No pressuposto de que somos
uma cambada de ignorantes e estúpidos, às vezes excedem-se!
Antes de mais, uma
“declaração de interesses”: apesar de todos os descontos que se lhe possa fazer
pela imagem que ele dá, e dele me dão, não tenho qualquer sim/empatia por Boris
Johnson, pela sua postura e discurso. Ponto final, parágrafo.
Dito isto, acho esta “peça”
exemplar, por excessiva, de uma comunicação manipuladora e desvirtuadora da
informação que antecede actos eleitorais. No caso (de que o
DN é apenas mais um veículo), com a intenção de fundo de conseguir anular, não
importa quais os meios, o resultado claro de um referendo, cujo voto foi
favorável à saída do Reino Unido da U.E., não da Europa!... pois, fora ou
dentro da U.E. somos todos europeus... ou os noruegueses e os suíços e outros
não são europeus?, isto para não falar do chamado Eurogrupo que é um grupo mais
pequeno dentro de um grupo maior?
Assim, com concertadas
encenações, se abrem as portas aos perigosos nacionalismos e nacionalistas, ao
fascismo.
Logo no cabeçalho, o epíteto de "cobarde" colado a um de dois candidatos que passaram por sucessivos crivos, sem se saber quem assim o etiqueta embora colocado entre aspas o que
pressupunha autoria identificável. Depois, ainda no lide, outra etiqueta, a de “brexiteer”, e que “surgiu” (!) como favorito à sucessão de May.
No começo do artigo, a
explicação da “cobardia” porque, estando “debaixo de fogo”, se recusou a
comentar o que teria sido divulgado por um jornal (The Guardian): uma discussão
entre ele e a namorada que, pelas suas proporções, teria levado vizinhos a
chamar a polícia que, vinda ao local, “falou com os ocupantes do apartamento que
disseram que estava tudo bem”. Mais tarde, numa entrevista na televisão, o chamado “brexiteer” recusou comentar o caso,
se acaso caso o foi, dizendo (isto ouvi eu!) que
estava ali para responder a outras questões.
A seguir ao comentar
sibilino “como se isto não chegasse” (!), o segundo parágrafo do artigo é
dedicado às “eventuais ligações a Steve Bannon”, a partir do mesmo jornal,
segundo o qual este director de campanha e estratega de Trump “terá dado conselhos
a Boris Johnson”. O que Boris Johnson nega ter acontecido, ao que foi contraposta a “revelação”
de um vídeo em que Bannon diz tê-lo aconselhado e ter trocado mensagens tendo nas mãos (como prova?) um jornal em
que Boris voltara a escrever como colunista depois de sair do governo
britânico.
Depois, entra na “peça” “o
segundo maior financiador” do partido (magnata dos táxis) a exigir que Boris
Johnson se explique, que esclareça “o que de facto se passou entre ele e a namorada”!
Desta situação resultaria… a
queda nas sondagens, ilustrada por uma misturada entre dados relativos a
primeiro-ministro, em que entram todos os eleitores como universo e os dados relativos
à votação para a liderança dos conservadores, em que só estes contam e é a que está em causa, onde Boris Johnson mantêm vantagem relativamente confortável.
Para terminar como começa, o
artigo recorda o calendário eleitoral e enfatiza a possível ausência do Boris
no próximo debate noutra estação de televisão.
Boris Johnson recusa debate com Jeremy Hunt:
"Está a ser um cobarde"
Sky
News anuncia que debate entre os dois finalistas na corrida à liderança
conservadora foi cancelado. Financiador dos Tories exige explicações de Boris
Johnson, o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros e brexiteer radical que surgiu,
até agora, como favorito à sucessão de Theresa May
24 Junho 2019 — 13:25
Boris Johnson, de
55 anos, está debaixo de fogo depois de o The Guardian ter divulgado o conteúdo de uma discussão entre ele e a namorada,
Carrie Symonds, no apartamento desta, em Londres. Depois de a polícia ter sido
chamada ao apartamento nas primeiras horas da madrugada de sexta-feira, quando
os vizinhos se queixaram de gritos e objetos a partir, Boris Johnson recusou
comentar o caso. A polícia falou com os ocupantes do apartamento que
disseram que estava tudo bem.
