No meu esforço de informação quotidiano, de vez em quando deparo-me com pedras no meio do caminho.
Ao ler o Expresso de hoje, que muito à sua maneira feliz de juntar poesia que escolhe à economia que trata (nem sempre como gostaria de o ler...) seleccionou Drummond de Andrade para o ajudar, tropecei nesta pedra no meio do caminho:
« (...) E felizmente para o país, desde 1975 que não rebentam bombas em Portugal.(...)»
Oh, Nicolau Santos!, venho só lembrar-lhe (e não só a si), que a 22 de Abril de 1976, rebentou uma bomba na Embaixada de Cuba em Lisboa, destruindo as instalações e matando dois diplomatas cubanos: Adriana Corcho e Efrén Monteagudo!
No Meio do Caminho
Carlos Drummond de Andrade
No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
2 comentários:
E aqui fica para ser lido e lembrado!
Muito bom!
caro sérgio ribeiro:
para só referir 1976 (entre Janeiro e Junho): tiveram lugar atentados, com rajadas metralhadoras, bombas, petardos, incêndios e fogos postos, assaltos, agressões e outros similares ocorridos, praticamente todos os dias.
existem diversas fontes jornalísticas e outras (incluindo diversos envolvidos nos atentados). para só citar duas, que incluem listagens por anos, dias: dossier terrorismo, ed.avante, 1977; eduardo dâmaso - a invasão spinolista,1996 (este último foi jornalista do expresso até finais dos anos 80, jornal onde trabalha nicolau santos).
cumprimentos,
luísa almeida, lisboa
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