46.º aniversário da CGTP-IN: uma construção dos
trabalhadores
SÁBADO, 01 DE OUTUBRO DE 2016
A capacidade de intervenção, a força e o imenso prestigio granjeado pela
CGTP-IN ao longo destes 46 anos de existência, assentam na sua organização
e na participação activa e empenhada dos trabalhadores.
(http://abrilabril.pt/sites/default/files/styles/jumbo1200x630/public/assets/img/manif.jpg?itok=xlK7sFxc)
Manifestação convocada pela CGTP-IN a 25 de Maio de
2013, em Belém
A
CGTP-IN (Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical
Nacional), criada a 1 de Outubro de 1970, comemora, este ano, os seus
quarenta e seis anos de existência sob o lema: 46 anos com os trabalhadores –
Defender, Repor e Conquistar Direitos.
Uma construção dos trabalhadores
A
criação da Intersindical não resultou de uma construção política feita do
exterior para o seio dos trabalhadores. Ela nasceu de baixo para cima, ou seja,
da organização e da luta reivindicativa de várias gerações de trabalhadores, a
partir dos locais de trabalho e nas ruas e praças do país.
Pela
sua natureza como organização de classe, pelos princípios e objetivos
programáticos por que se orienta, pela acção desenvolvida ao serviço dos
trabalhadores e do país, pelos valores internacionalistas que defende e
pratica, a CGTP-IN, justamente, reivindica o título de herdeira e continuadora
das melhores tradições do movimento operário e sindical português.
Herdeira
e continuadora de uma longa e heroica luta contra a exploração, pelo direito
dos trabalhadores a serem senhores dos seus destinos, pela construção de um
Portugal verdadeiramente soberano e independente em que a democracia, a justiça
social e o progresso sejam uma realidade em toda a sua plenitude.
Essa
experiência histórica demonstra, de forma inequívoca, que as justas aspirações
e reivindicações dos trabalhadores se alcançam lutando e intervindo de forma
unida e organizada e torna evidente a necessidade de uma ação e intervenção
permanentes para defender, repor e ampliar as conquistas alcançadas, que o
grande patronato e o poder político ao seu serviço procuram sempre pôr em
causa ou mesmo liquidar.
Demonstra
ainda que o combate ao divisionismo e a luta pela unidade sindical, constituem
uma condição fundamental para o êxito da luta pelos direitos e por melhores
condições de vida e de trabalho.
A
capacidade de intervenção, a força e o imenso prestigio granjeado pela
CGTP-IN ao longo destes 46 anos de existência, assentam na sua organização
e na participação activa e empenhada dos trabalhadores, sobretudo a partir dos
locais de trabalho, na sua identificação permanente com os interesses das
massas populares e do país, e na solidariedade com a luta dos trabalhadores e
dos povos de todo o mundo, contra a exploração e a opressão e pelo progresso
social.
A
intensa atividade desenvolvida e os resultados alcançados com a sua luta - nas
condições de fascismo ou nas condições de liberdade - nos campos, nas fábricas,
nas escolas, nos serviços ou nas ruas; na luta reivindicativa ou no
empenhamento colocado na solução dos problemas do país; na defesa da liberdade
e do regime democrático ou no contínuo trabalho de desenvolvimento da
organização dos trabalhadores, confirmam e reafirmam a CGTP-IN, como a única
verdadeira central sindical dos trabalhadores portugueses, sua conquista
histórica.
Da luta contra o fascismo à defesa dos valores de
Abril
Parte
integrante da resistência à ditadura fascista, a história da CGTP-IN está
indissoluvelmente ligada à luta heroica das massas trabalhadoras e das forças
democráticas contra a opressão e a exploração, à luta pela liberdade e a
democracia.
A
CGTP-IN é, assim, simultaneamente obreira e produto da longa luta da classe
operária e dos lutadores antifascistas que tornaram possível a Revolução de
Abril de 1974 e, com ela, o conjunto das liberdades políticas e sindicais de
que a sociedade portuguesa passou a usufruir.
A
CGTP-IN desempenhou igualmente um papel inestimável e determinante no
desenvolvimento do processo revolucionário após o 25 de Abril de 1974.
A
criação de uma sólida organização sindical de classe, de massas, unitária,
democrática, solidária e independente, de espírito revolucionário, prestigiada
e influente, foi determinante para que os trabalhadores se tornassem o eixo e o
importante motor da vasta e poderosa movimentação das massas populares e das
forças democráticas que tornaram possível operar profundas transformações
económicas e sociais, abrindo a Portugal a possibilidade de se tornar num
país democrático, desenvolvido, solidário e soberano.
Os
princípios da CGTP-IN, indissociáveis e interdependentes, tornados património
do movimento sindical que a integra, encontram consagração prática na
vasta acção desenvolvida, sob as mais diversas formas, sempre e sempre ligada à
luta dos trabalhadores, tendo como objetivo supremo a defesa dos seus direitos
e interesses e a concretização das suas legítimas aspirações.
A
comprová-lo está, nos últimos anos, a intensa luta travada pelos trabalhadores,
impulsionada pela CGTP-IN, em convergência com muitos democratas e patriotas,
contra as políticas de direita, baseadas na exploração, nas desigualdades e no
empobrecimento do povo e do país, prosseguidas pelos sucessivos governos e em
particular pelo último governo PSD/CDS.
Foi
essa luta determinada, associando a luta ao voto, que contribuiu decisivamente
para que, das eleições legislativas de Outubro de 2015, resultasse a derrota e
o afastamento do governo PSD/CDS e uma maioria de deputados do PS, BE, PCP
e PEV na Assembleia da República que deram suporte à constituição de um Governo
minoritário do PS.
No
quadro da nova correlação de forças e dos compromissos assumidos, foram, desde
então, tomadas algumas medidas relacionadas com a defesa e reposição de
rendimentos e direitos, o que veio comprovar, mais uma vez, o importante papel
da unidade, da organização e da luta e desmontar a tese das inevitabilidades.
Contudo,
tal como a CGTP-IN tem vindo a afirmar, apesar da recuperação de alguns
rendimentos e direitos, que se regista e valoriza, é preciso continuar a luta
pelo prosseguimento e aprofundamento deste caminho, na perspetiva do rompimento
definitivo com as políticas de direita e a construção duma verdadeira
alternativa democrática.
Uma
alternativa que caminhe no sentido dos valores de Abril, ou seja, do
crescimento económico e do desenvolvimento social, nomeadamente no que diz
respeito ao investimento, ao aumento da produção e riqueza nacional, para criar
emprego com direitos, repartir de forma mais justa o rendimento, melhorar os
serviços públicos, dar melhores condições de vida aos trabalhadores e ao povo.
É
este o desafio que está lançado aos trabalhadores portugueses nestas
comemorações do 46º Aniversário da CGTP-IN.
Os
trabalhadores portugueses, dirigentes, delegados e ativistas sindicais, devem sentir-se
orgulhosos da central sindical que têm e estimulados a defendê-la e a
reforçá-la para que ela prossiga, com confiança e determinação, a luta pela
afirmação e defesa dos seus direitos e interesses e pela construção de uma
sociedade mais justa e fraterna, sem a exploração do homem pelo homem.