das Sereias, de Kafka. Não é que a convocatória feita a Marcelo Rebelo de Sousa, para o lançamento do livro, seja obrigatoriamente um sinal de partilha, com o autor, de opiniões e escolhas políticas. Devemos, aliás, presumir o contrário. 

Mas há, logo à partida, um dado com base no qual se institui um consenso fundamental: ambos aceitam entrar no jogo de encenações e papéis completamente estereotipados que empesta todo o debate político e desencoraja a simples ideia de entrar nele. A questão é esta: Marcelo Rebelo de Sousa representa, ao mais alto nível, um discurso que quer passar por análise ou comentário políticos, mas de onde a política foi evacuada. 

Ele assimilou completamente a política quer à luta pelo poder, quer ao exercício e ao objecto desse poder. Para ele, toda a política é uma questão de tácticas e estratégias, de fintas e simulações. E ganha o que for mais cretino. É desta matéria que são feitas as suas prelecções, enquanto animador do crochet televisivo. 

E, nesse posto, ele é “o professor”, isto é, aquele que ocupa o lugar da verdade e detém o saber do expert. Esta ideia de uma inteligência que sabe da coisa política e se dirige às pessoas que não sabem, e que por isso lhe fazem perguntas para obter a resposta oracular, é uma negação da política. 

Na melhor das hipóteses, aquilo de que Marcelo Rebelo de Sousa fala pertence à ordem da polícia (ele próprio transformou-se num cartoon de polícia sinaleiro) e não à ordem da política, para nos referirmos a uma oposição já clássica. Esta noção de polícia deve ser entendida não no sentido da repressão, mas da lógica puramente gestionária que ordena a sociedade por funções, lugares e títulos a ocupar. 

Ora, um cartoon pode chegar até a Presidente da República (não seria, aliás, o primeiro), mas não serve para iniciar qualquer conversa ou diálogo que tenha como tarefa repolitizar o espaço político. Em relação ao que Marcelo Rebelo de Sousa diz e opina não importa discordar, estar mais à direita ou mais à esquerda, ou convidá-lo para o espectáculo pluralista do conflito das opiniões. É outra coisa que se exige, se a tarefa é também a de impedir a cretinização comunicativa e opinativa. Essa coisa chama-se “diferendo” e significa um desentendimento de base.


terça-feira, maio 12, 2015

Reflexões lentas a partir das eleições no Reino Unido - o ludíbrio da democracia representativa

Algo aqui se comentou sobre as recentes eleições no Reino Unido, antes da sua realização. Com base nas sondagens, esperavam-se resultados perturbadores da já conturbada situação na União Europeia.
Depois das eleições realizadas, e dos seus resultados, parece terem-se solto uns suspiros de alívio, e os comentadores encartados deixaram (ao que avalio) duas ideias marcantes: i) que a vitória dos "conservadores" (ou do que estava...) tinha sido "esmagadora"; ii) que as sondagens tinham falhado rotundamente e deveriam ser, elas também, penalizadas. Em pé de página, e como fait-divers, ficava também a ideia de que o resultado do partido "dos escoceses" fora enorme... na Escócia, retirando o tapete aos "trabalhistas", e que o partido nacionalista anti-União Europeia continuava residual, com 1 deputado isolado.
Nada disto era errado, mas era muito pouco e bastante escamoteador de outras ilações e consequências a tirar dos resultados.
Na verdade, houve vitória dos "conservadores", ao conseguir aumentar a sua bancada de 25 deputados. No entanto, isso não pode esconder que os seus parceiros de coligação, com quem partilhavam a maioria anterior, os "liberais", tiveram uma queda impressionante, apenas elegendo 8 deputados, perdendo 48.
É também verdade que as sondagens erraram rotundamente quanto à composição do novo parlamento mas o facto é que as sondagens não erraram tanto relativamente à diferença de votos entre "conservadores" e "trabalhistas"  (36,9% e 30,4%), que se confrontam na clivagem entre eleitos (50,9% e 35,7%)
No entanto, o que verdadeiramente está em causa é este sistema eleitoral uninominal maioritário a uma volta, engendrado "à medida" de um bi-partidarismo, sistema que é escandalosamente desproporcional. O tal partido anti-União Europeia (UKIP, de direita), terceiro em votação com 13%, apenas elegeu 1 deputado, e o partido "dos escoceses, com 4,7% dos votantes, elegeu 56!  
Procurando um confronto que torne tudo mais claro, é como se se transformasse o nosso sistema eleitoral (como alguns desejam), para o que pode dar o que aconteceria se os circulos uninominais fossem os actuais municípios, do que resultaria, face às eleições autárquicas de 2013 transpostas para legislativas de 2011:
Como se pode ver, apesar das coligações pré-eleitorais (e pós-eleitorais), o PS teria mais 12 pontos percentuais de percentagem de mandatos que a sua representatividade eleitoral, ainda assim sem alcançar maioria absoluta, e a coligação PSD-CDS/PP pós-eleitoral, com mais 3,4 pp acima da representatividade de votantes ficaria muito mais longe de a alcançar; o BE desapareceria como partido com representação e 14,3% dos eleitores votantes teriam ficado sem representação, o que se poderia atenuar pelo aparecimento de "grupo de cidadãos", com 13 deputados (e 4,2% dos mandatos para 6,9% dos votantes), embora se saiba como grande parte desses casos foram partidos "escondidos"! Curioso (e significativo!) é o caso da CDU em que haveria, praticamente, igualdade de votos expressos por eleitores e  percentagem de mandatos.

