segunda-feira, agosto 31, 2015

RICAS FÉRIAS - 4



... e a gasolina e o gasóleo
só descem cêntimos
quando o petróleo 
cai dezenas de dólares?;
não achas que a cotação do ouro
vai sofrer com isto das bolsas?;
e não estás preocupado
com a evolução demográfica?

domingo, agosto 30, 2015

Com a devida vénia e uma particular (e confessada) satisfação

Ora aqui está um "post" a que não resisto, neste dia em que estou pouco resistente (e ainda bem... por aquilo a que não estou a ser capaz de resistir). Assim, abuso da (e muito agradeço a) autorização de Fernando Campos e regalo-me ao divulgar este retrato (e a excelente prosa acompanhante - com que nem em tudo concordo, ou até discordo com a "autoridade" dos meus quase-80), retrato-não-para-rir de figurinha por que tenho particular "predilecção", talvez por ver o meu nome próprio em tão imprópria e "fascistóide" aplicação.

«quinta-feira, 27 de agosto de 2015

retrato da presunção, sem água benta

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Joseph Conrad escreveu, não sei bem em que contexto, que a caricatura é “pôr o rosto de uma piada no corpo de uma verdade”. 
Como Conrad não foi propriamente um espírito conhecido pela nonchalance, deduzo que a sua referência tenha sido crítica. Na sua austera severidade (ele não usava de rodriguinhos nem paninhos quentes, escarafunchava a chaga sempre até à carne viva), a caricatura sugeria-lhe um expediente artificioso - uma espécie de máscara - com que se tentaria disfarçar a face sempre inquietante desse corpo hediondo que é a verdade; ou seja, um divertimento mundano, irresponsável e escapista, apenas destinado a amenizar a dura realidade dos factos da vida.
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Penso que não é esse o caso das minhas caricaturas. Detesto o engraçadismo tanto como Conrad. O que busco nos meus desenhos (que não são “bonecos” apalhaçados pra fazer rir) não é a fácil adesão ou o entretenimento pelo riso alarve. O que neles é exagero ou parece deformação é apenas o que me parece conveniente realçar pelo desenho em vista de uma melhor apreensão da pura e dura realidade dos factos da vida.
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Ontém fiz 53 anos. Cinquenta e três. Já não tenho grande futuro. O país em que habito também não. Isto é um facto da vida. A dura realidade. A verdade.
Tenho vindo a dedicar-me à árdua e bastante desconsiderada arte da caricatura, desenhando, entre outros, os rostos de uma classe dirigente que reduziu velhacamente a esperança de um povo imbecil a este grau zero e lhe transformou a vida nesta comédia negra triste e bufa pontuada alegremente - de Maio a Outubro em Fátima e de Agosto a Junho no canal Benfica – por estranhos fervores colectivos e álacres festividades populares.  E, entre a época dos fogos, a balnear e a da sardinha, por outras delirantes e pícaras bizarrias, como a caça aos indecisos, os inumeráveis e repetitivos festivais de música ao ar livre e as privatizações a mata-cavalos.
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O rosto que escolhi retratar e editar hoje aqui é o de Sérgio Monteiro, o secretário de estado das infraestruturas, transportes e comunicações. Na prática trata-se do comissário plenipotenciário dos donos-disto-tudo para as privatizações. O senhor suápe. É dele o rosto da privataria - essa curiosa transacção de bens públicos para bolsos privados a preços módicos convencionados pelo mediador em troca de equívocas percentagens ou futuras participações.
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Os traços, a pose e a retórica são as de quem encara essa sale besogne como uma missão. Algo realmente importante. Patriótico. O mediador acha-se um decisor.
É disso que trata o desenho. De presunção. O retrato - tanto quanto possível fiel, ainda que resumido ou sintético - de um alarve entupido de auto-convencimento.


A caricatura, como a entendo, não ambiciona fazer rir. Embora, por vias travessas, talvez até o faça.
A verdade é que, como Camilo a respeito do romance, também “estou mais que muito desconfiado de que não morigera nem desmoraliza”.
Apenas procura, modestamente, aquela inquietação que só proporciona o verdadeiro entendimento dos factos da vida. 
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Para este domingo

neste domingo... depois de ouvir o cante

em versão reduzida,



não resisti e mergulhei - não no rio sem assabão... - 

mas nesta outra versão:


Reflexões lentas - "politicamente" falando e fui-os ver estavam manipulando

A reflexão - sobre tema usado e abusado em que não estava predisposto a reflectir "em voz alta" - nasceu de uma pergunta: "então como é isto de sete debates?, qual o critério?... não percebo nada..."
Fui ver

se houvesse critério, objectivo:
  • o critério de debates a dois entre todas as listas candidatas tornaria as combinações intermináveis; 
  • o critério dos debates entre os grupos parlamentares que se candidatam, coligados ou não, daria:
PSD-PS
PSD-CDS
PSD-PCP
PSD-BE
PSD-PEV
PS-CDS
PS-PCP
PS-BE
PS-PEV
CDS-PCP
CDS-BE
CDS-PEV
PCP-BE
PCP-PEV
BE-PEV
isto é, 15 debates (6 grupos 2 a 2) 
  • o critério dos debates entre as listas candidatas com partidos com representação na AR, daria
PàF-PS
PàF-CDU
PàF-BE
PS-CDU
PS-BE
CDU-BE,
isto é, 6 debates (4 listas 2 a 2)

