Declaração política geral, na Assembleia Municipal de Ourém, de 29.04.2015, em nome de CDU-Por Ourém:
(cumprimentos protocolares)
Caros companheiros da tarefa cidadã de, neste órgão, representar os nossos concidadãos.
Vou tentar ser muito breve. Telegráfico. (que remédio!...só elegemos um…)
Mais uma vez reunimos entre o dia 25 de Abril, o 41º depois de 1974 do 25 de Abril da Democracia e da Liberdade, e o 1º de Maio, dia do trabalhador, que somos todos nós, empregados ou desempregados, reformados ou a prepararmo-nos para trabalhadores sermos. Duas datas que marcam a nossa vida, saibamo-lo ou não, queiramo-lo saber ou não.
Para além disso, esta reunião realiza-se num momento em que os acontecimentos – os conhecidos porque a comunicação social os divulga factualmente, os deturpados porque a informação ou é parcial ou tendenciosa, os ignorados porque só alguns falam deles e a comunicação massificada os esconde –, acontecimentos da maior relevância para o futuro da Humanidade. Procurarei apenas referir, nesta declaração geral, os que me parecem não poder faltar numa declaração política em 29 de Abril de 2015.
Cá por este canto da Europa, que já era Europa antes de haver uma chamada União Europeia, sucedem-se os casos como se uma "Caixa de Pandora" se tivesse aberto. Não falta com que “entreter a malta” na espuma dos dias, como se a vida de cada um dos simples mortais, que todos somos..., nada valesse em confronto com Salgados e Sócrates, e Passos e Portas, e Cavacos e Costas. e Novas e Núncios (este, é de hoje!) como se todos estes e mais alguns não fossem produtos dos BES e anteriores, e dos vistos gold, e de tudo o que um sistema de relações, de políticas, faz pulular, pular, saltar. Mas, apesar do barulho, da espuma, tudo aparenta estar estagnado. À espera. De quê?
Por exemplo, da Grécia.
Depois das eleições em que o povo grego exprimiu, com o seu voto, a recusa do caminho até então seguido, seguiu-se este período, que me atrevi a balizar até Junho (está escrito no meu blog) mas que parece antecipado, e em que tudo irá eclodir depois de se ter voltado as costas ao que foi expresso – expressivo – pelo povo, de se ter negociado entre os que foram cedendo aos que nada cedem. Breve teremos novidades, e novidades que nos tocam, muito de perto, muito vizinhas.
Como novidade se quer que seja a tragédia de transformar o Mediterrâneo num cemitério, quando a tragédia é uma consequência das “cruzadas” pelo norte e nordeste africanos para "salvar os direitos humanos" atingidos por criaturas e grupos criados pelo mesmo sistema de relações sociais travestido de “cruzadas” humanitárias.
Como novidade – e também grande, esta… – foi a Cimeira das Américas preparada para impor uma certa “ordem nova” na Venezuela, depois de desestabilizar o Brasil, e o resultado foi o isolamento de 2 Estados (Estados Unidos e Canadá) face a 33 outros, decididos, desta ou daquela maneira, a não serem o “quintal das traseiras”.
Como novidade, e também trágica, é a situação da Ucrânia, e dos ucranianos, em consequência de haver uma Federação Russa decidida a manter-se localizada onde está, ameaçando ignorar as posições e rampas de lançamento que a estão a cercar, e recusando recuar, isto é, mudar de lugar.
O facto – e facto é… – é que, hoje, 65 anos depois, se tornou urgente renovar o Apelo de Estocolmo, de 1950, que teria contribuído para criar um equilíbrio de não-agressão nuclear mas que não obstou a que as partes (e outros) fossem reforçando o seu poder de destruição, e o complexo industrial-militar, nomeadamente nuclear, se reforçasse desmesuradamente (1% do armamento nuclear em armazém tem 4 mil vezes maior poder de destruição que a bomba que destruiu Hiroshima e os seus habitantes).
O que, hoje, mais considero como meu dever de cidadão é recusar a frase de Keynes que, há 80 anos, dizia que a longo prazo, todos estaremos mortos, é informar do perigo que corremos de não deixar aos filhos e aos netos, não um património razoável, mas um Universo em que os seres humanos possam viver e beneficiar de tudo o que se conquistou. E que nos pode destruir como Humanidade.
Pensarão alguns, ou todos, que estou a ser catastrofista, ou "Velho do Restelo" (ou do Zambujal…) mas julgo que não. Acho que estou lúcido (merda!, como dizia o poeta Mário Sá Carneiro)… e cheio de esperança. Tudo depende de todos.
5 comentários:
moral do discurso: às vezes vale mais um do que tantos.
Um abraço de quem se sente bem represent(e)ado
Espero que os outros eleitos tenham aprendido alguma coisa com a declaracao,para alêm de muito bem escrita,toca aspectos inecâveis deste tempo que ê nosso.(O tîtulo cimeiro do post estâ correcto?29 de Maio?)
Um beijo e bom fim de semana
Tens razão, camarada Olinda. Errei... ando muito apressado. Obrigado.
Lúcido e bem lúcido!
É pena o ouvido,não corresponder da mesma forma...!
Obrigada pela lúcida intervenção!
Obrigado, Amiga IsaBELA.
Pior que o meu deficiente ouvido... são os maus ouvintes!
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