quinta-feira, março 31, 2011

Que dizer disto?

Diria que é uma "bronca". Esperada... mas grande! BPN, BPP e outras "correcções" às cont(h)abilidades:


Défice fura meta e chega a 8,6% em 2010

Margarida Peixoto 31/03/11 11:33

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O INE acaba de revelar que o défice de Portugal ficou em 8,6% no ano passado, acima do limite de 7,3% estabelecido pelo Governo. O défice orçamental atingiu os 8,6% em 2010, divulgou hoje o Instituto Nacional de Estatística. O valor ficou acima da meta de 7,3% prometida pelo Governo em Bruxelas, devido à contabilização dos prejuízos com o BPN - avaliados em cerca de dois mil milhões de euros - e à integração de algumas empresas de transporte no perímetro das administrações públicas. O reporte do procedimento dos défices excessivos, enviado a Bruxelas e divulgado há minutos, revê em alta todos os valores do défice desde 2007. Os novos números mostram que Portugal furou todos os anos o limite de 3% imposto por Bruxelas desde 2004. O documento do INE explica que o défice do ano passado subiu 0,5 pontos (793 milhões de euros) devido à integração da Refer, e dos Metropolitanos de Lisboa e Porto. Os prejuízos do BPN fizeram aumentar o número em um ponto do PIB, o equivalente a 1.800 milhões de euros. Foram ainda contabilizados 450 milhões de euros de execução de garantias do Estado ao BPP (0,3 pontos do PIB). Contas feitas, o défice ultrapassou em 1,3 pontos a meta prometida a Bruxelas e em mais de 1,6 pontos as expectativas do Governo, que recentemente indicava que o défice ficasse abaixo de 7%.

quarta-feira, março 30, 2011

Deus abençoe a Islândia...



Antes que acabe o mês

Porque ainda é Março e está de chuva...




terça-feira, março 29, 2011

Isto tem de ser conhecido e debatido, patrioticamente

Dois excertos da intervenção de Jerónimo de Sousa no termo do debate "Alternativas à crise na União Europeia..." realizado a 25 de Março:

1. (...) Toda a evolução mostra que tínhamos razão sobre a insustentabilidade e as nefastas consequências do Euro. Consequências hoje ainda mais trágicas quando se vê Portugal a ser presa fácil dos ataques especulativos e dos mecanismos de extorsão de recursos nacionais por via do crescente endividamento externo que esta desastrosa política de integração europeia também provoca e avoluma. Perante o agravamento do nível de ameaça que paira sobre o país, muitos avisados e até insuspeitos portugueses têm colocado a necessidade de reflectir sobre a manutenção do país na UEM. Para nós o debate não é um tabu. Trata-se de um problema que precisa de aprofundamento e reflexão. Uma reflexão própria e também conjunta com outros países que se encontram nas mesmas condições, nomeadamente e em primeiro lugar com o objectivo de discutir a criação de condições para a eliminação de todos e quaisquer riscos de penalização ou prejuízos económicos para os países que entendam que a sua manutenção na União Económica e Monetária se torna incomportável. Mas, independentemente da celeridade desse necessário debate, duma coisa temos a certeza: a resposta à crise e a solução dos problemas do desenvolvimento do país e da União Europeia não podem passar, nem passam, pela imposição de medidas de austeridade que se renovam, sem fim à vista, numa espiral de endividamento, nem pelas soluções que deixam mão livre à agiotagem financeira e aos interesses do grande capital, nem tão pouco pelo recurso a um fundo com as velhas imposições draconianas do FMI que o ainda Ministro das Finanças reconheceu nesta última terça-feira e que outros há muito, como o PSD, assumiram.

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2. (...) No plano nacional aquilo que a situação do país reclama é uma ruptura e uma profunda mudança que abra caminho a uma política patriótica e de esquerda. Uma política que tenha como eixo central a valorização do trabalho e dos trabalhadores, o que significa uma justa redistribuição da riqueza produzida, como factor de justiça social mas também como questão crucial para a dinamização do mercado interno. Uma política assente na valorização dos salários, das reformas e pensões, numa nova política fiscal e que comporte o objectivo do pleno emprego e da defesa do emprego com direitos. Uma política de defesa e promoção dos sectores produtivos e da produção nacional; de reforço do investimento público e alargamento dos serviços públicos; de fim das privatizações e de recuperação pelo Estado de um papel determinante nos sectores económicos estratégicos, designadamente na banca e nos seguros, na energia, nas telecomunicações e nos transportes, dando prioridade à nacionalização da banca comercial, como instrumento indispensável para garantir um sistema financeiro ao serviço do crescimento económico, do emprego e da soberania nacional. Uma política de defesa intransigente da renegociação da Política Agrícola Comum e da Política Comum de Pescas, entre outras, de forma a possibilitar o desenvolvimento de sectores fundamentais da economia nacional e da nossa soberania.

Barbaridades inconvenientes: os Rosenberg

Para além da Ethel ter sido condenada à morte sem provas (e as que incriminavam Julius terem muito pouco relevo), deixaram dois filhos órfãos, que os familiares recusaram adoptar. Mais tarde foram acolhidos por um casal de músicos, e são autores de um dos mais conhecidos hinos anti-racistas, aqui interpretado por Billie Holliday:




Mais informações:


«Um júri reunido em Nova Iorque, EUA, deu Ethel e Julius Rosenberg como culpados do crime de espionagem a favor da União Soviética, a quem teriam passado informação sensível sobre a bomba atómica americana. A sentença de morte dos Rosenberg seria proferida a 5 de Abril do mesmo ano. Documentos provenientes dos arquivos russos indicam que Julius tinha, de facto, ligações aos comunistas, mas a dúvida subsiste até hoje relativamente a Ethel. Ambos negaram o seu envolvimento em operações de espionagem. Este caso foi o detonador de um período de grande intolerância nos EUA, nos anos 1950, liderado pelo senador Joseph McCarthy e a sua Comissão de Investigação das Actividades Antiamericanas, popularmente onhecido como “caça às bruxas”. O processo gerou uma onda de protestos e acusações internacionais de anti-semitismo (os réus eram judeus americanos), com tomadas de posição a favor do casal da parte de Jean-Paul Sartre, Albert Einstein, Dashiel Hammett, Jean Cocteau, Diego Rivera, Frida Kahlo, Pablo Picasso, Fritz Lang, Bertold Brecht e outros intelectuais e artistas. O Papa Pio XII apelou a Eisenhower para os poupar, mas o Presidente dos EUA recusou-se a exercer o seu direito de indulto. Os Rosenberg foram executados ao pôr do sol de 19 de Junho de 1953, na Prisão de Sing Sing, Nova Iorque. Foram os primeiros civis a serem executados por espionagem.» [Público]


(obrigado, Jorge)


A República Checa e Portugal


Em Países como Nós, o Expresso tem continuado a publicar a série em que confronta outro país com o nosso. Resultado da colaboração com uma dessas empresas que andam pelos “mercados”, a pwc, publicam-se dados interessantes mas, evidentemente, para além dos inevitáveis nestas comparações entre países, alguns desses dados seleccionados e comentados escolhidos “a dedo”, com grande relevo para a situação das respectivas dívidas do Estado. Parece-me útil acompanhar estas informações e, também evidentemente, fazer a minha escolha, e acrescentar outros, baseados nos IDH do PNUD. Assim, sem pretender ser exaustivo e sem aprofundar, do confronto com a República Checa, na edição de 18 de Março, sublinho, de novo (como fiz em relação à Bélgica) a quase igual população – 10,5 milhões – e a proximidade dos PIBs – 167,5 mil milhões para Portugal e 136,9 mil milhões para a RCheca.

Tendo a média dessa medida de “riqueza” valores aproximados – segundo os dados publicados, 15.800 euros para Portugal e 13.038 euros para a Suécia –, essas médias, ponderadas com a distribuição dos rendimentos, revelam disparidades significativas pois os 20% dos portugueses com mais elevados rendimentos têm uma parte da “riqueza” nacional superior 6 vezes superior aos 20% com mais baixos rendimentos, enquanto a relação entre os checos é de 1 para 3,5.