Estes 7 debates que (a)parecem programados é que não obedecem a qualquer critério:
  • como grupos, o PSD vai a 2 debates (com o PS e o BE), o PS vai a 3 (PSD, PCP e BE), o CDS vai a 2 debates (BE e PEV), o PCP vai a 2 (PS e BE), o BE vai a 4 (PSD, PS, CDS, PCP), o PEV vai a 1 (CDS)
  • como listas, a PàF vai a 4 (PS, CDU e BE-2 vezes!), a PS vai a 3 (PàF, CDU e BE), a CDU vai a 3 (PàF, PS e BE) e a BE vai a 4 (PàF 2 vezes, PS e CDU)
Uma verdadeira salgalhada. Mas ainda pior que a salgalhada com a quantificação dos debates, em que o PS e a CDU perdem para PàF BE, são as considerações sintéticas com que Expresso "brinda" os eventuais leitores parecendo estar a "brincar c'a gente". Então não é que se atreve a escrever "cassete Jerónimo", revelando de que "cassetes" é feito o comentador! .    

sábado, agosto 29, 2015

RICAS FÉLIAS - 3


pul quê? posso sabele?
é por causa do sr. rimbimbim 
e também do yuan... estão melhores?
estãole melores, muito obligado...
mas estão mesmo doentes?
é uma glipe daqui, asiática...
as melhoras... e isso pega-se?
tarvez, tarvez... cuidem-se!

Reflexões lentas

"Matéria" não falta, diria até que a há em excesso. E tanta que, por mais que se procure reflectir sobre o que está a passar-se (ligando ao que já foi e com a consciência da responsabilidade de influenciar - micrometricamente que seja - o que irá ser), instala-se o sentimento quase angustiante de que muita "matéria" fica para trás, ausente das reflexões. 
Pois deixe-se o petróleo, a descida do seu preço e ao que possa estar a servir, não se abunde no sentir geral (com suas variantes) de indignação e impotência perante a tragédia dos fugitivos de situações desumanas que têm causas que parecem querer ignorar-se, não se diga mais (e aprofundadamente) sobre a China e as bolsas e o que se pode esperar, não se aproveite a verdadeiramente caricata questiúncula dos debates partidos-coligacões da campanha das legislativas, não nos detenhamos na acelerada e vergonhosa privatização do que ainda possa estar ao serviço público, não se entre nas ridículas especulações sobre sondagens mostrando que estas são o gato visível do rabo escondido, e por aí fora. E  faço-o só por agora, e justificando-o, uma vez tudo isso (e muito mais, claro) está no interior de todas as reflexões, influenciando as que se exprimem, ou que se trazem a lume. Que arde sem se ver...

Apenas quero, agora e depois de um dia em quematerialmente e aqui, não me foi possível comentar, deixar um aponta-mente sobre a 5ª feira à noite, sobre a noite noticiária da TVI dedicada a Jerónimo de Sousa (sem a pretensão de ir muito além da minha mente enquanto registo pessoal a guardar).
Já tarde na noite, regressado de uma reunião concelhia, com a "maravilha" dos meios técnicos com que não sonhávamos sequer há escassos anos recuperei a emissão do programa do canal 4 "tenho uma pergunta para si" em que cabia ao Jerónimo responder às perguntas de uma mancheia de jovens (com a Judite de Sousa) no estúdio e, depois, a dialogar com comentadores no canal 24 horas da mesma TVI. 
Foi uma noitada. Que valeu a pena! A TVI terá cumprido o seu papel e "despachado" esta sua missão... pluralista. Também não vou deter-me na dificuldade enorme (para que terei quota-parte de culpa... por alguma azelhice) em encontrar retrospectiva nas páginas internéticas da própria estação, a confirmar a sensação de... está feito, está feito... e fica o número de 600 euros para salário mínimo como "a proposta do PCP"


PCP quer salário mínimo de 600 euros em janeiro de 2016
27 de Agosto às 22:13
Em entrevista à TVI, Jerónimo de Sousa disse que mais importante que um valor fixo, é a urgência de aumentar o valor atual do salário mínimo nacional
É que a "noite Jerónimo de Sousa" foi muito mais que isso. Para este tele-espectador atento e preocupado foi um manancial de reflexões que aqui não podem caber. A admiração pelo "político" (e pelo homem) teve bastos motivos para se reforçar, as certezas e dúvidas tiveram forte alimento para se firmarem e para melhor se equacionarem. Tanto quanto o tempo, o programa, as perguntas, o permitiram.
A indigência e a insistência em algumas questões confrangem e preocupam, e Jerónimo de Sousa teve, com grande paciência (virtude revolucionária, não é, Jerónimo?), uma, duas, três vezes de dar as mesmas claras e coerentes respostas a repetidas perguntas em vários tons de preconceito e/ou circuito  fechado ou colete de forças.
Ficou clara, para mim (e espero que para mais uns tantos),  a urgência de soluções imediatas alternativas - patrióticas e de esquerda -, confirmei a preocupação sobre a resposta a dar, com igual urgência, ao esclarecimento da alternativa a outros prazos, à informação e pedagogia indispensáveis para o indispensável apoio popular para que a alternativa tenha prazo para além do curto, do imediato. Para o socialismo.
E, claro, não é com esta comunicação social e seus comentadores que se pode contar para essa vital necessidade. Quantas vezes tendo de ser contra ela, contra esta comunicação social. 

