Está-se distraído da televisão acesa, a fazer coisas que se antolham mais úteis ou agradáveis, e vê-se, de passagem, uma cara que pareceu conhecida, na platea da Guarda que ouvia o discurso (sempre desinteressante e, por vezes, irritante) do 1º minstro. E eis que este sauda o "exemplo de empresário de sucesso de Dias Loureiro", que sempre era o dono da cara que me parecera reconhecer.
Espantei-me do que julguei despudor no uso das palavras. Julgava Dias Loureiro exemplo... mas de outras coisas.
Fui consultar recortes e fotos do ex- ministro de Cavaco e conselheiro de Estado, que julgava em Cabo Verde.
«(…) Quando saiu do governo, José
Roquette convidou Dias Loureiro para integrar a
Plêiade. O grupo estava na altura modestamente avaliado em cerca de 1 milhão e
700 mil contos. Dias Loureiro aceitou o repto. Ficou com uma "stock
option" até 15 % da "holding" do grupo e mais 7 % na repartição
dos lucros. As acções foram baratas e estavam muito longe da valorização
conseguida nos anos seguintes com a liderança de Dias Loureiro. É nesta altura
que começa a ganhar dinheiro através das amizades que estabelecera nos tempos
de ministro. "Os contactos na política ajudaram, mas não tem nada de
mal", reconheceu diante da jactância das primeiras contradições no seu
processo de ligação ao BPN. O dinheiro chega-lhe dos investimentos na
Bolsa de Valores e dos bem sucedidos negócios de Marrocos. Marrocos é
todo ele um imenso oásis. Desloca-se por várias vezes ao país norte-africano em
jactos particulares, onde continua a ser tratado como "monsieur, le ministre",
e priva com o influente ministro do Interior marroquino - de quem ficara amigo
e que goza de boa influência junto do rei Hassan II. Dias Loureiro consegue
garantir uma concessão no fornecimento de água e electricidade a Rabat e
prepara-se para o seu primeiro milhão. A Águas
de Portugal recusa a parceria, a EDP aceita e Dias Loureiro envolve a empresa espanhola Dragados. "Os
marroquinos confiam em mim e sabem que não é apenas o empresário que está ali,
mas um homem com uma certa visão do mundo", explicou na altura. O negócio
da Redal - empresa que assume a liderança - exige um forte investimento, mas
irá revelar-se muito lucrativo na hora da venda já na órbita do grupo SLN/BPN.
Em 2000, José Roquette confessa a Dias Loureiro
estar "cansado" e disponibiliza-se para vender o grupo. O negócio é
apresentado a José Oliveira e Costa. O antigo secretário de Estado
do PSD propõe-se comprar tudo por 11 milhões de contos. Dias Loureiro recebe 1
milhão e 650 mil contos. Está ganho o primeiro milhão. Investe idêntica quantia
em acções da Sociedade Lusa de Negócios (SLN) e torna-se administrador
executivo do grupo detentor do BPN e de várias empresas herdadas da Plêiade. O
lustroso negócio de Marrocos acaba por sair do grupo SLN/BPN por pressão de
alguns accionistas preocupados com a instabilidade política provocada pela
sucessão de Hassan II. Dias Loureiro usufrui generosamente dos lucros da venda
a um grupo francês. "As pessoas vêem que ganhei dinheiro, mas não vêem que
trabalhei sempre muito. E fiz negócios bem sucedidos", acrescentou ao Diário
de Notícias.*
* - De acordo com a edição de 8 de junho de 2009, o ex-administrador da
Sociedade Lusa de Negócios, dona do BPN antes do banco ser nacionalizado,
escapou à penhora, depois de os investigadores terem analisado detalhadamente o
seu património. As conclusões desta análise mostraram que os imóveis estão
registados em nome de familiares ou pertencem a empresas sediadas em paraísos
fiscais. Além disso, as contas bancárias que o antigo braço direito de Oliveira
Costa no BPN tem em seu nome possuam saldos médios que não ultrapassam os cinco
mil euros.
(Wikipédia)
---------------------------------------------------
« (...) O ex-conselheiro de Estado foi,
ontem, constituído arguido devido à sua ligação ao chamado negócio de Porto
Rico, o qual terá provocado um prejuízo de 40 milhões de euros ao BPN. Em causa
podem estar crimes de burla e falsificação de documentos.
Daí, a Dias Loureiro apenas ter
sido aplicado o termo de identidade e residência (TIR) como medida de coacção.(...) »
(Diário de Notícias, de 8 de Junho de 2009)
assim,
nestes tempos,
se "fazem"
(e se dão exemplos!)
empresários de sucesso....
1 comentário:
Não têm pingo de vergonha!!!
Enviar um comentário