sábado, dezembro 31, 2011

Amanhã, começa 2012

A partir de amanhã, haverá um aumento médio das portagens superior a 4%.

A partir de amanhã, os estabelecimentos comerciais que estiverem abertos já terão de aplicar a todos os produtos as novas taxas do IVA previstas no Orçamento para 2012.

A partir de amanhã, os trabalhadores receberão menos e pagarão mais impostos e outras alcavalas.

A partir de amanhã... tanta coisa nova (e má) a acompanhar o ano novo!

A partir de amanhã, A LUTA CONTINUA!

A economia cubana

Não vou, evidentemente, aprofundar aqui o tema. No entanto, a breve noitícia sobre o OE de Cuba para 2012 levantou algumas questões que são pertinentes.
A economia cubana é uma economia em que o papel do Estado é completamente diferente do papel do Estado na economia portuguesa.
Não obstante estarem a verificar-se mudanças na economia cubana, que importa seguir com muita atenção e cuidado (sobretudo pelos cubanos, claro), o papel do Estado na economia é determinante, e o desempenho do que são as funções sociais do Estado ao serviço da concretização dos direitos dos cidadãos é decisivo. Pelo que se relevou a notícia de que o OE  de Cuba gasta mais de metade em educação, saúde, cultura e desporto.
No caso de Portugal, apesar dos imperativos constitucionais, é evidente há 35 anos que os sucessivos governos não assumem o papel que o Estado lhes impõe como funções sociais, a não ser cumprindo, de "má vontade", aquilo a que a relação de forças sociais os obriga, e o seu papel na economia tem vindo a perder a constitucional função motora, com os negócios e as privatizações a prevalecerem, e por forma que chega a ser chocante quando fazem festa e gala de uma "privatização" como esta da EDP que mais não é que colocar uma "área de negócio" nas mãos de um país outro, por via do leilão de uma parcela que o Estado detinha em empresa com um objectivo social que não seria o de multiplicar capital financeiro. O que parece que será uma empresa estatal chinesa a ter vocação para o fazer. Estranha "privatização"...
Mais de metade em gastos sociais num orçamento que  é proporcionalmente muito mais elevado (em termos de percentagem do  PIB), como é o caso cubano, não é comparável com metade em áreas sociais num orçamento que é proporcionalmente muito mais pequeno, e se pretende que definhe.
Por outro lado, e isso também é relevante, a intervenção do Estado cubano na economia e nas áreas sociais passa por estimativas que são de crescimento de +3,4% do PIB para 2012 (auto-criticando-se por não ter atingido os previstos +3% de 2011, ficando-se em +2,7%), e o caso de Portugal em que a última publicação do BP (22.12), estima uma queda de -1,7% para ao 3º trimestre de 2011, e é melhor não dizer nada sobre qual o valor negativo esperado para 2012, porque o de ontem é amanhã corrigido em baixa , apesar da "excelência" do ferramental estatístico português e "europeu". E ninguém se auto-critica.
Para terminar - e longe demais se terá ido -, quem quiser informar-se melhor sobre os dados e perspectivas da economia cubana, tem os links http://www.prensa-latina.cu/index.php?option=com_content&task=view&id=463343&Itemid=1 (Cuba: Crecimiento económico y prioridad social para 2012) e http://www.prensa-latina.cu/Dossiers/LineamientosVICongresoPCC.pdf (Lineamientos de la política económica y social del Partido y la Revolución).


sexta-feira, dezembro 30, 2011

OUTRA INformação - orçamento para 2012... de CUBA

Cuba investe no povo

A Assembleia Nacional cubana aprovou, na semana passada, o orçamento do Estado para o ano de 2012, no qual se prevê que metade do total dos gastos sejam com Educação, Saúde, Cultura e Desporto.

Para a economia, o governo de Cuba estima um crescimento na ordem dos 3,4% cento do PIB.

Galiza - 5 - Este parte, aquele parte - Rosalía e outras amizades


Este parte, aquele parte
e todos, todos se vão
Galiza ficas sem homens
que possam cortar teu pão

Tens em troca
órfãos e órfãs
tens campos de solidão
tens mães que não têm filhos
filhos que não têm pai

Coração
que tens e sofre
longas ausências mortais
viúvas de vivos mortos
que ninguém consolará





(música de José Niza)

Esta curta passagem pela Galiza foi como que uma visita a família e a amigos. Não para cumprimento de rituais, mas porque dessas visitas precisamos para melhos nos conhecermos e entre-conhecermos.
Quando se diz, ou escreve, que estamos de "costas voltadas" com os nossos vizinhos da península em que coabitamos, é verdade e é falso. O litoral de Portugal estende-se naturalmente para norte pela Galiza, pelas rias e os caminhos até Finisterra, a Galiza prolonga-se para sul, pelo menos até ao Porto, uma "capital-sul" da Galiza.
É a geografia que as vivências quotidianas, ancestrais, humanizadoras (que nem sempre o são) não contrariam, nem com fronteiras, com preços de combustíveis, IVAS e portagens. Que pontes de todo o tipo reforçam. 
No roteiro Castelao (nome maior do nacionalismo galego) por Rianxo, sua cidade natal, o presidente de concelho, que conduzia a visita com conhecimento e sensibilidade, quando descobriu de onde éramos (porque será que estou sempre a revelá-lo?...), lembrou quase comovido a recente visita do seu grupo a Ourém, e nós lembrámos uma muito antiga visita, porque com muitas décadas, da Banda de Ourém a Vigo.
Mas, para não nos perdermos por lembranças e saudades pessoais, deixa-se este quase nosso hino dos anos 60, dos versos da Rosalia de que o José Niza fez canção para o Adriano cantar, e que tão actual se renova, por males nossos, nestes tempos de agora, e uma referênciaà Fundação Bautista Alvarez, promotora da iniciativa em que participámos e de que trouxemos, no plano dos contactos pessoais, o que fortalece as lutas comuns, o brevíssimo e tão rico contacto com a presidente, Pilar Garcia Negro, que se junta ao tão amigo e hospitaleiro acolhimento dos camaradas Duarte e Montse.
De "costas violtadas"? Não. De mãos dadas na luta pelo melhor futuro nosso.

quinta-feira, dezembro 29, 2011

Outra informação - medida da desigualdade mo mundo

Cerca de 1% (um por cento!) da população mundial detém aproximadamente 57% do total da riqueza.

De acordo com as estimativas mais recentemente divulgadas, os 20 % mais ricos possuem 83% de toda a riqueza criada, enquanto que os 20 % mais pobres não vão além de 1%.

Só durante o ano de 2009, o número de multimilionários passou de 793 para 1011, e as respectivas fortunas aumentaram metade do seu valor. Indicadores referentes a 2004 revelam que as três maiores fortunas equivaliam ao PIB de 48 Estados soberanos.

O Programa Mundial para o Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD) estima, por outro lado, em 50 mil milhões de dólares a cifra necessária para erradicar a fome no mundo. O valor representa pouco mais de 1% do total gasto pelos Estados desde 2007 para sustentar o sector financeiro, ameaçado de colapso pela crise em que se encontra imerso o sistema capitalista e que esse mesmo sector provocou.

Também segundo a ONU, em 2005 calculava-se que 100 milhões de pessoas viviam nas ruas, número que, na actualidade, estará já muito ultrapassado.

