quinta-feira, fevereiro 06, 2014

Os BRICS

Um comentário a um "post" anterior (emergentes - mercados e países) levanta uma série de questões que considero muito oportunas e interessantes. Embora com pena do anonimato, aqui o reproduzo e procuro dar sequência.

«Os Brics têm estrutura formal, têm ideologia, têm coesão e objectivos precisoa. Há reuniões frequentes e em Março de 2013, por exemplo, foi em Moscovo e foi discutido precisamente que a ideologia dos BRICS deve ser a justiça na economia mundial, foi a conclusão do fórum de 2013 dasta organização que luta pela paz. O encontro de 2013 em Moscovo contou com a presença não somente dos países-membros do grupo Brics, mas também de representantes de 19 países da Ásia, América Latina e Próximo Oriente.

Ainda sobre a ideologia do grupo Brics, Maria do Socorro Gomes Coelho, presidente do Conselho Mundial da Paz definiu que são uma associação de diversos países, com diversas culturas, mas com dificuldades comuns, as ideias básicas devem ser, em primeiro lugar, a justiça. Isto é, cada país deve ter direitos e obrigações iguais no quadro da comunidade mundial e, em primeiro lugar, na economia mundial. Quanto ao segundo momento ideológico deve ser o princípio da soberania, isto é, o direito de cada país de seguir a sua própria via. A base da criação dos Brics foi a ideia de uma aliança ou uma comunidade capaz de resistir a ameaças e responder aos desafios da actualidade
O presidente da Federação da Paz e da Concórdia Viktor Karmichanov, que representou a Rússia, declarou que a informação obtida no encontro será entregue para debate aos participantes da cúpula do Brics, que se realizou em fins de Março de 2013 em Durban na África do Sul.
Eles combinaram que vão criar um Banco e dispuseram para já e como arranque 100 mil milhões de Dólares. Todos os formalismos para as transacções estão ainda em debate mas o Banco deve avançar já em 2014.»

A designação BRIC foi "inventada" no seio (ou no ventre) do banco Goldman Sachs há uma dúzia de anos, para designar os então ditos países emergentes que mais se distinguiam pelo seu crescimento económico - Brasil, Rússia, Índia e China -, entre eles estando os dois mais populosos do planeta, acima de mil milhões de seres humanos, e o de maior área territorial.

Teria sido um alerta, um aviso, decerto com intenção de tentar controlar e integrar esse potencial (esses potenciais...) que se revelava capaz de alterar o equilíbrio (?) do sistema capitalista mundial. Não o terão conseguido, pelo menos como estaria nas intenções dos "inventores", e os BRIC foram crescendo e, de certa forma e de diferentes maneiras, reforçando alguma autonomia relativamente ao sistema capitalista mundial norte euro-atlântico centrado. 

Alguns contactos, reuniões e informal estruturação foram tendo esses países de enorme peso geográfico e demográfico, e passaram a incluir, nesses contactos, reuniões e informal estruturação, a República da África do Sul, assim alargando a designação a BRICS (e tendo um representante do continente africano).

Por  isso, aceitando o comentário como muito útil, não concordo que, neste momento, se possa falar de estrutura formal, e muito menos de ideológia comum. Reuniões frequentes, sim, iniciativas conjuntas e alargadas, também, mas estrutura formal e ideológica, não!

Acrescentaria AINDA. 
E mais diria que a justiça e a paz, sendo valores inestimáveis e fundadores, não serão, só por si, uma ideologia, podendo até ser (e desejável é que o sejam) a base para encontros e alianças de ideologias diferentes.  
    
Que estão, os BRIC ou BRICS, sob a atenção e os cuidados preocupados do capital financeiro transnacional isso é evidente.

2 comentários:

Graciete Rietsch disse...

Os BRIC ou BRICS serão talvez "uma espinha cravada na garganta do capitalismo" como dizia o outro.
Talvez um tiro no escuro do Banco Goldman Sachs, que pode fazer ricochete. Terei alguma razão?
um beijo.

Sérgio Ribeiro disse...

Os BRIC (ou BRICs ou BRICS) terão as suas dinâmicas nacionais próprias e cruzadas, e uma dinâmica de grupo a meu ver ainda informal, que a dinâmica capitalista procura controlar no meio do descontrole que a crise (inevitável!) provoca.

Beijos