Antes de me atirar às duas perguntas que ficaram em suspenso (quais as consequências de estar “o país falido”? e como se sai disto? – faço um pequeno entre-acto. Não para fugir às respostas – que, aliás, não tenho a veleidade de dar –, nem às reflexões que as perguntas suscitam. Trata-se, sim, de uma questão, digamos, recorrente e, sobretudo, de episódio que me apeteceu contar, pois parece vir bem a propósito.
Quando, em Bruxelas (e não só), se decidiam os passos finais para a criação do euro como moeda única – e do Banco Central Europeu a “prantar” em Frankfurt – houve uma reunião na comissão económica do PE, para se debater a questão dos países em condições de serem os “fundadores”, reunião de que falo frequentemente, e penso que nunca será demais.
Depois de meses e anos na saga de se criar a moeda única, já com um adiamento… devido à conjuntura e às “habilidades” para ultrapassar o não dinamarquês ao Tratado de Maastrich, e de se terem criados os chamados critérios nominativos de rígida aplicação para os Estados-membros candidatos (alguns não o eram à partida, como o Reino Unido e a Dinamarca), o comissário “com a mão na massa”, um holandês de que não recordo o nome – nem me dou ao cuidado de ir procurar –, apareceu com uma hipótese algo estranha por tão contraditória com posições anteriores.
Segundo ele, poderia haver países que, naquele momento de decisão, cumprissem os critérios mas que não o fizessem de "forma sustentável", pelo que poderiam não ter a candidatura aceite, enquanto que haveria outros que poderiam não cumprir os ditos critérios, naquele momento, mas que, por estarem a tender para os cumprirem, seriam aceites. Isto depois de meses e anos a afirmar-se a irredutibilidade do cumprimento dos critérios, e terem eles justificado a exigência de sacrifícios às populações em geral, e aos trabalhadores em particular, para se abrirem as veredas do risonho futuro da moeda única, ou se construir o belíssimo edifício da “Europa” sobre essa pedra, como biblicamente o proclamou o 1º ministro português, então António Guterres, à saída de um Conselho Europeu em Madrid.
O que para mim ficou claro, e cada vez o vai estando mais, é que o tal comissário (ou seja, uma certa estratégia “europeia” que simplifico chamando do núcleo directório, com predominância alemã-holandesa) estava muito relutante em “deixar entrar” os “países periféricos” (ou da coesão), então Irlanda, Espanha, Portugal, Grécia e, nestes, salvo a Grécia, os critérios cumpriam-se, ao mesmo tempo que se não podia sequer considerar a hipótese da França não entrar por não estar a cumprir os critérios até aí inflexíveis!
Duas consequências dessa posição: i) o PEC, o Pacto de Estabilidade e Crescimento, definido com grande exigência, que agora se quer agravar, e ii) as duras condições para a definição cambial de que resultaria a abolição das moedas nacionais, nada favoráveis a esses países, particularmente a Portugal pela sua permanente posição de frágil negociação e de forte obediência.
Passados estes anos, há quem se esteja a surpreender com a actual situação e com as posições da Alemanha-Merkl (contra o chamado Sul), mas o que surpreende é a surpresa, que apenas pode servir de trincheira para não se aceitar que essa posição existe desde o início, é genética, era previsto que viesse a manifestar-se e foi prevenido.
O capitalismo, a sua evolução e as contradições inerentes ao seu funcionamento, só podem surpreender quem se recusa a considerar que ele não é o fim da História, e tudo faz para ignorar que a História lhe porá fim. Pela luta social.
Quando, em Bruxelas (e não só), se decidiam os passos finais para a criação do euro como moeda única – e do Banco Central Europeu a “prantar” em Frankfurt – houve uma reunião na comissão económica do PE, para se debater a questão dos países em condições de serem os “fundadores”, reunião de que falo frequentemente, e penso que nunca será demais.
Depois de meses e anos na saga de se criar a moeda única, já com um adiamento… devido à conjuntura e às “habilidades” para ultrapassar o não dinamarquês ao Tratado de Maastrich, e de se terem criados os chamados critérios nominativos de rígida aplicação para os Estados-membros candidatos (alguns não o eram à partida, como o Reino Unido e a Dinamarca), o comissário “com a mão na massa”, um holandês de que não recordo o nome – nem me dou ao cuidado de ir procurar –, apareceu com uma hipótese algo estranha por tão contraditória com posições anteriores.
Segundo ele, poderia haver países que, naquele momento de decisão, cumprissem os critérios mas que não o fizessem de "forma sustentável", pelo que poderiam não ter a candidatura aceite, enquanto que haveria outros que poderiam não cumprir os ditos critérios, naquele momento, mas que, por estarem a tender para os cumprirem, seriam aceites. Isto depois de meses e anos a afirmar-se a irredutibilidade do cumprimento dos critérios, e terem eles justificado a exigência de sacrifícios às populações em geral, e aos trabalhadores em particular, para se abrirem as veredas do risonho futuro da moeda única, ou se construir o belíssimo edifício da “Europa” sobre essa pedra, como biblicamente o proclamou o 1º ministro português, então António Guterres, à saída de um Conselho Europeu em Madrid.
O que para mim ficou claro, e cada vez o vai estando mais, é que o tal comissário (ou seja, uma certa estratégia “europeia” que simplifico chamando do núcleo directório, com predominância alemã-holandesa) estava muito relutante em “deixar entrar” os “países periféricos” (ou da coesão), então Irlanda, Espanha, Portugal, Grécia e, nestes, salvo a Grécia, os critérios cumpriam-se, ao mesmo tempo que se não podia sequer considerar a hipótese da França não entrar por não estar a cumprir os critérios até aí inflexíveis!
Duas consequências dessa posição: i) o PEC, o Pacto de Estabilidade e Crescimento, definido com grande exigência, que agora se quer agravar, e ii) as duras condições para a definição cambial de que resultaria a abolição das moedas nacionais, nada favoráveis a esses países, particularmente a Portugal pela sua permanente posição de frágil negociação e de forte obediência.
Passados estes anos, há quem se esteja a surpreender com a actual situação e com as posições da Alemanha-Merkl (contra o chamado Sul), mas o que surpreende é a surpresa, que apenas pode servir de trincheira para não se aceitar que essa posição existe desde o início, é genética, era previsto que viesse a manifestar-se e foi prevenido.
O capitalismo, a sua evolução e as contradições inerentes ao seu funcionamento, só podem surpreender quem se recusa a considerar que ele não é o fim da História, e tudo faz para ignorar que a História lhe porá fim. Pela luta social.
2 comentários:
Já somos uma colónia alemã. é necessária a luta da libertação.
Como vêm de longe os PEC?
E tão avisados fomos!!!
E agora?
Um beijo.
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