Lanço aqui dois temas, para auto e multi reflexão.
"Obediência e disciplina" provoca quatro pobres comentários; "dogmatismo e ortodoxia" já vai nos 27.
Cá fico a reflectir...
sexta-feira, março 31, 2006
quinta-feira, março 30, 2006
Sobre religião e outras coisas utilizadas como "ópios" do povo
Vamos lá então à questão da religião ser ou não o ópio do povo.
Antes, porém… Nunca sou capaz de reproduzir, agora, o que há muito tempo, ou há pouco, disse ou escrevi, exactamente como há muito tempo, ou há pouco, o disse ou escrevi.
E tantas vezes me tem sucedido que, após uma prova de azelhice, de inépcia, um gesto canhestro (destrambelho, diz o outro), apago o que escrevi e, ao querer retomar o escrito, inevitavelmente outro escrito me sai.
Não raro uma angústia me assalta porque tenho a ideia, a percepção, de que a anterior (e apagada) forma era mais feliz que aquela que tive de reconstituir... aproximadamente.
Por isso, fujo como o diabo da cruz (que raio de imagem!...) dos argumentos de autoridade fulano disse logo é isso que é, porque sei que aquilo que “aquele fulano” disse ou escreveu o fez naquelas concretas circunstâncias e naquele preciso momento em que o disse ou escreveu.
Nem era necessário correr tempo de maneira a mudar as circunstâncias para que, no momento seguinte, aquele mesmo fulano – já outro – dissesse (talvez) o mesmo de maneira (decerto) diferente.
Então… quando foi dito (por quem?) que “a religião era o ópio do povo”, tal foi dito num momento e num contexto.
Quero eu dizer (sem o dizer) que não estou de acordo com essa frase? Não, de modo nenhum, mas quero dizer que não aceito ter de responder se sim ou não estou de acordo com a frase. E pronto, ficava respondido.
Eu - repito: eu, e acrescento: agora que escrevo - acho que a religião foi e é utilizada como ópio para o povo, no sentido de anestesiante, de desviante da tomada de consciência do que é e de como está organizado socialmente.
Entretanto, isto é, tantos anos passados sobre essa frase com que se pretende resumir/caricaturar a posição dos marxistas sobre a religião, muitas coisas aconteceram, muita água passou por debaixo (e também por cima) das pontes.
E muitos “ópios” se acrescentam ao que, como o “ópio”, pode ser utilizado. As drogas – que o ópio também é –, a “lei seca” e a sua clandestinidade, o espectáculo desportivo, a televisão, as auto-estradas da comunicação, a net. Sei lá que mais…
Utilizados por quem?
Pelos que – pela classe que – beneficiam do actual/presente “estado de coisas” e que tudo fazem, às vezes chegando a extremos inimagináveis, para que nada mude, ou para que apenas mude o que tenha de mudar para que tudo, no essencial das relações humanas, continue na mesma. Porque têm a consciência, ou a percepção, de que o povo, tomando ele consciência, teria a suficiente força para mudar, para transformar a sociedade, para fazer outras as relações humanas sobre que esta assenta.
Isto foi o que eu escrevi. Isto fui eu que escrevi. Hoje.
E assino
Sérgio Ribeiro
E localizo e dato
Zambujal, 30 de Março de 2006, neste momento 13.36 (e ainda não almocei...)
Antes, porém… Nunca sou capaz de reproduzir, agora, o que há muito tempo, ou há pouco, disse ou escrevi, exactamente como há muito tempo, ou há pouco, o disse ou escrevi.
E tantas vezes me tem sucedido que, após uma prova de azelhice, de inépcia, um gesto canhestro (destrambelho, diz o outro), apago o que escrevi e, ao querer retomar o escrito, inevitavelmente outro escrito me sai.
Não raro uma angústia me assalta porque tenho a ideia, a percepção, de que a anterior (e apagada) forma era mais feliz que aquela que tive de reconstituir... aproximadamente.
Por isso, fujo como o diabo da cruz (que raio de imagem!...) dos argumentos de autoridade fulano disse logo é isso que é, porque sei que aquilo que “aquele fulano” disse ou escreveu o fez naquelas concretas circunstâncias e naquele preciso momento em que o disse ou escreveu.
Nem era necessário correr tempo de maneira a mudar as circunstâncias para que, no momento seguinte, aquele mesmo fulano – já outro – dissesse (talvez) o mesmo de maneira (decerto) diferente.
Então… quando foi dito (por quem?) que “a religião era o ópio do povo”, tal foi dito num momento e num contexto.
Quero eu dizer (sem o dizer) que não estou de acordo com essa frase? Não, de modo nenhum, mas quero dizer que não aceito ter de responder se sim ou não estou de acordo com a frase. E pronto, ficava respondido.
Eu - repito: eu, e acrescento: agora que escrevo - acho que a religião foi e é utilizada como ópio para o povo, no sentido de anestesiante, de desviante da tomada de consciência do que é e de como está organizado socialmente.
Entretanto, isto é, tantos anos passados sobre essa frase com que se pretende resumir/caricaturar a posição dos marxistas sobre a religião, muitas coisas aconteceram, muita água passou por debaixo (e também por cima) das pontes.
E muitos “ópios” se acrescentam ao que, como o “ópio”, pode ser utilizado. As drogas – que o ópio também é –, a “lei seca” e a sua clandestinidade, o espectáculo desportivo, a televisão, as auto-estradas da comunicação, a net. Sei lá que mais…
Utilizados por quem?
Pelos que – pela classe que – beneficiam do actual/presente “estado de coisas” e que tudo fazem, às vezes chegando a extremos inimagináveis, para que nada mude, ou para que apenas mude o que tenha de mudar para que tudo, no essencial das relações humanas, continue na mesma. Porque têm a consciência, ou a percepção, de que o povo, tomando ele consciência, teria a suficiente força para mudar, para transformar a sociedade, para fazer outras as relações humanas sobre que esta assenta.
Isto foi o que eu escrevi. Isto fui eu que escrevi. Hoje.
E assino
Sérgio Ribeiro
E localizo e dato
Zambujal, 30 de Março de 2006, neste momento 13.36 (e ainda não almocei...)
Apenas uma e última palavra(inha)
Num outro blog (albergue dos danados), escrevi este comentário :
Sobre o primeiro "caso", porra! A começar por ela e a nela acabar, apenas direi esta palavra sobre a exma. senhora dona Margarida Rebelo Pinto, recusando-me a participar na campanha que a desgraciosa senhora dona promove a partir da publicidade graciosa que de todos nós pretende.
