É
como se ao longo da longa jornada, o homem tivesse, ano a ano, uma paragem, uma
escala, uma estação. Tão esperada, tão querida.
É
como se, depois de muito caminho andado, o homem tivesse, três dias por ano, aquele intervalo programado, previsto, construído. Tão necessário, tão recuperador.
É
como se, suado e sujo, por si e pelos outros que ele são, o homem soubesse que
viriam uns dias limpos, lavados, de barrela. Tão refrescantes, tão revigoradores.
É
como se, cansado e tantas vezes só nos seus passos, o homem esperasse o tempo
dos encontros e dos abraços. Que tantos serão, de alegria, a antigos e novos a
compensarem a tão grande tristeza pela tremenda ausência dos que, ano a ano,
vão faltando ao encontro.
O homem lembra. Lembra, hoje, que 39 vezes foram,
ou foi…, a Festa. Sempre a mesma e sempre diferentes – por tudo sempre o estar e
por ele ser sempre outro.
E
reafirma a sua recusa de crenças e mitos, de Pasárgadas e Ítacas, de Pedras Filosofais
e Horizontes Perdidos, mas insiste que de todos se serve para o que os criadores
destas imagens no-las ofereceram: para acreditar e continuar a luta.
O
homem limpa uma lágrima de ausência pelos que sabe que este ano não vai
encontrar, que se somam a tantos que as lembranças e as saudades lhe vão trazer,
e abre um largo sorriso sem rugas e uns magros mas fortes braços, tão longos
quanto possam e quantos possam abraçar, para a 40ª Festa do Ávante!, a da Atalaia e Quinta do Cabo.
1 comentário:
Grande texto!
Enviar um comentário