Para domingo (antecipado)

 a pedido
... partilhado

sexta-feira, agosto 28, 2015

Ricas férias - 2

até na praia, 
e com os pés na água,
a confusão entre pontos e vírgulas,
entre milhares, biliões 
e milhares de milhões.

quinta-feira, agosto 27, 2015

RICAS FÉRIAS - 1

O nosso "cartoonista privado" (situação que é exterior à onda  desmesurada e demencial de privatizações) fez-nos chegar, a nossa solicitação, uma nova série de desenhos. Que vamos publicar com curtos comentários-legendas... se for o caso e a oportunidade.

uns com esperanças de voltar
outros de regressar
alguns de começar
uns poucos merecidamemte a descansar

obrigado, GR7

quarta-feira, agosto 26, 2015

Reflexões lentas - sobre moeda(s) chinesa, bolsas e outras "chinesices"

O Expresso curto está a ser um bom... despertador. Embora dependa dos editores. O de hoje, Pedro Santos Guerreiro, é dos que costumam ajudar a acordar. E acordou-me com um texto com o título "Ainda há yuans para pagar o Novo Banco? (Ou será renminbis?)" que me fez reflectir... lentamente.

Como seria inevitável, um País com mais de mil e 300 milhões de habitantes, o mais populoso do mundo, dirigido por um Partido que se diz (e que continua a dizer querer ser) Comunista desde 1949, tinha de ser, ou de vir a ser, notícia.
A República Popular da China, os chineses, são diferentes de nós, para além das diferenças visíveis (até na cor e na geometria dos olhos), muito, e talvez sobretudo, na leitura do tempo.
Com algumas acelerações e mudanças de ritmo e de rumo, em toda a sua dimensão, lentamente, nas últimas décadas silenciosamente, a RPC tem vindo, no plano interno, a libertar da pobreza extrema dezenas de milhões de chineses por ano (quantos Portugais?), como o sublinha o relatório anual do PNUD sobre o IDH (particularnente o dedicado a A Ascenção do Sul), enquanto, no plano inter-nacional, ganha posições no espaço planetário, já se discutindo se é a segunda ou a primeira economia mundial, em "esquisita" competição de liderança com os Estados Unidos.
Do que não há dúvidas nenhumas é que, dólar a dólar, outras divisas a outras divisas, de "papel" a "papel", de onça de ouro a onça de ouro, a RPC de há algum para cá dispõe de crescente e já esmagadora maioria das reservas monetárias mundiais, e que, com os BRICS e outros emergentes, começou a tomar medidas e iniciativas que perturbam muito a hegemonia imperialista dos Estados Unidos e do capitalismo globalizado. O que ajudará a perceber algumas (ou muitas) coisas.
Como diria um chinês há que não ter pressa, há que não nos precipitarmos em explicações, necessariamente fundadas sobre um conjunto de aparentes evidências, de conceitos, de dados e indicadores, que estão - claramente ou não - a ser postos em causa.

Depois... bem... depois há os milhões de euros que estarão hoje a ser jogados ao pontapé em Moscovo, entre o Sporting e o CSK, e há frases para nos divertirem como esta tirada do "espirituoso" Paulo Portas: "Em nenhum país comunista haveria um debate com os adversários políticos, porque, se houvesse, era o último. (…) Como sabem, ou lhes cortavam a cabeça ou os prendiam." Quereria o gracioso Paulinho fazer a "contabilidade" dos cortes de cabeça, de prisões e outras "graças", a opositores do capitalismo em geral e a comunistas muito em particular? Por mim, nesse jogo viciado... passo! 

E há mais coisas, muitas mais, que ficarão para outras reflexões que, eventualmente, transpirarão para aqui.

   

terça-feira, agosto 25, 2015

Na "batalha naval" dos debates para as legislativas, grande "tiro"!

Diz o Expresso curto:


«Quem andou a tentar jogar xadrez com o PCP foi a coligação PSD/CDS, que perante a recusa de Jerónimo em ver Portas nos debates decidiu que ao confronto do líder comunista com Passos a coligação far-se-à representar por… Paulo Portas. O problema é que o xadrez é um desporto em que os comunistas têm tradição, e o PCP respondeu ontem dizendo que já que é assim, então nesse debate estará Heloísa Apolónia.
Passámos de um Passos-Jerónimo para a versão B Portas-Heloísa.»

grande "tiro":
submarinos ao fundo!


segunda-feira, agosto 24, 2015

A propósito de turismo, de aviões, aeroportos e privatizações...

