sexta-feira, dezembro 09, 2011

Reflexão lenta E HOJE

Se há sentimentos em relação aos quais devamos estar muito atentos, um é o da auto-satisfação. 
Mas, por vezes, é difícil fugir a ele.
Ver consecutivamente confirmadas posições - sobretudo, previsões - por nós deixadas, com a humildade que nos exigimos - o que não quer dizer que sempre sejamos capazes de cumprir... -, convida a esse sentimento.
Bem se pode moderar tal sentimento  com a consciência de que as posições e, evidentemente, as previsões e prevenções, não foram de alvedrio pesssoal mas que são o resultado de uma inserção numa corrente colectiva de pensamento e de avaliação, tal só torna em partilhada a auto-satisfação pessoal. Vem esta reflexão a propósito de hoje.
É que, hoje, ao confrontarem-se os resultados da "cimeira", apetece mesmo dizer "pois, só podia ser isto!, que outra coisa esperar?", e partir para a auto-citação "tal como nós dissemos..." (e arrolar datas, desde há 50 anos, de posições tomadas, de conferências partidárias, de declarações à comunicação social, de textos colectivos, de escritos pessoais).
Até porque, no muito curto prazo, por aqui foram deixadas opiniões e breves notas (estas com toda a estrita responsabilidade pessoal) chamando a atenção para a importância do Reino Unido no imbróglio da União Europeia, que se fazia de conta não existir, que ignorava avestruzmente.
Agora, no dia de hoje, parece ter sido descoberto que o Reino Unido fazia parte do processo de integração capitalista europeia, como acontece desde o final dos anos 50, primeiro em rota ao lado, depois (desde 1972) como parceiro interno e inteiro.
Agora, no dia de hoje, parece ter sido descoberta aquela coisa do opting-out, cuja existe há 20 anos - e não só para o Reino Unido! -, e lamenta-se a ausência de unanimidade. Unanimidade que, ao fim e ao cabo, seria a aceitação obediente do que um directório a dois antes acordou (só lembra um grupo coral formado por muitos em que só dois cantam a música feita por, e para, um...).
Da nossa parte, e para já, apenas se sublinha que, como resposta de classe a uma realidade em mutação, a União Europeia é - melhor: foi! - um desastre. O grande - o grave e perigosísmo - problema é que está na natureza do capitalismo a fuga para a frente.

Só a luta (que é de classes) poderá travar e inverter este caminho.
  

6 comentários:

Olinda disse...

Muita luta que hoje se torna muito dificil devido ao controlo dos meios de informaçao.Quando os opinadores oficiais nos fazem lavagens diárias ao cérebro,em nome de uma democracia (deles)sobre a importancia da integraçao europeia,blá,blá,blá...

Maria João Brito de Sousa disse...

Sem dúvida! Cada vez mais é de classes, a grande luta que hoje se trava!

Graciete Rietsch disse...

Bem fez a Inglaterra. Pois se ela nem é da zona euro? Solidariedade com quem ataca os trababalhadores não seria muito louvável, apesar de ela não estar de modo algum isenta de culpas. Mas defendeu a sua soberania e influência junto dos países a ela associados.
Não sei se estou a ver bem o problema, mas é o que me pareceu depois do pouco que ouvi e li.
Já não consigo ler ou ouvir os nossos comentaristas.

Um beijo.

Graciete Rietsch disse...

Bem fez a Inglaterra. Pois se ela nem é da zona euro? Solidariedade com quem ataca os trababalhadores não seria muito louvável, apesar de ela não estar de modo algum isenta de culpas. Mas defendeu a sua soberania e influência junto dos países a ela associados.
Não sei se estou a ver bem o problema, mas é o que me pareceu depois do pouco que ouvi e li.
Já não consigo ler ou ouvir os nossos comentaristas.

Um beijo.

trepadeira disse...

A Inglaterra parece entre querer servir-se no prato da Europa,convidando sempre os amigos americanos e sem perder de vista os interesses deles.

Está a desmoronar-se algo que nunca existiu.Só existiram exploradores.

Pois que nos paguem o que nos devem e nos deixem em paz.
Vamos à luta,é o único caminho.

Um abraço,
mário

J Eduardo Brissos disse...

A Cimeira para acabar com todas as Cimeiras, ou o Euro já acabou, mas ninguém quer dar a notícia.