Mail recebido e transcrito (com comentário):
Rodrigo
Sousa Castro –
Presidente/Superintendente para a Extinção da PIDE/DGS e LP:
(A TODOS OS MEUS AMIGOS DO FB PEÇO O EMPENHO EM LEREM O QUE SEGUE
E DIVULGAREM SE ACHAREM JUSTO. É QUE JÁ NÃO É ADMISSIVEL TANTA MENTIRA E
DEMAGOGIA.)
Quando a 26 de Abril de 1974, finalmente as Forças Armadas
tomaram a sede da Pide/Dgs na rua António Maria Cardoso em Lisboa e ocuparam o
forte de Caxias libertando os presos políticos, um dos factos que constataram
foi que na sede, os agentes da Pide acossados pela Revolução, haviam queimados
substanciais quantidades de documentos, não numa incineradora que tivessem para
o efeito, mas numa singela lareira revelando logo ali, o estado da arte a que
tinha chegado a policia politica da ditadura.
Como não foi possível identificar na totalidade os documentos queimados,
sabendo-se todavia que ma maior parte eram listas de colaboradores e
informadores e de redes pessoais de informadores que eram exclusivo dos agentes
mais graduados da policia politica , inspectores e sub- inspectores, é
absolutamente razoável presumir que alguns desses documentos conteriam algum
documento relacionado com as policias politicas congéneres inclusive com a CIA.
Acrescente-se todavia, que nessa altura, 90% dos efectivos e da actividade da
Pide /Dgs, realizava-se nos três teatros de operações militares em África a
beneficio das Forças Armadas Portuguesas, especialmente o Exército, com quem
colaboravam estritamente, não só no domínio da pesquisa coberta das
informações, como em actividades extra fronteiras, e até em contactos com os
movimentos ditos de Libertação.
Na Metrópole, isto é em território Nacional Europeu, tanto a sede como a prisão
de Caxias, foram ocupadas em permanência pelas Forças Armadas, quer unidades do
Exército , quer da Armada, incluindo a prisão de Alcoentre, onde milhares de
agentes e informadores, foram “ depositadas” com o intuito de serem julgados.
A ocupação, guarda e defesa dessas instalações, manteve-se ininterruptamente
nas mãos dos militares até 1982 ( fim do Conselho da Revolução), embora com a
substituição das guarnições logo após os acontecimentos politico-militares de
25 de Novembro de 1975.
Ao organizarem a guarda das instalações e arquivos os militares, através de uma
cadeia hierárquica conhecida, formaram uma comissão, chamada Serviço de
Coordenação para a Extinsão da Pide/Dgs e LP. Nela aceitaram integrar elementos
dos vários partidos e forças politicas, que reivindicavam um passado de luta
antifascista, entre outras, O PCP, O Ps, a Luar, o MRPP etc. Esses elementos
são conhecidos e grande parte, creio eu, ainda hoje é viva , felizmente. Entre
eles estava um menbro do comité central do PCP, o snr Oneto ligado ao PS, o dr.
Caldeira do PS e hoje da fundação Mário Soares e outros cidadãos ligados ás
forças que referi.
Estas forças , particularmente o PCP, que tinham aliás os correlativos
simpatizantes no seio das Forças Armadas da altura, procuraram numa primeira
fase e rapidamente, indagar das listas de colaboradores e informadores por
forma a puderem rapidamente sanearem as suas fileiras e exercerem alguns
ajustes de contas. Digo particularmente o PCP, que obviamente teve chocantes
surpresas.
Mas a questão essencial, é que este heterogénio grupo politico civil que passou
a fazer companhia aos militares, exerciam uma vigilância mútua de tal ordem,
que é absolutamente delirante pensar, nas colunas de Berliets (camiões) que a
coberto da noite carregaram toneladas de documentos e se puseram a caminho da
União Soviética, numa operação Jamesbondiana sem paralelo cá no burgo !!!!!.
É aliás ofensivo para a guarnição e chefias militares presentes e responsáveis
á época a admissão de uma operação dessa natureza.
Esta delirante visão, sem o mínimo de consistência e prova real, faz ainda hoje
as delicias conspirativas de alguns escribas jornalísticos e do Face Book e
mais grave é partilhada por gente que se diz historiadora, alguma com altas
responsabilidades académicas..
A verdade, é que tirando alguns recuerdos pessoais, entre os quais algumas
armas, os processos de lideres políticos da oposição á ditadura como os de
Soares e Cunhal, e eventualmente algumas fotocópias de documentos que a análise
superficial de alguns desses zelosos civis partidários poderiam considerar
informação útil para este ou aquele partido, os arquivos da policia politica da
ditadura podem considerar-se incólumes e foram entregues por mim em 1982 para
seguirem para a Torre do Tombo, após um grupo de deputados ter alvitrado que
eles ficassem na AR !!!!
O embuste da fuga de informação relevante e com peso politico,
sobretudo em termos internacionais, uma espécie de wikileaks avant-garde, põe a
nú oportunismos serôdios e a ignorância completa do processo histórico
relacionado com o fim da ditadura. Por altura do 25 de Abril de 1974, a policia
politica português, estava praticamente proscrita das redes de informação
normais das democracias ocidentais, incluindo a CIA e como é óbvio, não tinha
qualquer contacto com as policias politicas do Bloco Comunista e ainda menos
com a China.
Acresce a esta realidade o indigente estado da arte dessa policia, por mim
verificado, durante os sete anos em que fui responsável pelo desmantelamento do
seu aparelho, em que foi confrangedor, verificar os aspectos artesanais e
arcaicos do seu funcionamento. Sem embargo de admitir contactos estritamente
pessoais de alguns inspectores, que não do director, major Silva Pais, com
elementos de alguns serviços secretos europeus (França e Inglaterra). O resto é
fantasia pura.
Relembro que os efectivos , os melhores agentes e 90% do esforço da policia
politica se verificava em África e aí sim, com resultados palpáveis, entre os
quais os assassinatos de Eduardo Mondlane e Amilcar Cabral. Acções aliás bem
negativas para o interesse estratégico português como hoje é fácil constatar.
Por último queria rearfirmar que a todos os agentes e informadores confirmados,
foi dado oportunidade de um julgamento justo e equitativo, por mim exigido em
Conselho da Revolução e que o General Ramalho Eanes através dos meios Judiciais
do Exército proporcionou ( cinco tribunais militares), queria dizer ainda que
esses processos judiciais estão salvaguardados no Arquivo Histórico militar,
sendo Portugal, talvez o único caso no mundo, onde os arquivos da policia
politica de uma ditadura foram essencialmente perservados e o julgamento que os
democratas fizeram sobre essa policia politica estão salvaguardados.
Isto sim devia ser valorizado e merecer o estudo de quem perde tempo com
especulações e demagogias.
José Milhazes,
historiador ou aldrabão?
Quando os milhazes atacam
pela mão de crespos e outros SICanas...
4 comentários:
Em vêsperas de eleicoes,aparecem sempre milhazes-caluniadores,defendendo a sua classe.
Um beijo
A calúnia é uma arma contra os que sempre estiveram ao lado do POVO e que, hoje em dia, continua a ser muito utilizada. Infelizmente continua a ser bastante eficaz.
Um beijo.
Não passam de milhazes.
Mais palavras para quê? Este «textemunho» é claro e coloca a nú os oportunismos que ao longo dos anos, umas vezes de forma mais brusca, outras mais disfarçada, se vão revelando.
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