domingo, março 31, 2019

... rellexões lentas (e doridas) - continuação


Como previa a 19 de Março (e não me estou a gabar… nem é caso para isso), no post De reflexões lentas e doridas... (o caso do “funcionário despedido”) vai dar pano para mangas, ou achas para a fogueira onde chamuscar (até queimar, se possível) o PCP.
 & etc.

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E elas aí estão, a vários tempos, cores, tons e sons!
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Retiro, então, (do quase-diário) algumas das reflexões que considero oportuno repetir:

Aprendi, na Escola do Partido que frequento há mais de 60 anos, que ser funcionário do Partido é (era) coisa muito séria, era (é) a trave-mestra de toda uma organização.
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Na concepção que está nas nossas bases e acção, o funcionário era (é) o militante que passou a ser político a tempo inteiro, com dedicação total… até a da própria vida sempre em risco.
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(…) Por isso, e com pessoal e muito funda sensibilidade, considero fulcral o papel do funcionário do Partido na vida do partido e na militância dos militantes.
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(…) Com o 25 de Abril, com o Partido da clandestinidade da luta contra a ditadura e a guerra colonial, pela liberdade e democracia, a passar para a condição de partido igual aos outros… mantendo-se diferente, a adaptação da situação de funcionário também teria de ser diferente… mantendo-se igual, como político em tarefa a tempo inteiro e remuneração igual à que teria se essa não tivesse sido a sua opção… de vida!
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(...) E foram tantos e tantas com quem tive algum contacto ou ligação que tinha/tem a ver com o Partido e a concepção de funcionário… e me deram "aulas práticas".
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(…) Faço esta recapitulação por estarmos a ser agredidos porque um funcionário  pôs o Partido em tribunal com a acusação de o ter despedido (!), e essa acção ser patrocinada por um advogado nosso camarada, como uma questão laboral comum.
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Para mim não é!, muito longe disso, e muito me entristece que camaradas meus assim a considerem. 
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O inimigo (de classe, político) não precisava destas ajudas… mas muito as agradece!, e bem as aproveita.
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É preciso, alto e bom som, responder que, vivendo numa correlação de forças que nos obriga a con-viver debaixo de conceitos e regras que combatemos, que não aceitamos como nossas, que defendemos e lutamos com outros conceitos e por outras regras, para o futuro, para a Humanidade.
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Esse post mereceu reacções, como uma mensagem pessoal (e privada) que me levou a réplica, de que aqui trago apenas dois ou três pontos em continuidade de reflexão:

Recuso-me a tratar “o caso” como uma relação laboral comum!, tal como não aceito que a passagem de militante a funcionário possa ser o início de uma relação laboral comum e solução (ou remendo) para uma situação pessoal!

Não fomos, os do PCPortuguês, os únicos a terem de se confrontar com as consequências do que aconteceu na União Soviética e outros países na via do socialismo e do comunismo; mas já teríamos sido dos poucos que resistiram e mantiveram a sua natureza 
e identidade ideológica e de classe.

Duas questões trago à nossa conversa-reflexão: 
i) a da formação ideológica como fundamental para todos os níveis de militância; 
ii) a da organização se ter de estruturar com um quadro de funcionários formados ideologicamente e formadores junto das bases, das massas.

sábado, março 30, 2019

A subliminar manipulação sobre Europa e outras coisas


do meu quase-diário:

(...)
… na Vila Medieval de Ourém, nos "meus" Castelos, no Dia Nacional dos Centros Históricos, 28 de Março, ouvi, interessado, 4-arqueólogas-4 dissertarem sobre a arqueologia na reabilitação dos centros históricos.

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Como damas defendendo sua dama, com a convicção de profissionais que (parece) amam a sua profissão, e o fazem com interesse e uso (e talvez abuso) dos meios de informação visuais (mas não-audio…J) disponíveis actualmente.

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Gostei de estar, e bem rodeado por jovens da Escola Secundária de Ourém, que se portaram muito bem sob a vigilância atenta da professora acompanhante... mas não muito interessadas nas prelecções.

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Mais interessadas teriam estado (ao que julgo e espero) nas visita interpretativa, na “viagem a outros tempos” promovida pela Câmara, e de onde vinham.  

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No entanto, assim como me agradaram a presença e as exposições, senti-me agredido e irritei-me ao ouvir que “… o nosso País, na Europa desde 1986…”.