De MARIANNE:

«Le tsunami des privatisations
frappe la Grèce

Dimanche 23 Août 2015 à 5:00

Jack Dion

Directeur adjoint de la rédaction 
de Marianne

«Il paraît que les touristes continuent d'être séduits par la Grèce. Tant mieux. Mais d'ici peu, parmi les principaux bénéficiaires, il y aura le consortium allemand Fraport-Sientel. C'est en effet ce groupe qui a mis la main, pour 1,23 milliard d'euros, sur 14 des aéroports régionaux du pays, privatisés en catastrophe. Après les aéroports, à qui le tour? (...)

(...)
Depois dos aeroportos, que se segue? Sem dúvida os portos, os caminhos de ferro, o equivalente grego do EDF (Electricité De France....) e outras empresas em breve arrastadas pelo tsunami das privatizações que vai esvaziar da sua substância um país já fragilizado, agravando, a prazo, o problema de uma dívida que nunca será reembolsada. Mas disso, é proibido falar, embora toda a gente saiba que é o coração da crise. Até o FMI (Fundo Monetário Internacional) o deixa ouvir a mezza voce.
No entanto, eurófilos beatos continuam a repetir como disco riscado que não há "nenhum plano B" e que não há "outras políticas" possíveis, como sublinha Christophe Barbier no seu editorial na revista Express. A qualquer um basta voar para Atenas e admirar no local os efeitos miríficos e salvadores do Plano A (como Austeridade).»
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a propósito...

De humilhação em humilhação até ao vexame final...

Do Expresso curto de hoje:

"(...)  No processo de privatização da TAP, o Diário Económico traz hoje uma notícia surpreendente. É que depois de tantas dúvidas sobre os malabarismos jurídicos e societários necessários a uma aprovação em Bruxelas… a UE diz agora que não tem nada a ver com o assunto. Isso mesmo, mandou o processo todo para a ‘nossa’ Autoridade da Concorrência. 
 E qual foi a razão para esta decisão inesperada? Estão sentados? É que não é propriamente uma boa notícia para a nossa auto-estima. Simples: a operação de venda da TAP pura e simplesmente não tem dimensão europeia. A faturação da TAP é pequena demais.(...)"

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... ou damos nós 
(todos ou quantos baste),
um murro 
(patriótico e de esquerda)
na mesa e dizemos BASTA!

domingo, agosto 23, 2015

Para este domingo

porque gosto de ouvir o Piazzolla e porque o lembrei a ouvir a antena 2

Reflexões lentas - a alternante bipolaridade e as luzes da ribalta

No início da semana, reflectindo (lenta e rapidamente) sobre a campanha eleitoral na comunicação social, escreví:

“(...) Duas linhas gerais numa campanha não alegre mas violenta, com toques de ridiculo, caricatos. Descredibilizadoras da democracia, por mais burguesa que ela seja... mas que é assim que (lhes) serve.
  • a insistência até à exaustão no que possa levar a prever um empate. Como se só houvesse PàF e PS e em aproximações sucessivas até ao desempate nas urnas. Com o logro do voto útil e a insinuação (democraticamente) criminosa da inutilidade do voto nos "outros" e, por isso, (inutilidade) dos deputados, da Assembleia da República,  desta democracia em suma.
  • entre os "outros", a multiplicação que divida, baralhe e ajude a estimular o protesto atomizado (desde o de não votar ao de votar em quem diz "coisas certas"). Também a "ajuda" - por vezes subliminar, por vezes descarada - a quem, ou ao que, possa desviar o voto d’aquela força coerente e organizada, permanente, de classe, assim se canalizando esse voto, ou esse não-voto, para a real inutilidade. “
Neste fim de semana, a passagem (e paragem) dos olhos pelo que é a comunicação social que leio (além da “outra”, de certo modo correctora… mas colocada em surdina quando não silenciada) veio ilustrar o que escrevera.
Na revista do Expresso de ontem, chamam às eleições, afirmativa e perentoriamente, “eleições empatadas”!:

E, na capa da mesma revista, com entrevista de 8-páginas-8 no interior, grande destaque para a “deputada do Bloco de Esquerda” Mariana Mortágua:

Não que desmereça das qualidades e méritos de Mariana Mortágua, mas a sua transformação em vedeta traz “água no bico”, sobretudo porque se fundamenta na valorização da sua intervenção no inquérito parlamentar ao BES, não só para a abrilhantar mas, também, colocando na sombra outras intervenções de grande qualidade, individual e colectiva.
E, logo hoje de manhã, apanhei com o Sapo a atirar-me à cara com mais Mariana Mortágua (e Bloco de Esquerda):

