Páginas (que são reflexões) num quase.diário:
(...)
E,
depois, é-se assaltado pelas “manchetes”.
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Que
é, dos jornais, aquilo que todos lemos porque é o que nos é atirado à cara.
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Ainda
ontem, ao lado das fotografias do mau tempo e das suas nefastas consequências,
tínhamos amostras significativas do mundo em que nos querem obrigar a viver.
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E
que temos o dever cidadão de nos esforçamos por tentar transformar.
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Como
hoje também temos “manchetes” (digo) provocadoras, e amanhã iremos ter, de
certeza.
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Mas
aquela fotografia de um bébé a dar os primeiros berros de vida autónoma (mas
dependente, mas dependente como sempre será) ficou-me nos neurónios (se é este
o lugar onde certas impressões ficam e se fixam).
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E
saltou-me para a impressora e desta, por digitalização, para o computador e
anda por aqui às voltas para, talvez…, amanhã se apresentar na Universidade
Sénior na conversa sobre cidadania, a nossa animada conversa semanal
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SÓ
por nascermos?!
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Mas
não é certo que agora (não no tempo em que eu nasci, e quando nasceram os meu
filhos), agora logo à nascença somos considerados… cidadãos e, juntamente com o
nome, é-nos atribuído um número de contribuinte.
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Para
pagar impostos?
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Claro…
mas quando? SÓ e quando se tiver um rendimento… por se ter nascido!
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Assim
se nasce neste mundo monetarizado, em que se assimila cidadania a ter, logo
logo ao nascer, um número de identificação fiscal e a ter direito, não à saúde
(a não ser tendencialmente e com taxas de moderação), não à educação universal
e gratuita, mas a um rendimento.
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Cujo
rendimento esse deverá passar por um banco para que todos os rendimentos, todos
juntinhos façam muito movimento, viajem por praias lá fora, se multipliquem
artificialmente, fechem circuitos, ou círculos viciosos.
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Basta!,
digo eu… que sou economista de profissão (se é que ainda existe).
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O
rendimento é… o outro lado.
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É
outro lado de um produto, de um serviço.
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Produtos para
que um recém-nascido não contribui em nada, serviços que não presta a ninguém;
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mas
ele, recém-nascido, é apenas – e SÓ – o que tem direito a viver, porque é um
ser humano e, por isso, animal diferente dos outros animais e que criou, pelo conhecimento
e comunicação, pela contínua transformação da natureza (de que é parte), um viver
solidário de divisão e cooperação, um viver com os outros, em cidade.
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A
não ser que se retire o obsessivo sentido monetário que se infiltrou, imbuído neste
mundo e tempo monetarizado até à perigosa insensatez.
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Isto
é, que se reduzam as moedas, os créditos, os défices, os títulos, as obrigações,
os juros, os lucros, à sua importante insignificância de meios, de instrumentos para
que os cidadãos vivam em estado de cidadania, ou seja, de humana condição.