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Deu-me vontade de berrar que o nosso País está/é da Europa muitos séculos antes de 1986, e que continuará a sê-lo/estar depois de explo/implodir essa coisa iniciada em 1957 e que tem vindo a alastrar como se a Europa fosse, e agora se alcunha, ridiculamente, de União Europeia.

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Contive-me porque sou sensato, acho eu…, até para defesa do que defendo, e por luta pelo que luto em todas as oportunidades.

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Depois, mais adiante nas interessantes e arqueológicas exposições, ainda se puseram aos berros (dentro de mim!) os protestos de todos os sentires ao ser-lhes levada, pelos ouvidos, a frase racionalismo económico, identificado como um adversário a vencer numa batalha contra a destruição, ou tão-só menosprezo, do património histórico, ambiental, cultural em suma (e em sumo)

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Vamos lá a ver se nos entendemos: racional economicamente não é igual a (ou medido por) indicadores forjados e com os nomes de rentabilidade, produtividade, competitividade, etc.; será (acho eu!) algo que tenha a ver com aproveitamento de recursos naturais e adquiridos, pelo trabalho - em recolha e transformação - para satisfação das necessidades humanas, em respeito/preservação pelo meio, natureza e património ambiental, histórico, (repito redundantemente:) cultural, em suma.

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Depois, as jovens arqueólogas (é privilégio dos outros serem jovens longo tempo aos olhos de quem passou dos 80…), na sua exposição, deixaram explicitamente implícito que as condições de defesa do património mudaram bastante, e para bem melhor, com a legislação vinda de Bruxelas e Estrasburgo por aí abaixo.

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O atento ouvinte (embora algo deficiente) que eu era, auto-congratulou-se com as citações de melhores condições superstruturais provenientes da dita (ou alcunhada) Europa, mas teve pena que não tivessem sido ligadas a outras descendências lá do Norte super-integrado, como o Pacto Orçamental e suas directivas (ou imposições) relativas aos défices e ao monetarismo de banca (rota!).

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Aliás, bem mais importante para preservar o património – que, qualquer que ele seja, é cultural! –, seria o mínimo de 1% dos orçamentos nacionais e do orçamento comunitário para a cultura, ainda que isso pudesse não contribuir para o cumprimento da obsessão do zero em comportamento orçamental (que, diga-se de passagem, quando nasceu não foi para todos!).

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E por aqui me ficaria nos comentários à contraditoriamente positiva sessão no salão nobre da Junta de freguesia da Nossa Senhora das Misericórdias, de Ourém.

(...)

sexta-feira, março 29, 2019

AR, comissão de inquérito à CGD, Vitor Constâncio... e tanto mais para reflectir

Do quase-diário:

(...)
Ontem, antes de me deitar, ainda procurei nas gravações televisivas ver o fundamental de Vitor Constâncio na comissão de inquérito da AR à Caixa Geral dos Depósitos… e fiquei (ainda mais e melhor...) elucidado sobre a eficácia da supervisão bancária neste capitalismo supervisado!

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Acho curioso que não se lembre que o consagrado economista foi secretário-geral do PS (como poderia ter sido do PSD... isto digo eu!), apesar de ser lembrado que «o período em que foi o governador (entre 2000 e 2010), corresponder a dois terços dos 15 anos que foram analisados na auditoria da EY aos atos de gestão do banco público e que detetaram incumprimentos e sérios problemas na concessão e acompanhamento de créditos, em que não havia garantias exigentes o suficiente face ao risco dos clientes.» (Expresso-curto, este de hoje da autoria de Ricardo Costa).

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Achei também positivamente elucidativa a curta nota publicada sobre a grande reportagem de SICnotícias.

"A Fonte"
Quanto perdeu a Caixa Geral de Depósitos com créditos considerados ruinosos para as contas do Banco Público? A resposta passa por um relatório que abriu caminho a numa nova Comissão Parlamentar de Inquérito.
SIC agarrou no documento e foi à procura de respostas, dos rostos dos principais empréstimos, das grandes figuras do banco, no período entre 2000 e 2015.
São quase 200 operações de crédito e um buraco que ultrapassa os 1600 milhões de euros. A fonte nunca chegou a secar e a dimensão real do problema começa agora a vir ao de cima.
"A Fonte" é uma Grande Reportagem SIC da autoria do jornalista Luís Manso, com imagem de João Lúcio e Jorge Guerreiro, edição de imagem de Ricardo Piano, produção de Diana Matias e coordenação de Amélia Moura Ramos.

domingo, março 24, 2019

Já chegaram!

https://www.facebook.com/festadoavante/videos/369416897117461/?t=59

quinta-feira, março 21, 2019

Venezuela - já passou um mês de presidência interina... e agora?