Noutros termos, 1 em cada 5 dos portugueses “mais ricos” tem de rendimentos, em média, num mês, o que 1 em cada dos portugueses “mais pobres” tem de rendimentos, em média, durante 6 meses, enquanto, entre os checos, o que cada 1 em 5 dos “mais ricos” tem de rendimentos, em média, num mês, o que 1 em cada 5 dos seus compatriotas “mais pobres” tem de rendimentos em pouco mais de 4 meses. Mais dois dados em confronto: * - As famílias portugueses, para conseguirem um consumo (médio) de 66,8% do PIB, têm um endividamento de 129% sobre o seu rendimento, enquanto as famílias checas apenas consomem (em média) 50,6% do PIB e o seu endividamento é de, apenas, 50% do seu rendimento. O nível geral de poupança, em Portugal, é de 10% do PIB, enquanto do RCheca é mais de duas vezes superior (20,4%).
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No que respeita ao IDH (PNUD), com os indicadores económicos ponderados com indicadores de saúde e de educação, Portugal é o 40º dos países das Nações Unidas da lista e RCheca é o 28º, e apenas está escrutinado a partir do ano de 2000.

segunda-feira, março 28, 2011

Palavras surdas, palavras cegas e palavras mudas

Num momento de cansaço auditivo, no meio de tantas palavras, umas sem qualquer sentido, outras com vários sentidos, umas completamente vazias, outras carregadas de ambiguidade, a urgente necessidade de escrever duas:


capitalismo

socialismo


Têm significado, embora possam diferir consoante dicionários.

Estudemo-las, sem preconceitos. Olhemos a História do tamanho dos séculos e dos smilénios, não a história das nossas individuais e tão curtas vidinhas.

Cava... ndo-se mais o fosso!

Cada vez mais nos querem a periferia do centro.
Tem de se pôr fim a este afundamento provocado pelas políticas de quem até o nosso mar deixou sair das nossas mãos.

Os critérios da Standard (a normais) & Poor's (pobres) e mais duas outras - e mais não há - não podem ser os nossos cangalheiros.
Parece que os islandeses já os puseram com (o) dono (deles)! E são pouco mais de 300 mil num território pouco maior que o nosso.











Outra informação - Meio milhão na rua em Londres pela Alternativa



Veja-se em o tempo das cerejas, a galeria de fotos do Guardian, de que se escolhem três:

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domingo, março 27, 2011

Líbia - OUTRA informação

Não nos acomodemos ou deixemos intoxicar! Informemo-NOS. Leia-se, aqui, a informação que cravodeabril nos dá. . . Ou em Notícias de Prensa Latina: . Gobierno libio descarta rendición, pese a avance rebelde. . Escrito por Ulises Canales, 27 de marzo de 2011, 11:04
Trípoli, 27 mar (PL)

Círculos gubernamentales de Libia reiteraron hoy la disposición a dialogar con los rebeldes en aras de una "transición democrática", pero descartaron una rendición, pese al avance insurgente hacia el oeste tras reivindicar la toma de Brega.

Feria del Libro de Venezuela condena ataques contra Libia. España refuerza misión en Libia pese a creciente rechazo. Contradictoria posición en EE.UU.

Sobre Libia Papa Benedicto XVI insta a detener agresión contra Libia.

Nubarrones otoñales en la "Primavera Árabe".

Advierte Chávez sobre carácter violento de opositores en Libia

En una comparecencia ante la televisión estatal, el portavoz del Gobierno, Moussa Ibrahim, llamó a poner fin a la muerte de civiles a causa de los bombardeos indiscriminados de la coalición internacional avalada por la ONU, pero insistió en la firmeza de las autoridades.

Ibrahim atribuyó los éxitos militares de los insurrectos a los "intensos bombardeos "durante horas y horas, sin parar" contra las fuerzas leales al líder Muamar El Gadafi a lo largo de 400 kilómetros de carretera costera entre Ajdabiya, tomada el sábado, y Sirte.

Ayudados por un incesante lanzamiento de misiles el viernes y el sábado, con 153 y 160 misiones en ese orden, según el Pentágono, los alzados tomaron ayer la ciudad de Ajdabiya y hoy se adjudicaron Brega, el enclave petrolero de Ras Lanuf y Uqayla.

Los propios rebeldes y medios occidentales valoraron como "crucial" la agresión militar contra las fuerzas libias para poder impulsar el avance de los irregulares que pretenden llegar hasta esta capital.

Aunque evitó ofrecer una cifra exacta, el vocero oficial estimó que "numerosos civiles murieron, incluso familias que huían en coche de los bombardeos", de ahí que urgió a un "cese urgente e inmediato de los bombardeos aéreos".

El Gobierno de El Gadafi, que también se enfrenta a grupos armados rebeldes en la ciudad de Misratah y en otras al oriente de Trípoli, pidió una "reunión urgente" del Consejo de Seguridad de la ONU para debatir la crisis en Libia y dijo aceptar una mediación africana.

La iniciativa de la Unión Africana contempla una hoja de ruta para un alto el fuego y la apertura de negociaciones para un arreglo político entre los libios, que eventualmente pasaría por un reemplazo de El Gadafi de forma pacífica.

El panorama bélico en Misratah es confuso, pero persisten los enfrentamientos armados entre partidarios y opositores del Gobierno, pese a que las nueve jornadas ininterrumpidas de ataques occidentales supuestamente causaron severos daños a la artillería del Ejército.
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Ou em TeleSur:

Al menos 114 muertos y 445 heridos dejan los bombardeos de fuerzas imperialistas en Libia.

A 114 muertos y 445 heridos aumentó la cifra de víctimas que han dejado los bombardeos sobre Libia efectuados desde el pasado fin de semana por las fuerzas imperialistas de Estados Unidos, Francia y Reino Unido, confirmó este viernes el Ministerio de Salud del país árabe.

Mientras que el enviado especial de teleSUR a Trípoli, Jordán Rodríguez, informó sobre la activación intermitente de las baterías de defensa antiaérea.

Dia Mundial do Teatro

Hoje, uma homenagem a um Homem de Teatro, o Mário Alberto, de que fiz descer uma das suas colagens das paredes para a estante, para acompanhar quatro queridas lembranças de andanças (ou divagações) teatrais, por Algés, Gouveia, Miranda do Corvo e Bragança.


sábado, março 26, 2011

Quantas vezes já se "faliu"?

(depois de umas leituras no metro entre Amadora-Leste e Restauradores, e volta)
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Querendo dizer as palavras definitivas, diz-se que Portugal faliu, ou que está em falência. O uso desta linguagem não é inocente. Tem, por detrás, a assimilação de um País (aliás, de tudo) a uma empresa. E uma empresa vai à falência, há uma administação de falência... essas coisas que conheço mal, e uma empresa dissolve-se, extingue-se. Um País, não!
Já o disse, já o escrevi. Voltarei a dizê-lo, e a escrevê-lo as vezes que entender necessário. Um País não é uma empresa!
Quantas vezes já teria falido Portugal, ao longo da sua longa história, se um País fosse à falência?
Curiosamente estou a ler, à boleia de leituras sobre Cesário Verde (Helder Macedo), coisas sobre a segunda metade do século XIX português, particularmente as décadas finais, e textos ou excertos de Oliveira Martins, e quase apetece perguntar como é que é possível que Portugal exista, com uma tal História, se bem que romanceada. E não por assimilação abusiva a uma empresa, como é hoje o uso e abuso.

Notas À SOLTA... em viagem de metro

(depois de umas leituras entre Amadora~Leste e Restauradores)

O desespero!
O desespero palavroso
sobre o futuro tenebroso.
De quem?
Para quem?
Por culpa de quem?
À custa de quem?
.
O desfrute!
O desfrute silencioso
em um presente escabroso.
De quem?
Por quem?
A favor de quem?
À custa de quem?
.
Com o consentimento de quem?

