À ideia que se faz de economista junta-se, consensualmente, a ideia de “homem de números”. O que faz contas. Contas mais complicadas que as da contabilidade, contas de técnicas e métodos quantitativos, estatísticas, econometrias e mais coisas inacessíveis aos comuns dos mortais.
Sempre combati essa conotação redutora. Gosto de ser economista, gosto de trabalhar números… mas, para mim, economia não são números, muito menos cifrões, $ ou €. Economia é, sobretudo –escrevi: sobretudo –, uma ciência social.
Andei, pelos vietnames, no meio da economia real, das pessoas e das coisas. Das coisas no meio das pessoas. Não das pessoas no meio das coisas. E das finanças, e sendo seus joguetes.
Abro os jornais, “ouvejo” os noticiários, e é como se regressasse das economias, não às economias. O que, ontem, era +0,6% de previsão de crescimento do PIB – e, anteontem, muito acima – passou, hoje, a ser previsto descer aos –0,8% ou mais abaixo; o défice orçamental que, ontem, se chegasse a 3% do PIB era pior que, para o Código das Estradas, pisar um duplo risco contínuo, e condicionava todas as economias nacionais (ou o que mantém esse nome), hoje, é dito que será de 3,9% mas sabe-se, já, que vai ser bem superior; o objectivo do controlo da inflação, transformado em sine qua non (não se sabe bem de quê mas sine qua non) foi substituído pelo risco de deflação, que é o contrário sendo, socialmente, o mesmo; o desemprego – ah!, o desemprego –, ontem a grande maleita, com a criação de empregos (150 mil, não era?) como terapêutica inadiável (e para isso sendo necessária a maioria absoluta), hoje é a eminente inevitabilidade, com a taxa anunciada de 7,7% a subir para 8,5%, e são percentagens (às décimas de porcento…) que só querem dizer que se espera que vá aumentar muito e, logo, quem tem emprego que o guarde bem guardado, como benesse ou privilégio, e que se deixe de direitos e essas fantasias…
Porquê? Porque se fizeram mal as contas? Porque não se supervisionou a actividade bancária, quando é esta que supervisiona o resto, voando acima de todos os ninhos de todos os cucos? Porque a economia nacional está dependente da internacional, e a crise veio de fora?
Mas não foi dito e redito, previsto e prevenido, que as políticas prosseguidas iam levar à demente financeirização, à crescente e trágica dependência do exterior, desde as de tradução técnica (balanças comerciais e de pagamentos, dívida externa), mas, sobretudo, alimentar, energética, na economia… real, isto é, das realidades, porque se desvalorizou o aparelho produtivo, maxime os trabalhadores?! O que passou a valer, a ter valor, é o que compra os melões, e não o trabalho que planta e colhe melões e meloas, que tira e amanha peixe e outro pescado, que faz e troca queijos e quejandos.
Não embrulhem os cidadãos em números. Não digam que a culpa é dos economistas, É das políticas! É dos interesses (de classe) que servem. E que põem os ditos economistas (os "daquelas contas") ao seu serviço.
Sempre combati essa conotação redutora. Gosto de ser economista, gosto de trabalhar números… mas, para mim, economia não são números, muito menos cifrões, $ ou €. Economia é, sobretudo –escrevi: sobretudo –, uma ciência social.
Andei, pelos vietnames, no meio da economia real, das pessoas e das coisas. Das coisas no meio das pessoas. Não das pessoas no meio das coisas. E das finanças, e sendo seus joguetes.
Abro os jornais, “ouvejo” os noticiários, e é como se regressasse das economias, não às economias. O que, ontem, era +0,6% de previsão de crescimento do PIB – e, anteontem, muito acima – passou, hoje, a ser previsto descer aos –0,8% ou mais abaixo; o défice orçamental que, ontem, se chegasse a 3% do PIB era pior que, para o Código das Estradas, pisar um duplo risco contínuo, e condicionava todas as economias nacionais (ou o que mantém esse nome), hoje, é dito que será de 3,9% mas sabe-se, já, que vai ser bem superior; o objectivo do controlo da inflação, transformado em sine qua non (não se sabe bem de quê mas sine qua non) foi substituído pelo risco de deflação, que é o contrário sendo, socialmente, o mesmo; o desemprego – ah!, o desemprego –, ontem a grande maleita, com a criação de empregos (150 mil, não era?) como terapêutica inadiável (e para isso sendo necessária a maioria absoluta), hoje é a eminente inevitabilidade, com a taxa anunciada de 7,7% a subir para 8,5%, e são percentagens (às décimas de porcento…) que só querem dizer que se espera que vá aumentar muito e, logo, quem tem emprego que o guarde bem guardado, como benesse ou privilégio, e que se deixe de direitos e essas fantasias…
Porquê? Porque se fizeram mal as contas? Porque não se supervisionou a actividade bancária, quando é esta que supervisiona o resto, voando acima de todos os ninhos de todos os cucos? Porque a economia nacional está dependente da internacional, e a crise veio de fora?