"Natal da UE", por conta do BCE

em avante!:




Natal da UE
Jorge Cadima

O Banco Central Europeu deu uma prenda de Natal aos colegas banqueiros: a oferta ilimitada de crédito à banca por três anos, com juros de apenas 1%. A banca pode emprestar esse dinheiro – com juros bem maiores – aos governos, enchendo o sapatinho à custa do contribuinte. O retomar deste escandaloso negócio veio acompanhado de mais prendas: foram diminuídas as exigências de reservas (que a banca tem de ter na sua posse) e flexibilizadas as regras para as garantias bancárias junto do BCE (Telegraph, 20.12.11): a banca pode despejar no BCE mais «papel tóxico» de valor nulo. Num único dia, mais de 500 bancos foram buscar quase 500 mil milhões de euros. Um economista citado no Telegraph (21.12.11) diz que o montante emprestado «é equivalente a quase 1,5 vezes os títulos de dívida que a Espanha e a Itália terão de emitir em 2012». Para os estados só há dinheiro com juros usurários, em troca de sangue, suor e lágrimas. Para a banca, o dinheiro corre como champanhe. Como seria de esperar, as bolsas e mercados «de risco» tiveram um dia de «exuberância» (Telegraph, 21.12.11).

Se o Natal da UE para os banqueiros foi uma borla no casino, para os povos é bem amargo. Os portugueses sabem-no bem. E a Comissão Europeia também: segundo o Financial Times (23.12.11) «um novo estudo encomendado pela Comissão Europeia [...] afirma que as medidas de austeridade concretizadas em Portugal em 2010 foram «claramente regressivas», fazendo com que nas famílias mais pobres a redução dos rendimentos disponíveis tenha sido maior, em proporção, do que nos lares mais ricos». Um gráfico que acompanha a notícia indica que nas famílias mais pobres com crianças, a quebra foi da ordem dos 9%. Mas exigem mais. Dos martirizados gregos querem dezenas de milhares de despedimentos no sector público, mais cortes de salários e privatizações. Na Irlanda – onde já cortaram os salários da função pública em média 14% – haverá novos «cortes orçamentais de 3,8 mil milhões de euros – mais perturbações no sector público, cortes no subsídio de família, propinas estudantis drasticamente mais altas, e um aumento do IVA para 23%» (Telegraph, 5.12.11). A chanceler Merkel elogiou a Irlanda como em «magnífico exemplo» para a saída da crise. Mas os dados mais recentes referem uma queda do 1,9% no PIB do 3.o trimestre (12,5% desde o início da crise) e desemprego nos 14,3%.

Quem acredita na propaganda da UE não perceberá porque se insiste em políticas tão desastrosas. É simples. Há quem lucre com a miséria dos povos. A luta de classes, longe de ser uma coisa do passado, nunca foi tão intensa em solo europeu desde os tempos do nazi-fascismo. Mas há outro dado: as classes dominantes revelam-se incapazes de controlar a sua crise. Foi elucidativo o espectáculo de ataques mútuos entre ingleses e franceses após o fracasso da Cimeira Europeia (um vice-editor do Daily Telegraph, Jeremy Warner, fez um post de título «o único problema da França é que está cheia de franceses», 16.12.11). Perante o desastre anunciado, todos sacodem a água do capote. O «pai da Europa» Jacques Delors diz agora que «o euro estava condenado desde o início» (Telegraph, 2.12.11). Até o CEMGFA dos EUA, General Dempsey, declara que «a zona euro está em grande risco» e que os EUA estão «muito preocupados […] com a possibilidade de distúrbios nas ruas e da desintegração da união» (Press TV, 9.12.11). Neste quadro, o MNE francês Juppé veio pôr água na fervura das relações franco-inglesas, frisando a convergência «na abordagem da crise na Líbia, Irão e Síria», anunciando uma cimeira militar bilateral, referindo os avanços na «criação dum drone [avião militar não tripulado] conjunto» e «dum programa conjunto de simulação de armas nucleares», domínio referido como estando «no coração do coração da soberania nacional» (Telegraph, 22.12.11). Pois. Quando não sabem o que fazer, preparam a guerra. A pretexto de programas (reais ou falsos) de armas nucleares que, nas mãos de terceiros são «intoleráveis», mas nas mãos dos estados controlados pelo grande capital financeiro são «o coração do coração da soberania nacional». Essa mesma soberania nacional que o presidente da UE, Van Rompuy, diz «ser preciso sacrificar para se estar numa zona euro credível» (Televideo RAI, 30.11.11).
Tudo contraditório? Nem por isso. É preciso é ter os óculos certos para ver a realidade da UE do grande capital.

Trocando por miúdos…

(… ou euros por cêntimos.)
 
Quais os vectores de actuação táctica deste governo para servir a estratégia de quem mais os ordena (e nos ordenha):
  • Empobrecer resignadamente (alegremente era com a agricultura do “outro”)
  • Estimular (e até ajudar com “agências”) a emigração dos mais habilitados
  • Forma(ta)r aceleradamente pessoal menor para hotelaria e restauração
  • Promover a vinda de ricos (reformados ou não) de todos os países onde os haja
    • – "uni-vos e  despi-vos ao Sol de Portugal"
    • – "vinde a Fátima preparar a ida para o céu"
  • Fazer com que os nativos doentes, velhos e reformados durem o menos tempo possível

Galiza - 4 - breves anotações iniciais (e que assim ficarão, por agora)

Afirmando-se a partir da procura de conexão entre o nacionalismo e o marxismo, como partido comunista e patriótico, a Unión do Povo Galego (UPG) é o partido de um universo nacional que se pode simplificar dizendo representar um terço (em população e em espaço) de Portugal.
Para além de tudo o que nos liga como povos, embora tantas vezes sendo mais uma ilustração das "costas voltadas" entre da parcelas nacionais que compõem a Península Ibérica – entre Portugal e a Galiza ainda mais aberrante pela língua (quase) a mesma –, o UPG define uma série de temas (e teses) identificadores que nos mereceriam a maior atenção intelectual, cultural, ideológica, no tempos nacionais, ibérico e europeu (e mundial, de modo de produção em crise aberta) que vivemos.
Entre dois "Estados-nações" - enquanto Estados-membros de uma União Europeia - , Portugal e Espanha, a Galiza é uma das nações sem estado, em que uma parte do povo luta organizadamente para se afirmar como nação, e procura a forma Estado. E um dos mais importantes factores enformadores dessa luta é a língua-quase-a-mesma e a proximidade física e cultural com Portugal.
A afirmação do nacionalismo como alternativa à globalização é um lema e a posição face à União Europeia um dos vectores da luta política do UPG. No seu caminho, de 1964 até hoje, tem passado por várias etapas e - sem outras considerações - foi objectivamente relevante, no plano da luta institucional, a entrada na coligação com o Bloco Nacionalista Galego e o PSOE para a formação do governo autonómico de 2005 a 2009, a partir de uma maioria de dois deputados. E foi com essa diferença que, nas eleições de 2009, o Partido Popular recuperou a maioria, embora com menos votos que os somados pelos componentes da anterior coligação.
No complexo mapa eleitoral do Reino de Espanha, não se pretende mais que assinalar a especificidade da Galiza e o quão interessante foi aflorá-la, acicatando a vontade de melhor a conhecer. Por outro lado, nesta curta viagem e estadia (mais passagem) foi muito significativa a vivência de um dinamismo, de uma muito interveniente actividade cultural e de um aturado esforço de fortalecimento ideológico a partir de uma base teórica  afirmada sem reticências, no quadro de políticas de alianças e coligações muito delicadas e eventualmente contraditórias. Como a vida o é.

Como dissemos no debate, foi fácil (e bom!) em Galiza sentirmo-nos galegos sem, em nada, deixarmos de ser o que somos.