Mas volte-se (e depressa) às eleições (reais) do Reino Unido para observar que, não obstante se comentar que tudo teria ficado mais ou menos na mesma, o ludíbrio da democracia representativa não consegue escamotear a vontade dos cidadãos e há duas previsões pós-eleitorais que não deverão falhar como se diz terem falhado as sondagens: i) mais que uma previsão parece certo que vai haver uma antecipação e, em vez do adiamento para 2017 será em 2016 que o Reino Unido fará um referendo sobre a sua integração na União Europeia; ii) com o seu peso de 56 deputados. e a acção política participativa local, com a secretária-geral fora da representação parlamentar para que tanto contribuiu, não será arriscado prever novidades próximas quanto ao processo de independência da Escócia, que não se encerrara com o resultado do recente referendo, 

Nunca nada fica como dantes!

corre-mundo

como o pai Gonçalo
vê a filha Oriana,
com ano e meio,
a correr o mundo

segunda-feira, maio 11, 2015

Um passeio pelos problemas da MATEMÁTICA e do CONHECIMENTO

Farta de ser apoucada como a “ciência dos números”, de ser tomada como simples utensílio de contabilistas, merceeiros e ministros das finanças (sem qualquer desconsideração de princípio por qualquer das actividades) e de ser usada como bode expiatório de quase tudo nas escolas, a Matemática vem a público para se defender (e à sua reputação).
Como ciência formal, estuda objectos indiferentemente do seu significado. Mas isso não significa que o que estuda não tem significado e, muito menos, que os seus resultados o não tenham.
Usando analogias mecânicas como modelos do que podemos saber com certeza, podemos concluir que o conhecimento também tem limites, e que é muito útil (como se imagina) conhecê-los.

Esta é a proposta de passeio pelos problemas da Matemática e do conhecimento, que se propõe, num diálogo o menos técnico possível que se espera ser tão participativo quanto o vocábulo indica.
Rogério Reis
Convite para
UM PASSEIO PELOS PROBLEMAS DA MATEMÁTICA
E DO CONHECIMENTO

com os estudantes (“professores” e “alunos”) da
Universidade Sénior de Ourém,
na sala da Junta de Freguesia da Senhora da Piedade,
dia 14 de Maio, às 17 horas
(aberto a quem quiser participar)

__________________________

No dia 15 de Maio, haverá outro “passeio”
(também aberto a quem quiser “passear”) com Rogério Reis,
no CdeT do PCP, 18 horas, com itinerário parecido mas não igual


