Como converter três metros de altura em medida euro?
Será possível resistir à mercantilização de todos os valores?
Ou melhor(?): haverá valores fora do mercado?
Ou melhor ainda (?): o que não for mercantilizável terá "valor", terá razão para existir?
O uso e abuso do valor de troca submerge os valores de uso e o uso dos valores?
Não há reserva para actividades (e relações) humanas fora da escala €?
Quantos ainda haverá que acreditam em almoços grátis?
Ou melhor (!): quantos se lembram que continua a haver almoços grátis, amigos?
Estamos a caminho do tempo (e reino) da liberdade ou aceitámos (provisoriamente!) a marcha atrás?
Andar nas autoestradas em contramão é o desporto do futuro, ou é um crime porque há o(s) outro(s)?
A actividade lúdica continua ludus e prazer quando se lhe põe um preço, ou uma aposta, ou um desafio vale-tudo?
Tudo tem preço?
O que vale é o resultado, não a prática e a convivência?
Vale tudo para alcançar um resultado?
(... até fazer batota, comprar o árbitro, aldrabar na secretaria?)
Ganhar é preciso, navegar/praticar não é preciso?
Prémio (e glória) para os que ganham (o quê?) e multa (e anátema) para os que perdem (o quê?)?
Os que ganharam poderiam ter ganho (o quê?) sem que os que perderam tivessem perdido (o quê?)?
Muito se fala em saber perder, pouco se fala em saber ganhar... porque se esqueceu o saber competir fraternamente, companheiramente.
O outro é sempre o inimigo, ou é sempre o companheiro sem o qual eu não existia?
O outro é sempre o outro, ou eu sou sempre (também) o outro?
Ganhaste? Não sei... mas foi bom competir!
Perdeste? Sei lá... parece que sim... ou talvez não... mas foi porreiro.
Parabéns... perdeste bem! Parabéns... ganhaste bem!
"Sou duro... mas abomino a violência" devia ser a regra número um do praticante de qualquer modalidade (desportiva ou não).
Para quando a realização da utopia da competição (desportiva ou não) que dispensa árbitro, em que os que competem definem, conhecem e cumprem as regras da competição?
"Fiz falta, desculpa lá... é penalti".
"Não foi golo, meti a bola na baliza com a mão... foi instintivo!"
Posso lutar para que a competição (desportiva ou não) seja leal, sem truques para se "ganhar a qualquer preço"? Não tem preço esta luta. Acho eu...
Que ganhem os mehores. E que os que percam não sejam os derrotados mas aapenas... os que não ganharam. Estou a falar de desporto!
Tenho dito! Por agora...
6 comentários:
Texto exemplar, que bem podia servir como filosofia de vida.
Duvido é que muitos o irão perceber(perceber mesmo, no sentido global emoção/razão), principalmente os das gerações mais jovens. É pena.
tudo isto é bonito, mas utópico.
será praticável? ou melhor quem o aplicar na realidade dos nossos dias, quantos dias sobreviverá?
e quem é pragmático, ou aplica o que é praticável, vive ou sobrevive?
e a "realidade dos nossos dias" tem de ser aceite como é, a ela nos adaptando resignadamente ainda que a reconheçamos como pouco humana ou até deshumana?
e, já agora, eu que procuro aplicar, na "realidade dos nossos dias", a luta para que seja outra a realidade dos nossos dias não sinto sobreviver há dias mas sinto estar vivo há 70 anos (nada mau...), com tropeções e trambolhões, com erros e passos em falso... mas bem vividos!
quando deixar de lutar pelo que se aceita como impossível é que não estarei vivo.
As perguntas trazem em si as respostas, ligadas pelo umbilical cordão que o autor foi tecendo ao longo de sete décadas de vida honrada, resistente e solidária.
Haverá melhor do que isto? Talvez... Quando o autor chegar aos oitenta.
Neste momento tudo tem um preço, uma meta a cumprir.
Não importa que se esmague, muito memos o que os outros possam sentir.
Comprar-se os golos, as vitórias, até as derrotas!
Desportivismo, amizade, bons momentos, é o que menos importa!
Talvez por isso não vejo desporto.
O problema é que hoje, tudo se compra, tudo tem um preço!
Tempos difíceis!!!
GR
Enviar um comentário