(ainda, e contrafeito, reproduzirei este comentário adaptado ao meu anónimo blog)
Por favor, não comentem!
Sobre o primeiro "caso", porra! A começar por ela e a nela acabar, apenas direi esta palavra sobre a exma. senhora dona Margarida Rebelo Pinto, recusando-me a participar na campanha que a desgraciosa senhora dona promove a partir da publicidade graciosa que de todos nós pretende.
(ainda, e contrafeito, reproduzirei este comentário adaptado ao meu anónimo blog)
Por favor, não comentem!
quarta-feira, março 29, 2006
Se me dão licença...
... transcrevo que foi enviado aos orgãos de comunicação social:
Comunicado da Comissão Política do PCP
PS exclui 12 recomendações do PCP
para reforçar a participação política das mulheres
1 – A Comissão Política do PCP destaca o facto do seu Projecto de Resolução sobre «Medidas de reforço da participação cívica e política das mulheres» ter sido excluído do debate parlamentar do próximo dia 30 de Março, tendo o Grupo Parlamentar do PS imposto que a discussão se centre, exclusivamente, na chamada «Lei da paridade».
Com o objectivo de dar cumprimento ao Art.º 109 da Constituição da República, o Projecto de Resolução do PCP propõe 12 medidas envolvendo os diferentes agentes políticos e sociais (partidos, Governo, organizações sociais e de mulheres) no sentido de assumirem uma activa intervenção visando promover e garantir a participação das mulheres em igualdade na vida política e cívica e nos centros de decisão.
Neste sentido, o Projecto de Resolução do PCP destaca o papel dos partidos políticos na assunção de responsabilidades no necessário aumento do número de mulheres nas listas eleitorais e em lugares elegíveis para a Assembleia da República, Parlamento Europeu, assembleias legislativas regionais e autarquias locais. Esta responsabilidade deve ser concretizada através de um processo de auto-regulamentação e no respeito pela liberdade de adopção das medidas que cada partido político considere mais adequadas.
Destaca, igualmente, a intervenção activa que o Governo deve assumir nas suas esferas de competência, visando a promoção do reforço da presença de mulheres em altos cargos governativos, incluindo cargos dirigentes da Administração Pública preenchidos por via de nomeação; a avaliação dos impactos das políticas económicas e sociais na evolução da situação das mulheres; a publicação de relatórios anuais com informação sobre a evolução da participação das mulheres nos órgãos de poder e na Administração Pública. Sem esquecer também a responsabilidade que lhe cabe em promover e garantir um conjunto de medidas positivas do ponto de vista económico e social e de combate às atitudes e práticas discriminatórias, de forma a permitir às mulheres a participação no exercício do poder político.
2 – A Comissão Política do PCP considera inaceitável que o Grupo Parlamentar do PS fundamente a imposição da sua «Lei paritária» por razões de reforço da participação política das mulheres, quando ignora deliberadamente que existem outros importantes cargos políticos, de que são exemplo o próprio Governo e os cargos dirigentes da Administração Pública preenchidos por nomeação, nos quais a participação das mulheres é baixíssima.
Não é aceitável que o Partido Socialista crie falsas expectativas de reforço da participação das mulheres nos órgãos de poder tendo como base a designada «Lei da paridade» e ao mesmo tempo defenda uma reforma do sistema político e eleitoral que, além de contraditória com os objectivos agora expressos nesta proposta de lei no que se refere às mulheres, vai redundar num efectivo empobrecimento da participação política e eleitoral do conjunto dos agentes do sistema partidário. A gravidade dos seus objectivos de alteração ao sistema político e eleitoral – introdução dos círculos uninominais, criação de executivos camarários «monopartidários» – levariam a assegurar a alternância PS/PSD sem sobressaltos, à custa de maiores constrangimentos à eleição de mulheres – como é patente nos círculos uninominais –, e à distorção da relação proporcional entre votos expressos e eleição de representantes.
Com o debate parlamentar do dia 30 de Março, o Partido Socialista não pretende a adopção de estratégias que contribuam de forma eficaz para o necessário aumento da participação das mulheres no exercício do poder político, baseadas numa avaliação rigorosa das diversas causas que determinam a sua lenta evolução nos diversos órgãos de soberania.
O que o PS pretende é impor a exclusão de participar nos actos eleitorais aos partidos que não cumpram a obrigatoriedade de inclusão de 33% de mulheres nas listas para a Assembleia da República, para o Parlamento Europeu e para as Autarquias Locais. A ser aprovada esta proposta do PS, estaremos perante um novo passo na ingerência na vida interna dos partidos e no direito dos seus militantes – mulheres e homens - de decidirem livremente as suas regras de funcionamento. O que o PS pretende é alimentar a ideia de que as causas de todos os problemas, incluindo os défices de participação política das mulheres, residem no funcionamento interno dos partidos e não no conjunto da sociedade.
De forma ardilosa, o PS pretende, ainda, centrar os défices de participação em igualdade entre mulheres e homens nos centros de decisão política. Quando, o que acontece é que tais défices acompanham a situação de desigualdade e de discriminação mesmo em espaços onde estas são maioria. É disso exemplo o mundo do trabalho, com a duplicação do desemprego feminino, o aumento da precariedade e o agravamento das discriminações salariais.
Tudo isto em resultado das políticas económicas e sociais, que se repercutem igualmente na falta de cumprimentos dos direitos de maternidade-paternidade, na falta de uma rede pública de creches, jardins de infância e ATL’s, entre outros exemplos.
Pretende, assim, o PS desviar as atenções quanto à estreita relação entre a natureza da sua política de direita e o défice de participação política, o que não é separável do aprofundamento das discriminações que continuam a pesar sobre as mulheres em todas as esferas da vida.
A Comissão Política do PCP reafirma a sua rejeição desta proposta do PS, ao mesmo tempo que reitera não só o seu compromisso com o reforço do número de mulheres nas suas listas e em lugares elegíveis, como o seu activo empenhamento na luta pela concretização da justa aspiração de participação das mulheres em igualdade na vida económica, social e política.