É clara (para mim, claro...) a intenção de dirigir os focos de luz sobre uma parte da “esquerda” (de que, insisto, não desmereço a qualidade de alguns assim rotulados) para que os votos “perdidos” pelo alternante bipolar centro-direito das políticas que tão bem conhecemos - e sofremos - se não canalizem para a grande força de esquerda colocada na sombra… já que não pode ser colocada “à sombra”.
E procurando entreter-nos com o que €£€$ próprios chamam ”folclore político”:
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Quanto a eventuais complexos de perseguiçãosobre que eu próprio me interrogo -, reflectirei (por escrito) noutro tempo e oporunidade,


         

sexta-feira, agosto 21, 2015

A (falta de) ética d'"eles"

No Expresso-diário de hoje:
(...)
2. Os partidos continuam a não se entender sobre os debates televisivos. Hoje ficámos a saber que Passos recusa ir ao debate com todos, por causa do PCP rejeitar que Portas participe. Ao mesmo tempo, só há um debate na TV entre Passos e Costa. E a coligação vai mandar Portas ao debate com Jerónimo em que devia participar Passos. Uma confusão verdadeiramente lamentável. E com isso perdemos todos.
(...)


Em texto da Lusa transcrito no mesmo Expresso.diário:

País
ELEIÇÕES

Passos não vai ao debate final
na TV devido à exclusão de Portas

TEXTO LUSA 

PS e PCP recusaram que Portas participasse nos debates televisivos das legislativas devido ao facto de concorrer coligado. PSD e CDS anunciam agora que vão faltar ao debate que juntava todas as candidaturas com assento parlamentar
A coligação Portugal à Frente (PSD/CDS-PP) anunciou esta sexta-feira que sem a presença de Paulo Portas não participará no debate televisivo de 22 de setembro e que enviará o presidente do CDS-PP ao frente a frente com o secretário-geral do PCP. 

AS ELEIÇÕES LEGISLATIVAS CONTADAS AOS PEQUENITOS - 8 (e último...por agora)

E  fazes muito bem!
E é de pequenito que deves começar 
a informar-TE!
Esse EBÉ não quer dizer nada, 
pois não. pequenito?...

A Grécia

Os gregos - um povo a quem se exige tudo, a quem se pede tudo, de quem se espera tudo. No meio de jogadas sobre jogadas de quem parece fazer da política um jogo. 
Que também o é... mas de interesses. Pessoais e de classes. Em luta. 

quinta-feira, agosto 20, 2015

Escalada de violência contra o povo palestino

























São múltiplos os exemplos que demonstram tal realidade, como o assassinato de um menino de 18 meses e do seu pai, vítimas de um ataque, com bombas incendiárias, efectuado por colonos israelitas à casa onde viviam e que feriu com gravidade outros membros da mesma família, ocorrido a 30 de Julho, nos arredores da cidade de Duma em Nablus. Recorde-se que de acordo com a Organização de Libertação da Palestina (OLP), desde 2004, foram mais de 11 mil os ataques perpetrados por colonos israelitas contra o povo palestino, ataques que na sua larga maioria prosseguem impunes.

Ou o exemplo do assassinato de Laith al-Khaldi, de 17 anos, morto por militares israelitas em 31 de Julho, num “checkpoint” próximo de Ramalah, quando protestava contra a passividade das autoridades israelitas face ao crime dos colonos israelitas perpetrado em Duma – elevando para cerca de 20 o número de palestinos assassinados desde o início do ano.

Ou o exemplo da imposição da medida de interdição de visitas aos prisioneiros palestinos nas prisões israelitas, como Ahmad Sa’adat, Secretário-geral da Frente Popular para a Libertação da Palestina.

Ou o exemplo da situação dos palestinos detidos sem qualquer acusação pelas autoridades israelitas, como Mohammed Allan, preso desde Novembro de 2014, e que se encontra desde a passada sexta-feira em coma, quando se encontrava no 60º dia de greve de fome em protesto contra a sua detenção e que perdeu os sentidos durante uma consulta para avaliar a possibilidade de ser submetido a “alimentação forçada”, procedimento que já provocou a morte a 4 prisioneiros palestinos.

Ou ainda a contínua expansão dos colonatos existentes – cuja população atinge quase meio milhão -, construídos em território palestino ocupado militarmente em 1967, considerados ilegais perante a lei internacional, e os planos para a construção de novos colonatos, como forma de expandir e prolongar a ocupação da Palestina.

Estes são alguns dos exemplos da autêntica ilegalidade e dos crimes da ocupação e opressão diária de Israel sobre o povo palestino.
Por isso, o CPPC considera que a primeira e fundamental injustiça é a usurpação israelita dos territórios palestinos ilegalmente ocupados, a que urge pôr fim. Uma ocupação que recorre quotidianamente à violência e que é responsável pelo assassinato e pela prisão de milhares de palestinos, incluindo de crianças, e pela opressão do povo palestino e a sua expulsão das suas terras.

O CPPC apela à necessária denúncia dos crimes cometidos por Israel e à solidariedade com a justa causa do povo palestino.

O CPPC saúda em particular os movimentos da Paz de Israel e da Palestina, organizações irmãs, membro do Conselho Mundial da Paz.

