Dois excertos da intervenção de Jerónimo de Sousa no termo do debate "Alternativas à crise na União Europeia..." realizado a 25 de Março:
1. (...) Toda a evolução mostra que tínhamos razão sobre a insustentabilidade e as nefastas consequências do Euro. Consequências hoje ainda mais trágicas quando se vê Portugal a ser presa fácil dos ataques especulativos e dos mecanismos de extorsão de recursos nacionais por via do crescente endividamento externo que esta desastrosa política de integração europeia também provoca e avoluma. Perante o agravamento do nível de ameaça que paira sobre o país, muitos avisados e até insuspeitos portugueses têm colocado a necessidade de reflectir sobre a manutenção do país na UEM. Para nós o debate não é um tabu. Trata-se de um problema que precisa de aprofundamento e reflexão. Uma reflexão própria e também conjunta com outros países que se encontram nas mesmas condições, nomeadamente e em primeiro lugar com o objectivo de discutir a criação de condições para a eliminação de todos e quaisquer riscos de penalização ou prejuízos económicos para os países que entendam que a sua manutenção na União Económica e Monetária se torna incomportável. Mas, independentemente da celeridade desse necessário debate, duma coisa temos a certeza: a resposta à crise e a solução dos problemas do desenvolvimento do país e da União Europeia não podem passar, nem passam, pela imposição de medidas de austeridade que se renovam, sem fim à vista, numa espiral de endividamento, nem pelas soluções que deixam mão livre à agiotagem financeira e aos interesses do grande capital, nem tão pouco pelo recurso a um fundo com as velhas imposições draconianas do FMI que o ainda Ministro das Finanças reconheceu nesta última terça-feira e que outros há muito, como o PSD, assumiram.
.
2. (...) No plano nacional aquilo que a situação do país reclama é uma ruptura e uma profunda mudança que abra caminho a uma política patriótica e de esquerda. Uma política que tenha como eixo central a valorização do trabalho e dos trabalhadores, o que significa uma justa redistribuição da riqueza produzida, como factor de justiça social mas também como questão crucial para a dinamização do mercado interno. Uma política assente na valorização dos salários, das reformas e pensões, numa nova política fiscal e que comporte o objectivo do pleno emprego e da defesa do emprego com direitos. Uma política de defesa e promoção dos sectores produtivos e da produção nacional; de reforço do investimento público e alargamento dos serviços públicos; de fim das privatizações e de recuperação pelo Estado de um papel determinante nos sectores económicos estratégicos, designadamente na banca e nos seguros, na energia, nas telecomunicações e nos transportes, dando prioridade à nacionalização da banca comercial, como instrumento indispensável para garantir um sistema financeiro ao serviço do crescimento económico, do emprego e da soberania nacional. Uma política de defesa intransigente da renegociação da Política Agrícola Comum e da Política Comum de Pescas, entre outras, de forma a possibilitar o desenvolvimento de sectores fundamentais da economia nacional e da nossa soberania.
4 comentários:
Pois é, pois é!
Mas o capital não quer ir por aí!
Por isso é que a luta é o caminho!
Até à vitória final!
Abraço,
Jorge
Isto tem que ser debatido mas não contes com o pluralismo da comunicação social totalmente controlada pelos grandes grupos económicos.
Importantes declarações.Mas quem as conhece?
Por isso a luta não pode esmorecer e eu sei que não há limite para o empenho dos que estão com uma sociedade de justiça e igualdade.
Um beijo.
Palavras (mais do que) certeiras.
um abraço.
Enviar um comentário