(consultar o Projecto de Resolução do PCP em http://www3.parlamento.pt/plc/Iniciativa.aspx?ID_Ini=21198 )
28.3.2006 A Comissão Política do PCP
Comunicado da Comissão Política do PCP
PS exclui 12 recomendações do PCP
para reforçar a participação política das mulheres
1 – A Comissão Política do PCP destaca o facto do seu Projecto de Resolução sobre «Medidas de reforço da participação cívica e política das mulheres» ter sido excluído do debate parlamentar do próximo dia 30 de Março, tendo o Grupo Parlamentar do PS imposto que a discussão se centre, exclusivamente, na chamada «Lei da paridade».
Com o objectivo de dar cumprimento ao Art.º 109 da Constituição da República, o Projecto de Resolução do PCP propõe 12 medidas envolvendo os diferentes agentes políticos e sociais (partidos, Governo, organizações sociais e de mulheres) no sentido de assumirem uma activa intervenção visando promover e garantir a participação das mulheres em igualdade na vida política e cívica e nos centros de decisão.
Neste sentido, o Projecto de Resolução do PCP destaca o papel dos partidos políticos na assunção de responsabilidades no necessário aumento do número de mulheres nas listas eleitorais e em lugares elegíveis para a Assembleia da República, Parlamento Europeu, assembleias legislativas regionais e autarquias locais. Esta responsabilidade deve ser concretizada através de um processo de auto-regulamentação e no respeito pela liberdade de adopção das medidas que cada partido político considere mais adequadas.
Destaca, igualmente, a intervenção activa que o Governo deve assumir nas suas esferas de competência, visando a promoção do reforço da presença de mulheres em altos cargos governativos, incluindo cargos dirigentes da Administração Pública preenchidos por via de nomeação; a avaliação dos impactos das políticas económicas e sociais na evolução da situação das mulheres; a publicação de relatórios anuais com informação sobre a evolução da participação das mulheres nos órgãos de poder e na Administração Pública. Sem esquecer também a responsabilidade que lhe cabe em promover e garantir um conjunto de medidas positivas do ponto de vista económico e social e de combate às atitudes e práticas discriminatórias, de forma a permitir às mulheres a participação no exercício do poder político.
2 – A Comissão Política do PCP considera inaceitável que o Grupo Parlamentar do PS fundamente a imposição da sua «Lei paritária» por razões de reforço da participação política das mulheres, quando ignora deliberadamente que existem outros importantes cargos políticos, de que são exemplo o próprio Governo e os cargos dirigentes da Administração Pública preenchidos por nomeação, nos quais a participação das mulheres é baixíssima.
Não é aceitável que o Partido Socialista crie falsas expectativas de reforço da participação das mulheres nos órgãos de poder tendo como base a designada «Lei da paridade» e ao mesmo tempo defenda uma reforma do sistema político e eleitoral que, além de contraditória com os objectivos agora expressos nesta proposta de lei no que se refere às mulheres, vai redundar num efectivo empobrecimento da participação política e eleitoral do conjunto dos agentes do sistema partidário. A gravidade dos seus objectivos de alteração ao sistema político e eleitoral – introdução dos círculos uninominais, criação de executivos camarários «monopartidários» – levariam a assegurar a alternância PS/PSD sem sobressaltos, à custa de maiores constrangimentos à eleição de mulheres – como é patente nos círculos uninominais –, e à distorção da relação proporcional entre votos expressos e eleição de representantes.
Com o debate parlamentar do dia 30 de Março, o Partido Socialista não pretende a adopção de estratégias que contribuam de forma eficaz para o necessário aumento da participação das mulheres no exercício do poder político, baseadas numa avaliação rigorosa das diversas causas que determinam a sua lenta evolução nos diversos órgãos de soberania.
O que o PS pretende é impor a exclusão de participar nos actos eleitorais aos partidos que não cumpram a obrigatoriedade de inclusão de 33% de mulheres nas listas para a Assembleia da República, para o Parlamento Europeu e para as Autarquias Locais. A ser aprovada esta proposta do PS, estaremos perante um novo passo na ingerência na vida interna dos partidos e no direito dos seus militantes – mulheres e homens - de decidirem livremente as suas regras de funcionamento. O que o PS pretende é alimentar a ideia de que as causas de todos os problemas, incluindo os défices de participação política das mulheres, residem no funcionamento interno dos partidos e não no conjunto da sociedade.
De forma ardilosa, o PS pretende, ainda, centrar os défices de participação em igualdade entre mulheres e homens nos centros de decisão política. Quando, o que acontece é que tais défices acompanham a situação de desigualdade e de discriminação mesmo em espaços onde estas são maioria. É disso exemplo o mundo do trabalho, com a duplicação do desemprego feminino, o aumento da precariedade e o agravamento das discriminações salariais.
Tudo isto em resultado das políticas económicas e sociais, que se repercutem igualmente na falta de cumprimentos dos direitos de maternidade-paternidade, na falta de uma rede pública de creches, jardins de infância e ATL’s, entre outros exemplos.
Pretende, assim, o PS desviar as atenções quanto à estreita relação entre a natureza da sua política de direita e o défice de participação política, o que não é separável do aprofundamento das discriminações que continuam a pesar sobre as mulheres em todas as esferas da vida.
A Comissão Política do PCP reafirma a sua rejeição desta proposta do PS, ao mesmo tempo que reitera não só o seu compromisso com o reforço do número de mulheres nas suas listas e em lugares elegíveis, como o seu activo empenhamento na luta pela concretização da justa aspiração de participação das mulheres em igualdade na vida económica, social e política.
(consultar o Projecto de Resolução do PCP em http://www3.parlamento.pt/plc/Iniciativa.aspx?ID_Ini=21198 )
28.3.2006 A Comissão Política do PCP
terça-feira, março 28, 2006
Mais coisas...
Só o rigor dos conceitos pode vencer os preconceitos
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As palavras são conceitos.
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Os preconceitos servem-se de palavras sem cuidar do rigor dos conceitos que as palavras são.
&-----&-----&
Todas as palavras têm significados.
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Se assim não fosse nada teria sentido.
&-----&-----&
Ortodoxo é “o que está conforme com uma doutrina definida; por ext., é o que é rígido nas suas convicções”.
&-----&-----&
Mas… apetece perguntar: as convicções seriam convicções se não fossem rígidas?
&-----&-----&
Posso dizer que ortodoxo é o que tem convicções e as defende?
