Que se aceite como normal a anormalidade, como natural a perversão, com tolerância o intolerável, o desumano… é isso que se pretende? Ou será a isso que aspiram, e fartas ajudas têm!, os anormais, os perversos, os desumanos, que connosco convivem… mas só porque nos são contemporâneos?
Li, hoje, num jornal, e dito pelo próprio com afirmada indignação pelo que se estaria divulgando e sendo insinuado, que um artista, homem culto, requintado, não “um qualquer”, deu uma festa no seu estúdio, uma sardinhada, e para ela convidou amigos. E, servindo-se dos préstimos de um talvez amigo, talvez só prestimoso servidor para estas ocasiões, que trabalha na Casa Pia, não melhor terá encontrado, para animar a festa, que trazer ao “convívio” alguns adolescentes daquela instituição, criada para proteger as crianças e os jovens desprotegidos. Não um coro, não um grupo de músicos ou de cantores, não uns malabaristas. Só eles, eles e o seu corpo.
Ao que se quer fazer parecer, nada mais normal. Enquanto comiam as sardinhas, todos teriam, decerto, discutido animadamente a eventual descoberta de um Velásquez lá por Singeverga, combinado um salto a Madrid por causa da Paula Rêgo, comentado o último Manoel de Oliveira, ou lido trechos da mais recente edição da Agustina…
Chega a arrepiar a desfaçatez!
Ora, em estado de direito como é o nosso, quem há que proteger são os que se sentem insultados, beliscados nas suas reputações e vidas, projectos e carreiras, já tratados como potenciais suspeitos de crimes asquerosos, eles, presumíveis inocentes até prova cabal e transitada em julgado dos crimes, sempre apoiados por advogados manipuladores eméritos de leis e códigos e prazos e recursos e artes e manhas tribunícias. Protegê-los, proteger esses presumíveis inocentes das indubitáveis vítimas que os podem acusar, com provas policialmente insuficientes e juridicamente refutáveis, de serem os culpados dos crimes de que foram vítimas.
E assim tem de ser! Assim tem de ser para que as vítimas não possam acusar impunemente quem deles fez vítimas de usos e abusos, para que as crianças tenham de ser, de novo, e de novo, e de novo, vítimas dos crimes de que foram vítimas, testemunhando, e testemunhando, e lembrando, e lembrando, e pormenorizando, e pormenorizando, até à exaustão, até à contradição, tudo o que viveram e que, se não devem esquecer, terão de não lembrar obsessivamente para poderem começar outras vidas.
Tudo enquanto se (não) faz justiça.
Para quem não está em luta, muito custoso deve ser o viver de quem não queira desconhecer, do mundo, os porquês e os comos.
Li, hoje, num jornal, e dito pelo próprio com afirmada indignação pelo que se estaria divulgando e sendo insinuado, que um artista, homem culto, requintado, não “um qualquer”, deu uma festa no seu estúdio, uma sardinhada, e para ela convidou amigos. E, servindo-se dos préstimos de um talvez amigo, talvez só prestimoso servidor para estas ocasiões, que trabalha na Casa Pia, não melhor terá encontrado, para animar a festa, que trazer ao “convívio” alguns adolescentes daquela instituição, criada para proteger as crianças e os jovens desprotegidos. Não um coro, não um grupo de músicos ou de cantores, não uns malabaristas. Só eles, eles e o seu corpo.
Ao que se quer fazer parecer, nada mais normal. Enquanto comiam as sardinhas, todos teriam, decerto, discutido animadamente a eventual descoberta de um Velásquez lá por Singeverga, combinado um salto a Madrid por causa da Paula Rêgo, comentado o último Manoel de Oliveira, ou lido trechos da mais recente edição da Agustina…
Chega a arrepiar a desfaçatez!
Ora, em estado de direito como é o nosso, quem há que proteger são os que se sentem insultados, beliscados nas suas reputações e vidas, projectos e carreiras, já tratados como potenciais suspeitos de crimes asquerosos, eles, presumíveis inocentes até prova cabal e transitada em julgado dos crimes, sempre apoiados por advogados manipuladores eméritos de leis e códigos e prazos e recursos e artes e manhas tribunícias. Protegê-los, proteger esses presumíveis inocentes das indubitáveis vítimas que os podem acusar, com provas policialmente insuficientes e juridicamente refutáveis, de serem os culpados dos crimes de que foram vítimas.
E assim tem de ser! Assim tem de ser para que as vítimas não possam acusar impunemente quem deles fez vítimas de usos e abusos, para que as crianças tenham de ser, de novo, e de novo, e de novo, vítimas dos crimes de que foram vítimas, testemunhando, e testemunhando, e lembrando, e lembrando, e pormenorizando, e pormenorizando, até à exaustão, até à contradição, tudo o que viveram e que, se não devem esquecer, terão de não lembrar obsessivamente para poderem começar outras vidas.
Tudo enquanto se (não) faz justiça.
Para quem não está em luta, muito custoso deve ser o viver de quem não queira desconhecer, do mundo, os porquês e os comos.
7 comentários:
Vi repetidamente as declarações desse escultor na televisão. E tentei perceber onde se "encaixava" a ida dos miúdos da Casa Pia até ao "convívio".
E o óbvio foi demasiado óbvio...
Até quando??????
Abraço
A encenação do escultor Carlos Amado, quase era brilhante!
Com uma “batina” de um branco imaculado, o ateliê de trabalho hiper arrumado, ele próprio bem apresentado, qual inocente frade no seu mosteiro.
Diz ele que a “festa-popular” foi distribuído um panfleto por todo o bairro!
O “povão” gente humilde de trabalho, estariam todos lá?
“Estiveram cá seis alunos da Casa Pia sob a responsabilidade do Paulo e de outra rapariga” confirma o escultor C.A.
A rapariga é – a funcionária que, a par do educador Paulo R., está suspensa.
O que me enraivecesse é que estes monstros pensam que o povo português é todo estúpido, que engolem o que eles quer que se veja e as mentiras que dizem!
GR
Vamos mal!
Escândalo, vergonha, tristeza. Raiva!
Realmente, uma história muito mal contada e que cheira pior!
Muito obrigado Sérgio por teres interpretado tão bem o que sentimos, o que sentem as vítimas. E por teres clarificado a conduta dos que vitimizam e arranjam álibis miseráveis.
Não sou capaz de entender como pouco ou nada mudou!
Só por ingenuidade é que um homem "deste" nível convida miúdos da Casa Pia para uma sardinhada...
Como não deve ter nada de ingénuo pensa que os outros tolos.
Há que dizer "Basta!".
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