terça-feira, junho 30, 2009

Reflexões lentas... sem compromisso, embora comprometidas

novaiorquinas3:

Madoff, o autor da dita "uma das maiores escroqueries financeiras da História", apanhado neste vendaval em que é difícil estabelecer fronteiras entre o que é e o que não é banditismo bancário-financeiro, e respectivas responsabilidades individuais, "apanhou" 150 anos de prisão!
A comunicação social ocupa-se largamente do assunto. Não tanto como do Michael Jackson, mas bastante. Muitos comentadores e comentários superficiais, muitos testemunhos na televisão. Ouve-se a mulher do homem, chorosa, ouvem-se vítimas do homem, algumas com o ar destroçado de quem tudo perdeu... do muito que lhes sobra para viver. Bem. Adiante...
Sem desvalorizar a presteza com que funcionou a justiça - pelo contrário - e a exemplaridade da pena (apesar dos 150 anos se poderem reduzir, na prática, a 6 anos), sublinha-se o tratamento:
"o caso", o escândalo, a fulanização, a ausência da (outra) exemplaridade da situação. Como se o "passarão" fosse o único e não - apenas! - um num sistema!

Mais reflexões lentas muito comprometidas... mas sem compromisso

nnovaiorquinas2
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O fascismo (sobre)vivia à custa da ausência de informação do povo.
O capitalismo, na sua actual fase, (sobre)vive com base na excessiva informação desinformadora ou perversamente informativa.
Aqui, onde estou, vejo-me e desejo-me para saber notícias sobre as Honduras. Depois de ter estado no Brasil, se já estava sensibilizado para a situação e evolução na América Latina, mais o fiquei. E quero notícias sobre o golpe militar nas Honduras, sobre o que se passa, quais as reacções, e pouco, muito pouco, quase nada, nada. Aqui, em casa desta amiga, a televisão tem dezenas (?) de canais mas não tem o TeleSur ou CubaVision.
Das Honduras nada, ou quase nada, ou muito pouco, ou pouco... ah!, mas do Michael Jackson e das suas autópsias se enchem primeiras páginas e preenchem horas de emissão.

segunda-feira, junho 29, 2009

Reflexões lentas... sem compromisso

novaiorquinas1:

A OCDE anunciou a "saída da crise" à vista (menos - ainda! - para a "zona euro")! Tudo se prepara para, nesta campanha de recuperação da confiança perdida (mas o que é que se passa com a "zona euro"?...), se utilizarem os indicadores económico-financeiros e as instituições ligadas às injecções de dinheiro e ao crédito para se virem dar "boas notícias", e para continuarem subalternizados os indicadores económico-sociais (desemprego - e que desemprego! -, dispersão, divergência, assimetrias regionais... pauperização) e as instituições não financeiras (FAO, UNESCO, OIT, e etc.).

sexta-feira, junho 26, 2009

Mais reflexões lentas... e sem compromisso

Outra das expressões com talvez maior significado nas eleições para o Parlamento Europeu está na(s) abstenção(ões) verificada(s) e nos votos nulos.
Nos números destas votações (ou ausências de votações) se pode encontrar a forma como largas massas de votantes manifestaram a sua desilusão… por se terem iludido com a fachada representativa da democracia burguesa, com uso e abuso da demagogia e da manipulação, assim descredibilizando a democracia por diminuição até ao zero, ao nada, da vertente participativa.
Em reforço desta interpretação, ela parece particularmente curial se se centrar a análise nos países que do final da guerra até aos anos 80 procuraram vias de socialismo e que, depois de várias quedas (e trambolhões) e da adesão à União Europeia – com o “entusiasmo” da chegada
do voto igual a "democracia"… –, observam taxas de abstenção acima de 70% - República Checa e Eslovénia, 72%, Roménia, 73%, Polónia, 76%, Lituânia, 79%, Eslováquia, 80%!
Faz pensar, não faz? A mim faz, mas deve ser defeito meu...

