Não valerá muito a pena ver se a situação preenche os requisitos para que se diga que há crise porque parece ter-se atingido a consensualidade.
Com as vítimas do costume e os culpados de sempre, que nem arguidos se consentem assumir.
Tenho para mim - cá pelo meu lado... - que a crise é do sistema ou modo de produção capitalista, e começou há décadas que somam quase um século. É evidente que, para o dizer, me insiro numa perspectiva histórica que não tem a dimensão temporal da nossa existência individual, e que afirma que o capitalismo - como modo e relação social de produção - começou em crise quando essa relação social, que outras substituíra representando progresso sócio-histórico, entrou em colisão com o carácter das forças produtivas em constante (mas não linear) desenvolvimento e socialização.
E... ponto final porque não tenho qualquer pretensão de avançar por uma exposição sobre materialismo histórico. Evidentemente discutível, isto é, que estaria aberta à discussão. O que não é o caso dos apologetas e próceres do capitalismo, que sempre decretam a indiscutível perenidade do sistema e que, começando por negar a(s) crise(s), quando a(s) têm de reconhecer, tudo fazem menos beliscar o que lhe(s) está na raíz, a obsolescência das relações sociais que a definem.
Depois, além de se procurarem formas de ultrapassar a(s) crise(s) que adiam, e agravam, e alastram a situações futuras, há sempre o confronto com a crise de 1929, que foi aquela, naquele estádio do capitalismo. Ora é vital (escolhi a palavra!) ter bem presente o que "dessa crise" resultou: uma radicalização do sistema na busca de preservação das relações sociais e... uma guerra mundial. O que assusta é que não faltam sinais de uma (outra) radicalização, de focos de guerra, de "criação de inimigos", e hoje, quase 80 anos passados, o desenvolvimento das forças produtivos apetrechou a (des)humanidade de tal poder de destruição que... a paz é uma necessidade! Não é uma necessidade para ----- é uma necessidade! Intrínseca à Humanidade.
Ando a afirmá-lo há décadas. Do que não me vanglorio, até porque parece que nada vale ter dito coisas quando, por exemplo, o previsto (por outros e também, modestamente, por mim) passa a ser afirmado como sua previsão por quem nos silenciava, ou negava, se silenciar não podia, chamando-nos catastrofistas. Mas apenas parece não ter valido a pena... porque o previsto e prevenido escorou a luta e fá-la, hoje, mais forte.