Direcção Nacional do CPPC

Rcebemos e divulgamos,
solidários

AS ELEIÇÕES LEGISLATIVAS CONTADAS AOS PEQUENITOS - 7


MEXE-TE:
vai ver como é
e exige que vejam o que estão a fazer, 
exige que olhem pelo teu futuro.
Mais "austeridade" para (não) pagar a dívida,
 mais dívida para justificar a "austeridade":
NÃO!

Suicídio ou assassinato no Largo do Rato?

Esta manhã, após ler as primeiras últimas notícias (algumas são já de ontem...) saltou-me dos dedos uma pena e um título
A pena é a de não termos (ou teremos?) entre nós uma Agatha Christie para escrever um romance policial (com Poirot ou Miss Marple) sobre o que se está a passar, agora, no PS português, aliás com semelhançaa a coisas antes passadas, quer aqui, neste "nosso" PS, quer por outros partidos sociais democratas daqui e de outras paragens.
Para título tinha uma proposta ou sugestão: "Suicídio ou assassinato no Largo do Rato?", para fugir ao descritivo e simplista "como se podem perder umas eleições bipolares, que pareciam facílimas de ganhar, passando por empates técnicos."




o "fantasma"
"residente" em Évora

quarta-feira, agosto 19, 2015

AS ELEIÇÕES LEGISLATIVAS CONTADAS AOS PEQUENITOS - 6









Mas...
desde pequenitos, 
não nos podemos deixar adormecer, 
cansados de ouvir palavras certas ou acertadas, 
usadas como anestesiantes
 administrados por via oral 
e oratória demagógica e perversa. 
E nunca esquecer a importância.
vital para a democracia "a sério",
da PARTICIPAÇÃO,
 antes de e entre-votações.

terça-feira, agosto 18, 2015

A ofensiva em todas as frentes

Evo Morales alerta 

sobre ofensiva 

contra governos progressistas

O presidente da Bolívia, Evo Morales, alertou, nesta segunda-feira (17), que está em marcha hoje uma campanha contra os governos populares e progressistas da América do Sul, em uma entrevista publicada pelo jornal Página 12.

Agência Efe
   

Nela, expressou sua preocupação pela "ofensiva contra os governos anti-imperialistas" que acontece através dos ataques de fundos abutres contra a Argentina, dos movimentos golpistas na Venezuela e das operações opositoras contra a presidenta brasileira, Dilma Rousseff.
Ele disse que agora não podem fazer golpes de Estado militares, tampouco conspirações com o império norte-americano, "mas sinto que há outras formas de agressão política, como as chantagens e os condicionamentos à Venezuela".
Na Argentina, por exemplo, o litígio dos fundos abutres é uma agressão econômica, afirmou e advertiu que, "quando um governo anti-imperialista é sólido, querem destroçar pelo lado econômico".
Diante dessa situação destacou que "o trabalho conjunto da região é importante. E quando não podem nem militar nem economicamente, fazem um golpe político como contra (Fernando) Lugo no Paraguai".
Morales opinou que "a agressão a Dilma é política, um golpe através do Congresso. E muito também depende de nossos movimentos sociais, e claro, sinto que o império quer tirar o patrimônio político do Partido dos Trabalhadores. Já não é só contra Dilma, também é contra Lula. Usam o tema da corrupção", avaliou.
A uma pergunta sobre se os Estados Unidos estão por trás dessa ofensiva, afirmou: "é muito claro com a Venezuela. E os fundos abutres de onde vêm? Os fundos abutres têm suas estruturas econômicas para chantagear-nos nos Estados Unidos".
Em suas declarações elogiou Luiz Inácio Lula da Silva, Néstor Kirchner e Hugo Chávez, por terem dignificado a América Latina. Comparou a Bolívia instável e a Bolívia de agora. Morales chegou à presidência em janeiro de 2006 e foi eleito pela terceira vez em outubro do ano passado. Em uma década, a extrema pobreza baixou de 38,3 por cento a 17,8 por cento.
Recordou também que após participar das eleições de 2002 visitou Cuba e perguntou a Fidel Castro o que devia fazer para liderar uma revolução na Bolívia.
"Eu esperava que me dissesse que tinha que combater com armas. Mas toda a noite me falou de saúde, educação, responsabilidade do Estado", lembrou.
Também disse que quando era líder sindical acompanhou Diego Armando Maradona, em Mar del Plata, na Cúpula das Américas (2005). "Estivemos em formosos atos com Lula, Chávez, Fidel e Kirchner, foram momentos de minha preparação para a presidência, momentos de aprendizagem e fortaleza".


Fonte: Prensa Latina

AS ELEIÇÕES LEGISLATIVAS CONTADAS AOS PEQUENITOS - 5





















... "isso" não é para dar aos pequenitos
que ainda não sabem ler,
ou aos que lêem da direita para a direita.
NÃO É PARA RASGAR!