Ver as respostas:

https://www.facebook.com/VTVtuCanal/videos/269315433995292/?t=8

quem é Elliot Abrams?

Traduzido de inglês-Elliott Abrams é um diplomata e advogado americano que serviu em posições de política externa para os presidentes Ronald Reagan, George W. Bush e Donald Trump. Abrams é considerado um neoconservador. Atualmente é membro sênior de estudos do Oriente Médio no Council on Foreign Relations. Wikipedia (inglês)


quarta-feira, março 20, 2019

Le Roi des Cons

Não resisto! Já que tenho este espaço que posso preencher, não resisto!
Depois de ouver o Prós e Contras, e o seu final, na palavra de (S.) Francisco de Assis, não resisto:

terça-feira, março 19, 2019

De reflexões lentas e doridas...


Retiradas de um quase-diário:

(...)
... o não inesperado aproveitamento do “caso Miguel Casanova”.

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Vai dar pano para mangas, ou achas para a fogueira onde chamuscar (até queimar, se possível) o PCP.

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Pelo menos, e pouco será, para agora vai dar para uma reflexão (ou duas!) aqui neste diário.

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Aprendi, na Escola do Partido em que ando há mais de 60 anos, que ser funcionário do Partido é (era) coisa muito séria, era (é) a trave-mestra de toda uma organização.

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Na concepção que está nas nossas bases e acção, o funcionário (em vez de colocar entre aspas prefiro o bold...) era (é) o militante que passou a ser político a tempo inteiro, com dedicação total… até a da própria vida sempre em risco.


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Os primeiros que conheci foram o Carlos Aboim Inglês e o José Bernardino, o primeiro que controlou a célula dos economistas para onde entrei foi o Ângelo Veloso, depois o Joaquim Pires Jorge, depois o José Dias Coelho, que conheci (sem saber quem ele era) até que a morte desceu à rua trazida por mãos assassinas.

(...)
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(...) 
Que professores tive!

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Por isso, e com pessoal e muito funda sensibilidade, sentirei a importância do funcionário do Partido na vida do partido e na militância dos militantes.

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Com o 25 de Abril, com o Partido da clandestinidade da luta contra a ditadura e a guerra colonial, pela liberdade e democracia, a passar para a condição de partido igual aos outros… mantendo-se diferente, a adaptação da situação de funcionário também teria de ser diferente… mantendo-se igual, como político em tarefa a tempo inteiro e remuneração igual à que teria se essa não tivesse sido a sua opção… de vida!

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(...) 
E foram tantos e tantas com quem tive algum contacto ou ligação que tinha/tem a ver com o Partido e a concepção de funcionário… e por isso (...) me atrevo a dizer que, como eles, me assumi como funcionário enquanto em tarefa de eleito parlamentar, em dedicação exclusiva.

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(...)
… em resumo, terei errado em vários momentos de avaliação de outros (e de mim!) por culpa das circunstâncias…

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O que sobra da experiência vivida ao vivo foi um ensinamento sobre a precariedade dos juízos relativamente a outros (e a mim próprio).

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 (...)
Faço esta recapitulação porque estamos a ser agredidos porque um funcionário  pôs o Partido em tribunal com a acusação de o ter despedido (!), e essa acção ser patrocinada por um advogado nosso camarada, como uma questão laboral comum.

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Para mim não é!, muito longe disso, e muito me entristece que camaradas meus assim a vejam. 
(...)
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(...)
De pecados originais, por muito originais que sejam, ninguém se livra, o pior é o modo como se transformam em evidências e numa arma para o inimigo, a quem somos nós, os nossos, que municiamos.


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O inimigo não precisava destas ajudas…

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… mas muito as agradece!, e bem as aproveita.

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É preciso, alto e bom som, responder que, vivendo numa correlação de forças que nos obriga a con-viver debaixo de conceitos e regras que combatemos, que não aceitamos como nossas, que defendemos e lutamos por outros e outras, para o futuro, para a Humanidade.