             

quarta-feira, dezembro 28, 2011

Ela lá sabe...


in vermelho

"Governo técnico" e "democracia económica"

Depois da falaciosa apresentação de um "governo técnico" (ou da importância de técnicos em governo não político mas muito partidários passados pela máquina de lavar e passar-culpas), esta época trouxe a insistência na expressão "democracia económica". Nomeadamente em mensagens na(f)talinas.
Mas que quer isto dizer?
Na dita "economia de mercado" em que se vive (ou em que alguns fazem todos viver) - que é a expressão actual do modo de produção (e circulação) capitalista - "democracia económica" quererá dizer
  • mais liberdade para explorar,
  • menor participação dos trabalhadores, quer sindical, quer das comissões de trabalhadores,
  • nenhuma concertação social, ou sem conserto,
  • menos Constituição da República Portuguesa,
  • menos regulamentação a que se chama burocracia,
  • mais burocracia a que se chama notações de "agências de rating"
  • sempre piores condições para as micros e pequenas empresas,
  • nenhuma planificação.
Só "democracia" à moda deles. Toda política - de classe! - como se fosse apolítica.  

"Arrancam" hoje os saldos, antes do ano nOVO

Como é noticiado profusamente, arranca hoje o período de saldos que se prolongará até 28 de Fevereiro.
Arrancam sem anestesia, isto é, com dor, com os preços mais baixos do que seria normal, com os comerciantes afirmando, receosos, esfumada esperança de que conseguirão realizar alguma liquidez, com os consumidores à procura, pouco abonada e com o estado de espírito nada animado, de "pechinchas".
Os dias estão bonitos, secos e de sol, mas a "conjuntura" está fusca...
A mudança de número de ano vai ser tempo de outras mudanças, depois de umas aparentes tréguas na(f)talinas. E há algumas que terão de ser arrancadas sem anestesia, em reacção ao que, com muita dor, está a chegar com o ano novo. Ovo?

Galiza - IV Jornadas Lois Obelleiro - 3

Numa sala cheia (mais de 70 presenças) do auditório do concelho de Rianxo, a minha intervenção procurou seguir um guião que levava preparado com os seguintes tópicos:



A integração europeia uma permanente lição


Título de Miguel Torga:
O universal é o local menos os muros
Entre Portugal e a Galiza nem muros há!
Mas há o local, há os locais.
O local Portugal e o local Galiza
Tudo nos une a começar pela língua, a nossa pátria

Pode ser-se português e europeu?
Nós sempre o fomos. Bem antes de 1986!…
E não foi em 1986 que Portugal “entrou” para a Europa.
Terá sido, então, que parte desta entrou, em má hora, na Ibéria.


Abel Salazar e A crise da Europa, Cosmos, 1942
A crise do Estado-nação, enquanto macro-estrutura.
A “leitura” do materialismo-histórico
Cooperação (OECE/OCDE) e integração
CECA, CEE, o eixo franco-alemão (FRITAL)
- e (com BENELUX) os “seis”  integração
A EFTA - zona de comércio livre

Respostas de classe à expressão real da História,
- à internacionalização da economia, à supranacionalidade
A relação de forças em luta de classes,
- quer no processo, quer nos seus passos e estádios
Os anos 60, a emigração

Os três AAA
Aperfeiçoar – o quê?
Aprofundar – como?
Alargar – com quem?
O Reino Unido (Irlanda, Dinamarca e Noruega)
Plano Werner – moeda única em 1980 !!
A crise após 30 anos com a crise em “banho maria” e “guerra fria”!
A decisão de inconvertibilidade de Nixon – 15.08.71
O relatórioTindemans – as duas velocidades/centro-periferia
1979 – eleição directa Parlamento Europeu
Neo-liberalismo/monetarismo – Thatcher-Reagan

Os anos 80 – Alargamento (Grécia, Portugal e Espanha)
Duas palavras: Desemprego e convergência (ligada a periferia)
Acto Único – revisão do Tratado de Roma
Mercado interno (ou único) e coesão económica e social
- atenuar dinâmicas de desigualdade social e assimetria regional
A transferência de fundos e os 4 países da coesão
Os países socialistas europeus – o CAME. A queda.

Tratado de Maastrich
- supranacionalidade e federalismo
A fuga para a frente (a minha “vivência”)
- só mercado único com moeda única
O orçamento “comunitário”
A U.E.M. e a U.P.
- 1º passo: moeda única/BCE
A “construção” de uma “moeda europeia”
- 2º passo: revisão tratados – Convenção-Giscard d’Estaing
Da Constituição ao Tratado de Lisboa
À margem dos povos – a democracia participativa
O euro – uma dúzia de anos de desconvergência, os PIGS 
- e agravamento das assimetrias regionais

Como era de esperar! Previsto e prevenido
A chamada “crise da dívida”
O funcionamento dos “mercados”
O capitalismo financeirizado
A “desmaterialização” do dinheiro e do crédito
A leitura marxista – de M-M a D-D’
Os dois circuitos – o real e o monetário
A especulação como fuga para a frente
Composição orgânica e baixa tendencial da taxa de lucro
As injecções de dinheiro fictício e de crédito
A crise e a destruição das forças produtivas
A luta – expressões nacionais

Apesar da extensão dos tópicos, ainda houve tempo (e resistência...) para perguntas e respostas, que se prolongaram pelo "xantar", que começou - apenas... - com uma hora e meia de atraso. 

terça-feira, dezembro 27, 2011

"Agências" ou "balcões"

Quando vi este título

pensei que fosse a "agência" para emigrantes, proposta
por este








a estoutro





(obrigado, sitiodosdesenhos
- Fernando Campos)

Mas não!
Era uma proposta (!) da "troika" lá de fora", relativa aos contratos de arrendamento a que o governo resiste, invocando a Constituição, vejam lá!

De economista, cada um tem tudo... ou nada

Diz-se que de médico e de louco todos temos um pouco. Pois de economista cada um tem tudo... ou nada.
Tendo "carta de condução" de economista ha mais de 50 anos, nunca me apeteceram fórmulas 1, e  fui aprendendo a conduzir por outros circuitos e deles não saí. Por estradas municipais e nacionais e, nas auto-estradas. não passo dos 120 (vá lá... 140 em dias de sol, piso seco, e pouco trânsito e menos brigada do dito). Mas tenho algum sentido de classe profissional, que agora teimam em chamar corporativo, nem saberem do que estão a falar.
Nestes últimos dias, esse sentido profissional foi acicatado em duas circunstâncias. 
Primeiro, li a entrevista de Vitor Gaspar no Expresso-Única , e fiquei irritado. Se aquilo é ser economista, pediria que me riscassem de sócio da Ordem dos Economistas (de que nunca fui, mas sim do antigo Sindicato dos Comercialistas...). Para mais, filho de antigo colega meu, aquele senhor que falava, respondendo como "figura do ano" de 2011, é formatado em finanças, afunilado em banqueirismo, e até faz graça entre ser banqueiro ou bancário. Desde novinho, entrou na "forma" e aí vai ele, laborioso, com antolhos, desprezando olimpicamente quem lhe lembrar que a economia é uma ciência social (pelo menos também).
Mas, hoje, li uma outra entrevista de um outro economista. A que, na minha concepção, o título profisssional está bem entregue. Trata-se de João Ferreira do Amaral, com o qual não estou, evidentemente, de acordo com tudo, mas que não esqueceu coisas essenciais para a profissão dele e minha, e as lembra. Coisas que, no meu caso, estão metidas entre outras que considero não menos essenciais e que alguns acharão que nada têm a ver com economia.
Deixo o título da entrevista de Ferreira do Amaral à Lusa, saída do euro deve ser feita com apoio das autoridades comunitárias, e o link aqui.
É claro que eu não diria "apoio" mas diria negociação e ressarcimento, pelo menos em parte ínfima que seja, das malfeitorias que este euro, como criado, ao serviço de quê e de quem, provocou à economia e sociedade portuguesa.

