Se há sentimentos em relação aos quais devamos estar muito atentos, um é o da auto-satisfação.
Mas, por vezes, é difícil fugir a ele.
Ver consecutivamente confirmadas posições - sobretudo, previsões - por nós deixadas, com a humildade que nos exigimos - o que não quer dizer que sempre sejamos capazes de cumprir... -, convida a esse sentimento.
Bem se pode moderar tal sentimento com a consciência de que as posições e, evidentemente, as previsões e prevenções, não foram de alvedrio pesssoal mas que são o resultado de uma inserção numa corrente colectiva de pensamento e de avaliação, tal só torna em partilhada a auto-satisfação pessoal. Vem esta reflexão a propósito de hoje.
É que, hoje, ao confrontarem-se os resultados da "cimeira", apetece mesmo dizer "pois, só podia ser isto!, que outra coisa esperar?", e partir para a auto-citação "tal como nós dissemos..." (e arrolar datas, desde há 50 anos, de posições tomadas, de conferências partidárias, de declarações à comunicação social, de textos colectivos, de escritos pessoais).
Até porque, no muito curto prazo, por aqui foram deixadas opiniões e breves notas (estas com toda a estrita responsabilidade pessoal) chamando a atenção para a importância do Reino Unido no imbróglio da União Europeia, que se fazia de conta não existir, que ignorava avestruzmente.
Agora, no dia de hoje, parece ter sido descoberto que o Reino Unido fazia parte do processo de integração capitalista europeia, como acontece desde o final dos anos 50, primeiro em rota ao lado, depois (desde 1972) como parceiro interno e inteiro.
Agora, no dia de hoje, parece ter sido descoberta aquela coisa do opting-out, cuja existe há 20 anos - e não só para o Reino Unido! -, e lamenta-se a ausência de unanimidade. Unanimidade que, ao fim e ao cabo, seria a aceitação obediente do que um directório a dois antes acordou (só lembra um grupo coral formado por muitos em que só dois cantam a música feita por, e para, um...).
Da nossa parte, e para já, apenas se sublinha que, como resposta de classe a uma realidade em mutação, a União Europeia é - melhor: foi! - um desastre. O grande - o grave e perigosísmo - problema é que está na natureza do capitalismo a fuga para a frente.
Só a luta (que é de classes) poderá travar e inverter este caminho.
6 comentários:
Muita luta que hoje se torna muito dificil devido ao controlo dos meios de informaçao.Quando os opinadores oficiais nos fazem lavagens diárias ao cérebro,em nome de uma democracia (deles)sobre a importancia da integraçao europeia,blá,blá,blá...
Sem dúvida! Cada vez mais é de classes, a grande luta que hoje se trava!
Bem fez a Inglaterra. Pois se ela nem é da zona euro? Solidariedade com quem ataca os trababalhadores não seria muito louvável, apesar de ela não estar de modo algum isenta de culpas. Mas defendeu a sua soberania e influência junto dos países a ela associados.
Não sei se estou a ver bem o problema, mas é o que me pareceu depois do pouco que ouvi e li.
Já não consigo ler ou ouvir os nossos comentaristas.
Um beijo.
Bem fez a Inglaterra. Pois se ela nem é da zona euro? Solidariedade com quem ataca os trababalhadores não seria muito louvável, apesar de ela não estar de modo algum isenta de culpas. Mas defendeu a sua soberania e influência junto dos países a ela associados.
Não sei se estou a ver bem o problema, mas é o que me pareceu depois do pouco que ouvi e li.
Já não consigo ler ou ouvir os nossos comentaristas.
Um beijo.
A Inglaterra parece entre querer servir-se no prato da Europa,convidando sempre os amigos americanos e sem perder de vista os interesses deles.
Está a desmoronar-se algo que nunca existiu.Só existiram exploradores.
Pois que nos paguem o que nos devem e nos deixem em paz.
Vamos à luta,é o único caminho.
Um abraço,
mário
A Cimeira para acabar com todas as Cimeiras, ou o Euro já acabou, mas ninguém quer dar a notícia.
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