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Que nunca nos posicionando como patrões, cumprimos as regras a que somos obrigados como se patrões fossemos, e que lamentamos profundamente que sejam nossos que nos ponham em situações destas.

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Aliás, há que afirmar que o nosso adversário – ou inimigo de classe – não são os patrões, que lutamos contra o sistema de relações sociais que os faz, ou permite que sejam, exploradores.

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Mas, muito mais fundo, não aceitamos que haja quem passe atestados de democracia, a partir de critérios redutores que escondem a exploração e as desigualdades e assimetrias decorrentes com o manto do voto para todos, manto roto e/ou manta retalhada pela informação manipulada e manipuladora.

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Quem quer arvorar-se em juíz ou auto-qualificar-se para registos notariais de atestados de democracia?, pois nós exigimos discutir qual democracia?, a deles?, a representativa e/ou a participativa?, a da estatística de votos expressos em urnas e/ou a que fica à porta da economia, e da informação, e da árvore genealógica, e do local/região/país/continente de nascimento?

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Mas, acho também!, que o a reflexão e o debate ideológico têm de nos capacitar internamente, sem receios e com prioridade.

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Volto e voltarei à questão do partido de massas que, para o ser, tem de ser um partido de funcionários, de militantes disponíveis e dispostos à dedicação total… a aprender, aprender, aprender sempre.

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E transmitir, e divulgar sempre… mas sempre respeitando os outros, a quem se transmite e divulga, também aprendendo enquanto se transmite e divulga.

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Eu sei que estou a divagar, mas a divagar exigentemente comigo próprio, certo de que muito pouco posso fazer, mas que esse pouco deve ser feito.

sábado, março 16, 2019

... a força determinada para dar corpo à luta por uma outra Europa

INTERVENÇÃO DE JOÃO FERREIRA, 1.º CANDIDATO DA LISTA DA CDU ÀS ELEIÇÕES DO PARLAMENTO EUROPEU 2019, APRESENTAÇÃO DOS CANDIDATOS DA CDU ÀS ELEIÇÕES DO PARLAMENTO EUROPEU 2019

«Prosseguiremos a luta por um Portugal desenvolvido, livre e soberano»