Galiza - IV Jornadas Lois Obelleiro - 2


Sendo a sessão o motivo da viagem, tinha um programa interessante - pelos temas... - com três protagonistas e intenção de debate. Com uma abertura e moderação de um professor do Departamento de Economia Aplicada da Universidade de Santiago de Compostela, duas conferências-debate. Uma, sobre o Estado actual da economia galega. Propostas de saída da crise, por um professor catedrático da mesma Universidade, com qualificadas notas de curriculum; outra, sobre Unión Europea, crise económica da zona euro e nacións periféricas. Alternativas à actual situación a meu (en)cargo


A conferência de Xavier Vence excedeu em muito o tempo programado, não tendo deixado espaço para debate. Como é evidente, "oficial do mesmo ofício e no mesmo acto oficiante", não me caberia comentar criticamente. Mas não deixarei de dizer que, para além da exposição ter sido bem fundamentada em dados e gráficos, e exaustiva, sobre a economia galega, o que me foi muito interessante e útil, não saiu, no entanto, do quadro da economia capitalista, não indo a sua base teórica para além de um keyneseanismo bem assimilado mas (permita-se-me...) castrador. Pelo que, e a meu ver, as propostas de saída da crise mereceriam debate, que não houve. Por falta de tempo. e que ficou para o final da minha intervenção. 

segunda-feira, dezembro 26, 2011

Os "governos técnicos" (e os técnicos do governo) e Karl Marx

Reproduz-se um artigo que nos foi facultado por envio amigo, e que nos pareceu merecer ser traduzido e divulgado:

Os sagazes sarcasmos de Karl Marx
a propósito dos "governos técnicos"

Marcello Musto

De regresso, desde há alguns anos, ao debate jornalístico de todo o mundo para a análise e o prognóstico do carácter cíclico e estrutural das crises capitalistas, Marx também podería ler-se, hoje, na Grécia e em Itália por outro motivo: a reaparição do "governo técnico".

Na qualidade de jornalista do New York Tribune, um dos diários com maior difusão no seu tempo, Marx observou os acontecimentos político-institucionais que levaram, na Inglaterra de 1852, ao nascimento de uno dos primeiros casos de "governo técnico" da história: o gabinete Aberdeen (Dezembro de 1852/Janeiro de 1855). A análise de Marx é notabilíssima quanto a sagacidade e sarcasmo.

Enquanto o Times celebrava o acontecimento como sinal de chegada "ao milénio político, numa época em que o espírito de partido está destinado a desaparecer e em que somente o génio, a experiência, o trabalho aturado, o patriotismo darão direito ao acesso aos cargos públicos", e pedía para esse governo o apoio dos "homens de todas as tendências", porque "os seus princípios exigem o consenso e o apoio universais"; enquanto escreviam isso os editorialistas do diário londrino, Marx ridicularizava a situação inglesa no artigo "Um governo decrépito. Perspectivas do gabinete de coligação", publicado em Janeiro de 1853. O que o Times considerava tão moderno e acertado, apresentava Marx como una farsa. Quando a imprensa de Londres anunciou "um ministério composto por homens novos", Marx declarou que "o mundo ficará um tanto estupefacto ao inteirar-se de que a nova era da historia está para ser inaugurada nada menos que com gastos e decrépitos octogenários (...), burocratas que vêm participando em quase todos os governos havidos e por haver desde fins do século passado, assíduos de gabinetes duplamente mortos, por idade e por usura, e só artificialmente mantidos com vida".

Aparte o juízo pessoal, estava, é claro, o juízo, mais importante, político. Pergunta-se Marx: "quando nos promete o desaparecimento total das lutas entre os partidos, incluso o desaparecimento mesmo dos partidos, que quer dizer o Times?". A pergunta é, desgraçadamente, de toda a actualidade num mundo como o nosso, em que o domínio do capital sobre o trabalho voltou a fazer-se tão selvagem como o era nos meados do século XIX.

A separação entre o "económico" e o "político", que diferencia o capitalismo de modos de produção que o precederam, atingiu hoje o seu vértice. A economia não só domina a política, fixando-lhe agenda e decisões, como lhe retirou as suas competências e a privou do controlo democrático, e a ponto tal que uma mudança de governo não altera já as directrizes da política económica e social.

Nos últimos 30 anos, inexoravelmente, fez-se a transferência do poder de decisão da esfera política para a económica; se transformaram possíveis decisões políticas em incontestados imperativos económicos que, sob a máscara ideológica do apolítico, dissimulam, pelo contrário, um enxerto estritamente político e de conteúdo absolutamente reaccionário. A "redeslocalização" de uma parte da esfera política para a economia, como âmbito separável e inalterável, a passagem do poder dos parlamentos (já suficientemente esvaziados de valor representativo por sistemas eleitorais maioritários e pela revisão autoritária da relação entre poder executivo e poder legislativo) para os mercados e suas instituições e oligarquias, constitui, na nossa época, o maior e mais grave obstáculo atravessado no caminho da democracia.

As notações da Standard & Poor's, ou os sinais procedentes de Wall Street - esses enormes “fetiches” da sociedade contemporânea - valem bem mais que a vontade popular. No melhor dos casos, o poder político pode intervir na economia (as classes dominantes necessitam disso incluso para mitigar as destruições generalizadas pela anarquia do capitalismo e a violência das suas crises), mas sem que lhe seja possível discutir as regras dessa intervenção, e ainda menos as opções de fundo.

Exemplo deslumbrante de quanto escrevemos são os acontecimentos destes dias na Grécia e em Itália. Por detrás da impostura da noção de "governo técnico" - ou, como se dizia nos tempos de Marx, do "governo de todos os talentos" - oculta-se a suspensão da política (referendos e eleições estão excluídos), que deve ceder em tudo à economia. No artigo “Operações de governo" (Abril de 1853), Marx afirmava que "acaso o melhor que pode dizer-se do governo de coligação ('técnico') é que representa la impotência do poder (político) num momento de transição". Os governos não discutem já sobre as directrizes económicas futuras, mas são as directrizes económicas as parteiras dos governos.

No caso de Itália, a lista dos seus pontos programáticos foi posta, preto no branco, numa carta (que, além disso, deveria ter sido secreta!) dirigida pelo Banco Central Europeu ao governo de Berlusconi. Para "recuperar a confiança" dos mercados é necessário avançar expeditamente pela vía das "reformas estruturais" – expressão que chega a ser sinónima de desastre social -, quer dizer: redução de salários, revisão dos direitos laborais em matéria de contratação e despedimentos, aumento da idade da reforma e, por fim, privatizações em grande escala.

Os novos "governos técnicos", encabeçados por homens que cresceram sob o tecto de algumas das principais instituições responsáveis pela crise (veja-se, hoje, o currículum de Papademos; amanhã ou antes, o de Monti*), seguiram essa via. Nem têm de dizer para "o bem do país" e para o "futuro das gerações vindouras". Contra a parede qualquer voz dissonante do coro. Mas se a esquerda não quer desaparecer, tem que voltar a saber interpretar as verdadeiras causas da crise em curso, e ter a coragem de propor e experimentar as respostas radicais que se precisam para a superar.

- Marcello Musto é professor de Ciência Política na York University de Toronto e editor do livro recentemente publicado em castelhano: "Tras las huellas de un fantasma. La actualidad de Karl Marx". Siglo XXI, 2011. O seu “blog” é: http://www.marcellomusto.com/

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* - veja-se a entrevista de Vitor Gaspar, no Expresso-Única, ilustrando a origem tão evidente (e as limitações flagrantes) desta escolhida "figura nacional de 2011"!

