Num blog que aqui deixei (de ex-citações em ex-citações - ele há economistas e economistas, 31.10.2010), defendendo uma das "minhas damas", a dona economia, escrevia, para fecho, que há dois tipos de economistas:
.• há economistas que sabem "muito" de "coisa nenhuma";
• há economistas que sabem "pouco" – o mais de que são capazes… – de “tudo”.
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Queria eu dizer, "na minha", que há economistas "burgueses" (sem estar a usar o termo depreciativa ou agressivamente), que são os que adoptaram correntes clássicas, neo-clássicas, monetaristas, neo-liberais, keyneseanas, hayekeanas, nas suas formas puras ou em misturas, com o tronco comum de aceitarem como imutável o estádio de relações sociais de produção implantadas e tornadas (pre)dominantes desde o início do século XIX, o modo de produção e formação social-capitalismo; estes economistas, também chamados "vulgares" (aqui talvez já seja mais difícil conseguir que a adjectivação passe sem que seja considerada ofensiva), consideram-se (*) técnicos, que têm de conhecer a sua técnica - e alguns muito bem a conhecem - não tendo nada a ver com... o resto. Para eles, o seu contributo é o de aumentar a riqueza, medida monetariamente, e manter a máquina a funcionar para que haja investimento que crie riqueza e que esta seja, no final dos circuitos - da circulação dos factores - maior, sempre monetariamente medida. Quanto à distribuição ou repartição dessa riqueza, isso não tem nada a ver com eles (para alguns, nem como cidadãos), nem os grupos sociais se dividem pelo seu lugar no processo produtivo a partir da questão-chave da propriedade.
• há economistas que sabem "pouco" – o mais de que são capazes… – de “tudo”.
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Queria eu dizer, "na minha", que há economistas "burgueses" (sem estar a usar o termo depreciativa ou agressivamente), que são os que adoptaram correntes clássicas, neo-clássicas, monetaristas, neo-liberais, keyneseanas, hayekeanas, nas suas formas puras ou em misturas, com o tronco comum de aceitarem como imutável o estádio de relações sociais de produção implantadas e tornadas (pre)dominantes desde o início do século XIX, o modo de produção e formação social-capitalismo; estes economistas, também chamados "vulgares" (aqui talvez já seja mais difícil conseguir que a adjectivação passe sem que seja considerada ofensiva), consideram-se (*) técnicos, que têm de conhecer a sua técnica - e alguns muito bem a conhecem - não tendo nada a ver com... o resto. Para eles, o seu contributo é o de aumentar a riqueza, medida monetariamente, e manter a máquina a funcionar para que haja investimento que crie riqueza e que esta seja, no final dos circuitos - da circulação dos factores - maior, sempre monetariamente medida. Quanto à distribuição ou repartição dessa riqueza, isso não tem nada a ver com eles (para alguns, nem como cidadãos), nem os grupos sociais se dividem pelo seu lugar no processo produtivo a partir da questão-chave da propriedade.
Também queria eu dizer que há economistas que têm uma ideologia (e uma base teórica) que é a do marxismo-leninismo, de que resulta uma posição global, articulada, em que a economia é uma área do conhecimento e de acção interpenetrada com todas as outras. Para estes, a economia não pode perder o seu lugar de ciência do conhecimento do modo de recolha e transformação dos recursos naturais e adquiridos para satisfação das necessidades das populações, através do trabalho vivo e do trabalho passado, cristalizado em forças produtivas auxiliares da força de trabalho (por muito que pareça o contrário); as relações sociais de produção são historicamente mutáveis, definindo-se a partir da posição dos grupos sociais quanto ao processo produtivo e a propriedade dos meios de produção, com a questão central na criação do valor das coisas (**).
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No debate sobre a realidade, sendo as formas e os veículos de debate dominados pelos interesses que se servem dos economistas "burgueses", como sempre, mas mais ainda a partir de certa altura da nossa maior contemporaneidade (deste momento que vivemos, aqui e agora), só se ouviram esses economistas, e sempre os mesmos (e os banqueiros, que, ao fim e ao cabo, são economistas evidentemente abancados), ficando para os outros economistas ou nenhum papel, se possível, ou o de servirem de adereço para não se dizer que não se vive em democracia. A discussão foi afunilada, canalizada, esgotada, caiu no esgoto. E continua. Há que puxar o autoclismo!
E ocorre-me a pergunta: mas não haverá nada, nenhuma reserva comum, nenhuma base de entendimento por mínima que seja, ou, até, algum O.K.Corral que não seja um "duelo de cuspo" (***), onde os outros economistas, os marxistas, também possam disparar as suas armas (pacíficas!) fornecidas pelo que os identifica, ou seja, no terreno ("rua central da cidade") que os identifique, a ambos, como economistas? Não haverá um ponto de cruzamento entre o "muito" de "coisa nenhuma" e o "pouco" de "tudo"?
Eu acho que há... e vou continuar a escrever sobre isto.
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(*) - ou sou eu que considero que eles assim se consideram ou deveriam considerar...
(**) - claro que isto não pretende ser uma definição mas tão-só uma pista de compreensaão para as diferenças entre economistas e economistas
(***) - excelente esta imagem-síntese do Jerónimo de Sousa
3 comentários:
Se continuares assim... não tarda nada até eu consigo entender a economia... :-)))
Belo texto!
Abraço.
A maioria dos tais economistas faziam bem ppegar numa picareta.
Um pouquinho difícil mas,numa linguagem muito simplista, parece-me entender que toda a economia deve ter como fim último o bem estar social sempre suportada na produção e não nas negociatas financeiras. Será que entendi alguma coisa?
Umbeijo.
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