Enquanto preparo "relatório de tarefa"

Entre Iole Ilíada, directora da Fundação Perseu Abramo (do PT-Lula), que presidiu a esta mesa, e Nelson Barbosa, Secretário de Política Económica do Ministério da Fazenda do governo brasileiro
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quinta-feira, junho 25, 2009

Reflexões lentas... e sem compromisso

Um dos mais expressivos reflexos da derrota social-democracia nestas eleições para o Parlamento Europeu estaria na perda de muitos deputados no grupo que se instituiu em Partido Socialista Europeu (à conta dos portugueses foram menos 5 em 12!), mas essa queda foi relativamente compensada por algumas “transferências” para o que até teria sido necessária mudança de nome, passando a chamar-se, o grupo, Aliança Progressista de Socialistas e Democratas, cujo é curioso…
Em contrapartida, no mesmo momento em que confrontamos os resultados, o outro grande grupo – o Partido Popular Europeu – não tinha tido subida correspondente, o que, se não permite, ainda!, concluir que também a bi-polarização foi penalizada pela política de direita em alternância partidária, que caracterizou o neo-liberalismo, pode ter essa “leitura”, até porque os conservadores britânicos estarão na origem de um grupo fora do PPE, o Grupo Conservador e Reformista, isto é, a direita a não "fazer grupo" com quem tem sido mais responsável pela política de direita!
Em complemento numérico, é significativo que o grupo que mais teria aumentado nestas eleições, tenha sido o dos Verdes que teria passado de 5,6% para 7,2% (1,6 pontos percentuais, isto é, quase 30%). Também neste reforço dos Verdes “europeus” se pode encontrar o voto de protesto – quando expresso – relativamente à política de direita praticada pelos partidos do “centrão”, devendo sublinhar-se a heterogeneidade entre as diferentes componentes nacionais e mesmo dentro destas, e também para o que pode servir esse voto, para canalizar descontentamento e desilusão de quem vota (ou não vota).

quarta-feira, junho 24, 2009

Uma consensualidade forjada

Vai passando o tempo sobre as eleições para o Parlamento Europeu e, contra dados e factos, vai-se instalando uma consensualidade: derrota da esquerda, vitória da direita e, até, da direita mais racista e xenófoba.
Ao nível da... Europa.Esta “leitura”, para além do menosprezo pelo rigor que os números lhe poderiam emprestar, assenta em pressupostos, de que, neste breve comentário, se intenta denunciar um deles. Por agora.
É ele o de que a social-democracia é de esquerda ou, até, que é a esquerda….
Podem os PSs se etiquetarem como partidos de esquerda, fazerem disso bandeira quando conveniente e, nas últimas horas, virem distanciar-se do neo-liberalismo, pisando com espectáculo (e berraria) o rabo do do gato do capitalismo que escondem, mas a sua derrota, a sua queda em várias formas e com expressões diversas, é o castigo da sua política, da sua inescamoteável responsabilidade no neo-liberalismo, na política de direita.

domingo, junho 21, 2009

Num intervalo

Num intervalo, li... e transcrevo:
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Em paz com a economia
por Mertheg Cachum (num jornal de S. Paulo, no suplemento negócios)

"Na América Latina e no Caribe, segundo o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), há 360 milhões de pessoas, cerca de 70% de sua população. com renda inferior a 300 dólares mensais.
Mais grave é o fato de 125 milhões de seus habitantes viverem com menos de dois dólares diários.
(...)
Ante tais estatísticas são preocupantes e paradoxais os dados do mais novo estudo do Instituto Internacional de Psquisas para a Paz de Estocolmo (Sipri), publicado em 8 de Maio: jamais, em toda a história, o mundo gastou tanto em armas como no ano passado. Foi US$ 1,4 trilhão (quase o PIB total do Brasil), um aumento de 45% em relação aos últimos dez anos. As nações destinaram 2,4% de toda a riqueza do Planeta na chamada ndústria de guerra. O montante é equivalente a 217 dólares por habitante.
(...)"

sábado, junho 20, 2009

Para informação

De:

PCdoB, PT e fundações debatem crise mundial dias 20 e 21


A Fundação Maurício Grabois, a Fundação Perseu Abramo, o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), o Partido dos Trabalhadores (PT) e Rede IPES/Corint, da França, promoverão dias 20 e 21 junho, Seminário Internacional sobre a crise mundial. O evento será em São Paulo. O cientista político e professor da Uerj, Emir Sader, fará uma palestra inicial sobre o tema do seminário, a partir das 9h30.