Brasil - 6ª maior economia do mundo

Brasil supera Grã-Bretanha e se torna 6ª maior economia
Atualizado em 26 de dezembro, 2011 - 07:29 (Brasília) 09:29 GMT

Para 'Daily Mail', Brasil está se tornando rapidamente uma das locomotivas da economia global

O Brasil deve superar a Grã-Bretanha e se tornar a sexta maior economia do mundo ao fim de 2011, segundo projeções do Centro de Pesquisa Econômica e de Negócios (CEBR, na sigla em inglês) publicadas na imprensa britânica nesta segunda-feira.
Segundo a consultoria britânica especializada em análises económicas, a queda da Grã-Bretanha no ranking das maiores economias continuará nos próximos anos com Rússia e Índia empurrando o país para a oitava posição.
O jornal The Guardian atribui a perda de posição à crise bancária de 2008 e à crise económica que persiste em contraste com o boom vivido no Brasil na senda das exportações para a China.
O Daily Mail, outro jornal que destaca o assunto nesta segunda-feira, diz que a Grã-Bretanha foi "deposta" pelo Brasil de seu lugar de sexta maior economia do mundo, atrás dos Estados Unidos, da China, do Japão, da Alemanha e da França.
Segundo o tabloide britânico, o Brasil, cuja imagem está mais frequentemente associada ao "futebol e às favelas sujas e pobres, está se tornando rapidamente uma das locomotivas da economia global" com seus vastos estoques de recursos naturais e classe média em ascensão.
Um artigo que acompanha a reportagem do Daily Mail, ilustrado com a foto de uma mulher fantasiada sambando no Carnaval, lembra que o Império Britânico esteve por trás da construção de boa parte da infraestrutura da América Latina e que, em vez de ver o declínio em relação ao Brasil como um baque ao prestígio britânico, a mudança deve ser vista como uma oportunidade de restabelecer laços históricos.
"O Brasil não deve ser considerado um competidor por hegemonia global, mas um vasto mercado para ser explorado", conclui o artigo intitulado "Esqueça a União Europeia... aqui é onde o futuro realmente está".
A perda da posição para o Brasil é relativizada pelo Guardian, que menciona uma outra mudança no sobe-e-desce do ranking que pode servir de consolo aos britânicos.
"A única compensação (...) é que a França vai cair em velocidade maior". De acordo com o jornal, Sarkozy ainda se gaba da quinta posição da economia francesa, mas, até 2020, ela deve cair para a nona posição, atrás da tradicional rival Grã-Bretanha.
O enfoque na rivalidade com a França, por exemplo, foi a escolha da reportagem do site This is Money intitulada: "Economia britânica deve superar francesa em cinco anos".

Palavras certas e certeiras contra palavras falsas a cobrirem políticas nefastas

Galiza - IV Jornadas Lois Obelleiro- 1







O que nos levou a Rianxo foram as IV Jornadas de História, Pensamento e Cultura, organizadas pela Fundação Bautista Alvarez, ligada ao partido Unión do Povo Galego (UPG), e  a que foram dadas o nome de Lois Obelleiro, militante recentemente falecido deste partido, e que tiveram a colaboração do Concello de Rianxo e da Deputacion da Coruña.
Foram, pela nossa parte, uma jornada muito útil e agradável. De que se pretende deixar nota (ou registo) em algumas mensagens.











Alguma documentação nos tinha sido enviada, para nossa preparação e conhecimento do ambiente, particularmente sobre o XII Congresso do UPG, mas muita mais trouxemos. Não só do partido e da fundação, da Conferación Intersindical Galega, mas também sobre a Galiza e algumas das suas figuras tutelares como Rosalia de Castro e Castelao. Enchendo-nos o carro de informação e... amizade.

As vantagens da proximidade e de se ter feito a viagem de carro...


domingo, dezembro 25, 2011

TáVisto

Mais uma crónica do Correia da Fonseca, esta publicada no Alentejo Popular.
Sempre muito bem-vindas!

OS SACRIFÍCIOS

1. Durante algum tempo, já não sei avaliar quanto, a televisão prosseguiu como se nada de especial se estivesse a passar entra nós. A televisão, isto é, as noticias que diariamente ela nos ia dando do País. Depois, a partir de dada altura, as notícias começaram a chegar. Mas quase sempre de uma forma distanciada: íamos sabendo do encerramento de empresas, de trabalhadores que iam sendo atirados para o desemprego, mas muito frequente era que estes surgissem perante câmaras e microfones quase mais como deponentes que vinham contar o que se passava, como mera testemunhas, que como protagonistas de um drama que ali se iniciava e ameaçava durar longo tempo se não para sempre. Assim se mantiveram as coisas até dias relativamente recentes quando, quase sempre surgidas como complementos dos noticiários (onde é suposto que dia após dia surja o mais importante), chegaram algumas reportagens acerca do desemprego e das suas consequências. Salvo algum caso excepcional que eventualmente me tenha escapado, não são retratos dessa realidade em toda a sua crueldade, mas são sem dúvida sinais de que a televisão portuguesa não se quer ficar cega, surda e muda perante o desastre que desaba sobre muitos milhares de portugueses.
2. Entretanto, como se sabe, já antes na televisão começara a ladainha dos sacrifícios necessários a que estão obrigados todos os portugueses. O carácter generalizado e indistinto dessa obrigação tem vindo a ser sumariamente justificado, como também se sabe, por termos andado a gastar ao longo de anos e anos muito mais do que deveríamos, as famigeradas “nossas possibilidades”. Todos nós, a implícito pretexto de que todos nós somos portugueses do mesmo Portugal, o patrão da cadeia de hipermercados e a rapariguinha da caixa, o presidente do banco e o empregado bancário que nos atende ao balcão. É certo que essa distribuição indiscriminada de responsabilidades, repetida até à exaustão, já por si só é um insulto que cumulativamente consubstancia a categoria de burla no plano cívico (enquanto não o é no financeiro), mas nem todos logo deram claramente por isso, ficando-se muitos por se sentirem injustamente tratados, o que aliás já não era pouco. A tal invocação dos sacrifícios necessários e urgentes a que todos estão obrigados sobreveio, pois, imediatamente a seguir.
3. Com os apelos praticamente diários aos “sacrifícios” a que todos os portugueses estarão obrigados entrou-se claramente no território do insulto, pois que reclamar reiteradamente que os inocentes cumpram pena por delitos alheios, assim se presumindo uma acusação de culpa de facto inexistente, já ultrapassa o âmbito da injustiça. Mas as coisas não ficam por aqui, que já não seria pouco: a agressão é reforçada pela humilhação concretizada pela proposta constantemente repetida de aplicar aos espoliados a esmola como suposto remedeio para o estado a que foram conduzidos. É claro que a esmola surge sob o seu habitual pseudónimo, o de solidariedade, como se ser efectivamente solidário não fosse uma outra coisa, mais complexa e mais bela, que tem tudo a ver com fraternidade e, sempre que necessário, com luta. Mas a televisão não nos fala destas coisas que porventura acha perigosas. Em compensação, digamos assim, aliás falsa e inexacta compensação, fala-nos muito dos tais sacrifícios mas, prudentemente, apenas por alto. Tentando concretizar um poucochinho, podemos e até devemos fazer perguntas. Quando aos filhos do desempregado faltam a carne o leite, trata-se de um sacrifício praticado pelos seus pais ou de um crime que alguém cometeu? Quando, pela quadra do Natal, os filhos do senhor director vão passar uma semana apenas à Serra Nevada e não aos Alpes Suíços, como era hábito, é também um crime ou é apenas um sacrifício? É claro que estas são apenas duas questões exemplificativas. Mas coloco-as mudamente ao meu televisor. E o televisor cala o escândalo, o televisor nada me diz.