&-----&-----&
Dogmático é o que, ou aquilo que “pertence a ou relativo a dogma (sendo dogma um “ponto fundamental da doutrina religiosa ou filosófica apresentado como certo e indiscutível".)/ Que se apresenta com o carácter de certeza absoluta; que exprime uma opinião de forma categórica”.
&-----&-----&
E posso dizer que ter convicções não é o mesmo que considerar-se certo, exprimir-se de forma categórica, apresentar-se como dono de certezas absolutas?
&-----&-----&
E que firmar as suas posições em convicções, que por isso têm de ser rígidas, não é igual a não aceitar que elas sejam discutíveis e discutidas?
&-----&-----&
O dogmático é – tem de ser! – obediente.
&-----&-----&
O ortodoxo é disciplinado, e só assim poderá defender as suas convicções, a partir das quais terá todas as dúvidas do mundo.
&-----&-----&
Sê o mais ortodoxo dos não dogmáticos!
(de um velho - e sempre em revisita - manualitância)
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As palavras são conceitos.
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Os preconceitos servem-se de palavras sem cuidar do rigor dos conceitos que as palavras são.
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Todas as palavras têm significados.
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Se assim não fosse nada teria sentido.
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Ortodoxo é “o que está conforme com uma doutrina definida; por ext., é o que é rígido nas suas convicções”.
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Mas… apetece perguntar: as convicções seriam convicções se não fossem rígidas?
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Posso dizer que ortodoxo é o que tem convicções e as defende?
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Dogmático é o que, ou aquilo que “pertence a ou relativo a dogma (sendo dogma um “ponto fundamental da doutrina religiosa ou filosófica apresentado como certo e indiscutível".)/ Que se apresenta com o carácter de certeza absoluta; que exprime uma opinião de forma categórica”.
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E posso dizer que ter convicções não é o mesmo que considerar-se certo, exprimir-se de forma categórica, apresentar-se como dono de certezas absolutas?
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E que firmar as suas posições em convicções, que por isso têm de ser rígidas, não é igual a não aceitar que elas sejam discutíveis e discutidas?
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O dogmático é – tem de ser! – obediente.
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O ortodoxo é disciplinado, e só assim poderá defender as suas convicções, a partir das quais terá todas as dúvidas do mundo.
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Sê o mais ortodoxo dos não dogmáticos!
(de um velho - e sempre em revisita - manualitância)
Coisas...
O obediente não faz.
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O obediente espera.
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O obediente espera que o mandem fazer.
&-----&-----&
E, depois, obedece, copia, plagia o mandante.
&-----&-----&
O disciplinado nunca obedece.
&-----&-----&
O disciplinado toma iniciativa.
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O disciplinado não espera pela iniciativa de outros, que copie, ou adopte, ou adapte.
&-----&-----&
Faz!
&-----&-----&
O disciplinado integra-se, com a sua iniciativa, no que os colectivos, com as suas regras, com as disciplinas individualmente assumidas, fazem.
O obediente não faz.
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O obediente espera.
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O obediente espera que o mandem fazer.
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E, depois, obedece, copia, plagia o mandante.
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O disciplinado nunca obedece.
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O disciplinado toma iniciativa.
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O disciplinado não espera pela iniciativa de outros, que copie ou adopte, ou adapte.
&-----&-----&
Faz!
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O disciplinado integra-se, com a sua iniciativa, no que os colectivos, com as suas regras, com as disciplinas individualmente assumidas, fazem.
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Sê o mais disciplinado dos não obedientes
(de um velho manualitância)
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O obediente espera.
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O obediente espera que o mandem fazer.
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E, depois, obedece, copia, plagia o mandante.
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O disciplinado nunca obedece.
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O disciplinado toma iniciativa.
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O disciplinado não espera pela iniciativa de outros, que copie, ou adopte, ou adapte.
&-----&-----&
Faz!
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O disciplinado integra-se, com a sua iniciativa, no que os colectivos, com as suas regras, com as disciplinas individualmente assumidas, fazem.
O obediente não faz.
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O obediente espera.
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O obediente espera que o mandem fazer.
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E, depois, obedece, copia, plagia o mandante.
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O disciplinado nunca obedece.
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O disciplinado toma iniciativa.
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O disciplinado não espera pela iniciativa de outros, que copie ou adopte, ou adapte.
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Faz!
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O disciplinado integra-se, com a sua iniciativa, no que os colectivos, com as suas regras, com as disciplinas individualmente assumidas, fazem.
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Sê o mais disciplinado dos não obedientes
(de um velho manualitância)
segunda-feira, março 27, 2006
Por Sant'Iago...
Um comentário de Mário Abreu no anterior "post" levou-me a ir rever esta foto do Pedro Gonçalves, de que tanto gosto por tantas razões, e não é das mais pequenas o de traduzir convívio e companheirismo.
Respondi totalmente ao lado do comentário por não lhe ter dado a atenção que merecia. Se a tivesse tido, teria "apanhado" que a "peça" a que se refere o Mário Abreu era esta foto, e que o lugar que nela ocupo era o de São Tiago numa outra "ceia"... que afinal não foi a última e tantas mais tem inspirado, depois deo senhor Leonardo (o do código) a ter pintado.
Aqui me penitencio, e "repesco" (como é próprio de pescador que teria interpretado...) a foto que aqui coloco.
Se calhar, estava só à espera de um pretexto...
domingo, março 26, 2006
De repente...
quarta-feira, março 22, 2006
Eureka!
Parece que me consegui recuperar, eu que anónimo não sou e arranjei este original (!?) pseudónimo ou heterónimo.
Acabo de verificar que muito anónimo do séc.. xxi existe aí espalhado pela net...
Estou a pensar arranjar outro heterónimo.
Acabo de verificar que muito anónimo do séc.. xxi existe aí espalhado pela net...
Estou a pensar arranjar outro heterónimo.
Por onde andas, anónimo que te foste?
Tão anónimo me estão a fazer que me assemelho a uma página em branco..
e não o quero ser!
e não o quero ser!
segunda-feira, março 20, 2006
O dia do pai foi ontem
E os meus filhos manifestaram-se!
Confesso que fiquei muito contente.
Não tanto como se me dissessem que vinham netos a caminho... mas fiquei contente.
O mais pequenino (36 anos, lá para quase um metro e oitenta e 100 quilos) ofereceu-me um CD com um concerto de 19.11.2004, na "Cité de la Musique", da Orquestra Filarmónica da Rádio France, que tocou a deutsche sinfonie opus 50 (1935-1947), de Hanns Eisler, sobre textos de Bertolt Brecht, a partir de correspondência entre os dois, de 1935.