Programação

Dia 20 de junho (sábado)
9h30 - Apresentação da programação: PT, PCdoB, FPA, FMG e Corint.
10h – Crise e alternativas da esquerda, com Emir Sader, cientista político, professor da UERJ.
14h - Diagnóstico da crise internacional: natureza, profundidade e extensão.
Coordenação da mesa: José Reinaldo, secretário de Relações Internacionais do PCdoB.
História e dimensões da crise: financeira, econômica, energética, alimentar, ambiental e estrutural: Jorge Benstein, economista, professor na Universidade de Buenos Aires
A crise e as interpretações marxistas do capitalismo: Sitaram Yeshuri, deputado, secretário de Relações Internacionais do PC da Índia-Marxista (PCI-M).
16h30 – Reações frente à crise: EUA, Europa e instituições internacionais
Coordenação da mesa: Iole Ilíada, diretora da FPA
Tema: A política dos Estados Unidos, Obama — qual mudança?: Luís Fernandes, cientista político, professor da PUC-RJ.
Os impactos da crise na União Européia e a reação dos governos: Sérgio Ribeiro, economista, membro do Partido Comunista Português (PCP).
Os organismos internacionais frente à crise: Nelson Barbosa, secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda (Brasil).
19h30 - Reações frente à crise: Rússia, Índia, China e África do Sul
Coordenação da mesa: Patrick Theuret, diretor da Corint
A Rússia frente à crise: Gyula Thürmer, cientista político, diretor da Fundação Hungria Neutra, de Budapeste.
A Índia frente à crise: Paulo Vizentini, professor do curso de Relações Internacionais UFRGS – Brasil.
A emergência da China no mundo contemporâneo: Wladimir Pomar, jornalista e escritor (Brasil), e representante do Partido Comunista da China (a confirmar)
A África do Sul e o continente africano frente a crise: Blade Nzimande, secretário Geral do Partido Comunista da África do Sul.

Dia 21 de junho (domingo)
9h – América Latina: lutas populares e governos progressistas frente à crise
Coordenação da mesa: Valter Pomar, secretário de Relações Internacionais do PT
A crise e a Integração latino-americana: Samuel Pinheiro Guimarães, secretário-geral do Ministério de Relações Exteriores (Brasil).
Mesa-redonda “A reação de governos, partidos de esquerda e movimentos sociais frente à crise”.
Participantes: Marco Aurélio Garcia, vice-presidente do PT (a confirmar), Artur Henrique, presidente da CUT, Nivaldo Santana, vice-presidente da CTB, representantes do PT e do PCdoB (Brasil) e representantes da Argentina, de Cuba, da Bolívia, do Equador, da Nicarágua, do Paraguai, do Uruguai, da Venezuela e de El Salvador
14h - Crise e alternativas socialistas, com Theotônio dos Santos, economista, professor da UFF
Coordenação da mesa: Adalberto Monteiro, presidente da Fundação Maurício Grabois
Intervenções de Carlos Lupi, presidente (licenciado) do PDT e ministro do Trabalho do Brasil (a confirmar); Roberto Amaral, vice-presidente nacional do PSB; Renato Rabelo, presidente nacional do PCdoB e Ricardo Berzoini, presidente nacional do PT.
Às 17h45 - sessão de encerramento
(Haverá debate com o público após o encerramento de cada tema)



Atualizado às 19h do dia 9 de junho

domingo, junho 14, 2009

Com licença...