Alteração ao Tratado da UE

O anexo II das coclusões do Conselho Europeu, Ficha descritiva do MEE, começa assim:
O Conselho Europeu decidiu aditar ao artigo 136º do Tratado o seguinte parágrafo:
"Os Estados-membros cuja moeda seja o euro podem criar um macanismo de estabilidade a accionar caso seja indispensável para salvaguardar a estabilidade da áreas do euro no seu todo. A concessão de qualquer assistência financeira ao abrigo do mecanismo ficará sujeita a rigorosa condicionalidade"
.
Para além da ambiguidade do termo condicionalidade, e da introdução, nos esquemas, do parceiro FMI, o que tem o maior significado, pôe-se esta questão:
Se os tratados têm de ser ratificados - parlamentarmente ou por referendo - uma modificação ao que está ratificado (para mais da forma capciosa que o foi!), ratificado terá de ser.
No caso de Portugal, para além das eleições previstas, outras consultas ao povo deverão ser consideradas. De ratificação do que os "senhores" decidiram.
Façamos a ponte entre o "mundo dos donos do mundo" e o mundo nosso, o mundo do povo, de quem tem o real poder (mesmo que o desconheça), e tem o direito e o de dever de ser informado e decidir!

Conselho Europeu e Alternativas ou coincidências que o não são

A coincidência – se coincidência é, ou, até, se coincidências há – da realização da iniciativa do PCP-GUE/NGL do Parlamento Europeu do debate Alternativas – A crise na União Europeia: Direitos, Produção, Solidariedade e Soberania com a realização do Conselho Europeu de 24/25 Março, tem o maior significado. Que terá sido ampliado pelo êxito da iniciativa (embora não pareça) e pela importância das conclusões da reunião cimeira (embora não pareça).
O êxito da iniciativa mede-se pela sala cheia da Casa do Alentejo, pela presença de deputados (ou representantes) da Alemanha, de Chipre, da França, da Grécia, de Portugal, do Parlamento Europeu e da Assembleia da República, e não se desvalorize o facto de serem do grupo a que o PCP pertence, ou que do PCP são, porque isso não lhes retira nada, bem pelo contrário, de serem eleitos e representante do povo, e mede-se pela quantidade e qualidade de intervenções desses eleitos e de representantes de actividades relevantes da vida social portuguesa, de economistas a agricultores e pescadores, que preencheram 4 horas de debate, com intervenção final de Jerónimo de Sousa, em que se fizeram análises e foram avançadas posições que são muito significativas, qualquer o posicionamento dos observadores. Como a comunicação social (não!) o comunicará mas nós o iremos fazer, neste nosso cantinho.
A importância das conclusões do Conselho Europeu ver-se-á, sentir-se-á e sofrer-se-á, embora também não tenha (ainda) visto tratamento comunicacional proporcional e ajustado. O CE começou por afirmar a adopção de um "pacote de medida a fim de dar resposta à crise (de que mais adiante é escrito ter-se saído…), preservar a estabilidade financeira e lançar as bases de um crescimento inteligente (!), sustentável, socialmente inclusivo e gerador de emprego”. Depois, resume-se o objectivo do chamado Europa 2020, consolidação orçamental e reformas estruturais, em que se vai, nesse resumo de meia dúzia de linhas iniciais, ao pormenor da referência aos famigerados 3% e ao “ajustamento estrutural anual claramente superior a 0,5% do PIB", em contraste com a vacuidade das referências ao "empenhamento em pôr em prática medidas destinadas a: - valorizar o trabalho, - ajudar os desempregados a reintegrar o mercado do trabalho, - combater a pobreza e promover a inclusão social, - investir na educação e na formação...” e blá-blá-blá sem qualquer tradução prática e apenas repetindo o que há décadas se vem podendo ler ou ouvir como cantos celestiais, ou de sereia.
Tanto mais que, após a parte de texto das conclusões, o essencial está nos anexos, o I sobre o Pacto para o euro mais e o II a Ficha descritiva do MEE (Mecanismo Europeu de Estabilidade), a que, evidentemente, iremos (todos) voltar.

Que dia! Tanto para dizer...

Hoje, não deu para mais, aqui na blogosfera!
Muito trabalho...
Mas deu para acompanhar as notícias vindas de Bruxelas, do Conselho Europeu.
Que decidiu - pudera, não! - o pacto para o euro, que até mudou de nome em relação ao inicialmente proposto, e passou a chamar-se Pacto para o euro mais! Não é ridículo?
E também decidido foi o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), "que assumirá o papel do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) e do Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira (MEEF), prestando ajuda financeira externa aos Estados-Membros da área do euro, a partir de Junho de 2013... em total sintonia com as práticas do FMI" (do documento das conclusões). BCE, Comissão, FMI... não é de susto?
Mais tarde comentarei...
Entretanto, como um visitante amigo tão bem sugeriu, vamos mandar todos estes fulanos que nos desgovernam, e a si se governam,... à patroa, isto é, vamos mandá-los à Mer... kel?!

sexta-feira, março 25, 2011

Cartoon

No avante!
Gosto... apesar de não ser agradável!

quinta-feira, março 24, 2011

Quem se julga esta senhora?

No título fui comedido... mas aqui, no texto, não o vou ser:
mas quem se julga esta gaja para assim se referir, de dedo espetado e linguagem de "führer", ao que, ontem, aconteceu na Assembleia da Republica Portuguesa?!

Uma mensagem central e urgente

do facebook (isto é: caminhos inversos e complementares...)

Ângelo Alves
É MUITO IMPORTANTE QUE SE PASSE JÁ E IMEDIATAMENTE UMA MENSAGEM CENTRAL:
O PODER RESIDE NO POVO!
É O POVO QUE DECIDE DAS POLÍTICAS E EXECUTANTES QUE VAMOS TER APÓS AS ELEIÇÕES!
NÃO SÃO OS PAPAGAIOS DO CAPITAL, OS COMENTADORES DE SERVIÇO OU AS "ÁGUIAS" DE BRUXELAS.
A CONTINUAÇAO DA POLÍTICA DE DIREITA NÃO É UMA INEVITABILIDADE!
VAMOS A ISTO! COM A FORÇA DO POVO!

O que "eles" calam...

... mas todos deviam conhecer, ao menos para estarem informados.

Poemas cucos - sobre a manifestação de 19.03

Esta "cucagem" é especial.
É feita sobre um texto de um tal Pata Negra, que se auto-nomeou Rei dos Leittões, e até se atreveu a candidatar-se a candidato a Presidente da República (e teria feito muito melhor figura que outros que levaram a candidatura até ao fim), escreve umas coisas que merecem ser lidas... e "cucadas".
Esta o comprovará. Fiz-lhe umas pequeníssimas alterações (que, aliás, lhe comuniquei), mudei-lhe a forma porque me pareceu que a valorizava (o que ele nunca faz...), mas todo o mérito é dele.
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Manifestação de Afecto

Gosto de estar à beira mar,
sentado a observar,
uma a uma,
as pessoas a passar,
de lhes medir os corpos,
de lhes julgar o andar,
de lhes estudar a expressão
e de especular acerca de quem são
e de onde são.

Nada que não se possa fazer,
num descanso de fim de manifestação,
nos Restauradores.

E estava eu ali sozinho,
nesse entretém,
quando uma senhora de 80 anos
(e upa lá…),
de mala de senhora pela curva do braço,
de vestuário bem encaixado na idade,
muito mais baixa que eu
(que não sou alto),
encostou a sua isolação à minha,
e estendeu-me unicamente estas palavras,
assim,
sem mais nem menos,
sem boa tarde,
sem adeus,
ou "quem és tu?":

- Eu nunca vi tanta gente em toda a minha vida!
Ui Jesus, o povo que para aí vai!
Venho lá de cima do Marquês e vem gente de todas as ruas,
a Avenida é uma enchente,
aqui é o que se vê!
Credo Santo nome de Deus!
Em toda a minha vida nunca vi tanta gente!

E,
dito isto,
seguiu,
de passos pequenos mas frequentes,
para o Rossio.
Não faço ideia de onde vinha,
para onde ia,
ou porque estava ali.
Nem sequer interessa se era manifestante,
transeunte,
se ia para sua casa,
que seria logo ali…,
se dava a sua volta habitual,
ou se ia na camioneta p’ró Zambujal!

O que fiquei,
o que eu fiquei mesmo,
foi muito contente
por ter visto aquela senhora entre tanta gente
e,
de entre tanta gente,
ela me ter visto a mim,
e de ambos termos visto tanta gente
como uma senhora nunca viu em 80 anos!