Camaradas e amigos,
Está apresentada a lista de candidatos da CDU às eleições para o Parlamento Europeu, de 26 de Maio.
Mulheres e homens comprometidos com as causas do progresso e da justiça social, da liberdade e da democracia, da soberania e da independência nacionais, da defesa da natureza, da cultura, da paz e da cooperação. Gente que assume, enriquece e projecta na sua acção o património de valores, de intervenção e luta da CDU, em defesa do povo e do país.
Militantes do Partido Comunista Português, do Partido Ecologista «Os Verdes», membros da Associação Intervenção Democrática, independentes, candidatos com um percurso de intervenção cívica e política reconhecido e relevante.
Candidatos que dão garantia de ligação à vida, à realidade do país, de Norte a Sul, do Interior ao Litoral, das regiões autónomas dos Açores e da Madeira às comunidades emigrantes. Gente que conhece o país, que conhece os seus problemas e dificuldades, que conhece como ninguém as suas potencialidades. Que protagoniza um projecto para um Portugal com futuro.
Gente que luta. E que não vira a cara à luta perante as adversidades. Gente que não se resigna, que não desiste.
Na lista que hoje aqui apresentamos encontramos o mundo do trabalho, onde se dão os mais decisivos combates do nosso tempo. Encontramos a agricultura e o mundo rural, as pescas, a indústria, a realidade das micro e pequenas empresas. Encontramos construtores e defensores dos serviços públicos, da saúde, da educação, da cultura e da ciência. Encontramos uma ligação profunda aos elementos estruturantes da comunidade que somos. Encontramos a vontade de transformar o país que temos. E a força determinada para dar corpo à luta por uma outra Europa.
Os candidatos que darão rosto e voz à candidatura da CDU estiveram nas lutas que marcaram os últimos anos da vida nacional. Lutas que demonstraram que é possível avançar. E que é preciso, não andar para trás, mas avançar mais, na melhoria das condições de vida do nosso povo e na resposta aos problemas do país.
A Ana Margarida de Carvalho dá-nos a honra de ser mandatária desta candidatura. Com o seu notável percurso profissional e literário, a Ana Margarida prestigia a candidatura da CDU. Mas, sobretudo, associa-lhe simbolicamente o extraordinário impulso criador que anima uma obra reconhecida e premiada, a par da convicção que temos de que, nos livros como na nossa luta, as melhores páginas ainda estão por escrever.
Esta é uma lista em que as mulheres e os jovens não cumprem função de adorno, nem servem para compor a estatística, pelo contrário, assumem responsabilidades cimeiras. Nesta lista, como na luta e na vida. Nada menos do que isso.
Com a apresentação que hoje aqui fazemos, assumimos um compromisso solene: o de levar mais longe o trabalho realizado, ao longo dos últimos anos, no Parlamento Europeu pelos deputados eleitos pela CDU. Levar mais longe o nosso projecto e a nossa luta por um Portugal soberano e desenvolvido, numa Europa dos povos, da solidariedade, da cooperação e da paz.
Este é um compromisso firmado sobre o terreno firme e confiável de uma intervenção singular no quadro das forças que se apresentam a estas eleições.
No mandato que agora finda, os deputados eleitos pela CDU fizeram mais de 500 intervenções em plenário, mais de 1.200 perguntas à Comissão Europeia e ao Conselho, foram responsáveis pelo acompanhamento de mais de 200 relatórios e pareceres, sendo 24 da sua autoria.
Uma intervenção que se destaca não apenas do ponto de vista quantitativo, mas também e sobretudo do ponto de vista qualitativo. Pela estreita ligação que evidencia à realidade do país, e pelo conhecimento do que dessa realidade se relaciona com as decisões tomadas ao nível do Parlamento Europeu e das demais instituições da União Europeia.
Uma intervenção que deu resposta política quer a novos desafios que surgiram, quer aos problemas que se mantiveram ou agravaram. A crise económica e social; as assimetrias de desenvolvimento e a estagnação económica; os insustentáveis níveis da pobreza, o desemprego, a precariedade, as desigualdades e a exploração; a crise humanitária dos refugiados; a propagação de ideologias reaccionárias; a escalada securitária, cerceadora de direitos, liberdades e garantias; a deriva militarista; os problemas ambientais.
Se outros – como o PS, o PSD e o CDS – contribuíram, com os seus votos no Parlamento Europeu, para edificar um quadro legislativo que institui a chantagem, a ameaça e as sanções contra Estados soberanos, que institui os vistos prévios aos orçamentos nacionais e a intromissão permanente da União Europeia na vida nacional, quadro este que se virou contra Portugal no momento em que o país, com o contributo decisivo do PCP e do PEV, iniciou um caminho de recuperação, defesa e conquista de direitos e de rendimentos, os deputados eleitos pela CDU assumiram no Parlamento Europeu, como nenhuma outra força, a defesa do direito de Portugal e do povo português decidirem livremente o seu destino, sem intromissões nem chantagens.
Propusemos o fim da existência de sanções. PS, PSD e CDS votaram contra. Serviram para isto os votos que lhes foram confiados nas últimas eleições.
Se outros – como o PS, o PSD, o CDS e o BE – aceitaram uma distribuição de mandatos no Parlamento Europeu que beneficia os maiores países e vários países médios mas prejudica Portugal, os deputados eleitos pela CDU propuseram uma solução que permitiria ao país recuperar os deputados perdidos em anteriores alargamentos e assim aumentar a sua representação, atenuando as desigualdades de poder que hoje existem entre os Estados. A CDU propôs. PS, PSD, CDS e BE não apoiaram. Utilizaram assim os votos que lhes foram confiados nas últimas eleições.
Se outros – como o PS, o PSD e o CDS –, ainda esta semana, certamente saudosos da troika que trouxeram ao país, aprovaram, com os seus votos, a proposta de criação de um Fundo Monetário Europeu, uma espécie de troika versão 2.0, que a todos deve desde já deixar de sobreaviso sobre o que por aí pode vir, os deputados eleitos pela CDU propuseram no Parlamento Europeu o fim das intervenções da troika e a criação de um programa de apoio aos países intervencionados, prevendo a mobilização dos recursos financeiros necessários, incluindo ao nível dos fundos estruturais, para compensar os prejuízos económicos e sociais causados.
Propusemos a revogação do Tratado Orçamental. Propusemos – e conseguimos – que o Tratado Orçamental não fosse integrado no ordenamento jurídico da União Europeia. Falta agora que o governo português, aproveitando o embalo da derrota sofrida pelo tratado que Alemanha impôs, desvincule Portugal deste tratado. Não chega criticá-lo, por razões de mero oportunismo e tacticismo eleitoral. É necessário desvincular Portugal de um tratado, que limita a resposta aos problemas do país. Não há desculpa para não o fazer.