Em o cravodeabril, de 10 de Junho, Fernando Samuel publicou uma mensagem que merece ser lida e relida. Assim o fiz, e para compensar o pouco tempo que tenho dedicado a outras coisas que não seja trabalhar números sobre as eleições para o PE, e dada a gravidade do tema que reputo enorme, reproduzo essa mensagem:

«PR QUER ACABAR COM FESTA DO AVANTE!

Nem mais: o Presidente da República quer acabar com a Festa do Avante!.Vinda de quem vem, tal intenção não surpreende:basta pensar na governação antidemocrática e antipatriótica de Cavaco nos dez anos em que foi primeiro-ministro.
O «argumento» utilizado por Cavaco para acabar com a Festa do Avante! tem raízes numa questão a que o Cravo de Abril já fez várias referências: o conceito de lucro.
Como estamos lembrados, aqui há tempos a Entidade das Contas e Financiamentos dos Partidos considerou a Festa do Avante! ilegal e enviou o seu parecer para o Tribunal Constitucional (TC).
A «ilegalidade» decorria do facto de o PCP considerar - vejam bem! - que o lucro da Festa é a diferença entre as receitas e as despesas, enquanto que a Entidade considerava - vejam bem! - que o lucro é as receitas...
O TC, sensatamente, não apenas não declarou a Festa ilegal, como considerou correcto o conceito de lucro do PCP e errado o conceito que a Entidade queria impor.
Recentemente, nas alterações à Lei do Financiamento dos Partidos aprovadas pela Assembleia da República, esse critério foi especificamente adoptado - daí o voto favorável do PCP.
Recorde-se, entretanto, a intensa campanha de mistificação posta em andamento nos média do grande capital. A campanha girava em torno de duas questões centrais dessas alterações: o aumento das subvenções do Estado aos partidos e o aumento dos limites para a angariação de fundos por parte dos partidos.
Recorde-se, ainda, que essa campanha de mistificação tinha como alvo preferencial o PCP, de tal forma que lendo os textos produzidos pelos comentadores de serviço, só podia concluir-se que o PCP vivia, e queria viver, à custa das subvenções do Estado - quando, como a verdade mostra, o PCP sempre esteve, e votou, contra o aumento das subvenções do Estado aos partidos.
Enfim a habitual chafurdice em que os média dominantes se sentem como peixes na água.
Agora foi, então, a vez de o Presidente da República dar a sua opinião.
E fê-lo vetando as alterações à Lei aprovada na Assembleia da República.
E entre as razões para o veto invocadas por Cavaco, lá está, uma vez mais o celebérrimo conceito de lucro.
Com efeito, Cavaco veta, entre outras razões, porque, nas alterações, «o limite da angariação de fundos passa a ter por referencial, não as receitas, mas a diferença entre receitas e despesas».Ou seja: para Cavaco, o lucro da Festa do Avante! é a totalidade das receitas da Festa e não a diferença entre as receitas e as despesas.
Este Cavaco já deu abundantes provas de que não gosta da Democracia, abomina Abril e não tolera o PCP.
Juntando a Festa do Avante! aos seus ódios de estimação, Cavaco está apenas a ser igual a si próprio...
(Fernando Samuel, 10.06.2009)»
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Acabar com a Festa do Avante!? Não seremos apenas nós, os do PCP, a não o consentir! Nem à cavacada o conseguirão.
A Festa está muito para além de nós. É... A FESTA!

