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domingo, março 05, 2023

PELA PAZ!

 - Nº 2570 (2023/03/2)

Pela paz!

Opinião

Assumem grande importância e significado as diversificadas manifestações realizadas em várias capitais e outras cidades europeias, com a participação de muitos milhares de pessoas que, conscientes da grave situação na Europa e dos perigos que o seu ainda maior agravamento comporta, convergiram na rejeição da guerra, no repúdio do papel dos EUA e da NATO na promoção da escalada armamentista e do prolongamento do conflito que se trava na Ucrânia, na denúncia de que são os povos que estão a pagar os custos da guerra e das sanções, na exigência da paz.

Uma importância e significado que se revela tão mais evidente quanto estas manifestações pela paz foram quase completamente ocultadas, secundarizadas ou desvirtuadas nos seus objectivos pela generalidade dos meios de comunicação social que, diariamente e até à exaustão, destilam a apologia da guerra.

Da mais descarada mentira, deturpação e caricatura, à premeditada ocultação, vale quase tudo para fomentar e animar a campanha de desinformação quanto à convicção daqueles que se posicionam contra a guerra e a favor da paz – como faz o PCP – para melhor os atacar e estigmatizar, dando rédea solta às concepções mais reaccionárias e belicistas, ao ódio fascista.

Veja-se, como exemplo, a forma como a generalidade da comunicação social noticiou as recentes tomadas de posição do PCP, incluindo na Assembleia da República ou no Parlamento Europeu, ocultando ou descaracterizando o que o PCP afirma, para falsamente lhe atribuir o que não defende.

Na verdade, por mais que se esforcem em fomentar um manto de névoa com que procuram encobrir a realidade, é cada vez mais evidente quem está do lado da paz e quem está do lado da guerra e interessado na sua continuação.

Veja-se como os EUA, a NATO e a UE têm sistematicamente boicotado, rejeitado ou desvalorizado os diversos apelos, iniciativas e propostas que têm sido avançadas com vista a uma solução política para o conflito, como se verificou, uma vez mais, relativamente à proposta recentemente apresentada pela China.

Uma proposta que, inserindo-se num caminho de paz, contribui para expor os reais propósitos dos EUA e de todos quantos alinham com estes na sua estratégia de confrontação e guerra ou, dito de outra forma, na criação de um estado de guerra permanente, para melhor impor a sua política de exploração e opressão, de saque, de domínio neocolonial, e assim procurar assegurar as condições para gerir a sua crise, contrariar o seu declínio económico relativo e salvaguardar a sua hegemonia mundial.

A realidade está a demonstrar que os EUA não olham a meios, incluindo às mais perversas e perniciosas provocações e manobras, para alcançar os seus objectivos. O imperialismo norte-americano, com o alinhamento da NATO e da UE, não quer parar a guerra que trava na Ucrânia, pelo contrário, aposta no seu prolongamento, porque necessita dela, aliás é o primeiro e principal responsável pela sua eclosão em 2014.

Quando por todo o mundo se expressa inequivocamente a aspiração à paz, o PCP expressa a sua solidariedade para com as vítimas de uma guerra que dura há nove anos e reitera o seu firme compromisso com a luta pela paz, pela verdade, contra o militarismo, o fascismo e a guerra, pela amizade e cooperação com todos os povos do mundo.

Pedro Guerreiro 

sexta-feira, março 26, 2021

Confrontação e agressão

  - Edição Nº2469  -  25-3-2021


Confrontação e agressão

As últimas semanas têm sido pródigas em iniciativas, medidas e declarações por parte da recém-empossada Administração Biden, que não só demonstram a não reversão do essencial da política externa norte-americana e de importantes orientações e medidas adoptadas neste âmbito pela Administração Trump, como o activo empenho no seu prosseguimento e mesmo aprofundamento.

Tentando contrariar a tendência do declínio relativo dos EUA e salvaguardar o seu domínio hegemónico ao nível mundial, a Administração Biden desdobra-se em iniciativas em praticamente todas as direcções, desenvolvendo uma intensa actividade diplomática, procurando alinhar os seus aliados em torno da sua estratégia de escalada de confrontação e agressão contra todos os países e povos que não se submetam aos ditames e domínio do imperialismo norte-americano, e que aponta a China e a Rússia como alvos estratégicos.

Um objectivo que é claramente assumido nos esforços da Administração Biden em subordinar a UE a estes desígnios, procurando dirimir contradições e não admitindo um qualquer laivo de autonomia por parte dos seus ‘aliados’ europeus; nos esforços que faz para animar a NATO como um instrumento de cerco e ameaça militar, não só dirigido prioritariamente contra a Rússia, mas igualmente contra a China; no seu empenho na dinamização e criação de novas alianças político-militares, similares à NATO, na região Indo-Pacífico, designadamente através do chamado diálogo quadrilateral de segurança (QUAD), integrando os EUA, a Austrália, a India e o Japão; ou na prioridade que dá ao Japão ou à Coreia do Sul; entre outras iniciativas que aquela desenvolve.

