Se por simples (?!) estudo de natureza política – ou estudo de natureza meramente política… – ou por trabalho académico de mestrado ou doutoramento, houvesse quem pegasse nos variados veículos que informam o cidadão comum, teria, neste últimos tempos, e particularmente nestas duas primeiras dezenas de dias de Março uma elucidativa, e esmagadora!, amostragem do que é uma informação de classe. Nem sequer me arrogo estar a (pré)-enunciar tal estudo ou trabalho, mas apenas, sem qualquer investigação para tal orientada, deixo uma reflexão a partir do que retenho epidermicamente.
Qualquer dos, e todos os meus contemporâneos e vizinhos foram assaltados, avassalados por informação escrita, falada, televisiva, de “redes sociais”
- sobre a Líbia e os antecedentes e preparativos de uma invasão (por outras palavras, claro);
- sobre uma manifestação de protesto de uma geração à rasca, contra (todos!) os partidos, a “classe política”, com entrevistas, artigos de opinião, reportagens sem poupança de tempos e espaços;
- sobre um PEC4 nas versões de uma necessidade patriótica perante legítimas imposições exteriores versus comportamentos inaceitáveis confirmando falta total de ética e incompetência, num dramatizado ping-pong;
- sobre os ricos mais ricos do mundo e satisfação por uns portugueses terem e reforçarem posições nesse “ranking”;
- sobre um tremendo desastre natural no Japão, com consequências humanas dramáticas e um justificado e colateral recrudescer da velha “questão nuclear".
- à volta de aniversários – dos 80 anos do avante!, dos 90 anos do PCP, do 8 de Março –, nas suas históricas e fundas razões de ser e de continuarem a ser;
- à volta de eleições na Irlanda;
- à volta de situação social em degradação, para além de abordagens individualizantes e de apelo à caridade, desresponsabilizadoras e, evidentemente ignorando a ligação a interesses egoístas (de classe) e a luta contínua e solidária;
- à volta de uma manifestação que, na sequência de outras e no quadro dessa luta (de massas), se vai realizar no próximo sábado.
Isto merecia mesmo um estudo ou trabalho aprofundado… embora seja de tal forma evidente que, para o comum dos mortais, não será necessário tal estudo ou trabalho para o comprovar!
4 comentários:
As notícias chegam até nós ou não chegam conforme os interesses dos "patrões". Ainda ontem fui confrontada com a pergunta "Manifestação em Lisboa no dia 19 de Março? Ainda não vi isso anunciado em lado nenhum".
"Santa ingenuidade!!!!!!"
Um beijo.
Eles sabem que "a opinião publica é a opinião publicada".
Texto claríssimo!
Mas, esta é que é a verdadeira informação livre, num país democrático, segundo o modelo da democracia ocidental. A verdadeira, a única, a melhor democracia do mundo. Viva! Viva! Viva!
Campaniça
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