1 (face)
_________________________________


Resposta de Rogério Reis ao pedido de envio de curto CV:


Rogério Reis, licenciado em Matemática Pura, doutorado em Ciência de Computadores, é professor do Departamento de Ciência de Computadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Investigador do Centro de Matemática da Universidade do Porto, tem a sua principal actividade nas áreas das Linguagens Formais e Teoria dos Autómatos assim como da Criptografia.
____________________________________________

Mas há muito mais a ver (e a reter) do currículo do Doutor Rogério Reis, publicado na internet, em “aulas”, “não aulas” e “outras coisas”… como, por exemplo:
lunch time
foto de Rogério Reis no Flickr
2 (verso)

NAKBA






domingo, maio 10, 2015

Para este domingo

Quatro  apontamentos (2 video-sonoro) para, neste domingo, registar e usufruir o contrastado e agitado (e não todo concretizado...) fim-de-semana, depois de um lançamento de livro (Da resistência antifascista à nacionalização da banca, de Anselmo Dias, na Câmara Municipal de Almada)

1.
Charlot  e o seu The Kid, no São Carlos com Orquestra Sinfónica Portuguesa ao vivo

Charles Chaplin



2.
No Clube Estefânia, cheio a  deitar por fora (para a rua...)
vitoria-gagarin-urss

3.
Num quintal de Lisboa com vista sobre o Tejo



4.

sexta-feira, maio 08, 2015

Desafio

recorte da foto de 1º página do avante!,
assinalando a s manifestação do 1º de Maio,
onde se desafia as reportagens 
de alguns orgãos de comunicação social
a "pescarem" o "velhinho/a trôpego/a" e cansado/a
(mas firmes e bem conscientes...)
com que procuram ilustrar 
as notazinhas que dão do evento 

Que se passa na Ucrânia?

A Ucrânia saiu das páginas dos jornais e dos écrans da televisão. Por boas razões.
Boas razões que fazem com que haja quem traga a Ucrânia para as páginas de jornais (só o avante!...) e écrans da televisão (ou dos blogs...). 

- Edição Nº2162  -  7-5-2015


Solidaridade internacionalista
Bandeira de Maio na Ucrânia

O Partido Comunista da Ucrânia (PCU) promoveu, em Kiev, uma concentração e comício de comemoração do 1.º de Maio. Na iniciativa, que a Junta fascista tentou impedir, participaram vários partidos comunistas e operários, entre os quais o PCP, que se fez representar por João Ferreira.

Segundo relatou ao Avante! o membro do Comité Central e deputado do Partido no Parlamento Europeu, as autoridades golpistas ainda tentaram impedir que se assinalasse o Dia Internacional do Trabalhador. Primeiro, proibindo o acto central previsto pelo PCU e pela Associação de Veteranos da Grande Guerra Pátria para o centro da capital ucraniana. Depois, tentando que um tribunal replicasse a proibição, o que acabou por não acontecer apesar de até ao final do dia 30 de Abril subsistir a dúvida sobre o sentido da decisão judicial.
A comemoração do 1.º de Maio promovida pelo PCU e pela organização que reúne ex-combatentes soviéticos da Segunda Guerra Mundial acabou por concretizar-se num parque de Kiev onde se situa o memorial à vitória sobre as hordas hitlerianas, apesar do forte dispositivo repressivo destacado pela Junta fascista ucraniana.
Polícias e militares patrulharam o local e grupos afectos ao partido fascista Svoboda cercaram o evento e tentaram dissuadir a participação popular e mesmo provocar confrontos, acabando por ser impedidos de o fazer pela polícia, testemunhou João Ferreira, que notou, ainda, a presença de uma pouco numerosa contra-concentração com bandeiras da União Europeia e de alguns dos países cujos partidos comunistas e operários enviaram delegações, o que faz supor uma mobilização organizada e uma manifestação encenada.
A presença de vários partidos comunistas e operários nas comemorações do 1.º de Maio em Kiev teve ampla repercussão nos órgãos de comunicação sociais ucranianos, tanto mais que a convocatória do PCU e da Associação de Veteranos mereceu, nos últimos dias de Abril, ampla cobertura e uma forte campanha de intimidação, incluindo a difusão de alegadas ameaças de atentados. Tudo a demonstrar que, como tem sublinhado o PCU, a hora é de resistência.
Nesse sentido, o PCU valorizou muito a presença de diversas delegações comunistas e o esforço de denúncia da situação política, social e económica na Ucrânia, bem como o conteúdo das saudações proferidas pelos representantes dos partidos estrangeiros, entre as quais a do PCP, as quais se centraram no repúdio da escalada antidemocrática e anticomunista em particular, na rejeição da manipulação da História e da reabilitação das forças e protagonistas que colaboraram com a invasão e ocupação nazi-fascista, e na denúncia da criminalização do comunismo e do período em que a Ucrânia foi uma das 15 repúblicas socialistas soviéticas, contou ao Avante! João Ferreira.
Para João Ferreira, o foco, de forma mais acintosa nos últimos tempos, na criminalização da ideologia, tem como propósito comprimir e desfigurar os comunistas, a sua organização e os seus aliados. Uma vez que o processo de ilegalização do PCU está num impasse, atacar os fundamentos históricos, realizações e conquistas dos comunistas e do movimento operário é um caminho e uma outra forma de impor ao PCU que «até pode existir, mas só se não for comunista», concluiu.