A vertente pessoal, "fulanizada", da realidade em movimento

A vida, a política que é a vida em colectivo, em sociedade - e não há vida que o não seja (até Robinson Crusoé, até nas Pasárgadas das ficcionadas fugas individuais) - tem vertentes personalizadas, em que a fulanização é senhora e mestra.
"Pois é... mas não gosto do gajo, não me merece qualquer confiança!",
ou
"'Tá bem... no entanto, ele (ou ela) é-me simpático(a), acredito que está bem intencionado(a)!",
são frases-reacções que podem pontuar factos e políticas objectivamente semelhantes ou paralelos.
Saltam-me estas reflexões para as teclas, nesta manhã pós-demissão de José Sócrates, e confronto-a com outras demissões de outros ex-primeiros-ministros portugueses, protagonistas de políticas contra as quais lutei, como cidadão activo que quero ser, por serem contrárias ao que defendo, em colectivo, para o povo que sou.
E a demissão de Sócrates, ontem, provocou-me um sentimento demasiado subejctivo para meu gosto (como o discurso, cheio de raivinhas e ressentimentos pessoais, de Manuela Ferreira Leite). O homem, pela sua postura, é-me antipático, e sempre mais. Não queria que o fosse, queria que me fosse indiferente, e só o avaliar pelas políticas que protagoniza.
Por ser um contumaz mentiroso? Acho que não. Há mentirosos que até são... "engraçados". Não se acredita neles mas fazem-nos sorrir. Este, não. O que me provoca é repulsa e desconfiança. Sempre. Tem sempre - ou desconfio que tenha - "coisas na manga".
Por isso, se a demissão de um primeiro-ministro - que nem é tratada como sendo a demissão de um governo em consequência do conteúdo das suas políticas e medidas - representa um resultado desejado, porque contra essas políticas se lutou e luta, e se a queda deste senhor me dá satisfação, esta é relativa. Porque desconfio, em particular dele...
A luta continua. Como sempre! Mas não só contra o que está a desenhar-se como alternância (que já cansa!...), mas também contra o que ainda está, e não desarma, não desiste e pratica maquiavelismos de trazer por casa.
A ver vamos.
"Atenção aos quimbóios..."

A luta continua...

... contínua!

quarta-feira, março 23, 2011

K.O.!

As metáforas do salvamento das galinhas e de não fazer frente aos tubarões.
Sublinhar as responsabilidades de quem diz ter autoridade precisamente por via dessas responsabilidades nestas políticas de que não se quer discutir as medidas.
Cai quem não consegue fazer vingar as malfeitorias.
Alternativa: "é produzindo mais que deveremos menos!"
E agora?... "a dança da alternância já cansa!"
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Nem espero
que o Governo atire a toalha...

7º assalto

O oportunismo em exibição (digamos) eufórica ou exacerbada.
Num excesso de demagogia.
Que nem sei se só incomoda ou se também assusta!
"Se estivesse no lugar de 1º ministro o que eu faria..."
e mais isto e mais aquilo.
Em campanha despudorada!
Vamos a ver se percebi: "preferir a propaganda ao país..."?

6º assalto

A “recuperação” de M. F. Leite.
Ou o "regresso da velha senhora”?
Não! O discurso em nome de. De quem? Talvez do "padrinho"...
Tiros ao alvo.
Com muitas ganas com laivos vingativos, mas… com pouca pólvora e sem alvo. Nem primário, nem secundário...
As filarmónicas com a mesma música mas com batutas diferentes!

5º assalto

A questão da credibilidade.
E a recessividade das medidas, dos sucessivos PECs e OEs..
Talvez quando mais se sentiu a ausência de Sócrates, a quem a H. Apolónia notoriamente enerva.
Ah!, os "mercados" e as "pedras no sapato". T. dos Santos, o "parabólico".
Ah!, os "desprazeres" das governanças ao serviço de.

4º assalto

Da forma à essência.
A justiça social!
O carácter de classe das medidas. As alternativas ao conteúdo das políticas.
A "crise dos portugueses"!
T. dos Santos a compensar a falta de comparência de Sócrates, a elogiar a gravata do B. Soares e a reconhecer o mérito de se querer discutir o conteúdo!
A parábola das galinhas e os ovos. Mas quem manda na capoeira?

3º assalto

Primeira vez se fala em salários, a partir da boleia do “buraco BPN”.
Em inglês...
T. dos Santos a servir de pára-raios.
Sócrates a poupar-se (e a poupar-nos!). Para o prolongamento? Ou à espera dos “penalties” ?!

2º assalto

Ping-pong.
Um joguinho C.Crista-T. dos Santos.
Desinteressante.
De empate, ou de empatas.
Para ser desempatado em (sede de, como se costuma dizer) comissão especializada da AR...

1º assalto

Ainda estamos nos exercícios "de aquecimento".
Relevo, do discurso do inefável Franscisco Assis, esta síntese:
O PS vê-se entre o sectarismo da sua esquerda e o oportunismo da sua direita.
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Pois olhe em frente e para trás, e veja o oportunismo sectário ou o sectarismo oportunista!

Está quase...

Enquanto se ultimam os preparativos para a "grande cena". lembro alguns factos.
Antigamente, há uns 30 anos, o Governo escrevia cartas ao FMI, de que este tinha deixado cá as minutas, para o dito FMI dizer que sim, senhor, que estava de acordo com as intenções que ele impusera.
Na modernidade, vêem de Bruxelas uns "técnicos", analisam as contas, ouvem os contos, e deixam dito o que em Bruxelas deve ser dito para que se diga sim, senhor, está-se de acordo com as medidas que vos dissemos que vocês deviam tomar.
Como isto foi feito expedida e premeditadamente deixando de lado, nem sequer informando, O partido da oposição e, pior ainda, o PR, armou-se "o granel".
Uns fazem-se de ofendidos "e logo nós que tantos vos ajudámos, embora depois pedissemos desculpas ao nosso povo... logo nós!... é uma traição!"
O outro diz, mastigando pão-de-ló, "assim não tenho margem de manobra... desunhem-se...".
E tudo vai correr, com grande aparato adequado aos aparatosos preparativos, como todos eles desejam e armaram, dizendo o contrário do que desejam. Como é costume!
Vamos ver? Eu vou!
Até porque há outras "cenas", essas sérias e que não têm tempo de antena depois dos directos.

Ah! já sei...

Srs. Sócrates e Passos Coelho (a ordem não é arbitrária... até porque o árbitro não tem "margem de manobra"),
façam como o Modelo e o Continente!

terça-feira, março 22, 2011

E não é sábado...

Uma dramatização. Uma tensão inusitada.
Só se fala de nomes e de siglas. Siglas em série, nomes de ex-, de actuais, de futuros.
Um mundo de eles. Como se não houvesse outro mundo. O das gentes, com nomes nada sonantes, o de quem sofre as medidas que as siglas escondem.
Negociações. Desejadas, "apeladas", de emergência.
Entre "agentes politicos" que não escondem que, pessoalmente, nem se podem ver.
Entre ditos parceiros sociais, que melhor se chamariam cúmplices sociais, com acordo fácil de publicitar porque quem não estava de acordo, quem não queria ser cúmplice, e fazia "ponte" para outro mundo, não era... parceiro.

Contra os bombardeamentos "humanitários"


Debate: Alternativas


também lá estarei.

TVisto - "Ler e depois" - 2




2.

