(para não lhe chamar provocação...)
No meu dicionário de cabeceira não existe a palavra patronato. Será falha... do dicionário ou minha?
Mas existe a entrada empresa (capitalista)!
"Forma de organização do trabalho social e forma jurídica de organização do capital e das relações de propriedade própria do regime capitalista."
Depois, este resumo é desenvolvido em algumas páginas, mas o resumo deve chegar para ex-citar. Ou não?
13 comentários:
Mas o número 1 daquela colecção que, quase há 40 anos, dirigias tinha um título engraçado: "a empresa - célula base da actividade económica".
Empresa - uma palavra rara no nosso país!
De centenas de fábricas, existentes na minha terriola, (algumas únicas no país), há talvez uma 3 ainda com perto de cem operários, quando ainda há vinte e poucos anos em cada uma laboravam, perto de duas mil pessoas.
Porém neste sistema de mercado (capitalista), quem não é o dono dos meios de produção, é obrigado a trabalhar em troca de um mísero salário.
O capitalista, produz pelo menor custo e vende por um alto preço. Ou seja, tira sempre (lucro) mais-valia, à custa da mão-de-obra barata.
Como diz Marx:
“o que cria valor é a parte do capital investida em força de trabalho, isto é, o capital variável. A diferença entre o capital investido na produção e o valor de venda dos produtos, a mais-valia (lucro), apropriada pelo capitalista, não é outra coisa além de valor criado pelo trabalho”.
PATRONATO, o seu fundador foi Rómulo.
Muito sinceramente,
Empresa – Capitalismo – Patronato, é para mim,
símbolo de má gestão, exploração, falta de cultura total de péssima administração económica e técnica!
E muito Chico-espertismo!
GR
Eh lá! Isto começa a aquecer!
Vamos por partes, que temos aqui pano para mangas (de bombeiro):
1º O dicionario não tem a palavra patronato? Mas ela existe, não? Não há aí uma fugazita à resposta? Será um dicionario de portugues? A falha é de certeza da cabeceira.
2º O que é isso de 'organização social do trabalho'? E 'forma juridica do capital'? Estamos a andar para traz - isto digo eu.
Quanto ao GR:
(não faço a minima quem seja ou o que faça, mas tambem não é relevante para esta 'conversa')
1º Essas pessoas (cerca de 2000/empresa) deixaram as empresas? Se sim, porque? As empresas deixaram de existir, se sim porque?
2º Ponderei a segunda parte do seu comentario. Eu tenho uma empresa, serei capitalista? E chico-esperto?
Caro Presidente:
Sabe, que eu sei que sabe, e sabe que eu sei, que uma empresa não tem essa definição.
Foi só para a ex-citação.
Esperto!
Estas guerras não são para mim, ainda assim não posso deixar de concordar com o Mário. Também eu tenho uma empresa (mesmo que não se compare à do Mário, não deixa de ser uma empresa) e não me revejo no chico-espertismo referido pela GR. Falta dizer o que é necessário para ser "dono dos meios de produção" e o esforço a que isso obriga.
Caro Pedro:
Obrigado pelo contributo - já me sentia sozinho.
Não se compara à minha? Empresas não se comparam - cada uma tem as suas circuntancias (na minha opinião).
Aquilo que falta dizer? - Ora aí está o dedo na ferida. Tencionava chegar a esse ponto, mas o Pedro (intelegente) foi mais directo.
Provocação:
'Homens idosos são sempre jovens para aprender, com lucro' - Esquilo
Por-vocação:
Henry Ford:
'Capital que não melhora constantemente as condições e remuneração do trabalho foge à sua mais alta missão'
'O verdadeiro objetivo da indústria não é o lucro: o empresário deve sempre se propor a produzir bens e serviços úteis - a negação dessa idéia é a especulação'
Vou, com vossa licença, comentar comentários à minha proposta de ex-citação que teria ex-citado...
O Luís antecipou-se com um trunfo que eu tinha na manga... Mas fiquei muito contente por ter sido ele a jogá-lo.
A questão, quanto a mim, é que nem todos leram o que estava entre parenteses - empresa(capitalista)... - mas poderá perguntar-se se haverá, no capitalismo, empresas que não sejam capitalistas. Eu acho que sim, que pode, desde que não tenham sido criadas para, ou não procurem, o que define as relações capitalistas. E mesmo as que o fazem, que são associações de cidadãos para terem lucro e acumularem capital para tanto investido, têm grad(u)ações, pois há as que não esquecem, porque os seus empresários não esquecem, a função social da empresa.