Enquanto espero

Enquanto espero, vou preparando coisas para depois...
Retenho este trecho de "evolución histórica 1964-2009" de Unión do Povo Galego:

"O primeiro esforzo da UPG consistiu en procurar as conexións
entre o nacionalismo e o marxismo,
isto é, aplicar o marxismo
à explicación política, económica e cultural
dunha nación que se considera colonizada,
un dos critérios básicos da concepción
que este Partido ten da Galiza"

Para este domingo

Para este domingo.
Por várias razões.
Porque... ei-los que partem; por "conselhos" governamentais ao mais alto (?) nível;
(porque o Manel vem cá almoçar...)

Ei-los que partem

novos e velhos
buscando a sorte
noutras paragens
noutras aragens
entre outros povos
ei-los que partem
velhos e novos

Ei-los que partem
de olhos molhados
coração triste
e a saca às costas
esperança em riste
sonhos dourados
ei-los que partem
de olhos molhados

Virão um dia
ricos ou não
contando histórias
de lá de longe
onde o suor
se fez em pão
virão um dia
ou não

sábado, dezembro 24, 2011

Serviço Nacional de Saúde em causa, em cada palavra

No Correio da Manhã:

Saúde em causa

Guadalupe Simões, Dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, fala sobre aumento das taxas moderadoras:
C. da M. – Como comenta o aumento generalizado das taxas moderadoras?
G. S. – O Sindicato dos Enfermeiros tem uma posição sobre a defesa do Serviço Nacional de Saúde [SNS] no que diz respeito à equidade do acesso dos utentes aos cuidados de saúde. E por isso consideramos que este aumento coloca esse acesso em causa. Acredito que, devido à situação económica, muitas pessoas deixem de ir aos profissionais de saúde porque não têm dinheiro.
C. da M. – A nova portaria determina que os actos de enfermagem passem a ser cobrados. Quatro euros nos centros de saúde e cinco nos hospitais...
G. S. – Primeiro não existem actos de enfermagem, mas sim intervenções de enfermagem. Gostávamos de saber onde foi o senhor ministro da Saúde, Paulo Macedo, encontrar esses valores. Um enfermeiro não muda só um penso ou olha só para uma perna, também analisa outros problemas do doente para saber aconselhar e encaminhar.
C. da M.– Mas quatro euros pode ser considerado um valor alto ou baixo para essas funções?
G. S. – Um doente que tem de fazer um penso diário durante 15 dias vai pagar 60 euros? Para muitos doentes isso é muito dinheiro e nem todos o têm.

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Embora a questão da "equidade do acesso" seja relevante, o que há que sublinhar até à exaustão é que, no Serviço Nacional de Saúde, tal como deve ser entendido este e a Constituição o consagra (apesar de algumas ambiguidades introduzidas capciosamente) e torna obrigatório, é a igualdade dos cidadãos perante o direito à saúde.
A equidade tem implícitas desigualdades no acesso a equilibrar, tendo em vista os casos concretos e não a regra universal da igualdade no acesso, e as taxas moderadoras escondem, com o justo princípio da moderação no acesso que a racionalidade económica (os custos) sempre justifica, um efectivo pagamento do que deve ser gratuito, suportado pelo que o Estado deve cobrar equitativamente junto dos cidadãos para cumprir as suas funções, assegurando, em igualdade, os direitos dos cidadãos.
Por outro lado, é na verdade contrário à equidade, podendo ser exorbitante, dentro de qualquer critério de acesso a cuidados relativos à saúde, tratar do mesmo modo um acto isolado - ou intervenção (não percebi a diferença... mas deve ser uma questão de designação cara à profissão) - e uma série de intervenções, como é exemplificado.

  Ah!, as palavras...

Galiza - os nossos vizinhos (ou irmãos?)

Já passou uma semana. O salto a Galiza, para participar numa iniciativa da Union do Povo Galego, além de muito agradável dada a hospitalidade e a descoberto sempre renovada de proximidades e identidades (para além da língua...), foi muito útil, para já no plano pessoal. 
Além de toda a simpatia, encheram-nos de "prendas", livros e documentação, como estes dois cadernos de formação da Confederación Intersindical Galega - Fundação para o estudo e a divulgación da cuestión social  e sindical en Galiza.

Um, coordenado pelo professor de Economia Política na Universidade Nacional do Rosário, Argentina, Júlio Gambita.


Outro, da autoria de Xavier Vence, catedrático de Economia Aplicada, da Universidade de Santiago de Compostela, que foi co-interveniente no programa em que participámos, e de que falaremos noutra mensagem.

Urgente!

Recebido de mail amigo:


Obrigado, amigo!

sexta-feira, dezembro 23, 2011

Uma nota só...

Há pontos sem nó?
Aqui há uns dias ou semanas, quando se falava na hipótese da China poder vir em auxílio da "Europa" (ou do euro...), foi dito - ou foi possível ler - que não senhor, dali não viria ajuda. Dito pelos propriamente ditos. Mas também se insinuou, no que fez a vez de resposta ao S.O.S. euro...peu, que lá em "commodities", em "comprar coisas" estaria a China interessada.
Como se vê...

Com a luz amarelada

No que respeita às decisões económicas, a chamada privatização da EDP, que mais não é - e tanto é! - que a venda do pacote de acções ainda detido pelo Estado português, tem uma importância transcendente. A venda dos 21,35% do capital social da EDP que sobravam do processo de privatização iniciado por Cavaco Silva como primeiro.ministro, ilumina a entrega do que é património nacional a entidades estrangeiras, numa avalanche negocial, apenas movida por critérios financeiros e de curto prazo.
Como muito bem se sublinha na posição do PCP (que se pode ler e "ouver" aqui) à empresa nacionalizada se deve a extensão da luz eléctrica a todo o País depois do 25 de Abril de 1974, como inestimável serviço público. Após o começo do processo de privatização, o objecto da EDP passou a ser o de diversificar (em grupo) as actividades e de as expandir internacionalmente, unicamente com intuitos de multiplicação de capital financeiro, não hesitando em endividar-se nesse tipo de gestão em que o objecto da sociedade foi subalternizado.
Neste blog se fizeram anotações a este processo, desde a dimensão do endividamento da empresa ao "leilão" do pacote de acções detido pelo Estado. Previu-se que esse "leilão" iria entregar a posição dominante à concorrente alemã, numa escolha estratégica. Engano.
O negócio prevaleceu. Como teria prevalecido se outra tivesse sido a opção, embora com outra cambiante. O capitalismo funciona contraditoriamente, o capitalismo financeiro é contraditório e autofágico. Salvo erro (e omissões), o endividamento foi mais forte que qualquer outra condição, e a empresa chinesa responde melhor a esse estrangulamento empresarial que essa circunstância impõe. E, contraditoriamente, a privatização-chave desta série anunciada foi para uma empresa de Estado, e de um país chamado China e dirigido por um partido comunista!
É de ficar amarelo!

Nivelar abaixo dos mínimos?

Em 1958, no Tratado de Roma afirmava-se um princípio social: a igualização no progresso.
Era um princípio, e nunca teve fim prático porque a relação de força nunca conseguiu impô-lo, ou melhor: a relação de forças dominante sempre o conseguiu impedir. Coisas da luta de classes
Segundo o princípio, nos 6 países fundadores de Comunidade Económica Europeia (hoje União Europeia) e até Maastrich, isto é, até serem 15 os Estados-membros, estes deveriam, segundo os Tratados, promover, individualmente e em cooperação, as políticas que levassem a que, progressivamente, fossem igualizando os seus níveis sociais.
Mas princípios afirmam-se,  as promessas fazem-se, os votos ganham-se, e o capital é quem mais ordena porque o povo não sabe (ou esquece-se) que é ele quem mais ordena.
Veja-se esta notícia: 

Troika pressiona salários na Grécia

O Fundo Internacional Monetário, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu exigiram, dia 13, em Atenas, que o governo grego reduza o salário mínimo nacional de 751 para 450 euros.