Mas não foi dito e redito, previsto e prevenido, que as políticas prosseguidas iam levar à demente financeirização, à crescente e trágica dependência do exterior, desde as de tradução técnica (balanças comerciais e de pagamentos, dívida externa), mas, sobretudo, alimentar, energética, na economia… real, isto é, das realidades, porque se desvalorizou o aparelho produtivo, maxime os trabalhadores?! O que passou a valer, a ter valor, é o que compra os melões, e não o trabalho que planta e colhe melões e meloas, que tira e amanha peixe e outro pescado, que faz e troca queijos e quejandos.
Não embrulhem os cidadãos em números. Não digam que a culpa é dos economistas, É das políticas! É dos interesses (de classe) que servem. E que põem os ditos economistas (os "daquelas contas") ao seu serviço.
12 comentários:
Pena é que só alguns economistas vejam as coisas assim!
Mas que é das políticas, ah isso é!
Uma tristemente grande parte dos nossos economistas, a unica ideia "económica" de sucesso que tiveram na vida foi... venderem-se!
Eh eh, ía fazer um comentário e até me esqueci, depois de me rir com a deixa do Samuel.
Deixa lá esses economistas. São farinha do mesmo saco dos "oportunistas" e dos "vigaristas".
Ainda bem que há p'raí uns de outro tipo... São menos mas existem.
bjs
Mas, por exemplo na web, onde encontrar esses Economistas? Procuro sugestões...
O blog Ladrões de Bicicletas?
Os estudos do Eugénio Rosa?
Dizer "este blog aqui", não vale, é batota! :-P
Nem todos vêem as coisas como tu... acho que dizem que é uma "questão de classe"...
Justine - que é das políticas... é!
samuel - como eles dizem (para se justificarem), todos têm o seu preço e alguns bem barato;
sal - olá! Não deixo, não senhora... hão-de de me "ter à perna";
Bruno - procuremos, procuremos...
Maria - da classe que nós sabemos são eles... mas alguns com muita falta de classe, até porque são os protagonistas que se enganam sempre nas contas todas.
Abraços para todos
Tambem podemos chamar-lhe, casamentos de conveniência entre (economistas) e politiqueiros, tendo como padrinhos os senhores do capital.
Felizmente que existem outro tipo de ECONOMISTAS, que nos alertam para estas emoralidades.
Abraço
O meu professor de matemática dizia-nos muitas vezes que os números é que falam,é claro que politicas diferentes levam-nos a números diferentes,mas continuam a ser números.As culpas das politicas sabemos de quem são,e não são só dos politicos da casa,porque aqui bem ao nosso lado os números não são melhores.Mas não basta apontar os culpados,temos que pensar como é que podemos ser parte da solução dos problemas das pessoas e não procurar qual os números dos votos nas próximas eleições.
Claro que há muitos tipos de economistas. Procuremos os que convêm ao povo, isto é, a quem trabalha. Os outros só pensam em lucro rápido e em abundância tratando as pessoas como coisas.
poesianopopular - casamentos? eu diria mais promiscuidades
Daniela Costa - os números são preciosos instrumentos para conhecer e trabalhar a(s) realidade(s) mas, atenção!, não a substituem nem deveriam (?!) ser instrumentos de manipulação demagógica e mentirosa como estão a ser: quanto ao nº de votos, que pode ser a coisa mais importante para alguns, têm, para mim, um significado mais que relativo... dou mais importância à análise da informação e consciência da realidade que está por detrás de cada voto.
antuã - grande abraço
Sérgio! Há muito não falamos.
Sabes, o Bruno deixou-me a pensar... Porque não avançamos com um projecto novo? Ecomunistas... economia de classe?
Ainda no outro dia entreguei um trabalho na escola sobre a Lei de Okun em Portugal... Confirmando as minhas perspectivas, as conclusões são muito preocupantes, é que os números, na verdade são pessoas e com nomes e vida para viver.
Ricardo
Hoje ouvi,o que nos mostraram as noticias,acerca do debate do orçamento suplementar.Lamento bastante ter de o dizer,mas nas intervenções dos partidos da oposição pareceu-me mais que os intervenientes estavam a pensar mais nos votos do que nas pessoas.É um facto que as previsões do Governo são demasiado optimistas e não correspondem ao retrato feito pela C.Europeia.Mas apesar de tudo é preciso começar a fazer alguma coisa já,mesmo que no próximo mes se tenha que voltar a fazer correcções.
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