Bem podem anunciar “um novo contrato social”, proposta requentada de cada vez que há eleições. Um “contrato social” dentro dos muros do Tratado Orçamental e do Euro não é avanço, é recuo. Querem um “contrato social”? Olhem para aquele que há 43 anos está vertido nas páginas da Constituição da República e que é desrespeitado. É esse o nosso mais relevante “pilar social” e não aquele que a União Europeia quer usar para nivelar por baixo as condições de vida e de trabalho.
Camaradas e amigos,
Temos um trabalho ímpar no Parlamento Europeu. Que ninguém duvide que este trabalho será prosseguido e aprofundado nos próximos anos pelos deputados que a CDU vier a eleger de entre os candidatos agora apresentados. Serão tantos quantos o povo português nos queira confiar. Com a certeza de que essa confiança não será traída. Os votos na CDU não serão usados contra os interesses dos que os confiam.
Prosseguiremos, pois, a luta por um Portugal desenvolvido, livre e soberano, numa Europa dos trabalhadores e dos povos, de progresso, de paz e de cooperação.
Uma luta que une os actos eleitorais que se avizinham. Eles são momentos distintos de uma mesma batalha.
Se temos um trabalho ímpar no Parlamento Europeu, temos, no plano nacional, a responsabilidade primeira pelo caminho aberto a uma solução política que interrompeu planos concretos para prosseguir e intensificar a política de exploração e de empobrecimento do governo PSD-CDS. Os últimos anos deixaram à vista o papel destacado do PCP e do PEV na vida nacional. Cada conquista, cada avanço na melhoria dos rendimentos e dos direitos, não teria sido possível sem a nossa iniciativa, sem a nossa intervenção, e sem a luta dos trabalhadores e das populações.
Luta que alguns bem se esforçaram por apagar e esconder.
Luta que é o motor decisivo para os avanços por concretizar. Mas faz falta levar esta luta até ao voto, dando mais força à CDU! Muitos dos problemas que persistem sem resposta, muitos dos bloqueios ao desenvolvimento do país, resultam do facto de PS, PSD e CDS, na hora h, continuarem a juntar os trapinhos em questões essenciais e estruturantes da política de direita. Juntam-se para submeter o país às imposições da União Europeia. Juntaram-se para impedir a reversão dos aspectos mais negativos da legislação laboral, e até para a agravar, indo ao encontro das pretensões do grande patronato. Juntaram-se para impedir a fixação do salário mínimo em valores mais elevados, para impedir a resposta a justas pretensões dos trabalhadores do sector público. Juntaram-se para despejar mais uns milhares de milhões de euros nos buracos da banca privada. Juntaram-se para impedir a recuperação para o país das suas empresas e sectores estratégicos – na banca e restante sector financeiro, na energia (electricidade e combustíveis), nos correios e telecomunicações.
Aqui chegados, a solução não é andar para trás. A solução é avançar. E para avançar há que dar mais força à CDU. Avançar, em Portugal, na concretização de uma política alternativa, patriótica e de esquerda, e avançar na Europa, na construção de uma outra Europa.
Uma Europa de cooperação entre Estados soberanos e iguais em direitos, que respeite a democracia e a participação democrática, onde não haja lugar a imposições que firam o direito de cada povo a decidir as políticas (económicas e outras) que melhor lhe servem.
Uma Europa dos direitos sociais, que promova o emprego com direitos e salários dignos; que defenda e promova os serviços públicos; que garanta a igualdade entre homens e mulheres.
Uma Europa de progresso económico e social, ecologicamente sustentável, que promova uma convergência no progresso entre os diferentes países; que valorize e não bloqueie o investimento público; que promova o potencial produtivo de cada país, combatendo défices e dependências, designadamente no plano agro-alimentar; que respeite a Natureza e cuide dos seus recursos, assegurando a sua fruição por todos e não a sua mercantilização; que enfrente as alterações climáticas sem recurso a expedientes como o mercado do carbono, que não resolvem, antes pioram o problema.
Uma Europa de paz e cooperação com todos os povos do mundo, que respeite a Carta das Nações Unidas e o Direito Internacional, incluindo os princípios da auto-determinação dos povos e a soberania e a integridade territorial dos Estados; que rejeite a corrida armamentista em curso, a militarização das relações internacionais, as ingerências e agressões externas.
Uma Europa que defenda as liberdades democráticas, os direitos cívicos e sociais, a diversidade cultural e o direito à criação e fruição culturais; que rejeite mecanismos repressivos, de controlo e vigilância (incluindo no mundo digital); que combata as discriminações com base na cor da pele, na religião, na identidade sexual ou na deficiência.
Uma Europa em que o poder económico se subordina ao poder político e em que os Estados se afirmam como estrutura determinante e referencial na economia.
Não estamos sozinhos nesta luta. Por iniciativa do PCP, foi dinamizado um apelo comum para as eleições para o Parlamento Europeu que junta até ao momento 24 partidos comunistas, progressistas, de esquerda e ecologistas, de países como a Alemanha, a Áustria, a Bélgica, Chipre, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Malta e o Reino Unido.
Dar mais força à CDU é contribuir também para reforçar a solidariedade internacionalista, a articulação fraterna com a luta dos trabalhadores e dos povos de outros países por uma outra Europa. Uma solidariedade que demonstra que os povos não estão condenados a escolher entre os nacionalismos, a extrema-direita e a União Europeia que lhes está a abrir o caminho.
Camaradas e amigos,
Temos uma campanha pela frente. Vamos construí-la com confiança, coragem, audácia e determinação. Vamos construí-la com a razão e a autoridade singulares de quem pode apresentar-se aos olhos do povo português com a coerência de posições a que a vida deu e dá inteira razão. Vamos construí-la com a serenidade de quem honra os compromissos e respeita a palavra dada. Com a segurança de quem tem um trabalho sério e empenhado para apresentar, em defesa dos trabalhadores, do povo e do país.
Sabemos, um saber de experiência feito, das dificuldades que iremos enfrentar.
À demagogia, oporemos a seriedade e a coerência. À desinformação, oporemos a informação e o rigor. À desmobilização, oporemos a mobilização assente no esclarecimento e no debate sobre as razões para o voto na CDU.
O voto que afirma a soberania e a independência nacionais como parte integrante de um projecto de desenvolvimento para Portugal.
O voto que afirma Portugal como país aberto à Europa e ao Mundo mas que não deixa nas mãos de outros o poder de decidir o nosso destino.
Esta é uma tarefa que os candidatos hoje apresentados têm pela frente. Sem dúvida.
Mas daqui lançamos um desafio a todos os que reconhecem na CDU o percurso e projecto distintivos.
Avançar é preciso. Mas só será possível avançar com a acção e a luta dos trabalhadores e do povo. Levem esta luta até ao voto, convirjam no voto na CDU – esta é a forma mais consequente de afirmar e construir novos rumos, para Portugal e para a Europa.
Sejam também candidatos! Sejamos todos candidatos!
Ao trabalho camaradas e amigos!