Neste contexto, assumem importante significado político as recentes sanções contra a China, aplicadas de forma coordenada pelos EUA, o Canadá, o Reino Unido e a UE, a pretexto da operação de provocação e mentira em torno de Xinjiang. Sanções que mereceram o elogio de Josep Borrell, alto representante para a política externa da UE, ao sublinhar que a coordenação na sua aplicação simultânea foi perfeita.

Para além de mudanças de forma ou de estilo, a realidade é que a Administração Biden, ao invés de se empenhar no necessário desanuviamento das relações internacionais, pelo contrário, aposta na continuação da política de confrontação e agressão. É disso exemplo o prosseguimento da criminosa política de imposição de sanções e bloqueios económicos e financeiros, em flagrante confronto com a Carta das Nações Unidas e o direito internacional, que conta com o apoio cúmplice dos seus aliados, particularmente da UE.

Assume, assim, especial gravidade o alinhamento do Governo português com a política dos EUA, da NATO e da UE, que é contrária aos interesses do povo português, à defesa e afirmação da soberania e independência nacional e a uma política de paz, amizade e cooperação com todos os povos do mundo, aos princípios consagrados na Constituição da República Portuguesa.

Como o Comité Central do PCP sublinha, assume grande importância o desenvolvimento da solidariedade com os povos que resistem à violenta acção do imperialismo, com a exigência do fim das ingerências, das agressões, das sanções e dos bloqueios, e do respeito dos direitos dos povos, da independência dos Estados, dos princípios da Carta das Nações Unidas e do Direito Internacional.

Pedro Guerreiro

quinta-feira, abril 23, 2020

Crónica internacional - Sem máscaras

 - Edição Nº2421  -  23-4-2020

Sem máscara

A situação decorrente do enorme impacto da COVID-19 na situação internacional veio demonstrar que as grandes potências imperialistas, e em particular o imperialismo norte-americano, não têm quaisquer escrúpulos em prosseguir, e até intensificar, a sua criminosa acção de desestabilização, confronto e agressão contra países que não abdicam da sua soberania e que, neste momento, empenham grandes esforços na prevenção e combate ao surto epidémico.
Os EUA, com o apoio activo (ou passivo) dos seus cúmplices, não só mantêm as sanções e bloqueios económicos que impõem à Síria, a Cuba, à Venezuela ou ao Irão, entre outros países, como impedem que instituições do sistema das Nações Unidas por si dominadas – como o FMI – concedam empréstimos de emergência solicitados pela Venezuela ou o Irão, procurando impedir que estes países adquiram os medicamentos e o equipamento médico necessário à salvaguarda da saúde dos seus povos.
Só pode ser motivo de indignação que, no momento em que o governo venezuelano implementa medidas para prevenir e combater o surto epidémico, a Administração Trump decida concentrar tropas norte-americanas e realizar intimidatórias manobras militares junto à fronteira da Venezuela, chantageando o povo venezuelano com a ameaça de uma agressão militar directa.
É nesta deriva do imperialismo que se insere a delirante operação de desinformação e difamação contra a China, lançada pela Administração norte-americana e amplamente reproduzida pelo coro de fiéis seguidores, incluindo em Portugal.
O que é insuportável para o imperialismo é o impressionante e evidente contraste entre a atitude dos EUA e das grandes potências da UE, caracterizada pelo «salve-se quem puder», e a acção da China, de Cuba, assim como da Rússia e de outros países, cuja atitude se pautou pela pronta solidariedade e cooperação, não só entre si, mas igualmente com dezenas de outros países afectados pelo surto epidémico. Um contraste que é igualmente patente na superior capacidade que estão a demonstrar a China ou Cuba na prevenção e combate ao surto epidémico nos seus países, face à incapacidade demonstrada por alguns dos países capitalistas mais desenvolvidos, com um destruidor legado de privatizações e desmantelamento de serviços públicos – nomeadamente de saúde – e de alienação de outros instrumentos essenciais para garantir necessidades básicas das populações.
A boçal hostilidade da Administração norte-americana contra a China, para além de constituir uma ‘cortina de fumo’ com que procura encobrir as graves consequências das incoerentes e inadequadas medidas adoptadas nos EUA para fazer face ao surto epidémico, revela igualmente a maquiavélica intenção de instrumentalizar o surto epidémico como arma na ‘cruzada’ que os EUA levam a cabo contra aquele país asiático.

O imperialismo, embora abalado pela actual situação, não deixará de tentar levar ainda mais longe a sua ofensiva exploradora e opressora. Ofensiva que, a não ser contrariada, significará uma ainda maior acumulação e centralização do capital, o agravamento das desigualdades, o aprofundamento de relações de dependência e de domínio económico e político, a subversão dos princípios inscritos na Carta das Nações Unidas e no direito internacional.



Pedro Guerreiro