E não resisto a traduzir para português meia dúzia de versos, que estão em alemão, inglês e francês no caderno que acompanha o CD.
E mais. Não resisto a, por minha conta, risco e atrevimento, fazer uma adaptação para português actual (de 2006) de alguns desses versos.
(...)
Deram-nos boletins de voto,
pelo nosso lado, entregámos as nossas armas.
Eles fizeram-nos promessas
e nós demos-lhe a nossa espingarda.
E disseram-nos: “os que quiserem
ajudar-nos-ão a partir de hoje,
só temos de nos pôr em acção,
e vocês farão tudo o resto para nós”.
Então, deixei-me dobrar outra vez
e comporto-me como é preciso,
sossegado, e penso:
está certo da parte da chuva…
se é para cima que ela quer cair.
E quase logo ouço dizer
que tudo está nos seus devidos lugares.
Se um mal menor nós o suportarmos,
nos será dada a prenda de um mal maior.
Engolimos o cura Brüning(*)
para evitar que fosse o Papen.
Engolimos o cavalar Papen
se não seria a vez de Schleicher.
E o cura passou ao soldado
e o soldado passou ao general,
e a chuva sempre a cair, a (es)correr para baixo,
a tombar lá de cima, colossalmente.
_______________________________________
(*)
Escolhenos o beato Guterres
depois de ter engolido o sapo Cavaco.
Apanhámos com um durão Barroso
para não suportar um ferro Rodrigues.
Estamos a aguentar um pragmafilósofo Sócrates
a quem demos o lugar sampaiamente concedido a santanas Lopes,
e aí está a parceria com o mesmo Cavaco de má e esquecida memória,
cá regressado à custa de alegres Soares e de sisudos Louçã(s).
e a chuva sempre a cair, a (es)correr para baixo,
a tombar lá de cima, às vezes a cântaros, em doses colossais.
domingo, março 19, 2006
QUESTÃO DE SE SABER SE DEUS EXISTE
Perguntou alguém ao senhor K. se Deus existia. E ele respondeu assim: "Aconselho-te a reflectir, para ver se o teu comportamento se modificaria consoante a resposta que se der à pergunta. Se não se modificar, poderemos esquecê-la. Se modificar, poderei dar-te alguma ajuda dizendo que tu próprio decidiste: precisas de um deus."
(Histórias do senhor Keuner, Brecht, tradução de Luís Bruhein, Hiena Editora, 1993)
(Histórias do senhor Keuner, Brecht, tradução de Luís Bruhein, Hiena Editora, 1993)
quinta-feira, março 16, 2006
Certezas e dúvidas
Já que insistem, aqui vai um enunciado das minhas certezas, ao “correr da pena” ou, melhor, “a toque de teclas”, procurando não ser (excessivamente) redutor:
- Nasci de um acto de dois que foram meus pais, desde logo tendo dúvidas que de amor – tal como, exigentemente, concebo este – tenha sido o gesto;
- Sou matéria, provisória e precariamente organizada;
- Enquanto tal, faço parte da natureza – não vim dela, não volto, pó, a ela… sou dela parte;
- Há uma dinâmica na matéria que é dialéctica, tudo é luta de contrários, tese-antítese-sintese-tese-antítese e por aí fora;
- É minha segunda condição natural ser um ser social, isto é, nasci, vivi, vivo, viverei (enquanto) com os outros, deles interdependente;
- Tenho da História uma leitura que me leva a afirmar que há exploração de uns homens (e mulheres, claro) por outros homens e mulheres;
- Conhecendo as contemporâneas (e mutantes) expressões dessa exploração, há classes sociais e luta de classes;
- Tomei p(P)artido nessa luta;
- Aceito as certezas dos outros, e com estes argumento no plano da luta de ideias;
- Combato as “certezas” de quem não tem dúvidas;
- Combato quem, ao concretizar “certezas”, exclui outros de seus semelhantes… porque têm outro sexo, outra cor de pele, outra orientação sexual, outras certezas;
- Eu sou o outro, não como fatalidade mas como inerência natural, histórica e social;
- Não valho nada mas sou insubstituível naquilo que valho.
Sobre estas certezas construo, quotidianamente, hora a hora, tudo o mais que vou sendo (que tudo é). São as dúvidas de que sou feito.
A tempo: Mais uma certeza: isto não fica assim!
quarta-feira, março 15, 2006
"O ASSUNTO"
As certezas sobre que assentam todas as dúvidas.
ou
A ausência de dúvidas assente sobre nenhuma certeza.
Explicar-me-ei melhor se houver quem ache que vale a pena.
Tenho dúvidas...
ou
A ausência de dúvidas assente sobre nenhuma certeza.
Explicar-me-ei melhor se houver quem ache que vale a pena.
Tenho dúvidas...
segunda-feira, março 13, 2006
PERGUNTAS CONVINCENTES
Eu sei, eu sei...
Eu sei que há uma série de perguntas (serão 7 ou 8...) que me foram feitas directamente e que esperam resposta. Não ficarão (as perguntas) sem elas (as respostas)...
Mas, entretanto, aqui vai esta "história do senhor Keuner" (do Brecht, claro!) que me entusiasma muito particularmente.
SR
PERGUNTAS CONVINCENTES
«Já reparei», disse o senhor K., «que afastamos muitas pessoas da nossa doutrina por termos uma resposta para tudo. No interesse da propaganda, não poderíamos fazer uma lista de perguntas que ainda nos pareçam sem resposta?»
Eu sei que há uma série de perguntas (serão 7 ou 8...) que me foram feitas directamente e que esperam resposta. Não ficarão (as perguntas) sem elas (as respostas)...
Mas, entretanto, aqui vai esta "história do senhor Keuner" (do Brecht, claro!) que me entusiasma muito particularmente.
SR
PERGUNTAS CONVINCENTES
«Já reparei», disse o senhor K., «que afastamos muitas pessoas da nossa doutrina por termos uma resposta para tudo. No interesse da propaganda, não poderíamos fazer uma lista de perguntas que ainda nos pareçam sem resposta?»
sexta-feira, março 10, 2006
Do dia de ontem
Extracto de um quase-diário, daquelas coisas que se vão escrevendo para uso pessoal e intransmissível mas que, por vezes, extravasam.
