quarta-feira, outubro 13, 2010

Os pós e as contas após

Por vezes interrogo-me sobre o que retêm as pessoas daquilo que lhes é injectado em doses maciças pela comunicação social. Os meios utilizados são de tal maneira poderosos, a carga ideológica é tão tremenda que, desta ou daquela forma, o que é inoculado tem de ter algum efeito, mesmo para os mais preparados e prevenidos.
A enxurrada de palavras ocas, de frases feitas, de lugares comuns não pode deixar de nos "entrar em casa", de procurar um cantinho e instalar-se. Mesmo quando rejeitamos muito do que nos atiram à cara, aos ouvidos, aos olhos, aos ouvidos e aos olhos ao mesmo tempo.
Vem isto a propósito, se algum propósito tem..., de querer encerrar este episódio do Prós e Contras, programa exemplar da tremenda campanha ideológica, e que, na 2ª feira, se dedicou a servir-se dos três Presidentes da República eleitos depois do 25 de Abril (os únicos eleitos em Portugal com o sufrágio na verdade universal, porque as mulheres só depois do 25 de Abril passaram a ter um estatuto cidadão igual ao dos homens).
Com o pretexto dos seus doutoramentos na Universidade (Clássica) de Lisboa, houve a intenção (isto digo eu, que tenho a mania de fazer processos de intenções...) de nos ser transmitido o dramatismo do actual momento político, com o orçamento a ser utilizado como instrumento para cumprir fins estratégicos*, e de colocar num dos prato da balança o peso dos doutorados presidentes. Não só para reforçarem a mensagem da desgraça que seria não haver orçamento e termos de viver com dudodécimos e, sobretudo, a tragédia de levar "os mercados" a acharem que somos (PS e PSD, sublinhe-se que são estes, em exclusivo, a primeira pessoa do plural, o nós majestático) incapazes de chegar a consensos - como se isso fosse a medida da responsabilidade -, mas também para ver como eles reagiam (em público!) à sugestão insinuada, pretensamente insinuante mas canhestra e inaceitável, de poderem ser mediadores nesta desesperada situação...
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O que fica de todo o aparato comunicacional nas pessoas foi o tema que me trouxe a este "post", concretamente o que teria ficado após assentarem os pós e fazerem-se as contas do Prós e Contras de 2ª feira. E acho curioso que, não tendo eu dado importância ao aplauso expontâneo que provocou o sentido de humor de Ramalho Eanes ao dizer que seria um mau mediador entre os dois partidos dada a sua "cara de pau", um comentário sublinhou-o e, hoje, num café onde passei entre mesas, ouvi cinco respeitáveis cidadãos a comentarem o programa e a dizerem - consensualmente... - que o Eanes tinha tido muita piada com aquela da "cara de pau".
É assim!, às vezes um dito de humor, uma graça, estraga um efeito que se pretendia tirar de uma acção bem armadilhada.

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* - os (parece que) 32% de défice orçamental da Irlanda têm outro tratamento bem mais benévolo pelos "mercados" que os nossos trágicos 7 ou 8% ou o número que as contHabilidades decidirem... mas isto daria para outra mensagem.

4 comentários:

samuel disse...

O Eanes tenta aguentar-se, mas agora, sob menor pressão, deixa escapar mais facilmente as suas tiradas desconcertantes.

Abraço.

Graciete Rietsch disse...

Era cara de pau, mas não deixou de cumprir a Contituição.

Um beijo.

Anónimo disse...

Email enviado a RTP ao Programa "Linha da Frente".
Um espaço de compromisso com o inconformismo, com a reportagem, com a notícia, com a verdade
“Linha da Frente” vai decifrar a realidade, com o rigor e a seriedade que a RTP já habituou os seus telespectadores. É um espaço de compromisso com o inconformismo, com a reportagem, com a notícia, com a verdade. Um espaço que não pode perder. Aqui, as respostas serão dadas.


Ontem dia 13 de Outubro de 2010 assisti ao programa "Linha da Frente", sobre o desemprego, é de lamentar a falta de profissionalismo da V/reportagem isto porque V/ não tiveram a coragem de entrevistar os muitos desempregados que existem neste pais! não se preocuparam a dar voz aquém realmente sente na pele o desemprego, assim como outro programa "Prós e Contras", faz de conta, e põe-se a assobiar para o lado!


Na V/ reportagem só deram a voz a empresários que deviam ter vergonha na cara daquilo que ejacularam pela boca fora e outros que tais que nem sabem, nem tem noção da realidade do desemprego, porque nunca passaram por esta situação e, que a maioria deles nos levou à situação em que nos encontramos, o desemprego não é um favor nem muito menos uma regalia que estes senhores empresários e esta politica nos levou.



Eu, sou um desempregado que faço parte de um exercito de desempregados e não somos só aqueles números que o governo e outras comunicação social quer fazer passar ao povo, somos muitos mas muitos mais!


Como disse acima sou desempregado de longa duração, ganho pelo fundo de desemprego aproximadamente 1.200€ por mês, comecei a trabalhar com 14 anos ! e trabalhei durante 34 anos e sempre a descontar para a segurança social e outros impostos, NÃO ROUBEI NADA A NINGUÉM !


Aquilo que recebo de fundo de desemprego é o meu dinheiro! não ando a chular como muito dos senhores ministros e secretários de estado e outros que tais!
Vocês acham que alguém me vai dar emprego com 50 anos de idade e ganhar o mesmo que ganho pelo fundo de desemprego?

Anónimo disse...

PEÇO O FAVOR QUE DEIXEM DE ENGANAR AS PESSOAS E QUE MOSTREM A VERDADE, ASSUMAM A VERDADE DA SITUAÇÃO E NÃO SEJAM PAUS MANDADOS NEM CÃES DOS SENHORES QUE UM DIA VOS VÃO MANDAR UM PONTA PÉ NO CÚ !