Como se isso não
fosse suficiente, Boris depara-se agora com revelações sobre as suas eventuais
ligações a Steve Bannon. mais uma vez feitas pelo mesmo media. O antigo diretor
de campanha e estratega do presidente norte-americano, Donald Trump, terá dado
conselhos a Boris Johnson em relação ao discurso que ele fez no Parlamento
pouco tempo depois de se ter demitido em julho de 2018 da chefia da diplomacia
britânica, em desacordo com a forma como a primeira-ministra, Theresa May,
estava a negociar o Brexit. No passado, Boris Johnson negou que isso tenha
acontecido.
O jornal britânico The Observer (a edição de domingo do The Guardian) revelou um vídeo
filmado a 16 de junho de 2018, em Londres, para um documentário sobre Bannon
intitulado The Brink. No vídeo este fala
dos conselhos que deu a Boris Johnson para o discurso que ele daria naquela
tarde. "Tenho estado a falar com ele durante todo fim de semana sobre este
discurso", diz Bannon à realizadora Alison Klayman, que lhe pergunta se
eles têm falado ao telefone: "Andamos para trás e para a frente através de
mensagens, é mais fácil", responde. Nas mãos tem o The Daily
Telegraph, o jornal para o qual Boris tinha voltado naquele dia
a escrever como colunista após deixar o governo britânico.
Esta segunda-feira
o The Guardian anunciou que John Griffin,
o segundo maior financiador dos Tories, exigiu que Boris Johnson se explique. O
magnata dos táxis, que doou 4 milhões de libras para os conservadores nos
últimos anos, considera que o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros britânico
deve esclarecer o que de facto se passou entre ele e a namorada naquele
apartamento londrino.
"Merecemos
uma explicação acerca dessa discussão e ele deve lidar com isto de forma
apropriada. Não pode assumir que vamos continuar a apoiá-lo sem sequer dar
nenhuma explicação. É provável que vá ser primeiro-ministro e a maioria dos
membros querem apoiá-lo. Mas se uma pessoa não fez nada de errado, deve
dizê-lo", declarou Griffin, citado por aquele jornal britânico.
Boris Johnson
começou, entretanto, a cair nas sondagens. Um estudo de opinião divulgado neste
domingo pelo Mail on Sunday revela o
impacto das notícias sobre a chamada da polícia à casa que Boris Johnson
partilha com a namorada, Carrie Symonds, em Londres. Na quinta-feira, antes de
o The Guardian revelar o caso, ele era
apontado por 36% dos eleitores como o melhor primeiro-ministro face a 28% do
adversário na corrida, Jeremy Hunt. Entre os eleitores conservadores (são os
militantes do partido que vão fazer a escolha), Johnson surgia com 55% das intenções
de voto face a 28% de Hunt.
Contudo, na
sondagem posterior, feita no sábado, entre todos os eleitores, o atual chefe da
diplomacia ultrapassa o antecessor: Johnson é considerado o melhor
primeiro-ministro por 29% dos inquiridos, com Hunt a chegar aos 32%. Entre os
eleitores conservadores, Johnson também dá um tombo, mas continua à frente de
Hunt, com 45% face a 34%.
Apesar de este
frente-a-frente na Sky News não se realizar, marcado está já, para julho, um
outro debate entre Boris Johnson e Jeremy Hunt na ITV News, numa altura em que
os boletins de voto já terão sido enviados pelo correio para os militantes do
Partido Conservador. Falta ver se a esse o Boris comparece ou não. O sucessor
de Theresa May no N.º 10 de Downing Street deverá ser conhecido a 22 de julho e
a sucessão acontecer a 23 de julho. À sua espera, o novo chefe do governo
britânico terá o explosivo dossiê do Brexit, o qual terá que acontecer até 31
de outubro.
3 comentários:
Tudo isto existe,tudo isto é triste,tudo isto é falta de democracia real.Bjo.
But...you have brains, right?
I hope so!
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