Abstenção, brancos e nulos

Tem-se referido a crescente importância da abstenção, dos votos brancos e nulos nestas “europeias”. Trata-se, na verdade, de motivo de reflexão. Deixo apenas breves comentários sobre cada uma destas expressões de voto, da democracia representativa.
A abstenção traduz a ausência de pedagogia política (ou só cívica), ou denuncia, até, deliberada prática anti-pedagógica, reflecte uma demissão do poder instalado de trazer os cidadãos ao gesto mínimo de participação que é escolher os seus representantes, por via de uma desinformação e informação viciada, perversa. E não é nova esta tendência para a abstenção e tanto mais quanto a escolha tem a ver com representantes para longínquas instâncias de poder, onde mais se comprova a falta que faz a informação, a carência da indispensável pedagogia cidadã. Informação e pedagogia cidadã que não serve o poder e os poderosos, poder e poderosos que, por isso, as desvirtuam e manipulam já que à comunicação não podem fugir e dela se servem desmesurada e despudoradamente.
O voto em branco atingiu valores impressionantes nestas eleições. Daria para eleger um deputado! Os eleitores, perante a lista de voto, deliberada e conscientemente, protestaram contra a situação que estão a viver – e também, inconscientemente, contra a informação que têm – e entregaram-na em branco. Quase 165 mil eleitores e de 5% dos votos expressos são um libelo contra a democracia representativa tal como o poder financeiro a utiliza ao seu serviço, e são, também, uma confissão de falta de informação. Informem-SE!
O voto nulo, que também vai crescendo votação a votação, pode ter várias causas. Algumas próximas das da abstenção e do voto nulo, outras derivadas de erros motivados por iliteracia ou falta de informação estritamente politica. A propósito, em ficções de cordel, conto mais uma história de exemplo... que, como toda a ficção, tem uma base real, vivida.

sábado, junho 13, 2009

Pormenores...

No fim de uma semana, ainda há muitas contas a fazer…
Aliás, considero que as contas têm sempre de ser feitas e refeitas. Se da luta viemos ao voto, agora as contas dos votos devem servir para reforçar a luta. E ele há tanto número e pormenor!
A CDU não elegeu 3 deputados por uma diferença de 2287 votos, isto é, 0,064% dos votantes e 0,023% dos inscritos.
Curiosamente (?), foram expressos 43.135 votos numa lista chamada PCTP/MRPP que usa como sigla, inscrita nos boletins de voto, a foice e o martelo. Contra o que, em devido tempo e reiteradamente, o Partido Comunista Português protestou. Sem êxito.
De 2004 para 2009 foram mais 6841 os eleitores que votaram nessa lista e símbolo, muito mais que os 2287 votos que faltaram à coligação PCP-PEV para ter mais um deputado, o seu 3º!
Supondo que foram 5,3% (1 em cada 18) do total de votantes nessa lista e símbolo que o fizeram querendo votar no outro símbolo da foice e do martelo que está associado ao girassol do Partido Ecologista dos Verdes, esse 3º deputado teria sido eleito.

A propósito, convido-vos a ler umas "ficções do cordel", umas ditas histórias de exemplo.

quinta-feira, junho 11, 2009

Talvez masoquismo...

Por (de)formação profisssional e alguma (anterior) vocação para números, gosto de ir coleccionando e de jogar com estes.
Agora, na ressaca das "europeias", registei os números de domingo (ainda não definitivos), para aplicar o método de Hondt e para os juntar a uns quadros que tenho desde 1987 (as 1ª. eleições para o PE), e deu-me:
Quer dizer, o 23º eleito (lembre-se que havia 24!) seria o 3º (a 3ª) da CDU, e só não o foi porque o 22º, do BE, teve 3,58 e o nosso 3º (a nossa 3ª) teve 3,55! Um "azar dos Cabrais"...

Mas não se ficou por aí o pendor masoquista! A CDU em 1999 teve também o primeiro não eleito, então o 26º pois eram 25 os deputados portugeses, e reproduzo o quadro que tinha guardado: Quer dizer, o 3º da CDU teve, segundo o método de Hondt, 3,43 e o 9º do PSD teve 3,46, pelo que foi o 25º deputado português. Nos dois casos, por 3 centésimas se perdeu um deputado!
Pelo que o tal "azar dos Cabrais" (e a sorte dos... outros) não é original. Repetiu-se.
Que fique como remorso para alguém que se tenha "esquecido" de votar, ou que, por alguma razão pessoal, decidiu não ir votar, ou por considerar que um voto a mais ou a menos não faz falta nenhuma...
E mais não digo.