E muito diria - e muito direi - mas quero ainda acrescentar, neste comentário, uma pista: o tal livro de que fala o Luís Vieira foi editado nos anos 60, traduzindo uma preocupação que eu tinha, e via traduzida em esforços em vários lados, para colocar a empresa no centro da actividade económica, como sua célula-base, e não só no "mundo capitalista" mas também no então "mundo socialista" em que a atenção à racionalidade económica deveria andar de par com o primado do social, com a permanente valorização, intervenção e participação dos trabalhadores em todas as áreas da vida social.
Quanto às provocação e por-vocação amigas do Mário Abreu... logo conversamos.
Eu acho que esta expressão que usas "a atenção à racionalidade económica deveria andar de par com o primado do social, com a permanente valorização, intervenção e participação dos trabalhadores em todas as áreas da vida social" é a pedra de toque que, mesmo na sociedade capitalista, nos permite distinguir empresas de empresas. É mesmo isso quer o detentor dos meios de produção seja o indivíduo ou o Estado: o importante é o que está a fazer com eles em benefício da sociedade.
Eu neste momento estou muito conciliador mesmo com a empresa capitalista (especialmente aquela que produz e cria emprego) já que os fenómenos laterais de rapinanço da mais-valia através de outras são escandalosos.
Finalmente, quanto às empresas não capitalistas na sociedade capitalista, sendo obviamente de apoiar, não devemos deixar que levem à criação de ilusões: elas estão submetidas às leis que regulam as outras. Sérgio também editaste o Palloix "a economia mundial capitalista"? Tem muito a ver com isto...
Caro Mário Abreu,
Permita-me desde já dizer-lhe que nem todos os empresários são capitalistas, assim como nem todos os capitalistas são empresários! Naturalmente!
Quando me referi que não só na minha terra, como infelizmente por esse Portugal fora, muitas empresas encerraram, algumas tendo mais de 2000 operários! Questiona-me: “Porque razão as empresas, encerraram”???
Variadíssimas razões, como empresário deve saber bem melhor que eu!
Contudo, logo após o 25 de Abril, com a abertura do mercado a outros países, os empresários não modernizaram as suas empresas, depois houve os subsídios da CEE, a conhecida má gestão. Tendo ficado com o dinheiro, os empresários nem o aplicaram com a valorização dos operários, nem na sua maquinaria. Ficando bem atrás de muitos outros países! É claro que não é assim tão linear, há muitos outros factores!
Uma empresa com dimensões, onde trabalham entre DOIS MIL a TRÊS MIL operários, não é considerada nem pequena, nem média empresa!
Refiro-me por exemplo, a única fábrica do país onde ainda se produz Fósforos – Fosforeira, à CORFI – produção de cordas – COTEX – fios de nilon e redes de pesca, LUSO – Fábrica de brinquedos, artigos de galalite, celulóide e outras matérias plásticas – ESTIMA – Fábrica de madeiras, FONTES – Tapeçaria-
Fábrica de Conservas Brandão Gomes – a primeira e mais bem equipada do pais - Fábrica Progresso – fundição e alumínios –Fábrica de Valadares – Louças de cozinha e casa de banho.
Qualquer uma destas empresas com centena de trabalhadores fecharam, as que ainda não o fizeram têm perto de duas dezenas de operários a laborar!
Algumas pedem subsídios, apresentando falência, abrem-nas na Índia, ou nos antigos países de Leste, outras ainda compram casas de campo, cavalos e carros topo de gama! Como nem o desconto da Segurança Social, descontado ao ordenado dos trabalhadores, o patrão o coloca lá (S.Social), quando pedem o subsídio de desemprego, não têm direito a nada. Vão para tribunal, ficando por vezes dezenas de anos para desbloquearem a situação! Por acaso nunca vi um patrão preso, por este “pequeno desvio” de valores!
A estes empresários, mesmo desmascarados nos jornais, fazem o que lhe apetece com a conivência de todos, menos dos operários, naturalmente!
A esta situação, a estes empresários chamo-lhe Chico- espertos, não querendo ter utilizado a palavra, ladrões, aldrabões, corruptos, entre outras!
Quanto há necessidade da existência de empresas, melhor que ninguém Sérgio Ribeiro, já argumentou!
Quanto às pequenas e médias empresas que nós aqui também tínhamos, fecharam! Pela simples razão que os seus donos, empresários, patrões, como não eram Chicos-espertos, ou sejam não eram ladrões, não aguentaram as exigências dos sucessivos governos e infelizmente, essas sim, faliram! Para desgraça não só dos operários como do desgraçado e honesto empresário!