domingo, março 10, 2019

para este domingo

Manifestações, aniversários - Equívocos, fracturas e facturas


Em 1969, no ano da mudança no fascismo para o fascismo continuar (e a guerra colonial), a resistência – a clandestina e a outra – também continuaram. Foi um ano, entre a queda da cadeira e a morte de Salazar, de equívocos e de reforço da luta contra equívocos.
Nas muitas formas de luta, ganhou força a do esclarecimento e mobilização das massas. A condição das mulheres foi causa e motivo. A criação do Movimento Democrático das Mulheres é marco indelével desse reforço. Unitário! Não como começo de algo novo, mas como continuidade e adequada forma.
Passados 50 anos, com tanto trabalho feito neste meio século!, para este ano o MDM organizou uma manifestação nacional para 9 de Março, para que convidou as mulheres de todo o País a participar, e foi criando condições para que fosse “um momento de luta e de celebração para dar voz aos problemas mais sentidos pelas mulheres”.
Conseguiu-o! Inteiramente.
Entretanto, de diversas origens, beneficiando das “redes sociais” e de um inusitado apoio da comunicação massificada, e cavalgando oportunistamente circunstâncias especiais (e nalguns casos com despudorados objectivos de ano de eleições) foi convocada para 8 de Março uma outra manifestação. Teve todos os apoios e foi o que foi… embora outra tivesse sido a imagem.
Sobre a Manifestação Nacional de Mulheres – Igualdade na Vida-o combate do nosso tempo! –  foi dada escassa notícia e envergonhada imagem.
Permito-me facultar à comunicação social a imagem, tirada por telemóvel, inabilmente manejado, de um dos muitos momentos da manifestação que me emocionou.