A prevenção de João Abel


* Correia da Fonseca

Contudo, o mais destacado acontecimento televisivo da semana passada foi bem outro: foi o Festival RTP da Canção, não em rigor pelo seu mérito próprio, mas sim pela irrupção (ou talvez erupção) no certame de uma cantiga de perfil marcadamente político, complementada por um apelo directo à participação na manifestação anunciada para o próximo dia 12. Foi um choque. Desde há muitos, muitos anos, que estava o Festival posto em sossego, como a linda Inês camoniana, entretido a colher o «doce fruito» da mediocridade inofensiva, «naquele engano de alma ledo e cego» que, como agora se viu, «a Fortuna não deixa durar muito», quando no palco do Teatro Camões surgiram Os Homens da Luta e arrebataram a vitória graças a uma votação telefónica que bateu o veredicto resultante dos votos do Júri Nacional, este constituído em princípio por elementos técnica e culturalmente habilitados. Em boa verdade, não me parece que a cantiga vencedora, «A Luta é Alegria», seja uma canção muito bela, longe disso, mas, tal como em tempo de guerra não se limpam armas, será aceitável que em tempo de crispações sociais se dispense alguma qualidade estética, embora sempre seja desejável que ela não falte. Porém, o mais importante de tudo não será talvez a canção mas sim o apelo, directamente lançado do palco do Teatro Camões para o País inteiro, em favor da participação na manifestação. A questão é não se saber ao certo de onde é que ela, a manifestação, arranca e para onde é que vai, circunstância que não implica um pré-juízo condenatório mas explica cautelas. Encaro as notícias e os estímulos que estão a precedê-la e lembro-me de um poster de João Abel Manta desenhado nos tempos imediatamente posteriores ao 25 de Abril. Tinha uma figura representativa do Partido Socialista, então muito revolucionário, e uma legenda: «Cuidado com os penduras!». Decerto que não é preciso explicar por que me acode agora à memória a prevenção de João Abel Manta, tão justificada pelos tempos que imediatamente se lhe seguiram.
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porque não encontrei o
"cuidado com os penduras!"

TVisto - "Ler e depois" - 1

Ler Correia da Fonseca é prazer (e proveito) antigo. Ao seu trabalho, constante, de formiga mas também de cigarra, tão sempre e em tanto lado presente, tão importante para cada um de nós, não é dado o devido relevo. É como daquelas coisas que, de tão nossas, de tão do nosso viver, até nem damos por elas... são-nos.

Pensava neste facto, pelo menos meu e amigo, ao ver que me escapara, num avante! já "arquivado", a crónica "Ler e depois". A tempo a recuperei. E, talvez com remorsos - e porque, nestes dias de atraso, não perdeu um pingo de actualidade nesta voragem (digamos...) conjuntural -, a quero reproduzir. Em duas mensagens:
1.

"Ler e depois"


* Correia da Fonseca

O título deste texto, talvez crónica, propositadamente grafado entre aspas para evitar eventuais suspeitas de desavergonhado plágio, é pilhado a uma das muitas obras de Óscar Lopes, intelectual comunista que é uma das figuras de topo da crítica e do ensaísmo literários no Portugal contemporâneo. Sirva o feio acto da pilhagem como homenagem obviamente modesta ao mestre, mas a tentação foi irresistível. E não por acaso: é que a TVI transmitiu há dias uma breve reportagem acerca da obstinada persistência do analfabetismo no nosso País, espécie de grave doença endémica que resiste à extinção, que coexiste agora com o que se supõe ser «a modernidade», e que tem consequências, um pouco como aquelas moléstias que deixam rasto, como diz o povo. Por isso, como se compreenderá, bem se justificava a reportagem da TVI até como alarme e tácita reclamação de providências, pois que a sabença da leitura abre portas ao entendimento de muitas e variadas coisas, como é sabido, e está no oposto do interesse nacional que tais portas permaneçam fechadas a uma percentagem insuportavelmente elevada dos portugueses. Para mais, como a reportagem referiu, o analfabetismo luso não atinge apenas os velhos, o que a acontecer permitiria supor que haveria de se extinguir em resultado da ordem natural das coisas, mas também adultos e mesmo adolescentes. A sua erradicação é, pois, um combate a travar e um objectivo que se diria consensual se não se soubesse haver os que preferem o povo analfabeto, e por isso tendencialmente mais vulnerável a prédicas vindas de certos púlpitos. Isto não significa, porém, que não saber ler equivalha a não saber pensar e a não perceber o essencial do mundo e da vida. Caberia aqui citar o inesquecível Discurso de Estocolmo de José Saramago e a referência nele contida ao avô analfabeto e contudo sábio, mas não é preciso ir tão longe e tão alto, pois todos sabemos que o entendimento das coisas, designadamente das que mais ferem e marcam o quotidiano de milhares, dispensa a decifração das letras, de tal modo são agrestes. Porém, acontece que a leitura pode acrescentar territórios vastos a essa compreensão inicial, e a conquista deles, tão pouco estimulada pela televisão portuguesa, e mais concretamente pela RTP que ainda há dias se gabava de «cinquenta e quatro anos de serviço público», é uma tarefa cujo atraso tem responsáveis.

segunda-feira, março 21, 2011

Há mais escolha que a que o Governo oferece...

“Como disse Jerónimo de Sousa, líder do PCP, o que o Governo oferece aos portugueses é uma escolha entre duas cruzes, qual delas a mais dolorosa.”
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A ler, como me é hábito, a página de Nicolau Santos, tropecei nesta frase. Registei, por ser muito raro, com a pequena reserva de me desagradar aquela designação de líder, assimilada de outros partidos, ao secretário-geral do PCP, mas logo a achei incompleta. Porque não disse mais do que o que transcrevi. Como o deveria ter feito.
É que, sendo certo que o que o Governo-PS oferece aos portugueses é a escolha dolorosa entre PS e PSD, e que o que o PSD oferece aos portugueses é a escolha dolorosa entre PSD e PS, não se fica por aí o que o PCP diz, como colectivo e pela voz do seu secretário-geral.
Diz, também, que há alternativa para estas políticas em que alternam PS e PSD, de vez em quando com a prestimosa ajuda do CDS-PP, que fez, agora mesmo, um pomposo congresso que, confesso, me soltou risos e sorrisos. E não por lhe ter achado graça mas por me ter parecido algo ridícula a sua pose e teatralidade.
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Há que mudar de rumo. Depressa. E é possível!

21 de Março - Dia da poesia


Sabiam?

Eu sei porque me foi lembrado. Por isso, lembro-o aqui.

E vou buscar dois dos meus/nossos poetas num poema.






Cesário Verde

Ao entardecer, debruçado pela janela,
E sabendo de soslaio que há campos em frente,
Leio até me arderem os olhos
O livro de Cesário Verde.

Que pena que tenho dele! Ele era um camponês
Que andava preso em liberdade pela cidade.
Mas o modo como olhava para as casas,
E o modo como reparava nas ruas,
E a maneira como dava pelas cousas,
É o de quem olha para árvores,
E de quem desce os olhos pela estrada por onde vai
andando
E anda a reparar nas flores que há pelos campos ...

Por isso ele tinha aquela grande tristeza
Que ele nunca disse bem que tinha,
Mas andava na cidade como quem anda no campo
E triste como esmagar flores em livros
E pôr plantas em jarros...



Alberto Caeiro,
in "O Guardador de Rebanhos - Poema III"
heterónimo de Fernando Pessoa

Quem os viu... e onde os veremos?

Foi por pouco!
Aquela página do jornal ia mesmo forrar um caixote do lixo ou ter destino de semelhante dignidade... Mas eu estava ali, por perto, e saltou-me à vista. Já o tinha lido, e ficara "em arquivo". Já era da semana passada, e estava a cumprir o seu destino.
Recuperei a página a tempo. Aquela página do Expresso de 12 de Março é das que se deve guardar! E guardada está. à espera de julgamentos...
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São 3-bancos-3, 16-administradores-16, vários gestores, empresários, advogados, que..."exageraram" e foram "apanhados"! Como diz o jornal, "uns já acusados, outros ainda suspeitos de crimes graves, é o balanço que se faz até agora dos casos BCP, BPN e BPP".
A justiça é lenta. E por onde andam eles e o que fazem? Têm que trabalhar, coitados...
Escolhi um caso, entre os 26 de que o Expresso nos dá notícia. Não foi bem ao acaso, mas quase. Porque gostei da fotografia? Talvez... Lembrou-me uns "filmes negros" que vi sobre estes temas.




Este senhor foi "o presidente do extinto Banco Insular", banco que, ao que parece, está comprovado que nunca chegou a existir mas que serviu de cobertura para muitas das falcatruas, das criminosas actividades de que está arguido o putativo presidente, em que milhões de euros foram ficticiamente transaccionados em benefício de uns poucos, alguns colocados aos mais altos níveis, e em que milhões, não de euros mas de gente de carne e osso, foram, e continuam a ser, bem lesados. Pois... o putativo presidente está "na maior", e ainda a "insular"!