Reflexões lentas (e rápidas)

Os dados estão lançados. 
Com "pontões" a dois, cartazes verdadeiramente suicidas, demissões de chefes de campanha,  feiras de vaidades onde protagonismos pessoais colidem absurdamente com posições colectivas, promoções escolhidas "a dedo". E o silêncio (ou o som cirúrgico) sobre o outro lado da luta.
Duas linhas gerais numa campanha não alegre mas violenta, com toques de ridiculo, caricatos. Descredibilizadoras da democracia, por mais burguesa que ela seja...mas que é assim que serve.
  • a insistência até à exaustão no que possa levar a prever um empate. Como se só houvesse PàF e PS e em aproximações sucessivas até ao desempate nas urnas. Com o logro do voto útil e a insinuação criminosa da inutilidade do voto nos "outros" e, por isso, dos deputados, da Assembleia da República,  desta democracia em suma.
  • entre os "outros", a multiplicação que divida, baralhe e ajude a estimular o protesto atomizado (desde o de não votar ao de votar em quem diz "coisas certas"). Também a "ajuda" - por vezes subliminar, por vezes descarada - a quem, ou ao que, possa desviar o voto naquela força coerente e organizada, permanente, de classe, assim se canalizando esse voto, ou esse não-voto, para a real inutilidade. 


segunda-feira, agosto 17, 2015

AS ELEIÇÕES LEGISLATIVAS CONTADAS AOS PEQUENITOS - 4


... haver quem esqueça isso,
deliberadamente.
E o partido mais votado, 
coligação pré ou pós-eleitoral
que possa ter apoio parlamenntar
escolherá quem forme governo,
e não necessáriamente
o Pedro ou o António,
o Zé ou o Francisco.
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COMENTÁRIO:


Anónimo disse...
a constituição não diz nada disso que aí diz.

o que diz é 
Artigo 187. 1. "O Primeiro-Ministro é nomeado pelo Presidente da República, 
ouvidos os partidos representados na Assembleia da República 
e tendo em conta os resultados eleitorais."
Nada implica que indique o partido mais votado.
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É bom haver quem esteja atento
...e rigoroso
(sem alteração desde 1976-art. 190)

domingo, agosto 16, 2015

Um "record" pouco (ou quase nada) falado

"(...) Portugal é detentor do Recorde Europeu da Rotatividade Laboral. Para quem tenha dúvidas acerca do que isto significa, convém que nos apressemos a descascar a fórmula e a ver o que tem dentro: este recorde significa que os trabalhadores portugueses são, entre todos os que trabalham na Europa, os que mais estão sob o risco iminente de serem despedidos e substituídos por camaradas que também não se demorarão muito tempo naquele posto de trabalho e por sua vez serão substituídos por outros trabalhadores. Trata-se, pois, de um rodopio um pouco sinistro mas que decerto tenderá a beneficiar alguém: os empregadores (palavra que agora é de uso utilizar em vez de «empresários» e mais ainda em vez de «patrões», pois isto do manuseio vocabular tem importância política) que assim se vêem livres de compromissos a médio ou longo prazo com a mão-de-obra que arregimentam.
(...)" 
Correia da Fonseca 

em TVisto,
 - Edição Nº2176  -  13-8-2015

lido e interpretado

LIDO:

Schauble: acordo grego dá razão à Alemanha 

e Tsipras deve fazer "o contrário" do que prometeu


e interpretado:

a democracia?, os gregos?, a escolha dos povos?
isso não vale nada perante a razão alemã 
(perdão) os interesses alemães!

AS ELEIÇÕES LEGISLATIVAS CONTADAS AOS PEQUENITOS - 3


Que tu estejas "cheio",
aceita-se.
Agora que os que têm direito a voto
reajam como tu,
já não se percebe!

sábado, agosto 15, 2015

CRÓNICA DE UMA MANHÃ NO MERCADO - 2

(...)
Esse começo da tarefa “às portas” do mercado, em que teríamos sentido alguns engulhos na receptividade aos nossos papéis... não quero ser simplista e injusto mas para que muito contribuiu o ambiente criado pela atitude de alguns emigrantes em carência de protagonismo: estamos aqui!… estamos a ter sucesso… somos “outros”… viemos à terra… queremos lá saber de políticas… vocês é que puseram isto na merde…  (béu-béu… tais-toi, chou-chou)… os políticos são todos iguais, querem é monei… pois, pois, lá nisso da “Europa” vocês têm razão, aquilo é um falhanço… mas nós nem votamos!... ah! isso não é assim, vocês podem votar e não desperdicem  esse direito).
Ainda assim, cumpriu-se a tarefa e alguns de nós, mais pacientes, insistentes e determinados, conseguiram vencer barreiras e ter conversas interessantes, curiosas, com conclusões convergentes e despedidas calorosas. As razões, desde que consigam ser expostas e argumentadas, impõem-se. Esta situação tão difícil, sobretudo para quem trabalha ou trabalhou, as causas da necessidade de procurar noutros lugares o que aqui todos poderiam/deveriam ter, é culpa de alguns políticos, mas é, sobretudo, consequência das políticas que esses políticos e partidos servem, servindo-se. O que há que mudar. E depende de nós, de cada um e de todos. Onde quer que estejamos.