09.03.06
À hora de procurar as notícias primeiras do dia, encontro o ritual. O ricto. O rictus.
O relato da cerimónia, do cerimonial, do protocolo.
O relato feito à lamentada distância a que ficam os relatores, que ao largo foram mantidos. Por questões de segurança. É que, com estas personalidades convidadas, todo o cuidado é pouco… Mas dá para relatar que estão todas, as personalidades, muito bem dispostas e que conversam umas com as outras. O Aníbal com o Jorge, o Jorge com o José, o José com o Jaime. Todos uns com os outros. Em circuito fechado.
Depois, todos sentados, calados, tudo composto (presumo que todos…), que é como diz a voz a quem cabe relatar.
Ah! um pequeno pormenor (há pormenores que não sejam pequenos?):
apesar do ambiente óptimo, dos risos e sorrisos, dos calorosos apertos de mãos, dos beija-mãos às primeiras damas, a que vai deixar de ser e a que vai ser, a mesma voz (ou outra?) sublinha que não houve abraços entre eles e elas. Pelo menos por agora.
Distraio-me. Logo me chama à pedra a voz da senhora secretária da Assembleia da República que, a mando do respectivo Presidente, lê a acta.
Lida a acta, o Aníbal de Boliqueime jura a Constituição.
É o clímax da (sem-)cerimónia. E toca-se o hino.
Só falta assinar para que o Jorge troque de cadeira com o Aníbal e, na tribuna de honra, a Maria José Rito troque de cadeira(ão) com a simplesmente Maria.
Assim se fez, assim foi feito e dito.
Quero lá saber!
Bardamerda!
E das horas de noticiários apenas se ouviram os apitos dizendo que passaram.
Quantas teriam sido, hoje, as mortes em Bagdad?
09.03.06
À hora de procurar as notícias primeiras do dia, encontro o ritual. O ricto. O rictus.
O relato da cerimónia, do cerimonial, do protocolo.
O relato feito à lamentada distância a que ficam os relatores, que ao largo foram mantidos. Por questões de segurança. É que, com estas personalidades convidadas, todo o cuidado é pouco… Mas dá para relatar que estão todas, as personalidades, muito bem dispostas e que conversam umas com as outras. O Aníbal com o Jorge, o Jorge com o José, o José com o Jaime. Todos uns com os outros. Em circuito fechado.
Depois, todos sentados, calados, tudo composto (presumo que todos…), que é como diz a voz a quem cabe relatar.
Ah! um pequeno pormenor (há pormenores que não sejam pequenos?):
apesar do ambiente óptimo, dos risos e sorrisos, dos calorosos apertos de mãos, dos beija-mãos às primeiras damas, a que vai deixar de ser e a que vai ser, a mesma voz (ou outra?) sublinha que não houve abraços entre eles e elas. Pelo menos por agora.
Distraio-me. Logo me chama à pedra a voz da senhora secretária da Assembleia da República que, a mando do respectivo Presidente, lê a acta.
Lida a acta, o Aníbal de Boliqueime jura a Constituição.
É o clímax da (sem-)cerimónia. E toca-se o hino.
Só falta assinar para que o Jorge troque de cadeira com o Aníbal e, na tribuna de honra, a Maria José Rito troque de cadeira(ão) com a simplesmente Maria.
Assim se fez, assim foi feito e dito.
Quero lá saber!
Bardamerda!
E das horas de noticiários apenas se ouviram os apitos dizendo que passaram.
Quantas teriam sido, hoje, as mortes em Bagdad?
quarta-feira, março 08, 2006
Com uma enorme tristeza!
Morreu o Xico Santo Amaro!
Morreu um grande amigo.
De muitos e muitos anos. Quase posso dizer que tantos quantos ele teve de vida.
E abri mais um lugar no meu "cemitério interior" que vai estando tão povoado de amigos.
Quero lembrá-lo não como vi há pouco o seu corpo, mas com aquela alegria, aquele saber fazer amigos, como o menino que içou a bandeira nacional na inauguração da "escola" do Zambujal.
Morreu um grande amigo.
De muitos e muitos anos. Quase posso dizer que tantos quantos ele teve de vida.
E abri mais um lugar no meu "cemitério interior" que vai estando tão povoado de amigos.
Quero lembrá-lo não como vi há pouco o seu corpo, mas com aquela alegria, aquele saber fazer amigos, como o menino que içou a bandeira nacional na inauguração da "escola" do Zambujal.
Hoje, 8 de Março, dei-te um poema...
... como se fosse uma rosa, ou um cravo ou uma qualquer outra flor.
E, agora, com dia no fim, outro poema te dou...
na tua...
Ausência
Mal te deixo (ou tu me deixas...),
continuas em mim,
cristalina ou trémula,
ou inquieta,
de mim mesmo ferida (ou só ausente...)
ou cumulada de amor, (e logo logo de saudade...)
como quando os teus olhos
se fecham sobre o dom da vida
que sem cessar te entrego.
Meu amor, encontrámo-nos,
sedentos,
e bebemos
toda a nossa água e todo o nosso sangue,
encontrámo-nos,
com fome,
e mordemo-nos
como o fogo morde,
deixando-nos em ferida. (só por vezes... raras)
Mas espera-me.
Guarda a tua doçura. (gosto mais de ternura...)
Eu te darei uma rosa!
(sobre (!!) um poema de Neruda, em Os Versos do Capitão)
E, agora, com dia no fim, outro poema te dou...
na tua...
Ausência
Mal te deixo (ou tu me deixas...),
continuas em mim,
cristalina ou trémula,
ou inquieta,
de mim mesmo ferida (ou só ausente...)
ou cumulada de amor, (e logo logo de saudade...)
como quando os teus olhos
se fecham sobre o dom da vida
que sem cessar te entrego.
Meu amor, encontrámo-nos,
sedentos,
e bebemos
toda a nossa água e todo o nosso sangue,
encontrámo-nos,
com fome,
e mordemo-nos
como o fogo morde,
deixando-nos em ferida. (só por vezes... raras)
Mas espera-me.
Guarda a tua doçura. (gosto mais de ternura...)
Eu te darei uma rosa!