Claro que não se deve impedir que estes "trabalhadores" exerçam o seu constitucional direito ao trabalho... com direito ao salário mínimo!
Mas nesta sua actividade profissional?
Não há, para isso, cautelares providências a tomar?
Os médicos que exerceram dolosa ou criminosamente a sua profissão, e por isso estão arguidos, podem continuar a exercê-la enquanto esperam julgamento?
Sei lá... se calhar podem.

E não há uma coisa chamada deontologia?, isto é, vergonha...

Isto é que foi...

... isto é que é, isto é que vai continuar a ser. Como luta, como a luta!

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Preparando trabalho

Ao começar a semana, ao preparar trabalho que a vai preencher (e bem...), confronto umas palavras-chave. Que são daquelas palavras que, sendo conceitos como todas as palavra o são, têm uma importância enorme para a compreensão das coisas que (nos) acontecem.
Palavras que, por isso, vêem a sua importância acrescida porque essa compreensão é, ou pode ser, decisiva neste tempo histórico em que o sentir/mento das "massas" (ditas algumas vezes, e em algumas circunstâncias, "opinião pública") é cada vez mais determinante.
Palavras que comigo acordaram nesta 2ª feira, e me acompanharam nas primeiras leituras do dia. Refiro-as, para registo, e para que não as esqueça ao longo do embrenhamento (e emprenhamento) nos trabalhos. Como baias das reflexões e "passagem ao papel" (quer-se dezer...).
Aqui ficam as palavras: efemeridade e perenidade, irreversibilidade e reversibilidade.
E estou a preparar-me para aprofundar e actualizar reflexões sobre União Europeia e moeda única, depois de ler um debate (agora) surpreendente sobre Moeda Única - Que desenvolvimento? Que Soberania, promovido pela Intervenção Democrática em finais de 1997, e em que os "animadores" foram António Mendonça (veja-se lá...) e eu próprio.

domingo, março 20, 2011

Outra informação, contra a hipocrisia criminosa dos bombardeamentos "humanitários"

Para que não haja dúvidas, reitero o que julgo sabido: nunca Kadafi foi "santo do meu altar", nunca pensei, desejei ou sonhei visitar a sua tenda!
-
O que está a acontecer na Líbia é resultado de hipocrisia e está a ser um crime.
É necessária outra informação! Como a da TeleSur. Será tendenciosa? Haverá quem o diga... mas aquela que nos está a ser dada, essa é evidentemente tendenciosa, justificativa da agressão em curso.

ÚLTIMA HORA
Paraguay:
Lugo condena ataque aéreo a Libia
Libia, enviado especial teleSUR:
Manifestaciones en Trípoli
contra ataque de tropas extranjeras
Dos grandes manifestaciones de civiles desarmados están ocurriendo la noche de este domingo en la capital de Libia, Trípoli: una en la Plaza Verde y la otra a las afueras de la residencia del líder Muammar Al Gaddafi, reportó el enviado especial de teleSUR, Jordán Rodríguez. Entretanto la respuesta de las baterías antiaéreas de las fuerzas armadas libias continúa ante el presunto sobrevuelo de naves extranjeras.
outras notícias
1. Se activan nuevamente defensas antiaéreas en Trípoli
2. Autoridades libias abogan por solución pacífica y rechazan intervención extranjera

"Brancas" esclarecedoras

Leitor semanal do Expresso - e não por masoquismo... - nem sempre posso ler tudo, todos os cadernos e todo o Mirante, mas há coisas que são "paragem obrigatória" e, nalgumas semanas, há "novidades" que me retém.

Deixando para mais tarde, se possível..., outros comentários - como sobre o países como nós, nesta semana confrontando Portugal com a República Checa -, li, com interesse, em História, um texto sobre A primavera dos povos.

E achei muito significativo que, sendo o trabalho dedicado ao ano (louco) de 1848, a autora consiga não referir Marx, Engels e o Manifesto do Partido Comunista, 1ª edição: publicado nesse ano, em Fevereiro, por "encomenda" e, evidentemente, resultante e influenciando o ambiente revolucionário de que se pretendia fazer reportagem.

Dir-se-á que se tratava disso mesmo, de uma reportagem, pelo que se prevaleciam os factos e não coisas como referência a autores ou livros. Mas esse argumento não colhe, até porque se cita H.G.Wells e E.H.Gombrich e, na cronologia, a publicação do Manifesto é uma "branca" esclarecedora.

Esclarecedora de quê? Do que é a luta de classes, e de como publicações como o Expresso nasceram e vivem tomando partido, claramente mas sem o declararem por se colocarem na posição... de que não há classes mas estão ao serviço de uma.

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Assim se trata a História como passado, o vivido como morto, e não o histórico como hoje, ou o histórico como o que está no que somos hoje.

Líbia - outra informação sobre os bombardeamentos "humanitários"

1. - De TeleSur:

Ortega pide a Francia, Reino Unido y EE.UU. atender disposición de Libia para dialogar
El presidente nicaragüense, Daniel Ortega, invitó a Estados Unidos, Francia y Reino Unido a "recapacitar y entender la disposición de dialogar que ha mostrado el Gobierno del líder libio, Muammar Al Gaddafi", para frenar la agresión que estas tres naciones han emprendido contra el país del norte de África.

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2.- De Prensa Latina:

OTAN causa 48 muertos en ataque aéreo a Libia
(20 de marzo de 2011)
El Cairo, 20 mar (PL)
La televisión libia confirmó que unas 48 personas murieron y otras 150 resultaron heridas durante los ataques aéreos de Estados Unidos, Francia y Reino Unido contra varias ciudades del país norafricano.

sábado, março 19, 2011

De regresso a casa

Dia de manifestação.
Que começa na estrada, antes de chegar às ruas da grande cidade.
Se razões pessoais nos impediram de fazer a viagem em autocarro, ao longo de quilómetros da A1 sentimo-nos "em manifestação" ao ultrapassar dezenas e dezenas de autocarros cheios de manifestantes, alguns (muitos mas nem todos) identificando a origem e numerados. Do Porto, vimos o nº 54... e havia mais que 54 idos do Porto, disseram-me no Marquês do Pombal.
Entretanto, nos noticiários que, hora a hora, nos dão informações ficámos a saber coisas sobre correspondência relativa ao PEC, do governo para Bruxelas, reacções do PSD, contra-reacções do PS, o congresso do CDS. Nada, nem uma palavra!, sobre a manifestação a que íamos. Bem ao contrário do que aconteceu há uma semana.
A sensação de que vivemos em dois mundos estanques: i) o dos Sócrates, dos Passos Coelhos, dos Portas e ii) o que, nas ruas, diz o que vive e suporta, e se indigna e e protesta.
A manifestação existiu, como a comunicação não pode deixar de informar, no final dos noticiários. E a manifestação foi
GRANDE.
Dela se falará!

De jornada

E aí vamos nós. Nesta belíssima manhã primaveril. De jornada. Mais uma!

Ao sol desta canção.
Mais uma vez (e quantas vezes já o fizemos?, e quantas mais o faremos?)
Seremos mais um. Mais uma vez.
A juntarmo-nos, de mãos dadas e vozes ao alto, aos que já fizeram a sua jornada, aos que somos, aos que nos continuarão.
Vamos alguns (muitos!) dizer, na rua, o que tantos mais sentem dentro de si e em si amordaçam: isto não pode continuar assim!

sexta-feira, março 18, 2011

Criminosa hipocrisia

No mesmo local informativo (sapo):

1. -
"O regime de Khadafi anunciou esta sexta-feira o cessar-fogo, anunciado pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros Líbio." (Sol)

2. -
(sexta-feira, 18 de Março de 2011 19:13)

Obama exige a Kadhafi «cessar-fogo imediato»

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse hoje que Muammar Kadhafi deve aplicar «de imediato» um cessar-fogo e admitiu «operações militares» caso o líder líbio não respeite as decisões do Conselho de Segurança da ONU.

3. - (comentário)

Ah!, já cessou o fogo?... e de imediato?... então, porque devia ter cessado fogo antes..., o dito (mal) "Prémio Nobel da Paz" manda avança com "operações militares", com os seus cúmplices do Reino Unido e da França, e parece que com dois (ainda mais) lacaios, enquanto a NATO espera ordens... se for preciso.