terça-feira, junho 09, 2009

Com grande satisfação

“Em causa nas eleições de 7 de Junho estará a possibilidade de dar expressão política e eleitoral à necessidade urgente de ruptura com a política de direita que tem presidido à actuação do Governo PS e à intervenção de PS, PSD e CDS no Parlamento Europeu”
(da Declaração Programática do PCP para as Eleições Europeias de 2009)

Resultado:
PS, PSD e CDS passaram de 83,0% dos votos em 2004 para 66,7% dos votos em 2009 e de 21 deputados para 17 deputados. Sobretudo o PS, protagonista maior da política de direita na actualidade, perdeu 566 mil votos, 18,8 pontos percentuais e 5 deputados, independentemente de menos dois deputados portugueses pois o 23º seria da CDU e o 24º seria do PSD, pelo que, a não ter havido a redução, haveria 9 deputados do PSD, 7 do PS, 3 do BE, 3 da CDU e 2 do CDS.

Observações:
1. A questão do lugar no leque partidário tem grande impacto psicológico. O 4º lugar da CDU tem de ser encarado com toda a frontalidade. Em nada pode diminuir a satisfação (e a alegria) justificada pelos resultados muito positivos da coligação em todas as outras considerações. O PCP, e as coligações que este anima, já foi 4ª força partidária em vários momentos, desde 1976, ou com o CDS ou o PRD como 3ªs. forças.
2. Analisando as votações no espaço nacional importa sublinhar que, em relação a 2004, a subida da CDU foi de 22,7%, em todos os distritos e regiões autónomas, quando em 2004, em relação a 1999, apenas a R.A. da Madeira crescera. Os 5 distritos (e R.A) de maior crescimento, acima dos 60%, são Viseu (82,9%), Vila Real (75,7%), Guarda (66,4%), Bragança (62,8%) e Açores (62,7%); entre os 5 distritos com menos crescimento, ainda assim relevante – Beja (17,2), Lisboa (12,9%), Évora (12,1%), Portalegre (11,7%) e Setúbal (7,1%) – estão os três distritos em que a CDU tem o 1º lugar (Beja, Évora e Setúbal) o que pode reflectir uma estabilidade de eleitorado CDU.
3. Não se devendo extrapolar resultados eleitorais para eleições diferentes, um mero exercício com estes números levaria a que, em legislativas, a CDU elegeria 23 deputados – 7 em Lisboa, 5 em Setúbal, 3 no Porto, 2 em Beja e 1 em Aveiro, Braga, Coimbra, Évora, Faro e Santarém, enquanto o BE teria menos 5 deputados.
4. Numa Assembleia da República a partir desta votação, haveria 41 deputados (23 CDU e 18 BE) que não seriam deputados dos três partidos identificados como responsáveis pela política de direita desde 1976, o que não tem nada a ver com política de alianças mas as condições concretas em que a luta continua no contexto das decisões programáticas.

segunda-feira, junho 08, 2009

Inesgotável!

Quando se julgava já tudo se ter lido, ouvido e visto (ou nada "lidouvisto")... surpreendem-nos.



O DN decidiu arredondar 10,73% para 10,8%!



E por muito contentes nos devemos dar por não se ter arredondado, de acordo com estas novas (des)regras, o resultado da CDU de 10,66% para 10,6%!

Números sem comentários....

(por agora).


Faltando ainda 37 consulados,
CDU: + 70377 votos, + 1,6 pontos percentuais que em 2004

sábado, junho 06, 2009

Preparando trabalho...


A reflectir...

... como sempre.


Ao fazer uma revisão de coisas ouvidas na campanha, e pondo de parte algumas por uma questão de higiene mental, venho lembrar que o economista que disse que "a longo prazo estamos todos mortos" não era "americano", mas sim o agora tão oportuno Lord Keynes, subdito de Sua Magestade britânica, e sempre muito citado quando se trata de tentar salvar o capitalismo.

O homem foi lúcido e deu excelentes contributos para se perceber o capitalismo, os seus limites e contradições, e lá vai ajudando a adiar...
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Continuem a reflectir.

sexta-feira, junho 05, 2009

Pelo "trabalho decente"!

