- Edição Nº2469 - 25-3-2021
As últimas semanas têm sido pródigas em iniciativas, medidas e declarações por parte da recém-empossada Administração Biden, que não só demonstram a não reversão do essencial da política externa norte-americana e de importantes orientações e medidas adoptadas neste âmbito pela Administração Trump, como o activo empenho no seu prosseguimento e mesmo aprofundamento.
Tentando contrariar a tendência do declínio relativo dos EUA e salvaguardar o seu domínio hegemónico ao nível mundial, a Administração Biden desdobra-se em iniciativas em praticamente todas as direcções, desenvolvendo uma intensa actividade diplomática, procurando alinhar os seus aliados em torno da sua estratégia de escalada de confrontação e agressão contra todos os países e povos que não se submetam aos ditames e domínio do imperialismo norte-americano, e que aponta a China e a Rússia como alvos estratégicos.
Um objectivo que é claramente assumido nos esforços da Administração Biden em subordinar a UE a estes desígnios, procurando dirimir contradições e não admitindo um qualquer laivo de autonomia por parte dos seus ‘aliados’ europeus; nos esforços que faz para animar a NATO como um instrumento de cerco e ameaça militar, não só dirigido prioritariamente contra a Rússia, mas igualmente contra a China; no seu empenho na dinamização e criação de novas alianças político-militares, similares à NATO, na região Indo-Pacífico, designadamente através do chamado diálogo quadrilateral de segurança (QUAD), integrando os EUA, a Austrália, a India e o Japão; ou na prioridade que dá ao Japão ou à Coreia do Sul; entre outras iniciativas que aquela desenvolve.
Neste contexto, assumem importante significado político as recentes sanções contra a China, aplicadas de forma coordenada pelos EUA, o Canadá, o Reino Unido e a UE, a pretexto da operação de provocação e mentira em torno de Xinjiang. Sanções que mereceram o elogio de Josep Borrell, alto representante para a política externa da UE, ao sublinhar que a coordenação na sua aplicação simultânea foi perfeita.
Para além de mudanças de forma ou de estilo, a realidade é que a Administração Biden, ao invés de se empenhar no necessário desanuviamento das relações internacionais, pelo contrário, aposta na continuação da política de confrontação e agressão. É disso exemplo o prosseguimento da criminosa política de imposição de sanções e bloqueios económicos e financeiros, em flagrante confronto com a Carta das Nações Unidas e o direito internacional, que conta com o apoio cúmplice dos seus aliados, particularmente da UE.
Assume, assim, especial gravidade o alinhamento do Governo português com a política dos EUA, da NATO e da UE, que é contrária aos interesses do povo português, à defesa e afirmação da soberania e independência nacional e a uma política de paz, amizade e cooperação com todos os povos do mundo, aos princípios consagrados na Constituição da República Portuguesa.
1 comentário:
Não estamos em 1976, o direito à resistência dos povos aplica-se também ao imperialismo chinês
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