domingo, outubro 24, 2010

ISSO DE SER ex-PCP

1ª questão prévia: este isso de ser ex-PCP não é uma reedição do isso de ser ex-comunista.
2ª questão prévia: eu acho que isso de ser ex-comunista deveria implicar isso de ser ex-PCP porque não aceito (porque é muito perigoso) isso de nunca se ter sido ou ter deixado de ser comunista e continuar a ser PCP.
3ª questão prévia: há quem não ache o que eu acho, mas, desta feita, já não acho isso muito bem porque se está a querer mostrar ser uma coisa que já se não é.
4ª questão prévia: esta condição de ser isso de ser ex-PCP não pode ser confundido (a começar pelo próprio) com ser aquilo de ser anti-PCP e anti-comunista.
5ª questão prévia: há quem seja isso de ser ex-PCP e continue a considerar-se isto de ser comunista (o que complica um bocado as coisas… sobretudo para quem assim se considera as duas coisas).

Isso de ser ex-PCP pode ter acontecido de várias formas.
Suponhamos alguém que era do PCP de corpo e alma inteiros e, ou se cansou, ou se desiludiu, ou não aguentou a pressão (que é muita, podem acreditar os que não passaram por aqui), ou teve uma paixão daquelas-que, e resolveu deixar de ser do PCP, embora continuando, dentro de si, a dizer(-se) que nada mudou, que continua comunista embora ex-PCP.
Suponhamos alguém que era do PCP por razões pessoais que não as de ser e/ou sentir-se (o que não bem o mesmo…) comunista deixou de ter essas razões.
Suponhamos alguém que era do PCP sem cálculo (de razões suas, pessoais) mas sem o ser de corpo e alma inteiros, isto é, não a sua pele mas uma camisa vestida e assumida, que foi maltratado por outrem do PCP (que talvez lá estivesse só de passagem…) ou até pela própria organização do colectivo (pois, como todos, é formado por seres humanos, e erra!), e tanto sentiu o mau trato que resolveu despir, talvez provisoriamente, a camisa.
Estes são casos recuperáveis (quanto à situação…). Por se terem sentido centrifugados, têm condições (subjectivas) de vir a dimensionar o que lhes aconteceu e… centripetar-se. Mas é difícil, porque é uma revisão muito só e as ajudas são difíceis, embora uma seja indispensável: a de não se fecharem portas!
De todas as formas por que tenha sido, isso de ser ex-PCP não deveria ter a consequência de ser também anti-PCP e/ou anti-comunista. … e ter raiva a quem o continua a ser
Mas tudo isto decorre do cruzamento de condições objectivas e de condições subjectivas que, como se sabe, estão sempre a mudar.
Uma última questão (não prévia e não póstuma): Sendo isso de ser comunista e, por isso, isso de ser do PCP, gosto de lanchar, conversar, conviver com muitos que não o são (o que não aconteceria se fossem anti-comunistas e anti-PCP), e não tanto com alguns que são isso que eu sou.

10 comentários:

Graciete Rietsch disse...

De acordo com todas as questões mas a última está cada vez mais difícil de acontecer.

Numa Festa do Avante encontrei um grupo de jovens amigos do meu neto (que é comunista e do PCP)que me disseram que eram comunistas mas anti- PCP.Pedi-lhes que me explicassem porquê, mas eles não foram capazes de justificar. No entanto trataram-me muito bem decerto por ser avó do amigo.

Um abraço.

Anónimo disse...

To be or not to be that is the question
(...)
To take arms against a sea of troubles
To die to sleep no more
And by a sleep to say we end.

Sérgio Ribeiro disse...

Graciete - interessanteo episódio qe contas... tinhamos de voltar ao nº 1 da série, actualizado após a leitura dos intermédios,,, como sempre... com tudo!

Obrigado e beijos

Maria disse...

Depois de ler o teu trabalho aqui, hoje, e os comentários, só te digo... que devias ter ido comer migas connosco...
:)))

Beijos.

Mário disse...

Sérgio,

Esta afirmação, aos olhos de quem por esta tua casa passa e mesmo para ti, seguramente poderá parecer uma afirmação pueril, uma opinião sem bases teóricas. Não obstante, estou em condições de afirmar que, a espécie humana quando nasce traz na sua base genética o comunismo, o Homem é comunista por natureza, assim que "isto de ser comunista e não ser do PCP" acontece.
Por outra parte, algo que também acontece é "isto de ser do PCP e não ser comunista", justamente por condicionamentos epigenéticos, pelas condições subjectivas, pelas soluções que encontram a certas contradições que no caminho se obrigam a debelar, e este, este último sim que constitui um problema, sobretudo para que é "isto de ser do PCP e ser Comunista" mas também para outros que são "isto de ser comunista e não ser do PCP".

Como afirmas, o PCP é um organismo, os seus átomos, esses que conformam os orgãos que o constituem, somos nós, humanos, que erramos, sempre, algumas vezes tomando de tal consciência e aprendizagem, outras, apodrecendo e impestando o ambiente.

Avante!

Mário disse...

Adenda: No caso destes últimos, são os que menos.

Isa disse...

Este não poderia ser mais oportuno, dá.me muito para pensar

Sérgio Ribeiro disse...

Maria - o teu comentário também me fez (-:)) mas levantou-me um problema! Que fique muito claro que o que escrevi no final da mensagem (aquilo de gostar de beber uns copos, comer umas coisas, conviver com não-camaradas e não me "puxar" a fazê-lo com alguns camaradas) tem o complemento de nada há melhor que o convívio entre camaradas e amigos. Fiquei mesmo com enorme pena de não ter ido comer as "nossas" migas!

Sérgio Ribeiro disse...

Mário e Isa - é isso mesmo. Nada de ideias feitas e acabadas. Princípios, valores, concepções essenciais e base teórica e, a partir desses caboucos, pensar muito e agir sempre em coerência.

Abreijos

Anónimo disse...

Pode-se ser comunista e não ser do PCP, mas ser ex-PCP dá muito tacho.