domingo, novembro 07, 2010

Esclarecimento... para os de boa fé

Um anónimo – lamentando sê-lo… como se o problema não fosse seu – põe-me a seguinte questão-desafio:
«(…) Vem aí o FMI, não me parece evitável. Como vamos fazê-lo frente a esta recessão e às medidas de austeridade acopladas? Mobilizamos os trabalhadores na base da rejeição dessas medidas, na reivindicação de medidas sobre o capital e na denúncia do sistema, ou apelamos à batalha da produção e ao crescimento económico como defende Sérgio Ribeiro?»
Abstraindo da “necessidade” do anonimato (ele lá saberá porquê), parto do princípio da boa fé do anónimo (serei um ingénuo...), e respondo(-lhe) ao desafio para que não haja dúvidas (dele ou de quem as possa ter, por culpa de deficiente aclaramento meu).
Primeiro "pormaior": o FMI está aí, nas medidas que este governo-PS adoptou, em conluio com o PSD! Aliás, a exemplo das “cartas de intenções” ao FMI da nossa (boa e má) memória, que Mário Soares escreveu e assinou há 30 anos.
Depois, o Sérgio Ribeiro (que se assina), onde quer que seja e para quem quer que seja, em todas as circunstâncias, como o anónimo poderá comprovar (ou até já comprovou…),
i) considera absolutamente prioritário mobilizar os trabalhadores para a rejeição dessas medidas, da política que as justifica, e denuncia, como sabe e pode, o desumano funcionamento do capitalismo,
ii) de cara e com nome, defende um outro rumo para Portugal, luta (bem ou mau é outra questão) pelo socialismo e pelo comunismo – não pelas propositadamente feias (ou até horrorosas) caricaturas que deles fazem, mas pelo que aprendeu e quer continuar a aprender, nos livros e na vida –,
iii) acha, procurando explicá-lo com as poucas habilitações que tem, que esse novo rumo para Portugal passa pelo aproveitamento dos nossos recursos naturais e adquiridos, não pela entrega do nosso mar aos barcos e estaleiros dos outros, não pelo pousio das terras, não pela escassa indústria a partir de investimentos financeiros nómados ou em deslocalizações, não pelo acréscimo constante dos nossos défices, mormente do alimentar, quer contribuir para o que o meu Partido chama Portugal a produzir, ao que não chamo "batalha da produção" como, chamaria, eventualmente, se vivêssemos noutro tempo, em democracia avançada, de que já estivemos perto.
.
Procurei ser claro… mas, se for preciso, faço um desenho.

5 comentários:

samuel disse...

Não carece... o desenho só viria estorvar... :-)))

Abraço.

Maria disse...

Este post veio mesmo a jeito...
A conversar no msn com uma jovem, que me colocava questões pertinentes sobre a vinda (ou não) do FMI, foi apenas fazer copy/paste...
Ainda está a ler-te...

Vamos ver se fica esclarecida. São horas a conversar. A lei dos partidos, a descida para os 180 deputados, sei lá...

Um beijo

Anónimo disse...

Há anónimos muito "bonzinhos" e "desinfelizes". Não percebem que o céu está limpo. Gostam mais de climas pardacentos.
Mas, este agora até foi útil.

Campaniça

Graciete Rietsch disse...

Grande explicação. O anónimo só tem que te ficar agradecido.

Um beijo.

Anónimo disse...

Caro Sérgio Ribeiro

Ora até que enfim que vejo alguém desassombradamente a querer discutir questões políticas da máxima importância, que, como diz Graciete Rietsch, este anónimo só tem que ficar agradecido.
Porém, a sua proposta política não me convenceu.
Passo a explicar, sem desenho claro,porque para bom entendedor...
1-O comunismo Marxista e Leninista
luta,(na época do imperialismo que é esta em que vivemos)pelo socialismo,o que pressupõe a expropriação dos meios de produção
-fábricas, grandes propriedades agrícolas, grande comércio mais todo o capital financeiro. Significa isto que estamos perante uma contradição dominante que é a que opõe o trabalho ao capital cuja resolução passa inevitavelmente por uma revolução socialista das massas oprimidas com o proletariado à cabeça.
Equivale dizer que a -democracia avançada- de que fala como se fosse uma etapa prévia ao socialismo, sendo ideal para evitar a revolução das massas,
não tem no entanto qualquer viabilidade, a não ser em casos excepcionais de caudilhismo militar de esquerda tipo Hugo Chaves, (experiência a decorrer e a que desejamos êxitos).
Na obra de Lenine, retirando as revoluções de libertação nacional, não encontramos nada parecido com a sua democracia avançada.Temos no entanto um caminho a percorrer e um enorme luta por travar com os inimigos do socialismo e do comunismo.
2-Do pouco que sei, considerando que o capitalismo e o imperialismo vivem a sua maior crise de sempre,
e aqui chega com um rol de milhões de vítimas e de destruição, proporcional à super acumulação de lucros e à super produção de mercadorias, a dívidas e défices gigantescos para cuja solução o capital só vê mais e mais destruição de postos de trabalho, de salários de miséria e pauperismo para a maioria, de destruição de grande parte do aparelho produtivo e dos recursos naturais: esta crise trás no bojo o epílogo do capitalismo.
3-Não defendo a política de terra queimada, isto é: ou a revolução ou nada.Mas um comunista não se pode pôr a dar conselhos aos capitalistas: «o rumo é produzir, o rumo é a defesa do nosso aparelho produtivo, etc...etc.»
4-Então qual é a saída? pergunta angustiante!
Ponto nº1-A defesa intransigente do emprego.Todos os recursos do Estado para que o trabalhador despedido seja subsidiado e colocado em serviços do Estado compatíveis com os seus conhecimentos.
Ponto nº2-Renegociação da dívida externa que é o álibi para as medidas de austeridade, que devem ser recusadas.
Ponto nº3-Aplicação de medidas fiscais sobre o capital.São eles quem deve pagar a crise.
Pontonº4-Fim de todas as mordomias
dos administradores,gestores e corte nos salários dos ministros e equiparados.
Pontonº5-Apoios do Estado a cooperativas de pescadores e de assalariados agrícolas e pequenos camponeses. Defesa de um banco de terras na zona do Alqueva.
Ponto nº6-Aumentos salariais, das pensões e obrigatoriedade de negociação através da contratação colectiva.
Mais haveria para dizer mas tenho consciência que o texto já está longo.
Cabe ainda dizer que o caminho a seguir pelos comunistas e pelas massas é o caminho da luta pelo fim do capitalismo e nunca através de propostas construtivas que lhe possam dar mais vida.