Vá de bombardear para acabar com os bombardeamentos que já acabaram!

Informar-SE

Vale a pena ler:



N.º 1946
17.Março.2011








A régua e esquadro
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Pedro Guerreiro
A situação na Líbia, assim como o conjunto de acções que visam possibilitar a agressão militar do imperialismo a este país têm tido rápidos e contraditórios desenvolvimentos nos últimos dias.
Os preparativos militares, as medidas e sanções políticas e económicas e a orquestrada e monumental campanha de desinformação estão montadas. Para finalizar o cenário, faltará a decisão do Conselho de Segurança das Nações Unidas que suporte e branqueie a agressão militar, eufemisticamente designada de «zona de exclusão aérea».
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Face às questões colocadas por alguns países sobre quem protagonizará e como será implementada a agressão – a dita «zona de exclusão aérea» –, responde o embaixador francês que não as entende, afirmando que o Conselho de Segurança «não é um quartel-general» e que «este Conselho deve dar autorização política e depois os países devem trabalhar juntos para a impor». Ou seja, os EUA e seus aliados apenas pretendem obter mais um «cheque em branco» das Nações Unidas para o que constituiria o primeiro passo de uma escalada de guerra que, mais tarde ou mais cedo, se lhe seguiria.
O imperialismo procura agir em múltiplas frentes, incluindo a instrumentalização da ONU (registe-se, com os «prestimosos» serviços de Ban Ki-moon, seu secretário-geral), para a concretização dos seus intentos nesta estratégica região, ao mesmo tempo que brande o «pedido» da maioria dos países da Liga Árabe (com a oposição da Síria e da Argélia) de imposição da dita «zona de exclusão aérea», silencia a rejeição desta pela União Africana e boicota activamente as tentativas de mediação e solução pacífica do conflito na Líbia.

É de salientar que entre os que mais clamam pela escalada de agressão à Líbia conta-se os regimes opressores, aliados dos EUA na região, como a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, que não hesitaram em enviar tropas para apoiarem a repressão contra o levantamento popular no Bahrein (onde se localiza a base da V Esquadra dos EUA).
Os próximos dias serão determinantes para o desfecho do primeiro acto da tentativa em curso de domínio imperialista da Líbia (da totalidade do seu território ou impondo a sua divisão) e dos seus enormes recursos naturais (como o petróleo e o gás). Entretanto o autêntico assalto aos milhares de milhões do fundo soberano da Líbia está em marcha, os EUA, sempre na linha da frente no que toca ao saque dos povos, anunciaram já o «congelamento» de cerca de 30 mil milhões de dólares da Líbia.

Os EUA e as grandes potências capitalistas da União Europeia, fomentando contradições e divisões no mundo árabe e tentando utilizar em seu proveito legítimas aspirações populares, procuram, com o apoio de regimes que lhe sejam cúmplices e subservientes, ditar a ordem, se necessário a canhoeira, afinal como quando foi definida, a «régua e esquadro», a partilha colonial do continente africano na Conferência de Berlim, concluída em 1885.
Na Líbia – como a Palestina, o Líbano, a Jugoslávia, o Iraque, o Afeganistão e tantos outros exemplos comprovam –, o imperialismo acena cinicamente com preocupações humanistas e a dita «ingerência humanitária», apenas para, semeando a morte e a destruição, assegurar a exploração dos povos e dos seus recursos.
Às forças da paz e anti-imperialistas cabe rejeitar e denunciar qualquer agressão imperialista contra este país – que, em primeiro lugar, representaria um acto contra todos aqueles que na Líbia e no Mundo Árabe lutam pelos seus direitos, a democracia, a soberania e a paz – e pugnar pela resolução pacífica e política do conflito, sem ingerências externas.

Um título: "Diminui o nervosismo dos investidores em relação a Portugal"

(como se empréstimos especulativos fossem investimento, e o nervosismo estivesse nos "investidores"!)

ou...
As vanglórias em centésimas
ou como se escamoteiam factos
para ganhar ilusórias confianças
Os 7% já foram considerados, pelo sr. ministro das finanças, como barreira intransponível; já se transpôs largamente! Chegou-se aos 8% (para as obrigações a 5 anos). Como, hoje. se está nos 7,938% diz-se que nos estamos a afastar dos 8%!, e isso em resultado dos “dados relativos à execução Orçamental de Fevereiro”… que revelam a belíssima performance da “quebra de 5,3% da despesa com pessoal, fruto dos cortes de salários da Função Pública”. Fruto? Só se for podre!
E para manter o ambiente côr-de-rosa vivo, e o inefável objectivo da confiança por estas vias, logo se diz que o juro das obrigações a 10% “recua para 7,542% contra os 7,566% registados ontem”. Com a mesma finalidade, de imediato se acrescenta que “o juro da linha viva da dívida portuguesa da mesma maturidade mais negociada no mercado deslizava para 7,451% (ontem fechou nos 7,474%)”.
Isto não é deslizar para o ridículo?

Bela véspera!

A manhã de hoje está soalheira e nada fria.

Amanhã estará melhor!

E com mais um motivo para estarmos na rua a dizer mais um NÃO!

Não à agressão imperialista em nome de direitos humanos de que abusam nos espezinhamentos.

notas À SOLTA (num caderno ou em papeis avulsos))

A ocasião faz o ladrão, diz o ditado popular. Mas, deve acrescentar-se!..., só os ladrões aproveitam as ocasiões.
O que não se pode aceitar é que quem roubaria se tivesse, eventualmente, ocasiões, daí induza que todos os que desfrutaram de ocasiões as aproveitaram para roubar. Ou seja, é inaceitável, e merece repúdio, que os que só não são ladrões porque não tiveram ocasião, julguem os outros por si e chamem ladrões àqueles que, tendo tido ocasiões para o serem, não o foram porque combatem - sempre!, em qualquer ocasião e circunstância - a ladroeira e actividades afins.
Porque quem ddiz ladrão, diz corrupto, diz aldrabão, diz lambe-botas, diz o que se quiser, uma vez que é perante a ocasião, ou as circunstâncias, que se revela o que as pessoas são.

quinta-feira, março 17, 2011

É tempo de

Informação… de classe

Se por simples (?!) estudo de natureza política – ou estudo de natureza meramente política… – ou por trabalho académico de mestrado ou doutoramento, houvesse quem pegasse nos variados veículos que informam o cidadão comum, teria, neste últimos tempos, e particularmente nestas duas primeiras dezenas de dias de Março uma elucidativa, e esmagadora!, amostragem do que é uma informação de classe. Nem sequer me arrogo estar a (pré)-enunciar tal estudo ou trabalho, mas apenas, sem qualquer investigação para tal orientada, deixo uma reflexão a partir do que retenho epidermicamente.
Qualquer dos, e todos os meus contemporâneos e vizinhos foram assaltados, avassalados por informação escrita, falada, televisiva, de “redes sociais”

  • sobre a Líbia e os antecedentes e preparativos de uma invasão (por outras palavras, claro);
  • sobre uma manifestação de protesto de uma geração à rasca, contra (todos!) os partidos, a “classe política”, com entrevistas, artigos de opinião, reportagens sem poupança de tempos e espaços;
  • sobre um PEC4 nas versões de uma necessidade patriótica perante legítimas imposições exteriores versus comportamentos inaceitáveis confirmando falta total de ética e incompetência, num dramatizado ping-pong;
  • sobre os ricos mais ricos do mundo e satisfação por uns portugueses terem e reforçarem posições nesse “ranking”;
  • sobre um tremendo desastre natural no Japão, com consequências humanas dramáticas e um justificado e colateral recrudescer da velha “questão nuclear".
Em contrapartida, uma verdadeira conspiração e anel de silêncio, ainda que, num ou noutro caso, com notícias ou até reportagens das que fazem ou fabricam por forma a que não fique rasto dentro de cada um de nós, e não se possa dizer que nada se disse tal conspiração ou anel existiu



  • à volta de aniversários – dos 80 anos do avante!, dos 90 anos do PCP, do 8 de Março –, nas suas históricas e fundas razões de ser e de continuarem a ser;
  • à volta de eleições na Irlanda;
  • à volta de situação social em degradação, para além de abordagens individualizantes e de apelo à caridade, desresponsabilizadoras e, evidentemente ignorando a ligação a interesses egoístas (de classe) e a luta contínua e solidária;
  • à volta de uma manifestação que, na sequência de outras e no quadro dessa luta (de massas), se vai realizar no próximo sábado.


