Glosando um a "cem por cento" de Nicolau Santos, saíu-me esta reflexão. No meu despacho está Publique-se. Pois publique-se:
Certificados de aforro são… certificados que o Estado, pelo Governo, passa a aforradores para… certificar que estes têm disponibilidades que pretendem aforrar. Mais claro que isto não se pode ser!
Suponhamos uma senhora a quem os pais deixaram, em tempos, umas pequenas propriedades que ela alienou por não ter capital para investir em imobiliário e por haver quem, tendo-o, adquiriu as pequenas propriedades por estarem em área urbanizável.
Dessa operação financeira, em que uma vende terreno e outro compra solo para construir, vencidas todas as complicações burocráticas e cadastrais que complicam tudo o que é pequeno ou de pequena monta, resultou que a senhora ficou com um cheque, convertível em notas ainda de contos de reis.
Depois de resolver uns problemazitos e de fazer umas bondades e benfeitorias, a senhora ficou com umas notas de sobra. Demasiadas para serem metidas em pé-de-meia, ou para depositar no banco, à ordem ou até mesmo a prazo. Vai daí, aconselhou-se e dos conselhos concluiu que, uma vez que não pretendia fazer aplicações seguras (quais?) ou, eventualmente, especular, o melhor seria comprar… certificados de aforro. O dinheirinho ficava em segurança, à guarda do Estado, rendia uns jurozitos, pequenos mas certos, e ela ficava tranquila.
Entretanto, nesta financeirização que se caotiza, isto é, que se vai tornando num caos, tudo se baralhou.
Para essa baralhação, antecâmara do caos, o(s) Governo(s) deu (deram) um contributo inestimável. Ao serviço dos interesses de que está(ão), não distingue(m) bancos de depósito e bancos de aplicações de fortunas, põe(m) a especular fundos de pensões e outras liquidezes que haveria que assegurar que não corriam riscos, trata(m) do mesmo modo o que é poupança e o que é especulação e “economia de casino”.
Os certificados de aforro perdem especificidade e serão, até, confundidos com concorrência daquilo de que estão mais próximos, os depósitos a prazo e “produtos” dos bancos privados, os “seguros”, de saúde, de reforma e outros, em companhias privadas.
Nessa deriva, vá de alterar condições de subscrição e de remuneração (também para anteriores subscrições, isto é, com efeitos retroactivos) em desfavor de quem entra ou tivesse “entrado em jogo” com a presunção do conhecimento e do cumprimento das regras deste, que, entretanto, o Governo alterou unilateralmente.
Perdem os aforradores, que apenas queriam – e querem – segurança para as suas poupanças, e perde o Estado, que vê fugirem-lhe “massas” que são consideráveis e que muita falta lhe podem fazer.
De toda esta falta de ética – há ética nestas coisas da economia… até há um texto muito interessante de K. Marx sobre a economia política e a sua moral – junta-se a incapacidade deste Governo de, tendo tido de rever as suas decisões, embora tarde e más horas, também não reconhecer que teria errado. E, se calhar, nem errou. Fez o que queria fazer, na intenção de ser o protagonista de “menos Estado”, também no aforro e seus certificados, mas “a crise” (ah!, a crise!) obrigou-o a corrigir o tiro embora os alvejados sejam sempre os mesmos. Entre outros, os pequenos aforradores.
Suponhamos uma senhora a quem os pais deixaram, em tempos, umas pequenas propriedades que ela alienou por não ter capital para investir em imobiliário e por haver quem, tendo-o, adquiriu as pequenas propriedades por estarem em área urbanizável.
Dessa operação financeira, em que uma vende terreno e outro compra solo para construir, vencidas todas as complicações burocráticas e cadastrais que complicam tudo o que é pequeno ou de pequena monta, resultou que a senhora ficou com um cheque, convertível em notas ainda de contos de reis.
Depois de resolver uns problemazitos e de fazer umas bondades e benfeitorias, a senhora ficou com umas notas de sobra. Demasiadas para serem metidas em pé-de-meia, ou para depositar no banco, à ordem ou até mesmo a prazo. Vai daí, aconselhou-se e dos conselhos concluiu que, uma vez que não pretendia fazer aplicações seguras (quais?) ou, eventualmente, especular, o melhor seria comprar… certificados de aforro. O dinheirinho ficava em segurança, à guarda do Estado, rendia uns jurozitos, pequenos mas certos, e ela ficava tranquila.
Entretanto, nesta financeirização que se caotiza, isto é, que se vai tornando num caos, tudo se baralhou.
Para essa baralhação, antecâmara do caos, o(s) Governo(s) deu (deram) um contributo inestimável. Ao serviço dos interesses de que está(ão), não distingue(m) bancos de depósito e bancos de aplicações de fortunas, põe(m) a especular fundos de pensões e outras liquidezes que haveria que assegurar que não corriam riscos, trata(m) do mesmo modo o que é poupança e o que é especulação e “economia de casino”.
Os certificados de aforro perdem especificidade e serão, até, confundidos com concorrência daquilo de que estão mais próximos, os depósitos a prazo e “produtos” dos bancos privados, os “seguros”, de saúde, de reforma e outros, em companhias privadas.
Nessa deriva, vá de alterar condições de subscrição e de remuneração (também para anteriores subscrições, isto é, com efeitos retroactivos) em desfavor de quem entra ou tivesse “entrado em jogo” com a presunção do conhecimento e do cumprimento das regras deste, que, entretanto, o Governo alterou unilateralmente.
Perdem os aforradores, que apenas queriam – e querem – segurança para as suas poupanças, e perde o Estado, que vê fugirem-lhe “massas” que são consideráveis e que muita falta lhe podem fazer.
De toda esta falta de ética – há ética nestas coisas da economia… até há um texto muito interessante de K. Marx sobre a economia política e a sua moral – junta-se a incapacidade deste Governo de, tendo tido de rever as suas decisões, embora tarde e más horas, também não reconhecer que teria errado. E, se calhar, nem errou. Fez o que queria fazer, na intenção de ser o protagonista de “menos Estado”, também no aforro e seus certificados, mas “a crise” (ah!, a crise!) obrigou-o a corrigir o tiro embora os alvejados sejam sempre os mesmos. Entre outros, os pequenos aforradores.
3 comentários:
-Assim se vê a esperteza saloia do capital e seus servidores.
-Deve ter sido por ter compreendido estas artes do surripianço que Bordalo, desenhou de várias formas o Zé Povo: Umas quando está furibundo a desata a cacetada nos ladrões "revolução de 1383/85,lutas liberais,Instauração da Republica- 25 de Abril e Maio Vermelho-
Outras quando cai no marasmo e se deixa carregar com uma besta ficando com aquele sorriso manhoso e parvo.
Quando chegará a hora do Zé Povo acordar ~e desatar a cacetada -Porra, já é hora.
Então é isso que são certificados de aforro!!!!!!!
Só conhecia a teoria e não a prática.
Pelo que percebi a prática, é que alguns desgraçadas pertencestes ao Zé Povo se apanham com uns tostões e vai de comprar certificados, o Governo como não sabe gerir deixa isto ir por água abaixo (como tudo neste país) e lá fica de novo este Zé Povinho a "arder" novamente.
PORREIRO PÁ!!!
Haverá alguma coisa em que este governo toque que não transforme em m....???
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