- Edição Nº2376 - 13-6-2019
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A
gaffe
Assinalaram-se no passado dia 6 de Junho,
em França e na Inglaterra, os 75 anos do desembarque na Normandia. As
cerimónias juntaram Trump, Macron, Theresa May, a Rainha Isabel II, Trudeau e
Merkel, entre outros. Num momento em que tanto se fala do combate à
desinformação e às fake news é profundamente elucidativa a operação mediática
montada em torno deste acontecimento da II Guerra Mundial, que repete e
amplifica uma das maiores fake news do século XX.
A operação militar de desembarque na Normandia foi de facto uma grande
operação militar, tal como foi também um enorme banho de sangue. Mas esta
operação militar está longe de ter sido «o dia D», ou a «reviravolta» nos
destinos da II Guerra Mundial. O desembarque da Normandia marcou a abertura da
frente ocidental na Guerra, algo que a URSS já reivindicava há muito. Uma
decisão tão mais tardia quanto a aliança entre os EUA e a Grã-Bretanha não
pretendeu, durante vários anos, derrotar a Alemanha nazi, mas sim empurrar para
a frente leste a guerra, esperando que a URSS e Alemanha nazi se matassem
mutuamente e que após isso britânicos e norte-americanos pudessem ditar qual o
desfecho político da guerra. Mas o Exército Vermelho e o povo soviético
alteraram os planos anglo-americanos.
Foi em Janeiro de 1942, quando o Exército Vermelho repele as forças nazis
às portas de Moscovo e inicia a contra-ofensiva, que se dá a verdadeira
viragem. Seguiram-se as grandes e célebres batalhas de Estalinegrado e Kursk,
que ditariam definitivamente o rumo da guerra. É precisamente nesse quadro que
se dá o desembarque na Normandia, ou seja quando já era evidente a derrota nazi
e estava iminente a chegada do Exército Vermelho a Berlim. A verdade que se tenta ocultar é
que foi a URSS e o seu heróico Exército Vermelho que contribuíram decisivamente
para a derrota do Nazi-fascismo. E foi por essa razão que Putin não foi
convidado para a «festa» do revisionismo histórico em que se chegou ao ponto de
referir Merkel, ou seja a Alemanha, como parte integrante dos Aliados.
Uma gaffe, com certeza, mas elucidativa.
Ângelo Alves
1 comentário:
Muito claro e didáctico, este artigo
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