Isto merecia mesmo um estudo ou trabalho aprofundado… embora seja de tal forma evidente que, para o comum dos mortais, não será necessário tal estudo ou trabalho para o comprovar!

quarta-feira, março 16, 2011

Delírios (perigosos) e dislates (escavacados)

«Saudamos com especial apreço, pelo muito que lhes devemos, os militares de etnia africana que, de forma valorosa, lutaram ao nosso lado. Todos, combatentes por Portugal!»
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Isto disse quem é Presidente desta República Portuguesa, cuja teve um 25 de Abril de 1974 e tem uma Constituição que esse eleito presidente jurou cumprir, embora já se soubesse, por saber de cinco anos experiência feito, que as suas juras (ou palavra de honra) não valem nada!

É um delírio, mas é um delírio perigoso porque haver quem assim se refira a africanos que, lutando do "nosso lado", teriam sido "combatentes por Portugal", se coloca na perspectiva colonial, recria o inimigo do "outro lado", isto é, os combatentes africanos que estavam a lutar contra os combatentes portugueses que um regime fascista obrigava, na maioria dos casos inconscientemente e sujeitos a tremenda pressão psicológica, a fazer uma guerra em nome de Portugal.

É um dislate, e um dislate racista porque a palavra etnia quer dizer, segundo o dicionário, grupo de indivíduos biológica e culturalmente homogéneo; conjunto de indivíduos unidos por características somáticas, culturais e linguísticas comuns e, no espírito de quem o disse, tal palavra pretende esconder a palavra raça, e não será preciso ir à raíz grega da palavra para se ver que os estrangeiros em África eram os portugueses, com a sua etnia a espalhar a fé e o império em Guiné-Bissau (e Cabo Verde), S. Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique, onde havia e há diferentes etnias, desde que dissociado o vocábulo da sua conotação racista.
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já outros companheiros da blogosfera
se referiram a este lamentável discurso,
mas não posso deixar de me associar
à indignação e ao protesto

Informações "expressamente" interessantes

O Expresso iniciou, na sua última edição, uma página interessante a que deu o título países como nós. Nessa página, há a intenção de comparar indicadores de alguns países com indicadores de Portugal, comparação acompanhada por pequenos textos.
Fez-me lembrar uma iniciativa que, há mais de 40 anos (entre 1967 e 1970), levei a cabo, no Diário de Lisboa, no suplemento Economia, com a publicação semanal de dois tipos de fichas, a que me lembro de ter dados dois títulos genéricos – o que é e como é –, exactamente na dimensão de uma ficha, e com o convite a recorte e colecção, em que, por exemplo, numa semana se dizia, o que era a EFTA, e nas semanas seguintes se dizia, com dados estatísticos, como eram os 7 países que formavam essa zona de comércio livre, e, depois, o que era a CEE, e nas semanas seguintes, como eram os 6 países que compunham essa união aduaneira e PAC (política agrícola comum). Boas recordações, apesar de tanta má, como tudo isto ter de passar pela censura fascista! Era uma luta na luta.
Poderá imaginar-se como esta iniciativa do Expresso me interessou. Levou-me a estudá-la e provocou-me umas observações a partir do confronto primeiro, em que o país escolhido para iniciar a série foi a Bélgica.








  • Quase a mesma população (entre 10, 6 e 10,8 milhões de habitantes). E ficam-se por aí as semelhanças.
  • Enquanto o/as belgas têm um PIB por cabeça de 31,4 mil € o do/as portugueses/as é de 15,8 mil €, ou seja, cerca de metade; os salários mínimos são, respectivamente, 1.415 € e 485€, ou seja, eles recebem de salário mínimo, num mês, o que nós recebemos num trimestre.
  • De acordo com os dados publicados, a Bélgica tem o consumo das famílias de 52,4 % do PIB belga, ou seja, 178 mil milhões de €, e as famílias portuguesas consomem 66,8% do PIB português, ou seja, 112 mil milhões de €.
  • A poupança global é de 74 mil milhões de € no caso belga, e de apenas menos de 17 mil milhões de € no caso português, mais de quatro vezes inferior.
  • As informações estatísticas mais relevadas são as da dívida do Estado, sendo de 98,6% do PIB para a Bélgica e de 82,8% para Portugal, enquanto o endividamento das famílias (em % dos respectivos rendimentos) é de 84% nas belgas e de 129% nas portuguesas.
  • Contrariando uma insistente imagem de desmesurado peso relativo do Estado no PIB português, os “gastos do Estado” na Bélgica são de 54,2% do PIB belga e de 48,2% no PIB português em Portugal, e as "receitas do Estado" são de 48,1% e de 38,8%, respectivamente.
  • No meio de outras informações, ainda se destaca a de que o rendimento das faixa de 20% dos belgas é de 3,9 vezes superior da mais alta relativamente à mais baixa, enquanto nos portugueses, esse ratio é de 6 vezes.
Mais informações se podem encontrar, mas acho significativo que, também neste confronto, se ignore o indicador de desenvolvimento humano (IDH), elaborado anualmente desde há 20 anos pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), ponderando o indicador económico monetarizado com indicadores de saúde e de educação, e outros, em que a Bélgica é 18º país com um valor de 0,867. e Portugal o 40º com 0,795.


Acresce, e por aqui me ficaria, que este IDH, ajustado com as desigualdades, ou seja, corrijindo as médias com as dispersões, baixaria para 0,794 na Bélgica (-8,5%) e para 0,700 em Portugal (-12%).

E não termino com um voto pio, como o do comentador escolhido pelo Expresso, Diogo Freitas do Amaral, de que "atingir os níveis belgas poderia ser um objectivo mobilizador para Portugal", mas sublinhando que os rendimentos da população portuguesa que trabalha são muito inferiores, que as famílias se endivida(ra)m para ter um consumo (nível de vida) aceitável, que há uma muito maior desigualdade de distribuição de rendimentos em Portugal, que quem poderia poupar e investir não o fez/faz, que o Estado recebe e gasta menos proporcionalmente mas que, decerto, muito pior distribue a arrecadação da receita e ainda pior aplica os gastos. Somos a "periferia", e como tal nos querem manter os "centrais".

terça-feira, março 15, 2011

90 anos do PCP

Enquanto as ruas de muitas cidades se enchiam de um protesto que procura uma luta que lhe dê sentido, um sentido que só no colectivo organizado se encontra, enquanto num grande comício no Porto se comemoravam 90 anos do Partido, em muitas pequenas salas de todo o País juntavam, às dezenas, camaradas para conversarem sobre esses 90 anos de luta e, depois, para conviverem, fraternamente. Como no Centro de Trabalho do Cartaxo.

Sobre o aparente poder das aparências


Com o poder que julga ter, e que quer manter a todo o custo (e que nós pagaríamos…), Sócrates meteu o pezinho na poça.
Ofuscado pelo poder que vê emanado dos seus “pares europeus” (e por eles iluminado), servilmente a estes serviu. Esqueceu-se foi que esse poder de que se julga possuído(r) lhe é tão-só delegado de mais que uma origem.
Primeiro, do seu partido, depois do poder da Assembleia da República, sendo o poder desta delegado pelo povo ao eleger os seus representantes, e ainda está condicionado por um outro órgão de soberania, também de poder delegado, o Presidente da República.
Ora este esquecimento, já chamado “erros graves”, não sei se para acalmar se para acirrar, está a ter consequências. A declaração de ontem foi… patética (ou pateta?).
Tudo segue o seu rumo, e os detentores do real poder, que serão dois, devem estar a “fazer-lhe a cama” onde ele irá repousar.
Um, o poder económico-financeiro, porque, assim, Sócrates não lhe serve, depois de 7 anos o ter servido, exemplarmente; outro, o poder real embora difuso porque não tomada consciência dele, o poder do povo, reforçando a sua resistência e o seu protesto, juntando (dificil mas desejavelmente!) as duas vertentes, como no próximo sábado o esperamos ver ilustrado.