E partiu-se à conquista do mercado. Ao interior, às entranhas das 5ªs. feiras cá do burgo. Repletas, vibrantes de animação e vida. De familiaridade. Ainda bem!
Um “banho” de gente, a que não faltaram as crianças de uma escola, em grupo desalinhado/alinhado com discreto (mas enorme) esforço das suas professoras, muito atentas e cuidadosas. Um agitado grupo a mais entupir o que já entupido estava.
Encontros e mais encontros, olhares de revés, saudações amigáveis, algumas solidárias (há muito que não o leio… gostava do que escrevia cá no jornal, escreva… lá escrever, vou escrevendo, não tenho é onde publicar… ah, sim?, não me diga!... pois é!).
A passagem-visita ao lugar onde os vizinhos mais vizinhos expõem o seu produto, "a criação", e quase só ali nos vemos, apesar da excelente (e bem prestável e amiga) vizinhança, com água no poço e primícias à porta. Desta vez com os netos a acompanhá-los.
O circuito habitual. Sempre diferente.
Até 4 de Outubro lá voltaremos. 
E depois. E sempre. Enquanto.


AS ELEIÇÕES LEGISLATIVAS CONTADAS AOS PEQUENITOS - 2

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... venha ela, a papinha!
mas também é isso mesmo 
que tens de começar a aprender:
que não se trata de esolher o António ou o Pedro
para primeiro-ministro
mas os representantes (também teus)
na Assembeia da República!

sexta-feira, agosto 14, 2015

CRÓNICA DE UMA MANHÃ NO MERCADO - 1

A tarefa de distribuição de propaganda e contactos foi marcada, com antecedência, para 5ª feira, dia de mercado. E assim se cumpriu.
Cedo chegou a carrinha, com três camaradas esperados por cinco “da terra”. Enquanto um ficou de guarda à carrinha e a manter o som, alto e… bom som, os outros sete postaram-se à entrada do mercado, com os maços de papéis para entregar aos passantes.
Sendo um desses sete, sem abandonar a tarefa coloquei-me um pouco afastado para ver como “corriam as coisas” confrontando-as com as vezes já sem conto em que participei em acções destas. Assim a modos de quem toma o pulso ao paciente (ou impaciente), ou lhe mede a temperatura…

O dia 13 de Agosto de 2015 foi dia de enchente como há muitos tempo se não via por ali. É verdade que nos últimos tempos/anos os mercados têm estado fraquitos. Porque, primeiro, as grandes superfícies, os hipermercados, passaram de invasão e novidade a hábito e, depois, bem… depois a “crise” tem-se feito sentir sobretudo em quem consome com o que recebe de salários e pensões, e estas e aqueles – os rendimentos de quem trabalha e trabalhou – têm minguado visivelmente. Como também foi visível, porreflexo, nos mercados das 5ªs. feiras.
Agora, neste verão de 2015 as coisas animaram um bocadito e não faltará quem, do lado da coligação governamental e candidata a continuar, venha dizer que são sinais de retoma e etc, e etc. Mas a isso não quero responder agora. Aqui…
O facto é que, como sinais de melhoria real ou como resultado de aparências que não se confirmarão, estava mais gente a entrar no mercado.
Mas, sobretudo, havia muito “outra” gente a passar por nós: os emigrantes que se concentram nas nossas terras neste mês de Agosto, em particular nestes dias do meio do mês e de festas nas aldeias. E é um verdadeiro desfile. Enchem-me os olhos umas “madames” e “mademoiselles” muito aperaltadas, algumas belas outras não, umas de evidente mau gosto outras nem tanto (burguesmente falando), umas de salto alto e bicudo outras de ténis de marca ou contrafacção, (quase) todas recusando os papéis que os camaradas lhes estendiam. Sobranceiramente, com ar ligeiramente irritado… ça alors… mais vous ne voyez que nos sommes déjà d’un autre monde?… des touristes!
Merde, alors… (penso eu!).
E olho para eles, para os “messieurs”, entre eles anciens copains, e pasmo com a novidade deste verão. De que já me tinha apercebido, mas que se tornou ostensiva nesta ida ao mercado. Homens maduros, alguns já maduros demais, entre eles falando um característico franciú, entre si e mais uma “coisa” que os acompanhava a quase todos ou, pelo menos, a muitos: o “petit chien”. O cãozinho de luxo, alguns “à trela” outros ao colo. Foi a novidade deste verão. A invasão dos cãezinhos de luxo, exibidos pelos emigrantes em férias de verão.

Tudo tão igual e tudo tão diferente do final dos anos 60.
A mesma emigração, a mesma fuga a uma situação de repulsa muito mais que o motivo da atracção de outras paragens; a mesma necessidade de mostrar, de exibir embora já não o “frango sem pão” (em crónica no DL, há 45 anos).
Um outro modo muito diferente de mostrar, talvez uma menor consistência na exibição porque “lá fora” as coisas também não estão de molde a dar tranquilidade; menos gente a quem mostrar, a quem exibir, talvez uma menor empatia, talvez uma quebra real de laços afectivos, familiares, amigos. Talvez…

continua