terça-feira, outubro 19, 2010

3 notas - esta é a 2ª

1. Que estamos em crise, é dispensável dizê-lo. Aliás, há quem diga (e incluo-me!) que vivemos em crise porque vivemos em capitalismo e, historicamente, o capitalismo vive engendrando crise, está-lhe nos genes, como modo de produção, e como formação social porque tem uma super-estrutura correspondente. Embora todas as correspondências sejam como nos antigos selos (ainda se usam): pegadas com cuspo.
Nestes seus poucos anos de vida – é tão jovem o capitalismo!... só dois séculozinhos mais uns trocos em lustros ou décadas –, tem conseguido disfarçar razoavelmente e, às vezes, bem. Um tombo aqui, um Keynes ali, umas guerras por além, ou também locais - e por isso chamadas mundiais -, uma “guerra (que se serviu) fria” e em que mostrou artes de sobrevivência face ao perigo que chegou a espreitar.
O que, nesta hora, é de relevar é a dimensão da crise, a sua intensidade e gravidade. O excesso de monetarização da economia virou esta de pantanas. A exploração do trabalho, maneira natural de acumular dinheiro, foi-se arredondando com outras maneiras de o acumular sem se ter de produzir, repartindo e ampliando artificialmente o resultado da exploração. Está a “dar bota” porque a mais-valia criada e acaparada não dá para tudo. E a "bota" é cada vez mais difícil de descalçar porque o circuito monetário, as finanças, começaram a funcionar autonomamente, não ao serviço da economia que resulta do trabalho (vivo e cristalizado) e do que este produz, mas colocando-a, progressivamente, ao serviço da concentração e centralização do dinheiro, até a dispensando cada vez mais dessa função porque encontrou artifícios de acumular sem produzir nem trocar.
O que só adia, não tem saída, e a desorientação é enorme. Difícil de esconder!

3 comentários:

samuel disse...

É um sistema feito à medida de egoistas. Mesmo quando têm consciência de que viver da especulação e sem produzir não é sustentável globalmente... insistem na posição do "Enquanto der para mim..."

Abraço.

Graciete Rietsch disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Graciete Rietsch disse...

è preciso substituir a palavra egoísmo pela palavra solidariedade,

Um beijo.