A troika reclamou também a revogação do acordo alcançado no Verão entre o patronato e sindicatos, que prevê a manutenção do salário mínimo e actualizações salariais de 1,5 por cento desde Junho e de 1,7 por cento em 2012, abaixo da inflação que ronda os três por cento.

Pretendendo rebaixar os custos salariais por todos os meios, a troika pressiona ainda o governo helénico para que reduza drasticamente as contribuições patronais para a Segurança Social.

Em conferência de imprensa, o ministro grego do Trabalho, Iorgos Kutrumanis, afastou a hipótese de reduzir o salário mínimo nacional, afirmando que essa medida «está fora de qualquer discussão».

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A Grécia sempre a servir de "lebre" nesta corrida de "galgos"!

SÓ A LUTA! De cada um e de todos!

quinta-feira, dezembro 22, 2011

Na Rússia - no maior país do mundo

em avante!

Comunistas prometem
novas legislativas

O Partido Comunista da Federação Russa (PCFR) garantiu que, se o seu candidato triunfar nas presidenciais de 4 de Março de 2012, serão realizadas novas eleições legislativas. O partido já anunciou a intenção de voltar a propor Guennadi Ziuganov para o cargo e apelou à concentração de forças na sua candidatura.

O sufrágio para a Duma Estatal, no qual os comunistas alcançaram um resultado que os coloca como a segunda força política do país, tem sido amplamente contestado. O PCFR considera que as legislativas realizadas a 4 de Dezembro último «não foram honestas e livres», mas antes «uma farsa».

Ziuganov apelou aos russos, a semana passada, para que dirijam os protestos contra a política concreta imposta por Dmitri Medvedev e Vladimir Putin, e alertou para o perigo de manipulação da legítima revolta popular, nomeadamente pelo imperialismo, experiente em promover as chamadas «revoluções coloridas».

«A consciência popular acorda e é impossível pôr fim a esse processo», disse o presidente do PCFR antes de garantir que os comunistas «contribuirão para ele com todas as forças».

«O PCFR chama a atenção dos cidadãos da Rússia para a actividade das forças que participaram na destruição da URSS e no bacanal ieltsinista. O seu objectivo é a tomada do poder. O seu confronto com o dueto Putin-Medvedev representa uma luta de clãs oligarcas corruptos», afirmou, citado pela Lusa.

«Uns e outros – continuou – estão longe da verdadeira democracia, dos interesses nacionais do país, e todos eles, sob diferentes bandeiras, servem a submissão do país ao imperialismo», concluiu.

Poder local e poder central

Tópicos para a declaração política geral, na Assembleia Municipal de Ourém de hoje, em nome do Grupo CDU por Ourém:

• Tal como na reunião do ano passado neste mesmo dia e mês, começar por referir a necessidade de reservar o pouco tempo, como um membro em 39, para uma Ordem de Trabalhos, com o Orçamento para 2012 e as Opções do Plano;
• Sublinhar as expectativas para o ano que vem aí, com todas as medidas socialmente gravosas já tomadas e “em estaleiro”, recusando a inevitabilidade ou o fatalismo e, como então foi dito, desde que, neste caminho que vem sendo trilhado não procuremos safar-nos individualmente, cada um a tentar passar entre os pingos da chuva quando o que está a cair é uma carga de água, uma enxurrada;
• Salientar que, então, estávamos a lutar contra os PECs consecutivos, e que, um ano depois, confrontamos a sequência desses documentos, este acordo de “troikas”, que nos foi sendo imposto até ser uma imposição servilmente aceite, e de tal modo que se põe em causa o mais intrínseco da nossa soberania nacional;
• Se num caminho que se segue obstinadamente e com excesso de zêlo, como se outros não houvesse, há que relevar as diferenças que vieram condicionar a nossa intervenção enquanto eleitos neste órgão cimeiro do poder local;
• Em 2010, a maioria local PS quase passava uma esponja, nas suas posições e no fundamento político dos seus documentos previsionais, sobre os constrangimentos que lhe eram provocados pelo poder central de maioria PS, hoje, deve chamar-se a atenção para como o executivo sublinha esses constrangimentos, por virem, agora, de uma maioria parlamentar de que o PS está ausente;
• Afirmar que, se se fizer ao invés o percurso histórico de 3 décadas, não faltariam exemplos flagrantes destas alterações nas relações entre o poder local e o poder central, ao sabor das sintonias ou das oposições entre PS, PSD e CDS;
• Referir que se trata, na verdade, de verdadeiras lições de prática político-partidária que, além da descredibilização que trouxeram à vida política, mais agudamente se colocam hoje, quando o tempo é de ameaças sobre o poder local, que tantas vezes também foi capaz de contrariar esses jogos de alternância estritamente partidária, em virtude da proximidade do poder local dos cidadãos e dos seus problemas, numa difícil mas ainda assim conseguida democratização.

quarta-feira, dezembro 21, 2011

Sobre a 2ª revisão do acordo "troikado"

Isto tem de ser dito!


A luta continua!
Cada dia mais indispensável, mais inadiável!


Reflexões lentas - vencedores e vencidos da vida

Insistente e insidiosamente, está instalada a ideia de que Álvaro Cunhal é "um vencido” e que Mário Soares é “um vencedor”.
Por princípio, recuso este tipo de valorações e etiquetagens. Mas, num outro dia, em conversa amiga, aquela ideia apareceu com contornos de consenso irrecusável. Fiquei por reagir.
Numa insónia – por isso não me fazendo perder tempo, antes procurando ganhar sono – assaltou-me “isto” que segue.
Ora vejamos.

Um ser humano vence ou não vence na sua vida a partir do que ele (e as suas circunstâncias) o fizeram querer que fosse a sua vida.
Para Mário Soares, a sua vida, pode avaliar-se pelos seus (dele) resultados eleitorais.
Teve derrotas pessoais estrondosas. Enumerem-se alguns. Apostou-se todo, pessoalmente, no processo eleitoral que levaria Almeida Santos a 1º ministro e alcançou metade da percentagem necessária, jogou-se (a nosso ver estupidamente) numa batalha para ser eleito presidente do Parlamento Europeu e levou um “correctivo” (vergonhoso para um ex-Presidente da República) de uma senhora de direita que ele tanto menosprezara que foi insultuoso, candidatou-se serodiamente a Presidente da República como se fosse o dono do lugar (de hortaliça?), e levou uma "banhada" de Cavaco Silva e, internamente, de Manuel Alegre, vingativo, patrocinou a candidatura de Fernando Nobre contra o “amigo que o desconsiderara” e foi uma coisa de fazer pena, por último, e para estabelecer uma “ponte” para Álvaro Cunhal, se não fosse a o empenho deste mobilizando os eleitores comunistas, teria perdido desastradamente as eleições da 2ª volta contra Freitas do Amaral.
Em contrapartida, Álvaro Cunhal, além do objectivo nuclear da sua vida de ser coerente com a sua concepção de vida e de ser humano, que venceu inteiramente sem falhas, foi definindo objectivos, nas condições históricas concretas, que foi vencendo (com outros, em colectivo). Na fuga de Peniche, na correcção do desvio de direita, no relatório Rumo à Vitória, na transformação de um golpe militar num processo revolucionário, na criação de condições para uma democracia avançada, no evitar de uma situação que poderia vir a ser de violência e guerra civil, na elaboração e promulgação de uma Constituição que, apesar dos tratos de polé, é um espinho em todo o processo contra as conquistas da revolução, no contributo para que o povo português não tivesse sido mais um a sofrer o vírus da “orfandade da União Soviética”, contribuindo de forma decisiva para se manter um partido com nome, símbolo e base teórica marxista-leninista e uma central sindical de classe, que hoje tão necessários são e tanta falta fazem noutros lugares. Também, o que, evidentemente, nada tem a ver com vitórias ou derrotas, teve um enterro como outro não houve (nem haverá, proximamente…), em Portugal.
Nunca se tratou, pelo menos de um lado, de competição entre dois homens. Por isso, tanto perdeu o "vencedor" e tanto venceu o "perdedor".