(sobre (!!) um poema de Neruda, em Os Versos do Capitão)
8 de Março de 2006
Hoje, 8 de Março de 2006, nesta cidade de Ourém, algumas coisas se fizeram para lembrar que, hoje, 8 de Março de 2006, faz 149 anos que, em Nova Iorque, mulheres operárias lutaram por um horário de trabalho que não fosse tão desumano. Manifestaram-se, houve um incêndio, muita gente morreu. Sobretudo mulheres. Mas a data ficou na memória. E é preciso que não fique só a memória da data. É preciso que se saiba porquê esta é a data a que universalmente se dá o nome de Dia da Mulher.
Por isso, hoje, 8 de Março de 2006, nesta cidade de Ourém, em que há uma luta (silenciosa, surda) contra a imposição unilateral de um novo horário de trabalho a 9 mulheres, que lhes será muito prejudicial pelo modo como organizaram a sua vida a partir de horário que fazem há anos, hoje, a concelhia do PCP distribuiu um pequeno papel para acompanhar o material central que o partido dedicou a este dia e por todo o País se distribuiu.
Esse A5 oureense, dobrado fazendo 4 páginas, conta uma pequena história que escrevi três dias depois do 8 de Março de 2005. Foram poucos os papeis, foi diminuta a distribuição. Foi o que tivemos força para fazer.
E também aqui se deixa contada a pequena história.
Entretanto
um caso entre tantos
Chama-se N. Tem 52 anos. Com uma infância que foi, diz ela, normal. Cresceu – e estudou – num ambiente criador de uma cultura de trabalho, de responsabilidade, de solidariedade. Com a saúde e a educação
Um caso entre tantos
Chama-se N. Tem 52 anos. Com uma infância que foi, diz ela, normal. Cresceu – e estudou – num ambiente criador de uma cultura de trabalho, de responsabilidade, de solidariedade. Com a saúde e a educação como direitos, seus e de todos.
Aos 24 anos, em 1979, acabou os estudos formais ao completar uma licenciatura em engenharia têxtil. Começou, logo, a trabalhar na indústria. Durante 15 anos foi engenheira têxtil.
Até 1994, quando fez 39 anos. É que, entretanto, tinham chegado, ao seu País como a outros, a “liberdade”, a “democracia”, os jeans e a coca-cola. E o desemprego! Para N., e para milhões como ela.
Tudo mudou!
Tudo se desmantelou na sua vida. E não só na sua vida.
Diz N. que, hoje, depois dos 35 anos não há qualquer possibilidade de arranjar trabalho na sua terra.
Ela e o marido separaram-se. Os dois filhos procuram adaptar-se às novas maneiras de viver. Um deles, hoje com 24 anos, é diabético e dependente de insulina: recebe uma “ajuda” social de 20 euros por mês.
N. veio para Portugal há 6 meses. É búlgara.
Levei-a a uma aldeia bem do interior do País, para servir de companhia (e de enfermeira…) ao pai e à tia de uma minha amiga, ela com 93 anos e ele com 89 anos.
Lá a deixámos. Numa aldeia perdida na serra de Montemuro.
Sozinha. Só com um telemóvel mal amanhado, e com um conhecimento da língua portuguesa de apenas 6 meses.
Mostrando, sempre, uma calma (resignada?) estranheza.
E uma enorme saudade da Bulgária. E de outras vidas.
(Entretanto... o pai da minha amiga morreu e N. perdeu aquele trabalho; hoje, 8 de Março de 2006, não sei onde ela estará, neste Dia da Mulher.)
Por isso, hoje, 8 de Março de 2006, nesta cidade de Ourém, em que há uma luta (silenciosa, surda) contra a imposição unilateral de um novo horário de trabalho a 9 mulheres, que lhes será muito prejudicial pelo modo como organizaram a sua vida a partir de horário que fazem há anos, hoje, a concelhia do PCP distribuiu um pequeno papel para acompanhar o material central que o partido dedicou a este dia e por todo o País se distribuiu.
Esse A5 oureense, dobrado fazendo 4 páginas, conta uma pequena história que escrevi três dias depois do 8 de Março de 2005. Foram poucos os papeis, foi diminuta a distribuição. Foi o que tivemos força para fazer.
E também aqui se deixa contada a pequena história.
Entretanto
um caso entre tantos
Chama-se N. Tem 52 anos. Com uma infância que foi, diz ela, normal. Cresceu – e estudou – num ambiente criador de uma cultura de trabalho, de responsabilidade, de solidariedade. Com a saúde e a educação
Um caso entre tantos
Chama-se N. Tem 52 anos. Com uma infância que foi, diz ela, normal. Cresceu – e estudou – num ambiente criador de uma cultura de trabalho, de responsabilidade, de solidariedade. Com a saúde e a educação como direitos, seus e de todos.
Aos 24 anos, em 1979, acabou os estudos formais ao completar uma licenciatura em engenharia têxtil. Começou, logo, a trabalhar na indústria. Durante 15 anos foi engenheira têxtil.
Até 1994, quando fez 39 anos. É que, entretanto, tinham chegado, ao seu País como a outros, a “liberdade”, a “democracia”, os jeans e a coca-cola. E o desemprego! Para N., e para milhões como ela.
Tudo mudou!
Tudo se desmantelou na sua vida. E não só na sua vida.
Diz N. que, hoje, depois dos 35 anos não há qualquer possibilidade de arranjar trabalho na sua terra.
Ela e o marido separaram-se. Os dois filhos procuram adaptar-se às novas maneiras de viver. Um deles, hoje com 24 anos, é diabético e dependente de insulina: recebe uma “ajuda” social de 20 euros por mês.
N. veio para Portugal há 6 meses. É búlgara.
Levei-a a uma aldeia bem do interior do País, para servir de companhia (e de enfermeira…) ao pai e à tia de uma minha amiga, ela com 93 anos e ele com 89 anos.
Lá a deixámos. Numa aldeia perdida na serra de Montemuro.
Sozinha. Só com um telemóvel mal amanhado, e com um conhecimento da língua portuguesa de apenas 6 meses.
Mostrando, sempre, uma calma (resignada?) estranheza.
E uma enorme saudade da Bulgária. E de outras vidas.
(Entretanto... o pai da minha amiga morreu e N. perdeu aquele trabalho; hoje, 8 de Março de 2006, não sei onde ela estará, neste Dia da Mulher.)
Transcrições...
Do Programa do PCP:
II - Portugal: uma democracia avançada no limiar do século XXI
(...)
2º. O desenvolvimento económico assente numa economia mista, moderna e dinâmica, ao serviço do povo e do país.
(...)