Resistência de classe
Iniciativas de comemoração do Dia Internacional do Trabalhador ocorreram um pouco por toda a Ucrânia. De acordo com informações publicadas na página do PCU, os actos em que estiveram na primeira linha os comunistas e os veteranos da Grande Guerra Pátria, mas também o movimento sindical, assumiram diversas formas: concentrações, marchas, sessões públicas, comícios, homenagens junto a monumentos a Lénine ou aos combatentes antifascistas da Segunda Guerra Mundial.
Provocações (em Nikolaev, por exemplo), impedimento de realização de desfiles por parte de forças policiais e militares – em Odessa, onde só a persistência do dirigente local do PCU e a presença de observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, travou os intentos violentos (recorde-se que há cerca de um ano, a casa dos sindicatos de Odessa foi incendiada provocando dezenas de vítimas e expressando um estádio mais elevado de crime e impunidade na Ucrânia, que até hoje perdura), ou buscas ilegais por parte da polícia e dos serviços secretos (em Krasnoarmejsk, tendo como alvo dirigentes comunistas locais), acabaram por não surtir o efeito desejado. Milhares de ucranianos saíram à rua, não apenas naquelas cidades mas em dezenas de outras localidades, desafiando a vaga repressiva e mostrando que a luta continua, por muito áspero que seja o jugo imposto pela oligarquia autóctone vassala do imperialismo.

Em Donetsk, já este domingo, 3, as autoridades da denominada república popular denunciaram que forças leais a Kiev bombardearam, no dia anterior, com munições de elevado calibre, o centro urbano e os arredores. Imediatamente foi contactada a missão da OSCE no território, garantiram os responsáveis antigolpistas, citados pela Lusa, que apelaram, por outro lado, ao cumprimento do cessar-fogo e à retirada das armas pesadas da frente de combate. O mesmo fez, sábado à noite, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, noticiou também a agência de notícias portuguesa.

quarta-feira, maio 06, 2015

A ver se me entendo...