Outro equívoco neste descarado (mas difícil de denunciar!) aproveitamento de verdadeiros problemas da sociedade que nos calhou viver, e transformá-los em causas fracturantes (que fracturem… e facturem votos!), está no assinalar de dois aniversários:
  •        o do 20º aniversário do Bloco de Esquerda
  •        o dos 98 anos do PCP, em que se inclui quase meio século de luta (clandestina) contra a ditadura.

Malhas que o imperialismo tece numa luta de classes que só a luta contínua (com as massas) pode destecer.

sexta-feira, março 08, 2019

8 Março - uma leitura recente, uma lembrança com quase 47 anos

8 de Março ano-a-ano... desde quando?... já publiquei, e coloqueei, e disse, e ouvi, tanta coisa!. Mas há sempre coisas novas.

Para hoje, para este 8 de Março de 2019, uma leitura recente (na Revista do Expresso de sábado)

ISTO ANDA
TUDO LIGADO 

ANA
CRISTINA
LEONARDO 

CÉREBROS PRECOCEMENTE ENVELHECIDOS 

lAssim como Nicolás Maduro antecipou o Carnaval, decretou dois feriados em vez de um e presenteou os venezuelanos portadores do Cartão Pátria com um bónus económico, que também a mim me seja permitido antecipar, apesar de não ter bónus para oferta, o Dia Internacional da Mulher. A ideia surgiu há mais de um século, em 1910, durante a II Conferência Internacional das Mulheres Socialistas (vejo gente a ficar nervosa...). Quanto à sua origem e ao dia escolhido para a assinalar, as várias hipóteses conjugam um incêndio numa fábrica em Nova Iorque — que matou maioritariamente mulheres (mais de 100) —, e uma greve de operárias russas que teria constituído o pontapé de saída para a Revolução de 1917 (vejo mais gente a ficar nervosa...). Seja como for, dessa dupla entente proletária entre russas e americanas resultaria, já em 1975, o estabelecimento (e reconhecimento) pela ONU do 8 de março como Dia Internacional da Mulher (1975 também deixa muita gente nervosa, mas factos são factos...). A que vem esta invocação prematura? Porque lendo certas coisas sobre feminismo, que têm vindo a ser escritas nos jornais portugueses por jovens mulheres, lembrei-me de que “Um Quarto que Seja Seu”, de Virginia Woolf, data de 1929, e “O Segundo Sexo”, de Simone de Beauvoir, de 1949. Agora, se quisesse parecer jovem, diria: há bué! Não sendo jovem nem querendo parecê-lo, interrogo-me como é que certas dessas pessoas que leio na imprensa portuguesa — elas sim, jovens — conseguem pontificar sobre o tema como se tais títulos nunca tivessem existido ou, para quem desconfie de livros com mais de seis meses, como se a neurocientista britânica Gina Rippon fosse de Marte ou o seu recente, “The Gendered Brain”, não questionasse muitos dos lugares-comuns sobre as diferenças entre as características cerebrais de homens e mulheres. Leia-se, pela pena das jovens: “Nas suas formas mais toscas e agressivas, o discurso [de vitimização feminino] pode explicar-se por simples inveja de características e competências intrinsecamente masculinas”;[a mulher dita emancipada] optou por se objetificar, pretendendo ser apenas fonte de desejo em relações casuais, rejeitando todo o seu potencial feminino, matrimonial e maternal. São estas três últimas, as características mais belas da mulher!”; “Nunca houve nenhuma boa dona de casa que não tivesse imenso que fazer.” Peço desculpa, a última frase não é de agora. É de 1933. Assina: Salazar.
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... e uma lembrança de 1972, grata e amarga!..., da Festa de l'Humanité em que ouvi-vivi o lançamento do disco Ferrat chant Aragon 




Questões muito sérias num debate sem respostas

Face ao escandaloso (e costumeiro) silêncio da comunicação social relativamente a estas intervenções (por serem demasiado sérias?...):


Sérgio Ribeiro partilhou uma ligação.
11 min

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PCP.PT
Intervenção de Jerónimo de Sousa


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