Esta é a melhor tradução que se encontra para "travail décent", que é expressão que está na versão francesa a que tivémos acesso de um relatório da "reunião tripartida de alto nível sobre a crise financeira e económica mundial actual", realizada em Genève a 23 de Março de 2009, no âmbito da actividade da Organização Internacional do Trabalho.
Este documento tem o maior interesse, e deve ser estudado e reflectido pelo contributo que representa no actual momento (histórico) que se vive. Enquanto se reunia um mediático G-20 e se reforçavam as políticas causadoras da "crise" e das situações e perspectivas sociais, este relatório colocava as questões de uma outra maneira, apesar de partir de uma agência das Nações Unidas. Por isso, o quase total silêncio...
Trata-se de documento para reflectir, com forte inspiração keyneana, corrente do pensamento económico que nunca quis outra coisa que não fosse tentar salvar o capitalismo, pelo que se reproduz, sem aplologia, o resumo... do resumo analítico, através dos títulos que se encadeiam:
  • A crise mundial agrava-se...
  • ... e arrasta um risco de recessão prolongada no mercado do trabalho...
  • ... o que constitui uma ameaça para a estabilidade social.
  • Os países tentaram contrariar a crise adoptando medidas radicais para reanimar o sector financeiro e anunciando planos de relançamento orçamental...
  • ... mas até agora os planos nõ tiveram os efeitos esperados...
  • ... porque o sistema de crédito não foi redinamizado...
  • ... os planos de relançamento orçamental não coolocaram suficientemente o acento no trabalho decente e,na falta de coordenação, não conseguiram dar um novo impulso à economia...
  • ... soluções individualistas, desvalorizações concorrenciais e deflação salarial são outros tantos riscos para os mercados mundiais...
  • ... pouca atenção foi dada à questão do desenvolvimento...
  • ... e não se atacaram as causas estruturais da crise.
  • Uma medida necessária: a instauração de um pacto mundial para o emprego.
  • Políticas mundiais coerentes ao serviço de uma prosperidade e de um desenvolvimento partilhados.

terça-feira, junho 02, 2009

Entre a crise e as "europeias"

Saltitando entre tarefas ligadas à "crise" e tarefas ligadas às "europeias" (com outras pelo meio... mas estando tudo ligado!), a arrumar papeis sempre desarrumados, encontrei um O Militante de Novembro/Dezembro de 2004, e nele descobri um artigo já esquecido que pareceu vir mesmo "a calhar", a começar pelo título - Crise do capitalismo e União Europeia - e li-o com alguma curiosidade e, posso agora dizê-lo, proveito.

Desde logo me serviu para provar uma coisa que não tem que ser provada mas que é sempre bom provar, que "a crise não é de agora", como foi o feliz título da iniciativa da Pluricoop em Grândola, para que me convidaram, e também para que, a partir desse artigo, não tivesse de fazer grande esforço para ligar a abordagem da crise (que não é de agora, mas que está sempre no bojo do capitalismo) com as "europeias" sendo a "integração europeia", desde sempre e como está em destaque, resposta de classe a uma necessidade objectiva de concertação de espaços nacionais.
E transcrevo uma reflexão de há quase 5 anos, que a releitura do artigo me veio lembrar e avivar para as eleições que se aproximam:

"(...) A tal vai obrigando a democracia representativa, burguesa, para que a ratificação, na mão de 25 povos e/ou dos seus eleitos, não sofra qualquer revés como seria provável com uma informação isenta e objectiva do que está em causa.
Sobre a representatividade desta democracia representativa muito haveria a dizer e a exemplificar. Bastará, talvez, até pelo seu fundo significado, deixar a referência ao facto dos 54 deputados da Polónia tendo sido eleitos por menos de 20% dos recenseados, não terem havido lista de comunistas. Em contrapartida, na República Checa, em que concorreu uma lista Partido Comunista, a abstenção foi inferior à da Polónia em 20 pp e esse partido elegeu 6 dos 24 deputadois checos. Fica para reflexão.(...)"
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Fica para reflexão!

segunda-feira, junho 01, 2009