Gostámos e não gostámos de ter preenchido a insónia com este escrito. Coisas da dialéctica…

terça-feira, dezembro 20, 2011

Juntos pela Paz

Breves - "terrorismo" social

Emprego

Dias de indemnização por despedimentos podem passar a oito (Renascença)
O Governo prepara-se para reduzir ainda mais o número de dias de indemnização por despedimento – dos actuais 20 dias para entre oito a 12 dias. A medida deve ser aplicada já a partir do próximo ano.
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Vivem-se tempos de "terrorismo" social praticado por "terroristas" que, de vez em quando, no meio de ou após "bombas" letais como esta, distribuem pensos rápidos. "Democracia" oblige...



Crónica de tópicos, ou tópicos para muitas crónicas sobre o dia de ontem

… ou (mais uma) crónica sobre o dia de ontem. Partes aqui publicáveis.

Da Galiza trouxemos muito. Dentro de nós, ou agarrado a nós. A fazer “pontes”. Como o foi, em nós gravada, esta já conhecida gravação.


E o calor de umas hospitalidade e amizade a entretecer. Obrigados.

Depois, no regresso aos espaços nossos e a tempos que nossos foram, a vivência de coisas já cronicadas. Emoções contidas e a controverter em força para a luta.
Quase como se tivesse de ser assim, fui jantar, queridamente só e num restaurante revisitado talvez com mais de uma década de intervalo, na Rua do Sol ao Rato. Por “razões” que estes tópicos desconhecem, mas outras crónicas poderão talvez vir a recuperar noutros suportes de registo de emoções.
Por cima do prato e dos talheres, uma televisão aberta com som quase inaudível, à mão de semear tópicos, a toalha de papel. E eles aqui estão, alguns…, para colher crónica blogueira.

Em muitos concelhos deste nosso País, as cantinas das escolas estão abertas, a servir refeições para que milhares de criança tenham ao menos uma refeição por dia. Um arrepio por dentro. E não de frio.
Os bombeiros vão à falência, e criarão miles desempregados se se cumprirem ordens da troika quanto ao transporte de doentes e, destes, noutras alturas se falou e falará.
O Natal. O natal dos sacos de caridade para a miséria que não se escondeu e se revela, o natal da satisfação empresarial por os perús estarem em quebra de stock tal a procura, o natal do bacalhau (do mais caro, de seca amarela), que se esgotou em lojas onde vão gentes de posses, e que deste bacalhau comem
No mesmo País, neste que as estatísticas, entre tanto que ficcionam e manipulam, mostram ser dos de maior desigualdade na distribuição dos rendimentos (nos quase 40 membros da OCDE, pior só os Estados Unidos, Israel, a Turquia, a Argentina e Chipre).
Que País é este? Em que os nossos representantes, porque por processo eleitoral nos governam, são verdadeiros ”gestores de falência”. Que, como tal actuam, evitando todos os risco para si, seus confrades e mandantes? Que País é este? É aquele em que quero viver. Para ajudar a mudá-lo! Não aceitando ser cúmplice por desistência ou demissão.

Ainda um último tópico para a crónica. Sobre a política internacional.
Quase todo o espaço preenchido com a Coreia do Norte. Pela morte do seu dirigente, pelo ensaio nuclear. Não ouvi o que foi dito, mas vi as imagens finais:, de uma reunião do Comité Central do Partido Comunista Português, onde me vislumbrei.
Não ouvi. Mas sei (e senti) que fomos violentamente agredidos. Não eu que ali estava a jantar, digerindo emoções. Todos os que tenham visto e ouvido.

Ontem foi 19 de Dezembro

Ontem, foi 19 de Dezembro. Uma data que nos diz muito. Sobre o mesmo episódio, de maneira diferente segundo as características de cada um de nós.
Mas não foi só o assassinato de José Dias Coelho. Dezembro de 1961 foi um mês que deixou muitas efemérides. Por exemplo, o dia 19 não foi apenas a data desse crime bárbaro. A tomada de Goa, Damão e Diu pela União Indiana consumou-se nesse mesmo dia.
Este outro episódio histórico tem aspectos reveladores não só da desesperada tentativa do fascismo português para combater "os ventos da História", como da desumanidade do ditador. Se Salazar tivesse sido obedecido, os militares portugueses nos três territórios de administração portuguesa na União Indiana teriam oposto uma resistência "de sacrifício" às tropas indianas, 
Foi a primeira evidente derrota colonial portuguesa, e Salazar queria que tivesse sido um massacre.
E nunca perdoou.
Depois da troca de prisioneiros, em que Salazar colocou muitas reticências e dificuldades, houve casos "esquecidos" que a investigação histórica deveria lembrar. Como mero caso individual (mas humanamente relevante), não esqueceremos um jovem indiano "satyaghra" (pacifistas na linha de Ghandi) que, por ser presioneiro de Portugal por ter participado numa manifestação pacifista contra a presença de Portugal na Índia, bem antes de Dezembro de 1961, não entrou na "contas" dessas trocas de prisioneiros, pelo que, em 1964, estava "esquecido" em Caxias. Por mais que houvesse quem se esforçasse para que ele fosse lembrado...     

segunda-feira, dezembro 19, 2011

José Dias Coelho - nos 50 anos do seu assassinato - 6

Fecho o dia de hoje, este dia assim, sem tocar em outro tema. Embora com muito a querer ser dito sobre tanta coisa. Mas, hoje... foi um dia assim.

Corremos da Galiza para Ourém.
Logo depois, deixei que o “expresso” me transportasse a Lisboa. Fui até ao Largo do Calvário, subi a Rua Dias Coelho, e andei por ali a pé, a recuar meio século no “meu tempo”. Pelos mesmos sítios de 19 de Dezembro de 1961, parando onde então parei o carro, caminhando, em caminho inverso, os que teriam sido os passos de José Dias Coelho, reconstituídos no processo dos “pides” que o assassinaram, e que foram louvados em 1961, e que tiveram todas as atenuantes em julgamento e recurso em 1976, incluso a de terem merecido o louvor por terem cumprido a sua missão, assassinando um comunista. Era assim o fascismo. Não erradicado.
Juntámo-nos, hoje, 50 anos depois, para o lembrar. Gritando “Fascismo nunca mais”. Mas quantos éramos?, quantos somos?
Foi contidamente comovente a cerimónia. De luta que continua.
Mais do que qualquer de nós, Margarida Tengarrinha teve a voz controlada, o tom firme, as palavras certas. “Servindo-se” do acto para dizer o que tem de ser dito, lembrado, ensinado. E também o que tem de ser dito, lembrado, ensinado – e foi-o por uma mulher que tinha 33 anos em 1961, e era companheira e mãe –: que somos seres humanos, com vida íntima, afectos, sofrimentos, e que lutarmos sempre. Porque só lutando somos.

Assim fechei o dia assim…