Depois de amanhã não posso ir comemorar os 70 anos do 8 de Maio, no "liceu Camões", como tanto gostaria, porque tenho tarefa em Almada, estou a tentar "arranjar as coisas" para ir celebrar os 70 anos do 9 de Maio, no Clube Estefânia...
Vamos lá a ver se nos entendemos com as datas:
- os 70 anos mais significativos talvez sejam os do 2 de Maio, dia em que, em1945, o Exército Vermelho entrou em Berlim;
- a 7 de Maio de 1945 foi assinada a capitulação, em Reims, França, perante os "Aliados" (EUA, França, Reino Unido, URSS);
- a 8 de Maio de 1945 três dos "Aliados" anteciparam o anúncio da capitulação, que o "outro aliado" (a URSS) exigiu que fosse formalmente ratificada em Berlim, o que foi feito, pelo que se pode considerar 8 de Maio como o dia  V (de Vitória)... dependendo dos fusos horários, uma vez que só se assinou noite dentro;
- 9 de Maio de 1945 teria sido o dia C (de Celebração da Paz na Europa);
- a 6 de Agosto de 1945 os EUA lançaram a 1ª bomba atómica no Japão, sobre Hiroshima;
- a 9 de Agosto de 1945 os EUA lançaram a 2ª bomba atómica no Japão, sobre Nagasaki;
- 15 de Agosto de 1945 foi proclamadp o dia D (de Derrota - ou de destruição - do Japão);
- 2 de Setembro de 1945 foi o dia da capitulação formal do Japão.
(...)

A confusão de datas, que pretendo ter esclarecida (para mim próprio) - e que não me parece despicienda - ganha maior interesse por ter sido decidido que o dia 9 de Maio seja o "dia da Europa", por ter sido nesse dia que, em 1950, R. Schuman fez o discurso-declaração da Sala dos Espelhos de Versailles, que teria levado à criação da CECA. (Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, a 6 - Bélgica, França, Holanda, Itália, Luxemburgo e República Federal da Alemanha)... e por aí fora até à União Europeia de hoje!



Eles! (e ela...)









desenho do pai João
Oh tio!,,, faz um 
da Oriana
Oh Gonçalo!....faz um
do Diogo e do Pedro

terça-feira, maio 05, 2015

Sobre a "situação no Mediterrâneo" - duas posições antagónicas

A viagem de Cavaco Silva à Noruega começou por nos lembrar o primeiro-ministro português que é responsável pela destruição da nossa vantagem comparativa de haver tanto mar nosso que decidiu promover o abate da frota pesqueira e que hoje, travestido de Presidente da República (por nossa culpa... porque não é nem rei nem  ditador), se apresenta como um estrénuo defensor do aproveitamento do que (des)criou condições para não ser aproveitado.
Mas, agora, ao ler o Público, tudo se apaga com o confronto das posições de CS e da primeira-ministra norueguesa sobre a tragédia do Mediterrâneo (segundo Sollberg) que será uma ameaça ("para a Europa"!), segundo CS. Situação para que este... tem uma solução expedita, e para que deseja a conjugação dos esforços da União Europeia e da NATO: "impedir os imigrantes ilegais de embarcar nos portos líbios" (!) (talvez, se for necessário, matando-os em terra para que não se afoguem no Mediterrâneo), enquanto a primeira-ministra declarou ser necessário "atacar as causas, nomeadamente o sentimento de falta de futuro" dessa parcela da Humanidade (sim, da Humanidade, sr. dr. Cavaco).
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Público:
Situação no Mediterrâneo 
“é uma ameaça”

No encontro que mantiveram ontem à tarde, em Oslo, Cavaco Silva e a primeira-ministra norueguesa, Erna Solberg, discutiram a relação da Europa com o Mediterrâneo.
Na conferência de imprensa conjunta, na residência oficial da primeira-ministra, o Presidente português considerou que a situação “é uma ameaça”, enquanto Solberg preferiu qualificá-la como uma “tragédia”.
Cavaco Silva frisou que a “ameaça para a Europa” decorre da instabilidade da “situação na Líbia, no Iraque e na Síria” e realçou o empenho militar português nas forças de paz em zonas como o Kosovo, o Iraque, o Afeganistão, o Mali e a República Centro-Africana.
Para o Presidente português, é necessário “impedir os imigrantes ilegais de embarcar nos portos líbios”, uma missão que deve conjugar os esforços da União Europeia e da NATO. A primeira-ministra norueguesa declarou que é preciso atacar “as causas de base”, nomeadamente o sentimento de “falta de futuro” em alguns países de África, assim como a “instabilidade” e o “terrorismo”.
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É de fazer corar
de indignação e vergonha!