sexta-feira, maio 01, 2015

Coisas que nos apanham distraídos

Está-se distraído da televisão acesa, a fazer coisas que se antolham mais úteis ou agradáveis, e vê-se, de passagem, uma cara que pareceu conhecida, na platea da Guarda que ouvia o discurso (sempre desinteressante e, por vezes, irritante) do 1º minstro. E eis que este sauda o "exemplo de empresário de sucesso de Dias Loureiro", que sempre era o dono da cara que me parecera reconhecer.
Espantei-me do que julguei despudor no uso das palavras. Julgava Dias Loureiro exemplo... mas de outras coisas.
Fui consultar recortes e fotos do ex- ministro de Cavaco e conselheiro de Estado, que julgava em Cabo Verde.

«(…) Quando saiu do governo, José Roquette convidou Dias Loureiro para integrar a Plêiade. O grupo estava na altura modestamente avaliado em cerca de 1 milhão e 700 mil contos. Dias Loureiro aceitou o repto. Ficou com uma "stock option" até 15 % da "holding" do grupo e mais 7 % na repartição dos lucros. As acções foram baratas e estavam muito longe da valorização conseguida nos anos seguintes com a liderança de Dias Loureiro. É nesta altura que começa a ganhar dinheiro através das amizades que estabelecera nos tempos de ministro. "Os contactos na política ajudaram, mas não tem nada de mal", reconheceu diante da jactância das primeiras contradições no seu processo de ligação ao BPN. O dinheiro chega-lhe dos investimentos na Bolsa de Valores e dos bem sucedidos negócios de Marrocos. Marrocos é todo ele um imenso oásis. Desloca-se por várias vezes ao país norte-africano em jactos particulares, onde continua a ser tratado como "monsieur, le ministre", e priva com o influente ministro do Interior marroquino - de quem ficara amigo e que goza de boa influência junto do rei Hassan II. Dias Loureiro consegue garantir uma concessão no fornecimento de água e electricidade a Rabat e prepara-se para o seu primeiro milhão. A Águas de Portugal recusa a parceria, a EDP aceita e Dias Loureiro envolve a empresa espanhola Dragados. "Os marroquinos confiam em mim e sabem que não é apenas o empresário que está ali, mas um homem com uma certa visão do mundo", explicou na altura. O negócio da Redal - empresa que assume a liderança - exige um forte investimento, mas irá revelar-se muito lucrativo na hora da venda já na órbita do grupo SLN/BPN.
Em 2000, José Roquette confessa a Dias Loureiro estar "cansado" e disponibiliza-se para vender o grupo. O negócio é apresentado a José Oliveira e Costa. O antigo secretário de Estado do PSD propõe-se comprar tudo por 11 milhões de contos. Dias Loureiro recebe 1 milhão e 650 mil contos. Está ganho o primeiro milhão. Investe idêntica quantia em acções da Sociedade Lusa de Negócios (SLN) e torna-se administrador executivo do grupo detentor do BPN e de várias empresas herdadas da Plêiade. O lustroso negócio de Marrocos acaba por sair do grupo SLN/BPN por pressão de alguns accionistas preocupados com a instabilidade política provocada pela sucessão de Hassan II. Dias Loureiro usufrui generosamente dos lucros da venda a um grupo francês. "As pessoas vêem que ganhei dinheiro, mas não vêem que trabalhei sempre muito. E fiz negócios bem sucedidos", acrescentou ao Diário de Notícias.*
* - De acordo com a edição de 8 de junho de 2009, o ex-administrador da Sociedade Lusa de Negócios, dona do BPN antes do banco ser nacionalizado, escapou à penhora, depois de os investigadores terem analisado detalhadamente o seu património. As conclusões desta análise mostraram que os imóveis estão registados em nome de familiares ou pertencem a empresas sediadas em paraísos fiscais. Além disso, as contas bancárias que o antigo braço direito de Oliveira Costa no BPN tem em seu nome possuam saldos médios que não ultrapassam os cinco mil euros.
(Wikipédia)
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« (...) O ex-conselheiro de Estado foi, ontem, constituído arguido devido à sua ligação ao chamado negócio de Porto Rico, o qual terá provocado um prejuízo de 40 milhões de euros ao BPN. Em causa podem estar crimes de burla e falsificação de documentos.
Daí, a Dias Loureiro apenas ter sido aplicado o termo de identidade e residência (TIR) como medida de coacção.(...) »
(Diário de Notícias, de 8 de Junho de 2009)

assim,
nestes tempos,
se "fazem"
(e se dão exemplos!)
empresários de sucesso....

1 comentário:

Unknown disse...

Não têm pingo de vergonha!!!