Ontem foi um dia a que chamaram várias coisas. Foi um dia-chave, embora não daqueles que abrem portas. Pelo meu lado, dediquei-o, quase por inteiro (e por solidária camaradagem...) a acompanhar os trabalhos da comissão parlamentar de inquérito ao BES. Das 9 horas da manhã de ontem às 2 já de hoje. Com curtos intervalos, que também "eles" os tiveram.
Gosto da expressão, que não teria inventado mas que não tinha lido ou ouvido antes, de autópsia do capitalismo regulador, e este teria sido um episódio dos mais significativos. Mas nada de mórbido me "agarra" ao televisor e me prende à cadeira. Só o desejo de melhor conhecer as entranhas do sobrevivo para melhor ajudar - microscopicamente - à transformação do mundo.
E, enquanto via e ouvia, folheava um caderninho que há uns meses organizei, arrumando alguns "posts" que aqui coloquei. Para uso pessoal e oportuno. Como foi agora o caso.
Faço o "remake" de dois extratos:
QUARTA-FEIRA, MAIO
25, 2011
Que insuportável mundo!,
este dos banqueiros...
Uma noite sem tarefa(s). Calma. É como quem diz...
Ao terceiro dia de campanha (e só neste me detive face ao televisor), o
aparelho está em sérios riscos!
Ainda por cima, apanhei com uma insuportável entrevista com o insuportável
dr. Ricardo Salgado.
Como este "mundo dos banqueiros" é insuportável. Coexistir nele só em luta
contínua.
É insuportável. Dêem-me
tarefas ou ainda faço um disparate!
(...)
TERÇA-FEIRA, JULHO 08, 2014
(...)
Foi a financeirização da economia.
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O BESCL, agora BES, “devolvido à família
Espirito Santo”, entrou no jogo todo, tomou lemes e rédeas.
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E fez disso alarde em certos momentos,
como foi o de chamar a"troika" para nos invadir explicitamente, sem pensar no ricochete, sem pôr as barbas
de molho.
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Bem pelo contrário.
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O médio e o longo prazo deixaram de contar
(Keynes, se relembrado, diria que amanhã estaremos todos mortos… e não lhes importa
os que nasçam depois de amanhã).
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Especular, especular, especular sempre e
cada vez mais.
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A opção deixou de ser entre o pão e a
”pastilha elástica” para passar a ser entre o nada e a coisa nenhuma, para o
que dê maior dividendo ou cotação na Bolsa, ou o “off-shore” mais
rentável e/ou menos fiscal izado.
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Está a dar-se o esperado.
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Está a dar-se o previsto, o prevenido e… o
inevitável na correlação de forças dominante sempre, aqui e ali, mais ou menos
moderado pela resistência… porque nunca nenhuma força está sozinha, toda a
força tem o seu contrário.
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O que está a acontecer ao “meu” BES, se
diferente nas formas, nasce do mesmo que aconteceu ao PBN, ao BPP, ao BCP.
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Entretanto, pode comprar-se hoje a 0,6 o
que amanhã se pode vender a 1, transferindo riqueza (das nações) de mão em mão
sem que nada se crie, e sem que se recuperem os milhares de milhões
volatilizados.
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Filme de terror?, estou de acordo com a
designação do género, embora me interesse muito mais o genérico e a ficha
técnica!
(...)
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E fico-me por aqui, apenas com mais uma nota.
Já li, hoje de manhã, no sapo-expresso, um interessante resumo da audição de ontem de R. Salgado (Um homem sem confissões, nem de Santo Agostinho, de Filipe Santos Costa), mas a que faltou a 2ª parte das audições de ontem, a das "confissões" de S. Ricciardi, que mexeram mesmo nas entranhas do "bicho" em autópsia, e que, entre as 19 e as 26 (24+2) horas, puseram a nu muito do que R. Salgado tapou, com grande "profissionalismo", contenção e contensão, entre as 9 e as 19. horas.
tem continuação!
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