2. Para a concretização de um tal projecto (a) estratégia de desenvolvimento deverá ter como principais vectores:
(...) - a modernização da economia e o aumento da produtividade (...) o adensamento da malha produtiva, a aplicação à esfera económica da revolução científica e técnica.
(...)
3. Para garantir este projecto de desenvolvimento económico, e quanto maior for a inserção de Portugal na CE, mais se torna necessária uma organização económica mista, não dominada pelos monopólios, com sectores de propriedade diversificados e com as suas dinâmicas próprias e complementares, respeitadas e apoiadas pelo Estado, designadamente:
(...) um sector privado constituído por empresas de variada dimensão (na indústria, na agricultura, na pesca, no comércio, nos serviços), destacando-se as pequenas e médias empresas pela sua flexibilidade e pelo seu peso na produção e no emprego (...).
II - Portugal: uma democracia avançada no limiar do século XXI
(...)
2º. O desenvolvimento económico assente numa economia mista, moderna e dinâmica, ao serviço do povo e do país.
(...)
2. Para a concretização de um tal projecto (a) estratégia de desenvolvimento deverá ter como principais vectores:
(...) - a modernização da economia e o aumento da produtividade (...) o adensamento da malha produtiva, a aplicação à esfera económica da revolução científica e técnica.
(...)
3. Para garantir este projecto de desenvolvimento económico, e quanto maior for a inserção de Portugal na CE, mais se torna necessária uma organização económica mista, não dominada pelos monopólios, com sectores de propriedade diversificados e com as suas dinâmicas próprias e complementares, respeitadas e apoiadas pelo Estado, designadamente:
(...) um sector privado constituído por empresas de variada dimensão (na indústria, na agricultura, na pesca, no comércio, nos serviços), destacando-se as pequenas e médias empresas pela sua flexibilidade e pelo seu peso na produção e no emprego (...).
domingo, março 05, 2006
Citando Bertold Brecht
sábado, março 04, 2006
O conceito de liberdade e a sua relatividade
Proposições ou propostas para ex-citações:
«Quem declara a liberdade "natural" esconde a verdade. A liberdade não é uma dádiva da natureza, mas uma conquista da história. Por isso, não é absoluta, mas relativa. Ela não existe sem contradições, para falar francamente.»
«A liberdade paga-se por bom preço. Os povos criam-na fazendo a sua história de acordo com as possibilidades de cada época.»
(Pierre Juquin, Liberdade, liberdades, edição portuguesa de 1977, Estampa, de Liberté, de 1975... aliás, daria uns "toques" na tradução mas vai vai colo foi editado)
«Quem declara a liberdade "natural" esconde a verdade. A liberdade não é uma dádiva da natureza, mas uma conquista da história. Por isso, não é absoluta, mas relativa. Ela não existe sem contradições, para falar francamente.»
«A liberdade paga-se por bom preço. Os povos criam-na fazendo a sua história de acordo com as possibilidades de cada época.»
(Pierre Juquin, Liberdade, liberdades, edição portuguesa de 1977, Estampa, de Liberté, de 1975... aliás, daria uns "toques" na tradução mas vai vai colo foi editado)
sexta-feira, março 03, 2006
Ele é (também) assim
Hesitou-se na publicação desta foto.
Mas, depois do último post e de algumas reacções, resolvemo-nos.
O Mounti é isto. Também...
E quanto à gripe aviária, não sabemos que fazer... o que, neste caso, será não fazer nada. Nem o Mounti consentiria que alguma coisa se fizesse!
Mas, depois do último post e de algumas reacções, resolvemo-nos.
O Mounti é isto. Também...
E quanto à gripe aviária, não sabemos que fazer... o que, neste caso, será não fazer nada. Nem o Mounti consentiria que alguma coisa se fizesse!
quarta-feira, março 01, 2006
Ele é isso tudo...
Um suponhamos...
Suponhamos alguém que detém meios líquidos (não importa, agora, como lhe teriam chegado às mãos), e/ou que dispõe de crédito (não importa, agora, por quais razões).
Entre outras, terá, eventualmente, quatro hipóteses-cenários para aplicação:
i) associar-se com outros em iguais circunstâncias para formarem uma empresa que produza ou torne acessíveis produtos que satisfaçam necessidades dos concidadãos, por exemplo, pão ou livros, e que se preveja dê uma rendibilidade ao capital investido de 10%/ano;
ii) associar-se com outros em iguais circunstâncias para formarem uma empresa que produza ou torne acessíveis produtos que estimulem ou criem necessidades aos concidadãos, por exemplo, telemóveis que substituam telemóveis ou produtos de luxo e ostentação, e que se preveja dê uma rendibilidade ao capital investido de 15%/ano;
iii) sózinho, ou associado com outros, entrar em especulação (bolsista, por exemplo) de que, embora com algum risco, possa resultar acumulação do capital investido acima de 25%/ano;
iv) responder positivamente a uma proposta de uns “amigos” para contribuir, com esses meios, para uma “rede” de tráfico que disponibilize, a clientes certos, droga ou armas, e que, apesar do risco existente, pode possibilitar uma acumulação do capital ao nível de duplicação (ou mais) rápida.
Qual a opção desse alguém?
Claro que depende do que é e do que quer ser…
Entre outras, terá, eventualmente, quatro hipóteses-cenários para aplicação:
i) associar-se com outros em iguais circunstâncias para formarem uma empresa que produza ou torne acessíveis produtos que satisfaçam necessidades dos concidadãos, por exemplo, pão ou livros, e que se preveja dê uma rendibilidade ao capital investido de 10%/ano;
ii) associar-se com outros em iguais circunstâncias para formarem uma empresa que produza ou torne acessíveis produtos que estimulem ou criem necessidades aos concidadãos, por exemplo, telemóveis que substituam telemóveis ou produtos de luxo e ostentação, e que se preveja dê uma rendibilidade ao capital investido de 15%/ano;
iii) sózinho, ou associado com outros, entrar em especulação (bolsista, por exemplo) de que, embora com algum risco, possa resultar acumulação do capital investido acima de 25%/ano;
iv) responder positivamente a uma proposta de uns “amigos” para contribuir, com esses meios, para uma “rede” de tráfico que disponibilize, a clientes certos, droga ou armas, e que, apesar do risco existente, pode possibilitar uma acumulação do capital ao nível de duplicação (ou mais) rápida.
Qual a opção desse alguém?
Claro que depende do que é e do que quer ser…
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