Desejo sinceramente que a sua Empresa labore o melhor possível, para bem de todos!
GR
Caro GR:
Não é meu costume entrar em picardias (excepção feita às que tnho com o patrão do blog), peço desculpa pela reacção.
Mas doi-me na alma ver actualmente algum pseudo-intelectualismo barato intitular-se de esquerda (parece quase moda), criticar sem quê nem porquê uma classe, generalizando alguns maus exemplos.
Imagine o que era afirmar-se (no estilo do seu ultimo paragrafo):
'Estado-Socialismo-Funcionario Publico, é para mim, simbolo de preguiça, corrupção, falta de sentido civico, má-educação!
E muita prepotência!'
Existem bons e maus funcionarios, mas não se pode (no meu entender) por tudo no mesmo saco.
Muitos pseudo-empresarios (hoje com 50/60 anos) são tambem resultado de um estado controlador que vivemos até 74, onde salvo alguns, afortunados era impossivel conseguir niveis de educação e instrucção aceitaveis.
Pedindo permissão ao Patrono do Blog,
Caro Mário Abreu,
Como último comentário ou esclarecimento,
Não sou Empresária, nem intelectual, pertenço ao “símbolo de preguiça, corrupção, falta de sentido cívico, má educação”, há já uma dezenas de anos.
Mas não são esses, “pseudo-empresários” que destruíram a industria, do país!
Esses continuam a ser pequenos ou médios empresários! Alguns até com graves problemas económicos para manterem a empresa, não pelo lucro mas pela afectividade, pela dedicação que lhes tem! Para muitos a falência foi inevitável!
Também os conheço!
Mas no 1º comentário, referi-me prontamente às Grandes Empresas!
Aos donos e patrões de Portugal!
Ludjero, Violas, Amorins, Belmiros, Soares da Costa, Tavares, meus vizinhos!
Ainda há, com nomes menos sonantes, mas espertalhaços, os empresários do calçado, têxteis, papel, cortiça. Enriquecem pondo fábricas a arder, falências fictícias, etc., etc..
Sou vizinha muito próxima, dos “Empresários falidos”, que se deslocam de Ferrari, Testa-Rosa, Jaguares, carritos utilitários, um para o pai, vários para os filhos! Que rapidamente os destronem. Pouco importa, amanhã já está outra à porta! Crianças de trinta anitos, nada mais sabem fazer!!!
Sou de uma terra, onde vejo homens com mais de cinquenta anos a chorar, porque não sabem o que fazer da vida! Nem trabalho, nem dinheiro, nem expectativas! Alguns, quase por esmola, lavam vidros nos cafés!
Mulheres, que toda a vida tiveram uma profissão, agora com sessenta anos, cansadas lavam o chão!
Permita-me que lhe diga, mas sei do que falo!
Não, não é “pseudo-intelectualismo barato intitular-se de esquerda”.
Infelizmente, sei do que falo. Com exemplos concretos.
Falo de pessoas esfarrapadas, pela humilhação, de mendigarem trabalho.
Sei o que é hipotecarem a casa os móveis, ficando a viver em barracas! Depois há os filhos, a falta de alimentação, o frio, o álcool. A destruição de vidas!
No Norte, também há fome! Muita miséria escondida, envergonhada!
Luto por estas injustas situações! Converso com muitos desempregados, tento, (tentamos) tudo para alterar a situação!
Não foi minha intenção, jamais o faria,” meter tudo no mesmo saco”, porque os Empresários sérios, também têm a nossa compreensão! Os pequenos e médios empresários, são uma classe a proteger. Tenho lido documentos, bastante interessantes sobre este assunto. Por isso, é que também luto por eles!
Talvez me tenha expressado mal, ou pensei que seria óbvio o seguimento do meu raciocínio, no 1º comentário!
Por aqui me fico,
Respeitosamente,
GR
O "patrão" do blog (salvo seja...) gosta de o ver assim. Animado. Mas sem passar fronteiras.
À GR, obrigado pela força e convicção; ao Mário Abreu, obrigado pela força e convicção. E capacidade de diálogo.
Quanto à empresa, era e é, para mim há mais de 40 anos, a célula-base da actividade económica (e social).
O capitalismo é outra coisa.
A economia de mercado não é, nem pode ser, a expressão de uma batalha ideológica que a impõe como a ilustração da liberdade e dos direitos humanos.
A liberdade é outra coisa, os direitos humanos incluem os sociais, nestes estando os que estão dentro das portas das empresas (capitalistas e não só)
O pensamento único não passará!
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